— Ei, pombinhos, comportem-se, este lugar é respeitável. —brincou Luíza, depositando o sanduíche e um suco de laranja sobre o balcão, para a amiga.Serena e Stephen afastaram os corpos um do outro, encarando-se com um sorriso satisfeito no rosto, e a respiração um tanto descompassada.— Você está linda.— Você também. — Admirou-o. Usava camisa branca de mangas curtas e botões, com as primeiras casas abertas, exibindo uma parte de seu corpo. Calças jeans e tênis terminavam de compor o visual. Parecia mais jovem do que na noite anterior, quando comparecera ao estabelecimento com um traje sóbrio e tradicional, saído diretamente do escritório. Ela inclinou-se para segredar-lhe: — Beija bem, meu Super-herói.— Um beijo só é bom quando as duas partes acertam, baby.Serena sorriu, e sentou-se ao lado dele, vendo-o bebericar seu refrigerante.— Não acredito que as meninas não lhe empurraram os coquetéis coloridos que adoram fazer.— Já bebi um, mas esta noite estou dirigindo e não posso arris
Serena baixou a vista, constrangida com aquele olhar poderoso, mas também um pouco envaidecida. Tudo bem, estava satisfeita consigo mesma, bem resolvida com seu corpo, e também não fazia muita questão de ser a rainha da beleza da Zona Norte. Já tinha dores de cabeça suficiente com os admiradores que arrumava por causa de seu trabalho, não desejava ainda mais holofotes em cima. — Você é linda, Serena. Voz, corpo, tudo. — completou Stephen, com olhos brilhantes: — Não falo para adular ou intimidar, é apenas a verdade.— Cara, você é muito bom nisso... — murmurou, pra si mesma.— O que disse? — Stephen aproximou-se mais.— Nada. — Serena continuou a andar. — Então temos a praia em comum. Sempre gostei do mar, do sol, da areia...— Também sempre gostei. Você sabe surfar?— Nunca tentei. Você surfa bem?— Sou muito bom nisso, entre outras coisas.Serena encarou-o. Ele tinha a escutado antes sim, e agora repetia o comentário dela, provocando. Era divertido.— E modesto. Ela sorriu, e ele
Como se sentiu a esse respeito? Ela pensou um pouco a respeito, então respondeu:— Quando eles casaram? Foi esquisito, mas não fiquei triste, sinceramente. E já voltamos a nos falar, eu os vejo quando vou visitar meus pais. São felizes e já tem um filho.Stephen ficou aliviado, mas não permitiu que sua satisfação fosse demonstrada. Anos a fio trabalhando com empresários calculistas e sem coração o haviam treinado bem para mascarar seus sentimentos e assim fazer jogadas eficientes no campo financeiro. E e em outros campos também.— Voltou a namorar... ahn...firme, depois desse tal Alberto?A pergunta foi feita em tom falsamente incente. Naturalmente ele queria saber mais sobre Serena, sobre seu passado, e sobre o coração dela. — Tive mais dois ou três namoros, desastrosos. E finalmente na última tentativa, pior que as outras, vi que definitivamente não sou boa para analisar o caráter das pessoas. — Serena olhou Stephen fixamente.— Então por causa de algumas escolhas ruins está pens
Serena despertou lentamente, com a familiar dificuldade que tinha ao obrigar-se a levantar cedo todos os domingos, depois de uma noite longa de trabalho, e ainda com o agravante que adentrara a madrugada conversando com Stephen, e deixando-se enredar em seu charme. Não sabia dizer quando adormecera, mas provavelmente havia sido logo depois que ele começara a acariciar seus cabelos.Até ali se lembrava, do aconchego de estar mais uma vez enroscada com ele na cama improvisada na sala, tão perto que quase podia contar suas pestanas douradas, do perfume delicioso e másculo dele, e daquele carinho relaxante. Sorriu, espreguiçando-se. Só então percebeu que Stephen estava com um braço sobre o corpo dela, com a mão, grande e bonita, sobre seu seio. Tentou movimentar-se com cuidado, para levantar-se sem precisar despertá-lo.— Aonde você vai? — indagou Stephen, quase num resmungo, abrindo um olho. Percebendo onde estava sua mão, escorregou-a rapidamente para baixo: — Ops, desculpe... A mão d
Stephen observava, fascinado, as três donas da casa se apertarem na cozinha, rindo e brincando, enquanto aprontavam a feijoada e seus acompanhamentos, conseguindo efetuar o milagre supremo de não atrapalharem umas as outras ao se movimentarem no espaço exíguo. Elas não haviam permitido que ele ajudasse, pedindo apenas que sentasse e relaxasse, com um copo de caipirinha na mão, feita por Luíza. Claro que estar entre três mulheres bonitas, cozinhando para ele, e se desfazendo em agrados, fazia-lhe pensar um pouco em como a vida de um sheik em seu harém devia ser ma—ra—vi—lho—sa. Teve o bom senso de não expressar o pensamento em voz alta, para sua própria segurança. Afinal havia facas afiadas na cozinha, então apenas sorriu consigo mesmo.A bebida era boa, a companhia melhor ainda. Sentia-se como se estivesse entre amigos de longa data. Era estranho, e ao mesmo tempo, muito natural. Apaixonara-se por Serena, e quase tão instantaneamente quanto, pelas melhores amigas dela. Evidentemente n
Serena observava Stephen à mesa, como fizera desde cedo. Na maior parte do tempo de modo discreto, algumas vezes bem diretamente. Era complicado apenas quantificar o tempo que o conhecia. Havia só dois dias, porém muitas e muitas horas juntos de conversa, de riso, de silêncio e até de sono. Não podia negar que criaram um elo, e que o elo de alguma forma se estendera aos amigos dela. Luíza, Jô, e Lipe agora, adotaram Stephen sem reservas, como se ele fosse um velho colega da escola, tratando-o com aquele tipo de camaradagem que sempre ressurge quando reencontramos um antigo companheiro de farras, seja qual tipo de farra for, escolar, adolescente, adulta. O homem tinha magnetismo, não se podia discutir quanto a isso. Se fosse um cantor, arrastaria legiões atrás dele, se fosse político, ah, o céu seria o limite! Suspeitava, no entanto, que ele nunca teria anseios tão grandiosos. Apesar da privilegiada posição financeira que alcançara — ele havia contado que viera de uma família de posse
— Você está mesmo bem? — indagou Stephen, enquanto dirigia, olhando Serena rapidamente.— Já perguntou isso, sei lá, umas dez vezes!— Por que me importo! Estava pálida quando levantou da mesa, ficou horas tomando banho, e quando saiu de dentro do banheiro, estava com cara de doente! Horas tomando banho e cara de doente! Francamente! Stephen era um exagerado. Ela bufou:— Ah, obrigada!Ele lhe concedeu um sorriso magnânimo:— Mesmo com cara abatida você continua gata. Só acho que se não está bem, não deveria forçar. — Sua mão direita deixou o volante, e repousou sobre a perna de Serena, a ponta dos dedos roçando languidamente na área que a saia não cobria.— Disse o rapaz que não força a barra para conseguir o que quer... — respondeu, áspera, observando os dedos dele moverem-se lentamente sobre ela, subindo na direção da virilha.— Hum, seu humor estava melhor de manhã. — ele pressionou os dedos sobre a pele dela.— Certo, então vou repetir: foi um mau estar passageiro, devido ao can
Stephen seguiu ao lado de Serena, contendo-se para não sorrir ostensivamente, e não fazer mais nenhum comentário engraçadinho. Estava satisfeito porque ela não insistira em que ele devia ir embora, sinal que o estava aceitando. Feliz com sua reação calorosa ao beijo, confirmação de que o desejava. Sabia que havia errado ao pôr a mão entre as pernas dela, que se antecipara, mas simplesmente não aguentou de curiosidade para saber se ela ficava tão excitada quanto ele quando estavam juntos, e mais ainda, se beijando. Só queria ver se ela estava úmida, nada demais. Que mal havia nisso?Infelizmente ela não o deixara conferir, e ele estava tão perto de chegar lá... Serena estava de olhos fechados, toda lânguida, e de repente: “No, boy, keep calm!” Ah! Tinha um auto-controle dos diabos, aquela mulher. — E trate de tirar esse sorrisinho depravado da boca!— Depravado? — ele repetiu, numa mistura cômica de surpresa e indignação: — Me??Stephen parou um instante, pensando sobre as palavras