A minha vida nunca foi fácil, ainda mais sendo o único filho homem da família. Tenho uma irmã chamada Natasha, a caçula. Meu pai sempre me instruiu, desde criança, a administrar a nossa empresa, movimentamos dois tipos de negócios, o lícito e os ilícitos. Meu pai sempre foi chefe de uma organização criminosa de armas, cigarros e bebidas, mas para a sociedade somos apenas os donos das pousadas e de grandes hotéis espalhados por todo o país. Ele nunca escondeu nada de mim e nem da minha irmã, de onde veio a nossa riqueza e poder!
Poder esse, o qual todos me respeitam e se curvam diante de mim, pois agora sou o presidente de todas as nossas empresas, com meus trinta e três anos dedicado somente em trabalhar e mostrar para todos quem é Romero Montes. Mas como todo CEO, tenho um homem da minha confiança que é Gian, que cuida de toda contabilidade de todas as nossas empresas, o homem é fera, bom de tiro igual a mim, nós dois já tivemos que matar para não morrer e sempre nas horas vagas vamos testar as armas que fornecemos. Tenho em média duzentos homens trabalhando para mim, não é à toa que nesse tempo de crescimento, conquistamos muitas riquezas e muitos inimigos, a concorrência perde feio para a nossa organização. Na minha enorme mansão, acordo pela manhã, faço a minha higiene, visto o meu terno cor de cinza, numa mala separada, ponho roupas confortáveis. Hoje é dia de ir visitar o nosso galpão, preciso acompanhar o trabalho do Gian, mesmo ele sendo meu braço direito, gosto de ver e acompanhar tudo o que está sendo feito. Tomei somente um café amargo. Segui para a empresa e ao chegar na sala da presidência, me surpreendi ao ver meu pai sentado na minha cadeira! E Papai me olha da cabeça aos pés e diz. — Por que dessa cara surpresa, Romero? Até onde eu sei, ainda sou dono de todo esse império! — Nunca disse o contrário, papai — Falo sério. — Está na hora de casar, Romero! Trinta e três anos já, sabe que quando colocamos uma aliança no dedo, nos deixa mais cheio de credibilidade perante a sociedade. Papai fala, me surpreendendo com tal afirmação. — O senhor está indo longe demais, sempre fui responsável, ajudei a construir tudo isso aqui. Sou homem o suficiente para determinar o que fazer da minha vida pessoal. — O recado está dado, ouça a voz da experiência, Romero. Você tem autoconfiança demais, ambição demais, e isso pode te atrapalhar cuidado com o Fontes, ele sempre quis ter tudo nosso, temos uma dívida a ser cobrada com alguém que nos deve, sei que hoje você tem trabalho oculto e não esqueça, amanhã quero você lá na Mansão, traga Gian também. Papai se levanta da cadeira e sai, me deixando sozinho. Detesto pessoas se intrometendo na minha vida, sento-me na cadeira e olho para a minha mão direita. O que esse velho está aprontando? Meu relacionamento com a minha família nunca foi de muito amores, passo meses sem aparecer na casa deles, não me conformo dele ainda não ter passado todas as ações para o meu nome. Natasha não quer administrar nada, ela tem pavor de ter um pai e um irmão mafioso, o sonho da mesma é se formar em medicina e ir embora. Trabalhei hoje com sangue nos olhos, minha secretária entra e me repassa a minha agenda. Ainda bem que tenho somente uma reunião hoje. Ao terminar, comunico a Gian que estou de saída para o galpão. Dirijo rapidamente e logo atrás alguns homens meus. Chegando no galpão, Gian estava armado na frente já me esperando, vários caminhões entrando com as nossas cargas, desci do carro, retiro os óculos escuros. — Tudo em ordem, Gian? — Pergunto. — Tudo perfeito, Romero. Temos muita carga para vistoriar, estou te achando tenso! — Gian me conhece demais. — Daqui a pouco conversaremos, vamos trabalhar — Falo sério Vários homens descarregam o armamento pesado e Gian escolhe alguns fuzis altamente potentes para testar. Seguro um nas mãos e no nosso campo de batalha, atiro sem limites. Gian com as duas mãos na cintura, me olha. — Está furioso Romero?! — Gian pergunta, arqueando a sobrancelha. — Não, só imagino o Fontes na minha frente, quando venho testar o nosso armamento pesado. — Fontes é uma raposa velha, calculista! Sempre quis comandar sozinho todo o crime de Austin. — Mas não vai conseguir! — afirmo furioso — Sou ambicioso demais, e muito confiante para deixar aquele verme tomar conta de tudo o que eu e meu pai construímos juntos. Papai apareceu hoje na empresa. — Ta aí a razão da sua tensão. O que ele falou que te deixou assim, completamente fora de si? — Quer que eu me case, disse que eu preciso disso para ser respeitado, não me vejo casando, não tenho paciência com mulheres, para mim elas só servem para o sexo e nada mais. Gian começa a rir de mim, e fico sem entender o que ele está vendo. — Romero é muito fácil falar assim quando nunca se apaixonou verdadeiramente por uma mulher, aquela que te perturba, tira o sono, a que vem te visitar todas as noites em sonho — Gian fala com o olhar perdido. — Não estou te reconhecendo Gian, mulher nenhuma nessa vida será capaz de fazer isso, tirar o meu sono, essa conversa sua está mais para amor proibido! Mulher nenhuma nunca ousou me rejeitar, tenho a mulher que quero, está ouvindo? Antes que eu me esqueça, Gian, você terá que ir comigo amanhã conversar com o meu pai, ele quer a sua presença também — Falo. — Que bom, Romero, que as coisas funcionam assim para você e não se preocupe, estarei presente amanhã na casa do seu pai. Gian fala baixando o olhar, continuamos a testar o armamento, observo todo o trabalho organizado por ele, escolhi certo o homem da minha confiança, ele por ser mais velho que eu, um ano. Gian tem uma experiência e sabedoria que nunca vi, prefiro ouvir os seus conselhos do que os do meu pai. Sento-me no meu escritório clandestino, analisando algumas anotações de depósitos, e está tudo perfeito, mal recebemos a nossa carga de cigarros e já estão quase todos vendidos, uau! Após esse incansável trabalho de carga e descarga, Gian e eu estamos esgotados, nos olhamos e como ainda é noite, estou precisando de algo para relaxar. — Gian, vou para a casa de mulheres, me acompanha? — Pergunto. — Posso até te acompanhar, mas hoje só queria ir para a minha casa, amanhã tenho muito trabalho, esqueceu que cuido de todas as contas dessas empresas? — Gian, algo está acontecendo. Você está inventando desculpas, está se saciando com a mão agora, éramos fiéis lá e agora ta aí cheio de mimimi, casou e não estou sabendo. — Não é isso! Romero, você sabe muito bem que vivo sozinho. — Você está estranho, vou descobrir quem é a mulher que está tirando o seu sono! — Falo ironicamente. Assim fizemos após o nosso trabalho, ao chegarmos na boate, fomos recebidos por quatro mulheres, uma mais bela que a outra! Elas nos alisam, Gian dispensa a mulher que veio até ele e pede uma dose de whisky, bebendo de uma vez, enquanto fui para o quarto com uma das mulheres, deixando Gian sozinho, e me acabei nos braços de uma morena, consegui relaxar um pouco, não o suficiente para retirar a tensão dos meus ombros. Os meus seguranças me seguem até em casa, tomei um banho, altas horas da noite para descansar, pois no outro tenho que enfrentar o velho, meu pai.Nada está certo e eu posso provar isso, sinto uma tensão no ar, sempre tive uma vida confortável, nunca meu pai me deixou faltar nada. Mas tem uns dias que estou percebendo meu pai inquieto, minha madrasta bem nervosa, algumas coisas tem faltado, inclusive nossa alimentação tem mudado, sei que tem algo acontecendo! Eles tentam disfarçar para eu não perceber. Estou sentada no refeitório da faculdade com os pensamentos a mil e Lisa, minha melhor amiga, chega. — Nataly, vejo preocupação nos seus olhos — Lisa fala e me pede um abraço. — Ainda não tenho certeza se está acontecendo alguma coisa, mas vou descobrir! Meu pai anda esquisito demais, temo que sejam problemas financeiros — Falo triste. — Financeiros! Será? Se for, é horrível, minha amiga. — Sim, lá em casa começou a faltar alguns mantimentos e algumas contas começaram a chegar. Só lamento pela minha faculdade, o meu sonho é ser médica cirurgiã. Se for comprovada a nossa falência, terei que fechar o meu curso, me arrepio só
Só acordei porque o meu telefone toca incansavelmente, abro os olhos devagar e vejo que é Gian, desligo e me deito novamente, mas pulo da cama no chão quando lembro que tenho uma conversa com o meu pai e com Gian daqui a pouco. Me arrumei rapidamente e fui até a mansão dos meus pais que não fica muito longe da minha, mas se Gian não me liga, com certeza chegaria atrasado, e meu papai detesta atrasos. Ao chegar na grande mansão, sou recebido pela minha querida mãe, como sempre sorridente. — Bom dia mamãe, como vai? — Pergunto. — Melhor agora meu filho, não sei qual o assunto da reunião, mas estou feliz de você estar aqui! — Mamãe me beija e me abraça. Na sala de estar, já está presente meu pai e Gian sentados. — Pensei que iria se atrasar, Romero. Seja bem-vindo! — Meu pai fala, me analisando. — Bom dia para você, papai! — Falo irônico. — Lúcia, cadê Natasha? Quero todos reunidos tomando café. — Meu pai fala sério. Quando mamãe ia subir para chamar Natasha, ela desce e
Após a minha madrasta ir embora, fui até a cozinha e a nossa governanta de tantos anos está lá, arrumando algumas coisas, quando a vi, corri para abraçá-la e mesmo chorando, ela enxuga as minhas lágrimas. — Tenho que ir embora, Nataly. Como você já deve saber o seu pai nos despediu. — Queria que tudo fosse um pesadelo, Dada — Falo. — Mas não é minha menina, já tenho que ir, quero que você se cuide, está bem? A abracei novamente e Dada foi embora. Eu fiquei sozinha nessa imensidão de casa, ligo para o papai e ele não me atende. Estou sem ânimo de procurar os meus amigos para conversar, subi para o meu quarto e Lisa me manda mensagens perguntando como estou, falei tudo o que estou passando e a mesma fica de queixo caído ao descobrir a minha situação, conversamos bastante via chamada de vídeo, chorei e sorri, é para isso que servem os amigos, para nos alegrar. Ao menos se a minha mãe tivesse aqui, como é ruim perder a mãe, pelo menos foi o que papai passou a vida toda falando
Lidar com mulheres nunca foi o meu forte, e mulheres linguarudas e atrevidas nem se fala. Hoje, confirmei isso ao trazer comigo a tal Nataly a mando do meu pai, detesto que me desrespeitem, só não a matei porque meu pai a quer viva. Ao chegar na mansão com o pai e a filha, vejo minha mãe, pai e Natasha, todos reunidos nos esperando, olhei para Gian e ali cogitei inúmeros finais para essa família, menos que papai me entregasse Nataly como uma mercadoria, exigindo que ela se case comigo, um nó na minha garganta se forma por não poder desbravar a minha raiva e nem me opor a essa decisão, somente Gian pode falar. Os meus olhos faiscavam de ódio quando os meus olhos se cruzaram com os de Nataly, ela me odeia tanto a ponto de preferir a morte a se casar comigo e pela primeira vez, senti o que é ser menosprezado por uma mulher, juro que se tivesse só nós dois ela ia engolir cada palavra que ela me fez ouvir, a castigaria tanto que Nataly iria me implorar por mim. Mas o meu pai está determ
Como duas pessoas podem se odiar tanto sem nunca terem feito mal uma para outra, como eu e Romero? Nunca pensei na vida que existisse um homem tão ruim como ele, arrogante e prepotente, eu não irei aguentá-lo por muito tempo. Após as suas ameaças, a sua governanta, Lena, me acompanha até a minha antiga casa para ir buscar os meus pertences, a mando do Romero. Ao entrar na minha antiga casa, começo a chorar, meu pai me fez tanto mal que às vezes me pergunto se valeu a pena tanto sacrifício da minha parte. — Nataly, vamos buscar logo as suas coisas antes que Romero ligue. — Lena fala. — Quero que o Romero vá para o inferno, não tenho medo dele. — Falo com raiva. Subi as escadas correndo e ela me acompanha com o troglodita do motorista, e em uma caixa ponho os meus livros da faculdade, guardo algumas roupas em uma mochila e os documentos necessários, e comigo trouxe a única lembrança da minha mãe que é uma foto preto e branco, Lena me olha. — Nataly, só vai levar essas coisas? —
Me tranquei no escritório após discutir com Nataly e a cada palavra trocada com ela só mostra que não nos suportamos, tenho que concordar com o que Gian falou, tenho que me controlar, mas Nataly tem a língua maior que o corpo! Só basta vê-la que perco a razão, não sei como vai ser os meus dias debaixo do mesmo teto que ela. Providenciei o mais rápido possível a compra de um celular novo para Nataly, preciso estar atento a todas as ligações e mensagens que ela faz, com quem conversa. O meu celular toca e vejo que é o meu pai. — Alô, pai. — Amanhã, Romero, traga Nataly aqui em casa para marcarmos a data do casamento. — Como quiser. — Desligo o celular. Fico com vontade de quebrar o celular, mas respiro e penso que em breve irei me livrar dela. A raiva que estou do meu pai é maior que tudo, não vejo a hora de pôr as mãos em toda a riqueza dele e da mamãe, as coisas serão diferentes! Tomo uma bebida quente sentado, analisando as câmeras esperando a chegada de Nataly. Nataly e
Eu estava muito cansada, esgotada mentalmente, tomei um banho e me tranquei no quarto com medo do Romero, mas Lena vem até o quarto. — Senhora Nataly, por favor, abra a porta, sou eu! — Você está sozinha? — Pergunto preocupada. — Estou, trouxe o seu jantar, se não comer, ficará fraca e doente. Lena tem razão, eu preciso me alimentar se não ficarei doente e morrerei nas mãos desse monstro. — Vou abrir a porta. — Abri a porta devagar e a mesma está parada com uma bandeja de comida. — Senhora, vou por sua comida aqui, trouxe água também para a senhora não precisar descer para a cozinha. — Obrigada, Lena. A minha fome é tão grande que ao descobrir o meu prato, senti o cheiro do macarrão ao molho branco que só em ver sei que está delicioso, devorei o macarrão em minutos, ainda bem que Lena adivinhou que eu estava faminta, até a sobremesa estava uma delícia. Após o jantar, me deitei naquela cama macia e lembrei do que aconteceu naquele corredor entre mim e Romero, as suas g
Fui à empresa, mas sempre de olho em Nataly, recomendei o motorista que fique de olhos bem abertos nela. Sento-me na minha cadeira e Gian chega em seguida. — Bom dia, Romero. — Gian entra e senta-se à minha frente. — Para mim não está um bom dia, aliás desde o dia em que meu pai resolveu me juntar com Nataly não tive paz, toda hora é um problema que ela me causa, a Natasha minha irmã perde é feio para Nataly, ela é um inferno. — Você vai ter que aprender a lidar com ela, todo esse patrimônio está em jogo. — Jamais vou perder para meu pai, ele pensa que não sou capaz de aguentar a Nataly, pensando bem eu não entendi muito bem o que ele quer me juntando com aquela garota, porque se for esperando que eu goste dela, ele está enganado! Tenho vontade de matá-la todos os dias. — Falo e me levanto, ficando de costas para Gian, olhando a paisagem através da minha janela. — Com todo respeito a você, mas Nataly é uma linda mulher, conhecendo você vai ser impossível não a desejar. Fui