ALANA NARRANDOEstamos em chamada de vídeo com Henry e Marie. Hoje os meninos não estão, mas tudo bem. Hanner está do meu lado e estou com o resultado nas mãos. Combinamos de abrir juntos. Eu estou tão ansiosa quanto eles.— Você está pronta? — Henry disse. Ele também recebeu o resultado.— Sim, estou. — Eu falei.— Então vamos abrir.Naquele momento, nós dois começamos a abrir um papel que poderia mudar nossas vidas. Se ele fosse meu pai, nos teríamos uma família nos estados unidos e poderíamos ir pra lá, recomeçar. Se não, nós podíamos simplesmente pegar nossas coisas e ir pra qualquer parte do planeta... Mas sabe, apesar da liberdade ser algo bom, eu gosto de segurança.— Eu não acredito! — Gritei, bem alto.— Sim! — Ele gritou do outro lado.— Ele é meu pai, Hanner! — Eu gritei, olhando para Hanner, que sorriu e se levantou do sofá, assim como eu.Eu estava abraçando Hanner e comecei a chorar de alegria. Deus, como estou aliviada!— Pelo visto, temos uma viagem para os Estados Uni
HANNER NARRANDOO dia foi extremamente agradável ao lado da família de Alana, eu gostei bastante. Eles são pessoas incríveis. Os filhos de Marie gostam bastante de jogar futebol americano, e até me ensinaram alguns passes. Eu fiquei me perguntando: Será que na barriga da Alana temos dois meninos? Duas meninas? Um menino e uma menina? Eu não sei, mas independente de qualquer coisa, estarei feliz.Já era noite quando Tom chegou na casa. O marido de Marie é um homem mais velho, talvez tenha uns cinquenta anos. Ele tem cara de mau humor, e eu não gostei disso. Diferente das outras pessoas, ele não parece uma pessoa boa... E meu faro é certeiro.— E você é o Hanner. — Ele sorriu de forma educada, esticando a mão para mim.— Sim. Prazer em conhecer você. — Eu apertei a mão dele de forma firme.Nossos olhares se cruzaram e eu soube naquele momento que estava certo. Aprendi muito na vida, e as pessoas se revelam muito no primeiro olhar.Durante o jantar, eu observava o comportamento de Tom. E
ALANA NARRANDOEu abracei minha irmã com carinho e cuidado. Beijei o topo de sua cabeça, enquanto ela se encolhia e chorava no sofá. Eu fiquei triste de vê-la assim. Eu sinto como se a conhecesse desde que nasci, nossa conexão foi imediata. Ela é muito parecida fisicamente comigo, além de ter uma personalidade doce e calma.— Irmã, eu tô muito triste pelo que aconteceu com você... — Eu falei e ela limpou os olhos.— Ele foi embora. — Hanner chegou falando, e eu ergui as sobrancelhas.— Você o mandou ir embora? — Marie perguntou.Antes que Hanner pudesse responder, aconteceu algo bizarro: Tom entrou em casa, com um taco de baseball, e veio para cima de Marie. Ele olhava para ela com os olhos fulminando de ódio! Hanner obviamente entrou na frente, para defender nós duas, porque eu abracei minha irmã e me encolhi com ela no sofá.Eu observava tudo, e tudo parecia acontecer em câmera lenta. Eu e minha irmã gritamos. Tom levantou o taco de baseball para atacar a cabeça de Hanner... Como se
HANNER NARRANDOEu não costumo deixar pessoas como esse filho da puta viverem, mas eu vou respeitar a decisão de Alana. Ela quer que ele fique vivo, mas eu tenho certeza que ele nos trará algum tipo de problema. É difícil entender o motivo de tudo isso, sabe? Como um homem pode ser cruel com uma mulher gentil como Marie? Eu não entendo.Eu estava deitado na cama, junto com Alana. Ela se virou de frente para mim, e eu me virei de frente para ela.— Oi. — Ela sussurrou.— Oi, minha princesa. — Respondi. Levei minha mão até seu rosto e a olhei sob a luz do abajur.— Obrigada por ter ajudado minha família. — Falou.— Não precisa agradecer. Eu sei que eles são pessoas boas, não poderia deixar de ajudar. Pesquisei toda a vida deles... E só tenho uma coisa a dizer: Sua irmã dirige muito mal. — Ela começou a rir.— Ela disse que dirige mal, mesmo. E que era pior antes, quando ela não usava óculos. — Disse, rindo.Eu aproximei meus lábios dos dela e dei um selinho demorado ali. Alana levou as
ALANA NARRANDOEu estava caída no chão, com a mão no rosto, por causa do tapa que levei. Acabei me desequilibrando e caindo, o que levou a uma série de consequências: A primeira, foi Tom entrando na casa. A segunda, foi Hanner indo para cima de Tom sem enxergar mais nada ao redor além dele.Hanner é um homem bom, nunca levantou um dedo pra mim, mas ele é violento e eu sei disso. Ele se controla porque sabe que isso me deixa um pouco assustada, mas nesse caso, eu não tentei controla-lo. Se o monstro que vive dentro de Hanner quer sair, que saia. Quem mandou esse cretino me dar um tapa na cara?— Você tinha que ter aparecido, sua vadia? Estava tudo bem até você aparecer! — Tom gritou.Antes que eu pudesse responder ou outra pessoa, Hanner se aproximou o suficiente para agredir Tom e lhe deu um soco no rosto. Depois, o agarrou e empurrou contra a parede, segurando pelo pescoço com uma mão, enquanto socava seu estômago com a outra.— Seu filho da puta, você nunca mais vai encostar um dedo
ALANA NARRANDOTodos estavam em pé para receber o caixão com Tom. As pessoas no funeral juravam que ele era uma pessoa boa. Eu estava abraçada em Marie, que limpava as lágrimas com um lenço branco. Todos nós estávamos de preto, em forma de respeito.Os meninos estavam em um canto, pareciam chateados. A verdade é que nossa maior chateação era ter que enterrar Tom sabendo que ele era um cretino. Pessoas como ele devem ser jogadas em uma vala rasa no meio da floresta para os animais selvagens comerem, sinceramente.— Como você está se sentindo, irmã? — Ela respirou fundo.— Triste e feliz ao mesmo tempo. É um alívio doloroso. Você não entenderia. — Ela disse. Realmente, não entenderia.Uma mulher chegou no local onde o velório estava acontecendo, com uma criança pequena, de talvez oito anos. Ela estava grávida.— Então... É verdade? É verdade que o Tom está morto? — Ela disse, chorando.A moça de talvez uns vinte e cinco anos limpou as lágrimas. Ela foi até o caixão e olhou para Tom que
HANNER NARRANDOAlana estava dormindo, eu me levantei no meio da noite com muita vontade de fumar. Eu evito fumar perto dela porque ela está grávida, então, peguei minha cartela de cigarros e fui para o lado de fora da casa. Me sentei na escadinha da entrada e acendi meu cigarro, o fumando de forma despreocupada. A porta abriu, e quando eu vi, era o pai de Alana.— Não sabia que você fumava. — Ele disse, se sentando ao meu lado.— É que eu não sou fumante, fumante. Eu fumo quando estou muito nervoso, só. — Eu falei e ele concordou com a cabeça.— Está nervoso com tudo que aconteceu, não está? Considerando que... Bom, tecnicamente... Eu sei que foi um acidente, mas eu estaria muito nervoso também.Eu entendi o que ele quis dizer. Ele estava falando sobre a morte de Tom. Se eu não fosse um assassino, estaria abalado... Mas eu realmente não liguei, porque sinceramente, o Tom merecia morrer. Pra mim, todo aquele sentimentalismo no enterro não cola. Eu apenas fiquei quieto, esperando que a
ALANA NARRANDOÉ sexta-feira. Estou colocando um vestido de botões, pois hoje irei fazer um ultrassom. Hanner conseguiu marcar pra mim, pois eu queria descobrir o sexo dos bebês com a Marie e com meu pai também. Ele concordou com isso, e eu fiquei muito feliz. Tomamos café da manhã todos juntos, e eu estou quase pronta.Desde que eu conheci minha irmã e fiquei sabendo de como a vida dela tem sido terrível, pensei em como poderia ajudar a aumentar sua autoestima. Não vai ser fácil, mas ela precisa de um empurrãozinho... Porém, hoje, Marie não é o foco. O foco do dia são os bebês. Meu pai, minha irmã e Hanner estão ansiosos. Hanner finge que está calmo, mas ele fumou uns cinco cigarros de madrugada que eu vi. Também estou ansiosa, mas independente do que vier, estou feliz.—Está pronta, linda? — Hanner questionou e eu assenti com a cabeça. — Então vamos, estão te esperando lá fora.Eu dei uma última olhada no espelho, e desci de mãos dadas com ele.No carro, fomos ouvindo uma música tr