ALANA NARRANDOTodos estavam em pé para receber o caixão com Tom. As pessoas no funeral juravam que ele era uma pessoa boa. Eu estava abraçada em Marie, que limpava as lágrimas com um lenço branco. Todos nós estávamos de preto, em forma de respeito.Os meninos estavam em um canto, pareciam chateados. A verdade é que nossa maior chateação era ter que enterrar Tom sabendo que ele era um cretino. Pessoas como ele devem ser jogadas em uma vala rasa no meio da floresta para os animais selvagens comerem, sinceramente.— Como você está se sentindo, irmã? — Ela respirou fundo.— Triste e feliz ao mesmo tempo. É um alívio doloroso. Você não entenderia. — Ela disse. Realmente, não entenderia.Uma mulher chegou no local onde o velório estava acontecendo, com uma criança pequena, de talvez oito anos. Ela estava grávida.— Então... É verdade? É verdade que o Tom está morto? — Ela disse, chorando.A moça de talvez uns vinte e cinco anos limpou as lágrimas. Ela foi até o caixão e olhou para Tom que
HANNER NARRANDOAlana estava dormindo, eu me levantei no meio da noite com muita vontade de fumar. Eu evito fumar perto dela porque ela está grávida, então, peguei minha cartela de cigarros e fui para o lado de fora da casa. Me sentei na escadinha da entrada e acendi meu cigarro, o fumando de forma despreocupada. A porta abriu, e quando eu vi, era o pai de Alana.— Não sabia que você fumava. — Ele disse, se sentando ao meu lado.— É que eu não sou fumante, fumante. Eu fumo quando estou muito nervoso, só. — Eu falei e ele concordou com a cabeça.— Está nervoso com tudo que aconteceu, não está? Considerando que... Bom, tecnicamente... Eu sei que foi um acidente, mas eu estaria muito nervoso também.Eu entendi o que ele quis dizer. Ele estava falando sobre a morte de Tom. Se eu não fosse um assassino, estaria abalado... Mas eu realmente não liguei, porque sinceramente, o Tom merecia morrer. Pra mim, todo aquele sentimentalismo no enterro não cola. Eu apenas fiquei quieto, esperando que a
ALANA NARRANDOÉ sexta-feira. Estou colocando um vestido de botões, pois hoje irei fazer um ultrassom. Hanner conseguiu marcar pra mim, pois eu queria descobrir o sexo dos bebês com a Marie e com meu pai também. Ele concordou com isso, e eu fiquei muito feliz. Tomamos café da manhã todos juntos, e eu estou quase pronta.Desde que eu conheci minha irmã e fiquei sabendo de como a vida dela tem sido terrível, pensei em como poderia ajudar a aumentar sua autoestima. Não vai ser fácil, mas ela precisa de um empurrãozinho... Porém, hoje, Marie não é o foco. O foco do dia são os bebês. Meu pai, minha irmã e Hanner estão ansiosos. Hanner finge que está calmo, mas ele fumou uns cinco cigarros de madrugada que eu vi. Também estou ansiosa, mas independente do que vier, estou feliz.—Está pronta, linda? — Hanner questionou e eu assenti com a cabeça. — Então vamos, estão te esperando lá fora.Eu dei uma última olhada no espelho, e desci de mãos dadas com ele.No carro, fomos ouvindo uma música tr
HANNER NARRANDOEu achei que resolver as coisas na Alemanha demoraria muito tempo, mas no final das contas, quando tudo tem que acontecer e as mudanças são abençoadas, não há interferências. Aprendi isso recentemente com Alana. Em pouco tempo eu consegui transferir todos os bens para meu nome atual, que é o que pretendo usar para o resto da vida. Consegui investir em uma boa empresa do Texas, de tecnologia, e indiquei o pai de Alana para um cargo de liderança. Ele foi recebido com muita alegria por causa de seu conhecimento e contribuição na outra empresa. Agora, estamos nos mudando para o Texas, finalmente. Nossas coisas já foram, e eu, Alana e Vlad estamos no aeroporto. As coisas deram tão certo que conseguimos vaga em um avião onde os animais podem ir no banco dos passageiros, é só comprar uma poltrona e pronto.— Estou tão ansiosa para chegar ao Texas, Hanner! — Alana disse, alegre. Eu sorri para ela. Vlad dormia em sua caixinha de transporte, de forma despreocupada.— Eu também,
ALANA NARRANDOChegamos até a casa da minha vó, e eu finalmente irei conhece-la. Estou ansiosa porque ouvi falar boas coisas sobre ela e seu caráter. Ela sofreu um pouco durante a vida, mas se reergueu. E lá estava eu, descendo do carro naquela linda fazenda texana, com uma casa típica. Marie e minha avó acenavam da porta. Eu fui caminhando até elas, e fui recebida muito bem.— Meu Deus, Alana, como você está linda! — Marie disse, com um grande sorriso nos lábios.Marie fez um carinho em minha enorme barriga, e minha avó também.— É um prazer finalmente te conhecer, querida. — Disse. — Sua barriga está baixa, os gêmeos virão logo! — Vovó disse.— Você acha? Acabei de completar trinta e cinco semanas, seria bem ruim se viessem agora. — Comentei.— Vamos entrar, venha, não fique muito em pé. — Vovó disse e entramos.Ela e Marie haviam preparado um delicioso almoço com uma diversidade de alimentos. Sentei ao lado de Hanner e almoçamos, eu comi um pouco de tudo, enquanto conversávamos sob
HANNER NARRANDONa manhã seguinte, acordamos com uma bela surpresa: Alan foi trazido até nós, de roupinha, perfeito, pronto para ser pego no colo. Alana aplaudiu de alegria, sentada em sua cama no hospital.— Ai meu Deus! Eu estava tão ansiosa para pegar meus filhotes no colo! — Ela disse.A enfermeira entregou Alan no colo de Alana, e eu tive que me controlar para não derramar lágrimas. É, eu fui transformado durante todo esse tempo, pra melhor, e foi graças ao amor que ela me deu e eu nunca recebi de mais ninguém. Depois vieram os bebês, e então, para me fazer mais feliz ainda, veio o amor da família dela. Nunca tive uma família e eles me acolheram como se eu fosse mesmo parte.Alana colocou o bebê no peito, que teve um pouco de dificuldade de pegar, mas logo conseguiu. A enfermeira a ajudou a colocar direito, e logo, mamãe e bebê estavam juntos, compartilhando aquele lindo momento.— Parabéns, papais. — A enfermeira disse. — Vou deixa-los a sós com o bebê. Curtam o Alan, porque log
ALANA NARRANDOEu, que achava que minha vida seria uma porcaria depois daquele contrato, paguei minha língua. Meu coração não poderia estar mais seguro nas mãos de alguém, sinceramente.— Vamos para casa, meu amor? — Hanner disse, enquanto ajeitava a última mala no porta-malas.— Vamos. — Eu sentei no banco do passageiro e ele gentilmente fechou a porta.Marie estava no banco de trás, ela revezou com Hanner aqui no hospital para cuidar de mim. Foi muito bom ter minha irmã por perto.A nossa vida nova começou definitivamente quando nossos filhos vieram ao mundo. E eu gosto da minha vida nova, gosto muito!Chegamos em casa, e nosso recepcionista, o Vlad Perneta, veio andando contente nos ver. Hanner colocou os dois bebê-conforto no chão, para que Vlad pudesse observar. Ele cheirava, cheirava, vez ou outra miava e vinha se esfregar nas nossas pernas. Ele parecia empolgado! Parecia dizer: “Ei, humanos, olha! Agora temos mini humanos!”Achei que as primeiras noites em casa seriam difíceis,
HANNER NARRANDOO grande dia chegou. Estou com as mãos suadas, nervoso pela primeira vez por causa de algum evento social. É engraçado, eu sei, porque eu não sou de ficar nervoso. A verdade é que eu sou muito tranquilo com tudo, consigo me controlar, mas hoje, estou uma pilha de nervos.— Filho? — O pai de Alana entrou no quarto onde estou terminando de me arrumar.— Oi, sogrão. — Falei e ele sorriu.— Trouxe algo pra você. — Ele tirou uma pequena caixinha do bolso e a abriu, revelando um prendedor de gravata de prata.— Um prendedor de gravata? — Ele sorriu e concordou.— Sim. Usei no dia do meu casamento e guardei. Olha... Eu fui muito, muito feliz no meu casamento. Eu e minha esposa, a mãe da Marie, fomos cúmplices até o último dia da vida dela. Tive dificuldade de encontrar outra pessoa por isso, sabe? Ela... Ela era maravilhosa. Se você não quiser usar o prendedor, tudo bem.— Não, eu uso, pode colocar em mim. — Falei, com um sorriso.— Obrigado. Me traz boas lembranças.Eu o abr