Enquanto falo, deixo minha mão seguir um impulso, indo em direção ao rosto de Aria. Sinto a suavidade de seus cabelos quando entrelaço meus dedos em uma mecha fina, puxando-a levemente para mim. O peito de Aria sobe e desce de forma arfada, como se meu simples toque tivesse acendido uma chama nela. Isso me encanta, me provoca a me aproximar ainda mais, inclinando meu corpo para frente, diminuindo a distância entre nós. Posso sentir o calor que emana dela.
“Você tem uma arma perigosa, Aria,” murmuro, minha voz quase um sussurro, cada palavra carregada de um significado mais profundo. "Você sabe disso, não sabe? Eu poderia cair em suas armadilhas, preso por esses seus lindos olhos..." As palavras saem de meus lábios como uma confissão, e posso ver como a respiração dela se torna cada vez mais acelerada, como s
A suavidade inesperada do beijo contrasta com a intensidade da atração que ele despertou em mim. Minha mente grita em protesto, relembrando-me de sua posição, de seu casamento, da traição que este ato representa. Mas esses pensamentos são abafados pela força avassaladora do desejo que consome meu corpo.Entretanto, mesmo sabendo que deveria afastá-lo, eu mesma não consigo resistir ao seu toque. É como se minha vontade fosse dominada pelo magnetismo do momento. O gosto de seus lábios, a maciez com que eles pressionam os meus, tudo é tão viciante quanto eu me lembrava. Sem perceber, eu entreabro meus lábios, dando-lhe permissão para que ele avance, para que sua língua me invada, explorando meu interior com uma intimidade que ele conseguiu despertar em mim. Quando finalmente paro de correr, estou no corredor do vestiário, minha respiração ofegante, como se cada fôlego fosse uma batalha, e meu coração martela dentro do peito, tentando escapar. Apoio-me na parede fria, sentindo a textura áspera contra minha pele, enquanto tento recuperar o fôlego e o controle sobre minhas emoções. O turbilhão de pensamentos em minha mente é avassalador, cada um mais angustiante que o outro. A ideia de que Elowen e Thorne possam ser filhos bastardos de Caelum martela incessantemente em minha cabeça, mas luto para afastar esses pensamentos. Se me entregar a essa espiral de medo e ansiedade agora, sei que não serei capaz de voltar ao trabalho.Com a respiração finalmente estabilizada e a determinação restaurada, empurro a porta do vestiário, entrando eCapítulo 29 - Aria
Aria dispara para fora do escritório com um choque e raiva que me surpreendem, cada movimento seu parece um reflexo instintivo, como um animal encurralado. Será que ela de fato não se recordava de mim? Meu feitiço de camuflagem de cinco anos atrás e a bebedeira daquela noite nebulosa poderiam realmente tê-la feito esquecer quem eu era? O pensamento persegue minhas memórias, escavando dúvidas que eu não sabia que estavam enterradas. O toque suave, mas intrincado, do feitiço deveria ter apagado a lembrança dela, mas não ao ponto de me tornar um completo estranho para ela. No entanto, o olhar vazio e a confusão em seus olhos ao me ver, como se eu fosse apenas mais uma sombra no seu passado, me deixam desconcertado.Se for esse o caso, então o destino não passa de um brincalhão cruel, rindo de mim enq
O choro compulsório da mulher ecoa pela sala, cada soluço atingindo meus ouvidos de uma forma que vai acabando com a minha paciência. A irritação borbulha dentro de mim, misturada com um desprezo profundo por essa criatura patética. Como é possível que alguém seja tão fraco, tão miserável? Me pergunto se os bebês quando chorarem serão tão insuportáveis quanto o lamento dessa humana estúpida.A sala de estar da casa da mulher é uma visão deprimente. As paredes estão cobertas de um papel de parede desbotado, antigo, com manchas que revelam anos de negligência. O cheiro acre de cigarro impregna tudo, das cortinas fechadas ao tecido surrado do sofá onde ela está sentada, chorando sem controle. A mobília barata e mal cuidada dá um ar de medio
Ao fim da festa, enquanto a música já não passa de um eco distante e o salão lentamente se esvazia, eu me dedico a conduzir os últimos convidados, os mais alcoolizados, até a saída. Cada movimento meu é quase ritualístico, algo que senti falta quando fiquei dentro de casa sem trabalhar. Sinto que sob a luz fraca que dá esse ar intimista, há alguém me observando. Olho ao redor procurando pelo olhar que me fita, entretanto, não consigo encontrar nada além de convidados animados que ainda insistem em continuarem na pista de dança, mesmo que a música já tenha parado há muito tempo.Mas havia algo mais, algo que eu não conseguia identificar. Sob aquela penumbra delicada, a sensação de ser observada não me abandonava, persistente como uma sombra colada aos meus
"Ah, meu Deus, oi... quero dizer, desculpa. O que você viu lá, bem, não era aquilo o que eu..." Minhas palavras saem atropeladas, a vergonha pingando de cada sílaba enquanto estendo a mão para cumprimentá-lo.“Não precisa se desculpar, senhorita,” Asher responde, sua voz carregada com uma educação que me deixa ainda mais nervosa. "O que o rei Caelum faz em particular, com qualquer pessoa, é totalmente do interesse dele e de ninguém mais." A neutralidade em seu tom é quase reconfortante, mas ao mesmo tempo, sinto uma pontada de pavor. Será que ele me vê como mais uma amante do rei? Uma mulher interesseira que busca ascensão social?“Senhor Asher, eu te garanto, que o que aconteceu naquele escritório, foi um acidente, nada mais respondo
Desperto com uma forte dor na cabeça, uma pressão latejante que parece ressoar dentro do meu crânio, e minha visão está turva. Lentamente, piscando com esforço, tento ajustar meus olhos à pouca luz do ambiente, mas o processo é lento e doloroso, como se eu estivesse nadando em neblina. O cheiro de poeira e mofo invade minhas narinas com brutalidade, um odor tão denso que sinto como se estivesse inalando anos de abandono e decadência. Minha garganta se fecha brevemente, e luto contra a ânsia de vomitar.Percebo que meus pulsos estão presos atrás do meu corpo, amarrados firmemente com cordas que se cravam dolorosamente na pele. Estou sentada em uma cadeira desconfortável, com o encosto duro e torturante que pressiona minha coluna em um ângulo que só intensifica a dor. Minhas mãos estão do
“Aquele filho da mãe merecia morrer,” ela afirma, sua voz carregada de ódio e uma satisfação doentia. “Graças a Deus ele está morto e eu estou finalmente livre.”Meus pensamentos se embaralham. Nada disso faz sentido. Como essa mulher que deveria estar em luto pode estar celebrando a morte do próprio marido?“Ele era um homem horrível, não só como seu chefe, mas também como meu marido,” ela continua, sua voz dócil e macia sendo um contraste gritante com o cenário. A suavidade da fala contrasta de maneira visceral com a realidade em que me encontro: amarrada, presa, indefesa. A expressão no rosto dela, porém, carrega uma mistura perturbadora de orgulho e malignidade, como se estivesse finalmente