4. NATALY

Após a minha madrasta ir embora fui até a cozinha e a nossa governanta de tantos anos está lá, arrumando algumas coisas, quando a vi corri para abraçá-la e mesmo chorando ela enxuga as minhas lágrimas.

— Tenho que ir embora Nataly, como você já deve saber o seu pai nos despediu.

— Queria que tudo fosse um pesadelo, Dada — Falo.

— Mas não é minha menina, já tenho que ir, quero que você se cuide, está bem!

A abracei novamente e Dada foi embora e eu fiquei sozinha nessa imensidão de casa, ligo para papai e ele não me atende.

Estou sem ânimo de procurar os meus amigos para conversar, subi para o meu quarto e Lisa me manda mensagens perguntando como estou, falei tudo o que estou passando e a mesma fica de queixo caído ao descobrir a minha situação, conversamos bastante via chamada de vídeo, chorei e sorrir, é para isso que servem os amigos para nos alegrar.

Ao menos se a minha mãe tivesse aqui, como é ruim perder a mãe, pelo menos foi o que papai passou a vida toda falando que a minha mãe morreu durante o meu parto, fotografia dela somente uma em preto e branco que a encontrei mexendo nas suas coisas.

Hoje se ela fosse viva teria um apoio feminino, mas se tem uma coisa que a vida me fez foi corajosa, enxugo as minhas lágrimas e não temerei o que está por vim.

Já era madrugada, e por volta de uma hora da manhã, ainda não consegui dormir pensando no meu pai, com medo desses homens ruins ter o raptado e com o silêncio da noite pude ouvir um barulho de um carro chegando, saí do meu quarto, pois pode ser o meu pai, e era ele mesmo altamente bêbado e sem o seu carro, o seu rosto estava machucado.

— Papai — Grito indo ao seu encontro. — Quem fez isso com o senhor? — Pergunto.

— Estou bêbado, só quero deitar Nataly. — Meu pai fala.

— Onde está o seu o carro? — Pergunto o encarando.

— Nataly, eu o perdi no Cassino.

Comecei a chorar de tanto desgosto, o ajudei a deitar no sofá e lá ele ficou adormecido de tanto álcool, olhei do alto da escada e me tranquei no meu quarto e fui dormir, nunca me decepcionei tanto.

Até que dormir bem, acordei abri um olho na esperança de ser um sonho tudo o que estou passando, fiz minha higiene troquei de roupa, preciso urgentemente conversar sério com o meu pai, ouvi um barulho lá embaixo, parece mais uma discussão, sai do meu quarto rapidamente ao descer a escada vejo um homem alto, forte, cabelos pretos, pele branca segurando o meu pai brutalmente pelo colarinho, não consegui me conter e gritei para que ele soltasse o meu pai, o tal homem veio até a mim, me encarando os seus olhos verdes me encaravam, mas a sua real beleza se esconde atrás da sua arrogância e prepotência, ele me humilhou me chamando de falida, esse só pode ser o tal Romero Montes, estremeço quando o mesmo fala veiar buscar o que é dele por direito.

Fui até o meu pai e o abracei enquanto outro bandido nos vigiava e o tal Romero foi vasculhar os quartos.

Tentei lutar com unhas e dentes para não sermos levados por esse brutamontes, mas o tal Romero me ameaça e como não me calei diante dele o mesmo colocou uma fita preta na minha boca, me debati, chorei.

Lembro das palavras da minha madrasta Livian sobre essa gente, ela tinha razão, eles são uns monstros. Chegamos numa enorme mansão que parece mais um castelo, fomos levados para um lugar aberto, lá tem um homem sentado parecendo mais um rei e duas mulheres nos esperando, as duas me olham com pena, esse deve ser chefe desses monstros.

O homem velho me analisa e começa a me tratar como se eu fosse uma mercadoria, calafrios percorrem o meu corpo quando o mesmo propõe que eu case com o seu filho Romero, em troca da quitação de todas as dívidas do meu pai.

Não me calei diante deles e lutei até o último segundo, na tentativa de não me submeter a um casamento a força, mas ao ver um fuzil preparado para matar o meu pai do meu lado eu não tive outra opção, ali era o fim da linha para mim, sem saída, olhei para o homem a quem eu estou prometida e o amaldiçoou em pensamentos, papai calado me entrega de bandeja aqueles homens, eu não tinha nada para falar, somente chorar e o homem chamado Gian levanta a mão pedindo permissão para falar

— Senhor Fausto o que faremos com os dois? Aonde eles iram morar, sendo que tudo o que foi deles, será seu agora — Gian fala.

— Por enquanto, Gérard ira morar próximo a nós e após o casamento do Romero e Nataly, ele irá trabalhar para mim. Já Nataly irá morar na mansão do Romero, que poderá continuar frequentando o seu curso de medicina, Romero será o seu futuro marido e irá lhe dar tudo o que você quiser, a partir de hoje ele quem manda em você.

Os olhos do Romero faltam sair fogo de raiva por ter que aceitar a decisão do pai e já eu tenho que me sacrificar por alguém que não faz nada por mim, nem ao menos me defender do mal, abaixo a minha cabeça de vergonha e decepção, engulo o choro, a minha alma não aceita isso, minha mente e o meu coração não aceitam o meu fim, somos retirados da presença do todo-poderoso, e separados fui levada para a casa do bandido Romero, Gian me trouxe e a governanta ao me ver se assusta.

— Como vai Lena? Aqui está a noiva de Romero cuide muito bem dela.

— Vou muito bem, que menina linda, está triste meu anjo? — A governanta pergunta.

Fico em silêncio, pois ninguém desse meio presta não posso confiar nela.

— Me chamo Lena, a governanta do senhor Romero, fique a vontade venha conhecer o seu quarto, por aqui!

A segui mesmo desconfiada, fico besta ao ver o quarto que Lena me levou, tanto luxo, mas não me contento a viver com o dinheiro do crime.

— Como é o seu nome menina? — Lena pergunta carinhosamente.

— Meu nome é Nataly.

— Posso sentir e ver que não está feliz aqui, não sei qual o motivo de você ser a escolhida para estar aqui, quero que saiba que não sou uma pessoa ruim, não irei lhe fazer mal.

— Você eu já não sei, mas aquele bandido a qual eu fui destinada como uma mercadoria barata pode fazer o que quiser comigo, estou nas mãos dele.

Não me controlei, começo a ter uma crise de choro e a governanta Lena me abraça e faz carinho nos meus cabelos, preciso me recompor, eu não aceitarei jamais esse meu destino, prefiro morrer do que me entregar aquele monstro.

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