“Aquele filho da mãe merecia morrer,” ela afirma, sua voz carregada de ódio e uma satisfação doentia. “Graças a Deus ele está morto e eu estou finalmente livre.”
Meus pensamentos se embaralham. Nada disso faz sentido. Como essa mulher que deveria estar em luto pode estar celebrando a morte do próprio marido?
“Ele era um homem horrível, não só como seu chefe, mas também como meu marido,” ela continua, sua voz dócil e macia sendo um contraste gritante com o cenário. A suavidade da fala contrasta de maneira visceral com a realidade em que me encontro: amarrada, presa, indefesa. A expressão no rosto dela, porém, carrega uma mistura perturbadora de orgulho e malignidade, como se estivesse finalmente
O som do tapa ecoa no ambiente abafado, uma dor ardente que explode em meu rosto, me atordoando. Minha cabeça gira para o lado, e por alguns segundos, o mundo parece escorregar dos meus sentidos.Quando volto a mim, ouço sua voz, agora carregada de raiva.“Não é para você falar!” Ela cospe as palavras, a doçura em seu tom desaparecendo, substituída por uma dureza assustadora. “Não é nem para eu estar falando com você.” Seus olhos faíscam com intensidade perturbadora, e a ameaça em sua voz é clara como o dia. “A Senhorita deixou muito claro o que devo fazer. Para conseguir minha liberdade, você precisa levar a culpa, garota. Eu não faço as regras!”Seu tom é de frustr
Os dias se arrastam, cada um mais longo e torturante que o anterior. Perdi completamente a noção de tempo; sem um relógio ou qualquer referência, a única maneira de medir as horas é observar as pequenas frestas nas janelas tampadas, por onde a luz do sol entra e sai, traçando um ciclo de claridade e escuridão. Cinco vezes vi o sol nascer e desaparecer novamente, e com isso, concluo que estou presa neste inferno há cinco dias.As refeições são escassas e sem sustância. Quando a comida vem, é apenas um pedaço seco de pão que quase se desfaz em pó ao toque, acompanhado por um único copo de água, mal o suficiente para manter meu corpo funcionando, mas longe de satisfazer minha fome ou sede. A cada mordida, o pão arranha minha garganta, e a água parece evaporar assim q
“O que você vai fazer? Eu mudei de ideia, eu assumo a culpa!” A angústia enche minha voz, e sinto um frio no peito ao perceber que estou a um passo da morte.Ela me encara, o olhar frio como gelo, mas há um brilho de satisfação cruel em seus olhos.“É tarde demais para isso. ” O lamento falso em sua voz apenas aumenta o meu desespero. “A Senhorita está com pressa. Ela quer você morta. Eu tentei te ajudar, mas você demorou demais.”Cada palavra é um golpe certeiro, e o pânico toma conta de mim. Ela se vira, agitada, como se tivesse pressa em terminar o que começou. Seus passos ecoam pelo cômodo, rápidos, e ela coloca a bandeja sobre a cômoda, o som metálico vibrando no sil&ecir
“Para onde você vai?” A voz de Seraphina ressoa pelo salão, firme, cortando o ar pesado da manhã. Seu tom é sério, e seu olhar, aquele dourado profundo e penetrante, está fixo em mim enquanto me levanto da nossa mesa de café da manhã. O silêncio que segue a pergunta é quase ensurdecedor, e por um momento, me sinto desarmado, pego de surpresa. Seraphina raramente questiona meus movimentos, minha agenda ou decisões nos últimos anos, e essa súbita curiosidade me faz hesitar.“Vou administrar o novo empreendimento que adquiri no centro.” Minha resposta sai calma, calculada, com a habitual frieza que desenvolvi ao longo dos anos. "Estava uma zona a parte financeira," explico de forma sutil, mas no fundo, ambos sabemos haver mais. A verdade, aquela que queima como brasas sob a superfície de tud
Para organizar a parte financeira do novo empreendimento, não levei sequer metade do dia. As vastas pilhas de papéis e números que antes pareciam um emaranhado caótico foram rapidamente dissecadas com a ajuda do meu contador pessoal, cujas habilidades matemáticas beiravam o sobrenatural. As dívidas acumuladas pelo antigo proprietário, que antes pareciam impagáveis, foram categorizadas e reordenadas com precisão, e eu percebi que poderia quitar todas facilmente, mesmo que parte delas fosse dívida para o meu próprio governo.Enquanto olhava para os documentos, uma sensação de controle me dominava. Eu sempre me orgulhei de minha capacidade de lidar com crises financeiras com uma mão firme, e essa situação não era diferente. Há anos que a economia de Veridiana está florescendo, p
“Asher, você tem visto Aria pelo salão? Ela tem vindo trabalhar?” eu indagado a voz tingida com uma mistura de curiosidade e preocupação.Já faz dias, quase uma semana, que venho pedindo para o gerente e até mesmo Asher avisarem Aria para me ver. No entanto, ela não apareceu. Nem uma única vez.Será que ela está me evitando? O beijo que trocamos foi um erro tão grande assim? Teria eu sido invasivo a ponto de afastá-la? A lembrança de seus lábios ainda é fresca em minha mente, o calor de seu toque, o fervor no momento… mas será que para ela foi diferente? A forma como ela me afastou, com a força de uma decisão tomada no calor da culpa, ainda ecoa dentro de mim. Ela sentiu remorso. Foi nítido nos seus olhos quando
"O que você encontrou sobre Aria, Asher?" Minha pergunta sai com um peso que mal consigo esconder, a preocupação enrijecendo cada músculo do meu corpo. A ausência dela tem me corroído lentamente, e agora, a tensão é quase insuportável.“Não são boas notícias, Majestade.” Asher se aproxima com passos calculados, seu semblante grave refletindo a seriedade da situação. “Eu vasculhei as câmeras de segurança das redondezas. A última imagem de Aria é de uma semana atrás.” Sua voz carrega um pesar que me deixa ainda mais alerta. "Ela foi levada por uma van. Rastreei o dono do veículo, e parece ser do antigo chefe dela. Talvez a esposa esteja envolvida."A sensação de incredulidade me atinge como
"Não se aproxime!" A voz da mulher soa com um misto de desespero e ameaça. Ela aperta o meu ombro com força, sua mão suada tremendo levemente enquanto a outra segura a faca contra o meu pescoço. O metal frio roça em minha pele, e minha respiração se torna curta, controlada, tentando evitar qualquer movimento que possa fazer a lâmina penetrar mais fundo.Caelum levanta as mãos em um gesto pacificador, avançando lentamente, seus passos são lentos, cada movimento uma cuidadosa tentativa de evitar que a situação exploda em violência. Há algo na maneira como ele se move, uma confiança contida, uma força silenciosa. A presença dele me causa um misto de emoções. Como é que ele me encontrou aqui?“Você n&ati