Aria está sentada no sofá como se tivesse todo o tempo do mundo, mas cada detalhe de sua postura me provoca uma inquietação sutil. Ela cruza as pernas com um movimento natural, mas minha atenção é capturada quando o tecido do vestido florido sobe alguns centímetros, revelando a pele suave de suas coxas. Minha respiração hesita por um instante, e um calor involuntário percorre meu corpo antes que eu consiga desviar o olhar. Tento me recompor, mas algo sobre ela hoje parece diferente, quase hipnótico.“Sobre o que você quer conversar, Aria?” pergunto, com uma ponta de impaciência que mal consigo disfarçar. Minhas palavras saem mais ríspidas do que pretendia, mas é difícil manter a calma quando ela está tão perto, parecendo tão vulnerável e, ao mesmo tempo tão inacessível.Aria ergue o olhar para mim, seus olhos castanhos brilhando com uma intensidade que me faz desejá-la ainda mais."Caelum, nós não tivemos tempo de conversar sobre nada. E isso é culpa minha," ela admite, sua voz suave
“Quero um grupo na lateral do castelo. Outro grupo na porta dos fundos. Sei que há soldados aqui e aqui,” eu informo, apontando para o mapa do castelo à nossa frente. As marcações brilhantes indicam cada ponto crítico do perímetro. A sala de guerra está iluminada por uma luz fria, cortada pelo brilho esverdeado dos monitores que exibem imagens ao vivo de drones sobrevoando a capital. “Iremos jogar as bombas aqui e neutralizar nessa parte. Há alguma dúvida?”Os soldados estão alinhados à minha frente, impecavelmente uniformizados e armados. Cada um deles exala determinação, com olhares duros e focados. O som de botas contra o chão encerra o leve ruído de vozes, e o silêncio que segue é uma confirmação da atenção total ao plano.“Não, Majestade!” respondem em uníssono, suas vozes firmes ecoando pela sala. Uma onda de orgulho me atravessa, quente e poderosa. Eles estão prontos para dar tudo de si, para lutar por mim, pelo que acreditamos, até o último suspiro.“Hoje, meus irmãos e irmãs…
O mercado clandestino dos enchatrix é o melhor lugar para buscar informações sobre Seraphina. O mercado clandestino dos enchatrix pulsa com uma energia única, quase palpável. Cada esquina parece sussurrar segredos, enquanto luzes fracas e dançantes de orbes mágicos iluminam as vielas estreitas e os becos labirínticos. É um lugar onde moralidade e legalidade são conceitos distorcidos, moldados pelas sombras que engolem tudo e todos que passam por aqui. O ar é carregado de uma mistura intoxicante de magia antiga e fumaça de substâncias ilegais.Aqui, as regras são claras e inflexíveis, mas tão sutis quanto o aroma de feitiços proibidos que impregna o ambiente.Regra número um: o dinheiro fala mais alto. Sempre. Não importa o que você deseja — informações, artefatos raros, ou até mesmo a execução de feitiços de magia proibida —, o preço certo abre todas as portas. Com a quantidade certa de dinheiro, você pode literalmente comprar um pedaço da alma de alguém. Ou, no meu caso, rastrear uma
Sentir Aria ao meu lado é como finalmente respirar depois de passar muito tempo submerso. A leveza que inunda meu peito é inebriante, uma felicidade tão completa que quase dói. Cada sorriso que ela me dá, cada toque de seus dedos na minha pele, reafirma o que sempre soube: ela é minha, do jeito que deveria ter sido desde o início, como se o universo tivesse corrigido um erro grotesco.Sentado no sofá, observo enquanto ela recolhe o vestido jogado pela sala, um reflexo da paixão que há pouco consumiu ambos. Ela se move com pressa, mas há uma graça nos seus movimentos que me hipnotiza. A luz suave do lado de fora, filtrada pelas janelas do hotel, ilumina seu cabelo castanho de forma quase etérea.“Preciso voltar para as crianças, elas devem estar preocupadas,” ela diz, com uma rapidez que me surpreende, mas o tom em sua voz continua suave, quase desculpando-se por precisar ir.Meu coração aperta, mas não deixo isso transparecer. Em vez disso, dou um sorriso leve, tentando prolongar o mo
Manter as crianças distraídas do caos lá fora é como tentar conter uma maré crescente com as próprias mãos. As notícias invadem tudo, cada canal e cada manchete: o ataque à capital, o golpe de Drave, a destruição. As imagens do trono usurpado e da ameaça contra a vida dos meus filhos ecoam na minha mente como um pesadelo incessante. Mas aqui dentro, entre as quatro paredes da nossa pequena casa alugada, eu luto para criar um espaço seguro, um refúgio para Thorne e Elowen. Não posso deixar que o mundo sombrio lá fora os alcance. Não posso.“Podemos ir para a praia hoje, mamãe? Podemos, podemos?” Thorne pergunta, os olhos brilhando de empolgação. Ele segura um desenho que acabou de fazer, cheio de cores vibrantes, contrastando com a monotonia do cinza que parece ter envolvido minha vida ultimamente. Meu coração aquece com aquele entusiasmo inocente, uma fagulha de luz em meio à escuridão.“Sim, meu anjinho. Podemos sim,” respondo, acariciando seu cabelo loiro escuro que reluz sob o sol
Presencio quando Caelum abandona a cidade litorânea, sua figura desaparecendo na estrada em meio ao alvoroço causado pelo golpe de Drave. Imagino o que passa pela cabeça dele, se a humilhação de perder seu trono para o irmão bastardo é maior que o medo de enfrentar uma guerra que ele claramente não sabe vencer. O mundo todo parece girar em torno desse caos, e em cada esquina, em cada voz sussurrada ou exclamada, só se fala de uma coisa: o golpe de estado.Assisto às notícias com um sorriso malicioso nos lábios, uma admiração perversa pela habilidade teatral de Drave. Ele sabe como fazer um espetáculo. Cada detalhe da invasão foi meticulosamente calculado, desde as explosões devastadoras até a imagem impactante de Isolder ajoelhada diante dele, sua expressão marcada pelo pavor e pelo orgulho esmagado.No momento em que Drave desafiou Caelum com Isolder de joelhos, meu coração disparou, mas não por medo — por uma euforia intoxicante. Aquela mulher… finalmente ela está pagando por sua ar
Drave me acusa de ser um péssimo rei, um líder incapaz, cheio de medos e hesitante em tomar atitudes. Essas palavras, tão carregadas de veneno, tentam me ferir, mas apenas alimentam a determinação que queima em meu peito. Essa acusação se desfaz como fumaça diante da visão que tenho agora: o exército que meus aliados enviaram, firme e numeroso, avançando ao meu lado. Cada passo que damos ecoa no chão como uma promessa, um lembrete de que minha busca pela paz, construída com alianças sólidas entre os reinos vizinhos, não foi em vão.A frente do palácio surge imponente diante de nós, sua fachada manchada pelo caos que Drave espalhou. Marchamos até ali, o som rítmico das botas e das patas dos lycans reverberando como trovões. Do outro lado, vejo os soldados do meu meio-irmão formando fileiras. Rebeldes. A visão deles me enfurece. São um reflexo distorcido do que Veridiana deveria ser: desorganizados, brutais, tomados por uma causa falsa. Noto que há entre os lycans também alguns enchatrix
Assim que Drave anuncia o meu envolvimento com ele, percebo o impacto imediato de suas palavras. A raiva de Caelum cresce de forma quase palpável, emanando dele como ondas de calor. Seus olhos, antes focados e controlados, agora brilham com uma fúria primitiva, quase animalesca. E eu? Eu sinto um orgulho quase perverso ao testemunhar isso. Finalmente, Caelum está subjugado, desarmado, exposto como deveria estar. O rei que se achava intocável agora está à mercê de nossas ações e palavras.Entretanto, esse momento de vitória é tingido por uma revelação que me pega de surpresa. Uma reviravolta inesperada que muda completamente o jogo. Eu vejo isso em Drave, no sorriso que ele tenta disfarçar, mas que carrega algo mais profundo. Ele me enganou. E, pior ainda, percebo que subestimei quem ele realmente é.Drave Frost não é apenas um homem movido pela força bruta ou pela sede de sangue, como sempre imaginei. Ele é mais perigoso do que isso. Ele é um estrategista, um manipulador capaz de molda