Após a minha madrasta ir embora, fui até a cozinha e a nossa governanta de tantos anos está lá, arrumando algumas coisas, quando a vi, corri para abraçá-la e mesmo chorando, ela enxuga as minhas lágrimas.
— Tenho que ir embora, Nataly. Como você já deve saber o seu pai nos despediu. — Queria que tudo fosse um pesadelo, Dada — Falo. — Mas não é minha menina, já tenho que ir, quero que você se cuide, está bem? A abracei novamente e Dada foi embora. Eu fiquei sozinha nessa imensidão de casa, ligo para o papai e ele não me atende. Estou sem ânimo de procurar os meus amigos para conversar, subi para o meu quarto e Lisa me manda mensagens perguntando como estou, falei tudo o que estou passando e a mesma fica de queixo caído ao descobrir a minha situação, conversamos bastante via chamada de vídeo, chorei e sorri, é para isso que servem os amigos, para nos alegrar. Ao menos se a minha mãe tivesse aqui, como é ruim perder a mãe, pelo menos foi o que papai passou a vida toda falando que a minha mãe morreu durante o meu parto, fotografia dela somente uma em preto e branco que encontrei mexendo nas suas coisas. Hoje, se ela fosse viva, teria um apoio feminino, mas se tem uma coisa que a vida me fez, foi ser corajosa. Enxugo as minhas lágrimas e não temerei o que está por vir. Já era madrugada, e por volta de uma hora da manhã, ainda não consegui dormir pensando no meu pai, com medo desses homens ruins ter o raptado. Com o silêncio da noite, pude ouvir um barulho de um carro chegando, saí do meu quarto, pois pode ser o meu pai, e era ele mesmo altamente bêbado e sem o seu carro, o seu rosto estava machucado. — Papai! — Grito, indo ao seu encontro. — Quem fez isso com o senhor? — Pergunto. — Estou bêbado, só quero deitar, Nataly. — Meu pai fala. — Onde está o seu o carro? — Pergunto o encarando. — Nataly, eu o perdi no Cassino. Comecei a chorar de tanto desgosto, o ajudei a deitar no sofá e lá ele ficou adormecido de tanto álcool, olhei do alto da escada e me tranquei no meu quarto e fui dormir, nunca me decepcionei tanto. Até que dormi bem. Acordei, abri um olho na esperança de ser um sonho tudo o que estou passando, fiz minha higiene e troquei de roupa, preciso urgentemente conversar sério com o meu pai. Ouvi um barulho lá embaixo, parece mais uma discussão, sai do meu quarto rapidamente, ao descer a escada vejo um homem alto, forte, cabelos pretos, pele branca segurando o meu pai brutalmente pelo colarinho, não consegui me conter e gritei para que ele soltasse o meu pai, o tal homem veio até a mim, me encarando com os seus olhos verdes, mas a sua real beleza se esconde atrás da sua arrogância e prepotência, ele me humilhou me chamando de falida, esse só pode ser o tal Romero Montes, estremeço quando o mesmo fala que veio buscar o que é dele por direito. Fui até o meu pai e o abracei enquanto outro bandido nos vigiava, e o tal Romero foi vasculhar os quartos. Tentei lutar com unhas e dentes para não sermos levados por esses brutamontes, mas o tal Romero me ameaça e como não me calei diante dele, o mesmo colocou uma fita preta na minha boca, me debati, chorei. Lembro das palavras da minha madrasta Livia sobre essa gente, ela tinha razão, eles são uns monstros. Chegamos numa enorme mansão que parece mais um castelo, fomos levados para um lugar aberto, lá tem um homem sentado parecendo mais um rei e duas mulheres nos esperando, as duas me olham com pena, esse deve ser chefe desses monstros. O homem velho me analisa e começa a me tratar como se eu fosse uma mercadoria, calafrios percorrem o meu corpo quando o mesmo propõe que eu case com o seu filho Romero, em troca da quitação de todas as dívidas do meu pai. Não me calei diante deles e lutei até o último segundo, na tentativa de não me submeter a um casamento à força, mas ao ver um fuzil preparado para matar o meu pai do meu lado, eu não tive outra opção, ali era o fim da linha para mim, sem saída, olhei para o homem a quem eu estou prometida e o amaldiçoei em pensamentos. Papai calado, me entrega de bandeja àqueles homens, eu não tinha nada para falar, somente chorar, e o homem chamado Gian levanta a mão pedindo permissão para falar — Senhor Fausto, o que faremos com os dois? Aonde eles iram morar? Sendo que tudo o que foi deles, será seu agora — Gian fala. — Por enquanto, Gérard irá morar próximo a nós e após o casamento de Romero e Nataly, ele irá trabalhar para mim. Já Nataly, irá morar na mansão do Romero, que poderá continuar frequentando o seu curso de medicina. Romero será o seu futuro marido e irá lhe dar tudo o que você quiser, a partir de hoje ele quem manda em você. Os olhos do Romero faltam sair fogo de raiva por ter que aceitar a decisão do seu pai e já eu, tenho que me sacrificar por alguém que não faz nada por mim, nem ao menos me defender do mal, abaixo a minha cabeça de vergonha e decepção, engulo o choro, a minha alma não aceita isso, minha mente e o meu coração não aceitam o meu fim. Somos retirados da presença do todo-poderoso e separados, fui levada para a casa do bandido Romero, Gian me trouxe e a governanta ao me ver, se assusta. — Como vai, Lena? Aqui está a noiva de Romero, cuide muito bem dela. — Vou muito bem, que menina linda, está triste, meu anjo? — A governanta pergunta. Fico em silêncio, pois ninguém desse meio presta, não posso confiar nela. — Me chamo Lena, a governanta do senhor Romero, fique à vontade, venha conhecer o seu quarto, por aqui! A segui, mesmo desconfiada, fico besta ao ver o quarto que Lena me levou, tanto luxo, mas não me contento a viver com o dinheiro do crime. — Como é o seu nome, menina? — Lena pergunta carinhosamente. — Meu nome é Nataly. — Posso sentir e ver que não está feliz aqui, não sei qual o motivo de você ser a escolhida para estar aqui, quero que saiba que não sou uma pessoa ruim, não irei lhe fazer mal. — Você eu já não sei, mas aquele bandido a qual eu fui destinada como uma mercadoria barata pode fazer o que quiser comigo, estou nas mãos dele. Não me controlei, começo a ter uma crise de choro e a governanta Lena me abraça e faz carinho nos meus cabelos, preciso me recompor, eu não aceitarei jamais esse meu destino, prefiro morrer a me entregar àquele monstro.Lidar com mulheres nunca foi o meu forte, e mulheres linguarudas e atrevidas nem se fala. Hoje, confirmei isso ao trazer comigo a tal Nataly a mando do meu pai, detesto que me desrespeitem, só não a matei porque meu pai a quer viva. Ao chegar na mansão com o pai e a filha, vejo minha mãe, pai e Natasha, todos reunidos nos esperando, olhei para Gian e ali cogitei inúmeros finais para essa família, menos que papai me entregasse Nataly como uma mercadoria, exigindo que ela se case comigo, um nó na minha garganta se forma por não poder desbravar a minha raiva e nem me opor a essa decisão, somente Gian pode falar. Os meus olhos faiscavam de ódio quando os meus olhos se cruzaram com os de Nataly, ela me odeia tanto a ponto de preferir a morte a se casar comigo e pela primeira vez, senti o que é ser menosprezado por uma mulher, juro que se tivesse só nós dois ela ia engolir cada palavra que ela me fez ouvir, a castigaria tanto que Nataly iria me implorar por mim. Mas o meu pai está determ
Como duas pessoas podem se odiar tanto sem nunca terem feito mal uma para outra, como eu e Romero? Nunca pensei na vida que existisse um homem tão ruim como ele, arrogante e prepotente, eu não irei aguentá-lo por muito tempo. Após as suas ameaças, a sua governanta, Lena, me acompanha até a minha antiga casa para ir buscar os meus pertences, a mando do Romero. Ao entrar na minha antiga casa, começo a chorar, meu pai me fez tanto mal que às vezes me pergunto se valeu a pena tanto sacrifício da minha parte. — Nataly, vamos buscar logo as suas coisas antes que Romero ligue. — Lena fala. — Quero que o Romero vá para o inferno, não tenho medo dele. — Falo com raiva. Subi as escadas correndo e ela me acompanha com o troglodita do motorista, e em uma caixa ponho os meus livros da faculdade, guardo algumas roupas em uma mochila e os documentos necessários, e comigo trouxe a única lembrança da minha mãe que é uma foto preto e branco, Lena me olha. — Nataly, só vai levar essas coisas? —
Me tranquei no escritório após discutir com Nataly e a cada palavra trocada com ela só mostra que não nos suportamos, tenho que concordar com o que Gian falou, tenho que me controlar, mas Nataly tem a língua maior que o corpo! Só basta vê-la que perco a razão, não sei como vai ser os meus dias debaixo do mesmo teto que ela. Providenciei o mais rápido possível a compra de um celular novo para Nataly, preciso estar atento a todas as ligações e mensagens que ela faz, com quem conversa. O meu celular toca e vejo que é o meu pai. — Alô, pai. — Amanhã, Romero, traga Nataly aqui em casa para marcarmos a data do casamento. — Como quiser. — Desligo o celular. Fico com vontade de quebrar o celular, mas respiro e penso que em breve irei me livrar dela. A raiva que estou do meu pai é maior que tudo, não vejo a hora de pôr as mãos em toda a riqueza dele e da mamãe, as coisas serão diferentes! Tomo uma bebida quente sentado, analisando as câmeras esperando a chegada de Nataly. Nataly e
Eu estava muito cansada, esgotada mentalmente, tomei um banho e me tranquei no quarto com medo do Romero, mas Lena vem até o quarto. — Senhora Nataly, por favor, abra a porta, sou eu! — Você está sozinha? — Pergunto preocupada. — Estou, trouxe o seu jantar, se não comer, ficará fraca e doente. Lena tem razão, eu preciso me alimentar se não ficarei doente e morrerei nas mãos desse monstro. — Vou abrir a porta. — Abri a porta devagar e a mesma está parada com uma bandeja de comida. — Senhora, vou por sua comida aqui, trouxe água também para a senhora não precisar descer para a cozinha. — Obrigada, Lena. A minha fome é tão grande que ao descobrir o meu prato, senti o cheiro do macarrão ao molho branco que só em ver sei que está delicioso, devorei o macarrão em minutos, ainda bem que Lena adivinhou que eu estava faminta, até a sobremesa estava uma delícia. Após o jantar, me deitei naquela cama macia e lembrei do que aconteceu naquele corredor entre mim e Romero, as suas g
Fui à empresa, mas sempre de olho em Nataly, recomendei o motorista que fique de olhos bem abertos nela. Sento-me na minha cadeira e Gian chega em seguida. — Bom dia, Romero. — Gian entra e senta-se à minha frente. — Para mim não está um bom dia, aliás desde o dia em que meu pai resolveu me juntar com Nataly não tive paz, toda hora é um problema que ela me causa, a Natasha minha irmã perde é feio para Nataly, ela é um inferno. — Você vai ter que aprender a lidar com ela, todo esse patrimônio está em jogo. — Jamais vou perder para meu pai, ele pensa que não sou capaz de aguentar a Nataly, pensando bem eu não entendi muito bem o que ele quer me juntando com aquela garota, porque se for esperando que eu goste dela, ele está enganado! Tenho vontade de matá-la todos os dias. — Falo e me levanto, ficando de costas para Gian, olhando a paisagem através da minha janela. — Com todo respeito a você, mas Nataly é uma linda mulher, conhecendo você vai ser impossível não a desejar. Fui
Romero olha-me da cabeça aos pés, foi impossível ele disfarçar o seu olhar de admiração do quanto estou linda, nem mesmo pisca os olhos, mas a sua frieza continuou durante a ida para a mansão. Ao chegarmos, lembro de como vim aqui a primeira vez e Romero pede que eu melhore a minha cara de enterro, disfarço o máximo que posso! Não sabia que um vestido vermelho atrai tantos olhares, toda a família do Romero está me olhando, parece que sou uma rainha e quando vi o meu pai no meio deles, o meu coração ficou mais calmo. — Romero, posso ir abraçar o meu pai? — Peço olhando para ele. — É desse jeito que eu quero você Nataly, obediente e falando manso como agora, vamos logo cumprimentar os meus pais e em seguida você conversa com ele. Resolvi engolir seco a sua provocação, fomos até onde estão os seus pais e a garota de cabelo liso que não sei quem ela é. — Que belo casal formam vocês dois, seja bem-vinda a nossa família Nataly. — Senhor Fausto fala beijando a minha mão. — Saiba
Não tenho saco para reuniões em família e o pior fingir que amo Nataly e que somos um casal apaixonado! Papai quer a todo custo encaixar Nataly na minha vida, mas não dá, não nos suportamos. Ainda bem que Gian veio para esse bendito jantar, assim posso desabafar com ele o quanto estou sufocado. Apresentei Nataly a toda a minha parentela como a mulher da minha vida e após isso a deixei conversando com o seu pai. O garçom serve-me uma bebida e fui fazer companhia a Gian, que se mantém longe de todos. — Que belo casal formam você e Nataly, parece algo real. — Gian, estou sufocado aqui, não vejo a hora de ir para casa, detesto ambiente cheio. — Falo virando um copo de bebida na boca de uma vez. — Eu também não gosto, mas vim marcar presença, tudo está perfeito. — Perfeito para você que está de fora. — Falo nervoso. Ao olhar para trás vejo Natasha conversando com Nataly, duas mulheres da língua grande, com certeza irão ser melhores amigas, combinam perfeitamente na rebeldia. —
A noite só não foi pior porque ganhei Natasha como a minha amiga, é tão bom quando encontramos pessoas com as mesmas metas que as suas. É uma pena que os nossos sonhos não valem nada para as nossas famílias e muito menos para Romero que me desilude, me fazendo voltar a essa realidade nua e crua. Chegamos na mansão juntos, ele ficou no bar bebendo e eu subi até o meu quarto, preciso tomar um banho e tentar descansar, amanhã espero ter novidades sobre a minha fuga desse inferno. Tranquei-me no quarto e pude tomar um banho em paz, me deitei debaixo do edredom e dormi apesar do medo que essa casa me transmite, tenho dormido em paz. No dia seguinte, alguém b**e à porta me chamando, é Lena, me levantei, e abri a porta rápido. — Bom dia, Lena. Aconteceu algo? — Bom dia, senhora, o senhor Romero saiu mais cedo e pediu para avisar que o motorista já está lhe esperando para levar a senhora à faculdade e que pela tarde tem provador de vestidos de noiva. — Tudo bem, Lena, obrigada po