“É melhor você tomar cuidado com as suas palavras, Lily.” Minha voz soa mais fria do que o gelo, cada palavra pingando com a ameaça velada que faço questão de deixar explícita. O vestiário, que já estava tenso, parece congelar ainda mais. Lily, que segundos antes estava cheia de bravata, sente a mudança na atmosfera. Seus olhos se arregalam ligeiramente, refletindo o temor que se infiltra por trás de sua máscara de confiança. Vejo o pânico começar a florescer nela, uma pequena chama de medo que cresce com cada passo meu em sua direção. “Se eu sou a assassina que você alega que eu seja,” continuo, minha voz descendo para um sussurro afiado como uma lâmina, "não seria prudente zombar de mim, não acha?"
As risadas e cochichos que ecoavam há pouc
No corredor perto do vestiário, o som dos nossos passos ecoa suavemente contra as paredes, criando uma cadência quase hipnótica que só aumenta minha ansiedade. Cada movimento do meu gerente é rápido e eficiente, enquanto ele me conduz com passos agitados e ligeiros. Sigo meu gerente com o coração martelando no peito, minha mente turbilhonando em pensamentos confusos e temores incertos.“O que você gostaria de conversar comigo?” minha voz soa baixa, quase um sussurro, enquanto a ansiedade começa a dominar cada fibra do meu corpo. Tento manter um tom neutro, mas a tensão é evidente, refletida no leve tremor das minhas mãos que escondo nos bolsos da minha calça.Meu gerente hesita, seus ombros encolhendo um pouco, como se estivesse desconfortável com
O olhar de surpresa de Aria, me causa calafrios reconfortantes. Aquela expressão nos olhos dela, aquele brilho confuso e, ao mesmo tempo ansioso, me transporta de volta àquela noite cinco anos atrás, lembrança de sua pele contra a minha, da forma como seu corpo se moldava ao meu, invade minha mente com uma intensidade avassaladora. Eu escuto o coração dela se acelerar com a surpresa de me ver, a batida do seu coração ressoa como melodia para mim, me levando de volta ao passado.O que há nessa humana que me atrai tanto? Os olhos castanhos me encaram com tantas emoções que me questiono se é as recordações de cinco anos atrás. Há algo de irresistível na forma como ela se porta, como se cada movimento fosse desenhado para prender minha atenção. Suas curvas, que uma vez explorei c
Enquanto falo, deixo minha mão seguir um impulso, indo em direção ao rosto de Aria. Sinto a suavidade de seus cabelos quando entrelaço meus dedos em uma mecha fina, puxando-a levemente para mim. O peito de Aria sobe e desce de forma arfada, como se meu simples toque tivesse acendido uma chama nela. Isso me encanta, me provoca a me aproximar ainda mais, inclinando meu corpo para frente, diminuindo a distância entre nós. Posso sentir o calor que emana dela.“Você tem uma arma perigosa, Aria,” murmuro, minha voz quase um sussurro, cada palavra carregada de um significado mais profundo. "Você sabe disso, não sabe? Eu poderia cair em suas armadilhas, preso por esses seus lindos olhos..." As palavras saem de meus lábios como uma confissão, e posso ver como a respiração dela se torna cada vez mais acelerada, como s
A suavidade inesperada do beijo contrasta com a intensidade da atração que ele despertou em mim. Minha mente grita em protesto, relembrando-me de sua posição, de seu casamento, da traição que este ato representa. Mas esses pensamentos são abafados pela força avassaladora do desejo que consome meu corpo.Entretanto, mesmo sabendo que deveria afastá-lo, eu mesma não consigo resistir ao seu toque. É como se minha vontade fosse dominada pelo magnetismo do momento. O gosto de seus lábios, a maciez com que eles pressionam os meus, tudo é tão viciante quanto eu me lembrava. Sem perceber, eu entreabro meus lábios, dando-lhe permissão para que ele avance, para que sua língua me invada, explorando meu interior com uma intimidade que ele conseguiu despertar em mim. Quando finalmente paro de correr, estou no corredor do vestiário, minha respiração ofegante, como se cada fôlego fosse uma batalha, e meu coração martela dentro do peito, tentando escapar. Apoio-me na parede fria, sentindo a textura áspera contra minha pele, enquanto tento recuperar o fôlego e o controle sobre minhas emoções. O turbilhão de pensamentos em minha mente é avassalador, cada um mais angustiante que o outro. A ideia de que Elowen e Thorne possam ser filhos bastardos de Caelum martela incessantemente em minha cabeça, mas luto para afastar esses pensamentos. Se me entregar a essa espiral de medo e ansiedade agora, sei que não serei capaz de voltar ao trabalho.Com a respiração finalmente estabilizada e a determinação restaurada, empurro a porta do vestiário, entrando eCapítulo 29 - Aria
Aria dispara para fora do escritório com um choque e raiva que me surpreendem, cada movimento seu parece um reflexo instintivo, como um animal encurralado. Será que ela de fato não se recordava de mim? Meu feitiço de camuflagem de cinco anos atrás e a bebedeira daquela noite nebulosa poderiam realmente tê-la feito esquecer quem eu era? O pensamento persegue minhas memórias, escavando dúvidas que eu não sabia que estavam enterradas. O toque suave, mas intrincado, do feitiço deveria ter apagado a lembrança dela, mas não ao ponto de me tornar um completo estranho para ela. No entanto, o olhar vazio e a confusão em seus olhos ao me ver, como se eu fosse apenas mais uma sombra no seu passado, me deixam desconcertado.Se for esse o caso, então o destino não passa de um brincalhão cruel, rindo de mim enq
O choro compulsório da mulher ecoa pela sala, cada soluço atingindo meus ouvidos de uma forma que vai acabando com a minha paciência. A irritação borbulha dentro de mim, misturada com um desprezo profundo por essa criatura patética. Como é possível que alguém seja tão fraco, tão miserável? Me pergunto se os bebês quando chorarem serão tão insuportáveis quanto o lamento dessa humana estúpida.A sala de estar da casa da mulher é uma visão deprimente. As paredes estão cobertas de um papel de parede desbotado, antigo, com manchas que revelam anos de negligência. O cheiro acre de cigarro impregna tudo, das cortinas fechadas ao tecido surrado do sofá onde ela está sentada, chorando sem controle. A mobília barata e mal cuidada dá um ar de medio
Ao fim da festa, enquanto a música já não passa de um eco distante e o salão lentamente se esvazia, eu me dedico a conduzir os últimos convidados, os mais alcoolizados, até a saída. Cada movimento meu é quase ritualístico, algo que senti falta quando fiquei dentro de casa sem trabalhar. Sinto que sob a luz fraca que dá esse ar intimista, há alguém me observando. Olho ao redor procurando pelo olhar que me fita, entretanto, não consigo encontrar nada além de convidados animados que ainda insistem em continuarem na pista de dança, mesmo que a música já tenha parado há muito tempo.Mas havia algo mais, algo que eu não conseguia identificar. Sob aquela penumbra delicada, a sensação de ser observada não me abandonava, persistente como uma sombra colada aos meus