Nada está certo e eu posso provar isso, sinto uma tensão no ar, sempre tive uma vida confortável, nunca meu pai me deixou faltar nada. Mas tem uns dias que estou percebendo meu pai inquieto, minha madrasta bem nervosa, algumas coisas tem faltado, inclusive nossa alimentação tem mudado, sei que tem algo acontecendo! Eles tentam disfarçar para eu não perceber, estou sentada no refeitório da faculdade com os pensamentos a mil e Lisa minha melhor amiga chega.
— Nataly vejo preocupação nos seus olhos — Lisa fala e me pede um abraço.— Ainda não tenho certeza se está acontecendo alguma coisa, mas vou descobrir! Meu pai anda esquisito demais, temo que seja problemas financeiros. — Falo triste.— Financeiros! Será? Se for é horrível minha amiga.— Sim, lá em casa começou a faltar alguns mantimentos e algumas contas começaram a chegar. Só lamento pela minha faculdade, o meu sonho é ser médica cirurgiã, se for comprovada a nossa falência terei que fechar o meu curso, me arrepio só de pensar.— Vamos pensar positivo, Nataly Matioli, falta pouco para terminar.— Quase dois anos daqui até lá posso estar falida e ainda sendo garçonete. — Falo e rimos juntas.Jhon, nosso amigo de profissão, chega e se junta a nós duas.— Como vão as minhas duas princesas? — Jhon fala.— Estamos bem! Só Nataly que está um pouco preocupada com algo. — Lisa fala alisando os meus cabelos.— E desde quando temos segredos, pode contar comigo para o que precisar, somos amigos. — Jhon fala.— Tá bom, vou contar, como você mesmo falou, não temos segredos. — Falo.Contei para Jhon o que me aflige, de nós três, ele é o mais rico, atentamente Jean me ouve e diz.— Se o caso for dinheiro, não se preocupe, garantirei uma bolsa para você! — Jhon fala enquanto toma o seu suco.— Sério que você faria isso por mim? — Pergunto com a boca aberta.— Sim! Somos amigos, Lisa e Nataly farei tudo o que tiver ao meu alcance para ajudar as duas.Nos três nos abraçamos, senti um alívio enorme ao desabafar com eles, voltamos para a nossa aula! Esqueço de tudo quando estudo.Ao terminar minha aula sorri de felicidade, por mais um dia concluído e ao voltar para a casa sempre tive o costume de dar um abraço no meu pai, vi que a porta do escritório estava aberta e cada passo que eu dava em direção ao escritório foi inevitável não ouvir a conversa entre papai e a minha madrasta Livia.— Que tanta conta é essa Gérard? — Lívia grita.— Estou devendo demais Livia, essa casa será hipotecada, e entre todas essas dívidas a que mais me preocupa é o dinheiro que devo à família Montes.— Montes, aquela gente! Você está devendo dinheiro para eles.— Se não fosse eles, nós já teríamos falidos há muito tempo, eles me cederam um bom dinheiro.Não quis mais ouvir nada, o sobrenome Montes não sai da minha cabeça, não os conheço o suficiente, mas sei que eles são extremamente poderosos e mal vistos por alguns. Mas o que Lívia quis dizer com a frase “aquela gente”! Pesquiso rapidamente no celular o sobrenome Montes, só aparece informações que eu já sei, que eles são donos de quase toda Austin.Há suspeitas que o filho do todo-poderoso Fausto Montes, Romero Montes, seja o mandante e dono de uma das facções de contrabando de toda essa cidade. São só suspeitas segundo a matéria de jornal, mas nunca foi provado nada contra eles. Os mesmos seguem invictos.Ponho as mãos na cabeça em desespero, agora entendo tudo, o porquê do desespero da minha madrasta. Como pode o meu pai recorrer a dinheiro sujo de sangue como esse, a coisa está pior do que pensei.O que acontecerá se meu pai não pagar, fiquei bastante nervosa, tomei um banho rápido tentando manter a minha sanidade mental, quando desci! Meu pai estava na cozinha de cabeça baixa.— Quer conversar? — Pergunto.O meu pai levanta a cabeça devagar enxugando as lágrimas.— Livia foi embora me deixou sozinho no momento em que eu mais precisei de apoio. — Meu pai fala enquanto enxuga as lágrimas.— Ela é uma mulher legal, mas acima dela está o luxo e o dinheiro e pelo que entendi você não pode mais oferecer tantas regalias. Como vai ser daqui para frente pai? — Pergunto tentando ser forte.— Não sei como vai ser, os empregados já demiti todos pela manhã, Livia se foi, sua faculdade ainda paguei esse mês, no outro não sei mais.— O senhor deve só ao banco? Pergunto na tentativa de que ele me fale sobre a dívida dos Montes.Mas papai desconversa, a coisa é séria, dói meu coração e sangra por dentro estarmos nessa situação, me agarro na esperança de que Jhon me garantirá uma bolsa, nem que eu vá morar num abrigo, mas serei corajosa até o fim de tudo.Meu pai sai de casa, abro alguns armários e ainda encontrei macarrão, fiz a minha janta, mandei mensagens para Lisa e Jean confirmando a falência. Pelo menos a faculdade já está garantida, agora casa não sei, choro de desgosto, meu pai um administrador deixar as coisas chegar a esse ponto.Vago por toda essa casa como uma alma penada, vivi momentos maravilhosos aqui, apesar de não lembrar muito da minha mãe, sinto saudades de quando era criança.Sentada na escada, a porta se abre e é Livia voltando para casa.— O que você ainda veio buscar aqui? — Pergunto impedindo ela de subir.— Dinheiro é que não é! Seu pai faliu, se quer um conselho, faça como eu, vai embora também, seu pai está metido com gente da pesada, eu não quero pagar para ver. — Livia fala assustada.— É os Montes? — Pergunto.— Claro que é, essa gente é dona do maior contrabando dessa cidade, eles são mafiosos.Abro passagem para ela passar, fico desesperada ao ouvir as suas palavras, é verdade o que aquele jornal não quis afirmar, o que será feito de mim e meu pai! Serei uma covarde se abandonar o meu pai no momento em que ele mais precisa de mim. Livia desce as escadas correndo arrastando outra mala e vai embora.Só me acordei porque o meu telefone toca incansavelmente, abro os olhos devagar e vejo que é Gian, desligo e me deito novamente, mas pulo da cama no chão quando lembro que tenho uma conversa com o meu pai e Gian daqui a pouco. Me arrumei rapidamente e fui até a mansão dos meus pais que não fica muito longe da minha, mas se Gian não me liga com certeza chegaria atrasado e meu papai detesta atrasos. Ao chegar na grande mansão sou recebido pela minha querida mãe, como sempre sorridente. — Bom dia mamãe, como vai? — Pergunto. — Melhor agora meu filho, não sei qual o assunto da reunião, mas estou feliz de você estar aqui! — Mamãe me beija e me abraça. Na sala de estar já está presente meu pai e Gian sentados. — Pensei que iria se atrasar, Romero seja bem-vindo! — Meu pai fala me analisando. — Bom dia para você, papai! — Falo irônico. — Lúcia cadê Natasha? Quero todos reunidos tomando café. — Meu pai fala sério. Quando mamãe ia subir para chamar Natasha, ela desce e ao nos ver par
Após a minha madrasta ir embora fui até a cozinha e a nossa governanta de tantos anos está lá, arrumando algumas coisas, quando a vi corri para abraçá-la e mesmo chorando ela enxuga as minhas lágrimas.— Tenho que ir embora Nataly, como você já deve saber o seu pai nos despediu.— Queria que tudo fosse um pesadelo, Dada — Falo.— Mas não é minha menina, já tenho que ir, quero que você se cuide, está bem! A abracei novamente e Dada foi embora e eu fiquei sozinha nessa imensidão de casa, ligo para papai e ele não me atende. Estou sem ânimo de procurar os meus amigos para conversar, subi para o meu quarto e Lisa me manda mensagens perguntando como estou, falei tudo o que estou passando e a mesma fica de queixo caído ao descobrir a minha situação, conversamos bastante via chamada de vídeo, chorei e sorrir, é para isso que servem os amigos para nos alegrar.Ao menos se a minha mãe tivesse aqui, como é ruim perder a mãe, pelo menos foi o que papai passou a vida toda falando que a minha mã
Lidar com mulheres nunca foi o meu forte, e mulheres linguarudas e atrevidas nem se fala e hoje confirmei isso ao trazer comigo a tal Nataly a mando do meu pai, detesto que me desrespeitem só não a matei porque meu pai a quer viva.Ao chegar na mansão com o pai e a filha, vejo minha mãe, pai e Natasha todos reunidos nos esperando, olhei para Gian e ali cogitei inúmeros finais para essa família, menos que papai me entregasse Nataly como uma mercadoria, exigindo que ela se case comigo, um nó na minha garganta se forma por não poder desbravar a minha raiva e nem me opor a essa decisão e somente Gian pode falar.Os meus olhos faiscavam de ódio quando os meus olhos se cruzaram com os de Nataly, ela me odeia tanto a ponto de preferir a morte do que casar comigo e pela primeira senti o que é ser menosprezado por uma mulher, juro que se tivesse só nós dois ela ia engolir cada palavra que ela me fez ouvir hoje a castigaram tanto que Nataly iria me implorar por mim. Mas o meu pai está determinad
Como pode duas pessoas se odiarem tanto sem nunca terem feito mal uma para outra como eu e Romero, nunca pensei na vida que existisse um homem tão ruim como ele, arrogante e prepotente, eu não irei aguentá-lo por muito tempo. Após as suas ameaças, a sua governanta Lena me acompanha até a minha antiga casa para ir buscar os meus pertences a mando do Romero.Ao entrar na minha antiga casa começo a chorar, meu pai me fez tanto mal que às vezes me pergunto se valeu a pena tanto sacrifício da minha parte.— Nataly, vamos buscar logo as suas coisas antes que Romero ligue. — Lena fala.— Quero que o Romero vá para o inferno, não tenho medo dele. — Falo com raiva.Subi as escadas correndo e ela me acompanha com o troglodita do motorista e em uma caixa ponho os meus livros da faculdade, guardo algumas roupas em uma mochila e os documentos necessários, e comigo trouxe a única lembrança da minha mãe que é uma foto preto, branco e Lena me olha.— Nataly só vai levar essas coisas? — Lena pergunta.
Me tranquei no escritório após discutir com Nataly e a cada palavra trocada com ela só mostra que não nos suportamos, tenho que concordar com o que Gian falou, tenho que me controlar, mas Nataly tem a língua maior que o corpo! Só basta vê-la que perco a razão, não sei como vai ser os meus dias debaixo do mesmo teto que ela.Providenciei o mais rápido possível a compra de um celular novo para Nataly preciso estar atento a todas as ligações e mensagens que ela faz, com quem conversa e o meu celular toca e vejo que é o meu pai.— Alô pai.— Amanhã Romero traga Nataly aqui em casa para marcarmos a data do casamento.— Como quiser. — Desligo o celular.Fico com vontade de quebrar o celular, mas respiro e penso que em breve irei me livrar dela.A raiva que estou do meu pai é maior que tudo, não vejo a hora de pôr as mãos em toda a riqueza dele e da mamãe, as coisas serão diferentes! Tomo uma bebida quente sentado analisando as câmeras esperando a chegada de Nataly.Nataly enfim chegou e ao
Eu estava muito cansada, esgotada mentalmente, tomei um banho e me tranquei no quarto com medo do Romero, mas Lena vem até o quarto.— Senhora Nataly, por favor abra a porta sou eu!— Você está sozinha? — Pergunto preocupada.— Estou trouxe o seu jantar, se não comer ficará fraca e doente.Lena tem razão, eu preciso me alimentar se não ficarei doente e morrerei nas mãos desse monstro.— Vou abrir a porta. — Abri a porta devagar e a mesma está parada com uma bandeja de comida.— Senhora vou por sua comida aqui, trouxe água também para a senhora não precisar descer para a cozinha.— Obrigada Lena.A minha fome é tão grande que ao descobrir o meu prato senti o cheiro do macarrão ao molho branco que só em ver sei que está delicioso, devorei o macarrão em minutos, ainda bem que Lena adivinhou que eu estava faminta, até a sobremesa estava uma delícia.Após o jantar me deitei naquela cama macia e lembrei do que aconteceu naquele corredor entre mim e Romero, as suas grandes mãos apertando o me
Fui a empresa, mas sempre de olho em Nataly recomendei o motorista que fique de olhos bem abertos nela. Sento-me na minha cadeira e Gian chega em seguida.— Bom dia Romero? — Gian entra e senta-se à minha frente.— Para mim não está um bom dia, aliás desde o dia em que meu pai resolveu me juntar com Nataly não tive paz, toda hora é um problema que ela me causa, a Natasha minha irmã perde é feio para Nataly, ela é um inferno.— Você vai ter que aprender a lidar com ela, todo esse patrimônio está em jogo.— Jamais vou perder para meu pai, ele pensa que não sou capaz de aguentar a Nataly, pensando bem eu não entendi muito bem o que ele quer me juntando com aquela garota porque se for esperando que eu goste dela ele está enganado! Tenho vontade de matá-la todos os dias. — Falo e me levanto ficando de costas para Gian olhando a paisagem através da minha janela.— Com todo respeito a você, mas Nataly é uma linda mulher, conhecendo você vai ser impossível você não desejá-la.Fui ao inferno e
Romero olha-me da cabeça aos pés, foi impossível ele disfarçar o seu olhar de admiração do quanto estou linda, nem mesmo pisca os olhos, mas a sua frieza continuou durante a ida para a mansão. Ao chegarmos lembro de como vim aqui a primeira vez e Romero pedi que eu melhore a minha cara de enterro, disfarço o máximo que posso! Não sabia que um vestido vermelho atrai tantos olhares, toda a família do Romero está-me olhando, parece que sou uma rainha e quando vi o meu pai no meio deles o meu coração ficou mais calmo.— Romero, posso ir abraçar o meu pai. — Peço olhando para ele.— É desse jeito que eu quero você Nataly, obediente e falando manso como agora, vamos logo cumprimentar os meus pais e em seguida você conversa com ele.Resolvi engolir seco a sua provocação e fomos até onde está os seus pais e a garota de cabelo liso que não sei quem ela é.— Que belo casal formam vocês dois, seja bem-vinda a nossa família Nataly. — Senhor Fausto fala beijando a minha mão.— Saiba que não esto