♥ Lembre-se de comentar e avaliar no livro, isso me ajuda muito. Boa leitura! ♥
“Aria, achei um absurdo o que você fez!” minha mãe declara com indignação na voz.Eu a encaro sem entender do que ela está falando. Meus filhos estão finalmente seguros, deitados em suas camas, o som suave de suas respirações ecoando em minha mente como um lembrete frágil de que, pelo menos por agora, eles estão protegidos. Mas meu corpo não consegue relaxar; meus músculos ainda estão tensos, e meu coração martela com a lembrança de tudo o que aconteceu.Viro-me para encará-la, a testa franzida de cansaço e irritação.“Do que você está falando agora, Lyra?” questiono sem paciência.Minha mãe me acompanha até meu quarto e se senta na poltrona que há perto da porta. Ela bufa e balança a cabeça, como se estivesse reunindo palavras afiadas para disparar contra mim. Seu olhar carrega toda a reprovação que ela acumulou ao longo dos anos, como se eu fosse uma decepção ambulante.“Você recusar a oferta do rei! Aria, a essa hora todos nós estaríamos no palácio, vivendo do bom e do melhor! Como
“Isso é algo que muda totalmente o cenário, Majestade.” Finn declara com surpresa na voz. Há também preocupação, algo que ele tenta esconder, mas que transparece em cada palavra.“Eu sei, por isso preciso que vocês agilizem logo a anulação do meu casamento. Preciso me casar com Aria o mais rápido possível. A segurança dos meus filhos depende disso,” informo, sem paciência, deixando claro que minha tolerância está no limite.Minha voz reverbera pelas paredes, ecoando como um trovão. Os olhos dos conselheiros me seguem enquanto ando de um lado para o outro, incapaz de conter a inquietação que me domina. A raiva que sinto de Aria ainda pulsa, ainda que uma parte de mim deseje que não seja assim. A fúria que sinto parece aumentar a cada segundo, um incêndio que consome tudo em seu caminho. Meus punhos se cerram, e cada músculo do meu corpo se tenciona. A imagem de Aria, com aquele olhar desafiador, invade minha mente. Como ela consegue ser tão teimosa? Como ousa me desafiar ao ponto de pr
“O senhor já está recuperado, graça aos deuses… a cirurgia foi um sucesso e a sua recuperação surpreendeu a todos,” o médico relata, seu tom é de orgulho e satisfação.Estou deitado na cama de hospital. O quarto é espaçoso e possuiu um pouco de decoração que não torna o local tão deprimente. Presto atenção nas declarações do médico o máximo que consigo, porém, o que eu quero saber é sobre Aria. Se ela está bem.As palavras do médico se misturam com o zumbido nos meus ouvidos. Eu tento prestar atenção, mas minha impaciência cresce. A cada segundo que passa, meu coração acelera, não pela tensão da recuperação, mas pela ansiedade. Assim que o médico conclui seu relatório detalhado sobre meus cuidados, uma enfermeira aparece à porta. Sua presença é uma distração bem-vinda, e quando ela anuncia que há uma visita para mim, minha respiração prende por um momento. O desejo de que seja Aria toma conta de mim como uma chama, trazendo um raro vislumbre de esperança.Mas esse lampejo de expectati
A porta do meu escritório se abre com um estrondo, batendo com força na parede, fazendo o som ecoar pelo ambiente silencioso. Do outro lado, Alexander está parado, seus olhos queimando com uma fúria que é quase tangível. Seu rosto está severo, cada linha de sua expressão tensa, como se ele estivesse lutando para manter algum controle sobre si. É impossível não reparar na rigidez de sua postura e no modo como seus punhos estão cerrados ao lado do corpo. Ele parece uma tempestade prestes a desabar.Fico surpreso ao vê-lo aqui tão cedo. Sua recuperação foi rápida — rápida demais. Ainda consigo sentir o cheiro metálico e frio dos remédios que impregnaram sua pele durante o tempo que passou no hospital. Não consigo decidir se isso é um testemunho de sua determinação ou apenas uma teimosia imprudente. Mas uma coisa é clara: ele não está aqui para discutir estratégias ou para tratar do ataque que quase lhe custou a vida dias atrás. Não, a energia que Alexander emana agora é muito mais pessoa
UM MÊS DEPOIS…O som das ondas se quebrando contra as rochas atrás da pousada é constante, uma melodia calma e rítmica que se torna meu refúgio diário. Ajeito os papéis que estão espalhados na mesa da recepção enquanto não surge nenhum dos hóspedes querendo reservar alguma atividade aquática nas redondezas.A pousada é simples, rústica, com paredes brancas desgastadas pelo tempo e móveis de madeira que exalam o cheiro da maresia. A luz do sol entra pela janela lateral, projetando sombras dançantes sobre o chão de tábuas de madeira enquanto o ventilador de teto gira lentamente, como se estivesse cansado. O som abafado das conversas de alguns hóspedes na área comum mal chega até aqui.Mantenho minhas mãos ocupadas, numa tentativa desesperada de ocupar minha mente também. Organizo formulários de reservas e folhetos de atividades aquáticas locais, arrumo o balcão pela terceira vez no dia, tudo para evitar o vazio que insiste em tomar conta de mim. Mas mesmo com o trabalho, as lembranças s
O castelo parece respirar com mais suavidade desde que Seraphina não está mais aqui. Sua ausência é um alívio palpável, como se a sombra pesada que pairava sobre os corredores tivesse se dissipado, permitindo que a luz alcançasse lugares antes ocultos. Mas o vazio que ela deixou também carrega um peso próprio. Não é o tipo de silêncio confortável; é um espaço preenchido pelo eco de sua traição, pelos resquícios de sua magia sombria que ainda vibram nas paredes e, principalmente, pela incerteza de sua localização.A última pista sobre Seraphina a coloca no hospital com Alexander, e desde então, nem mesmo os melhores rastreadores de Veridiana conseguem localizá-la. Ela é escorregadia, movendo-se como um fantasma, usando suas habilidades mágicas para se esconder, para desaparecer quando é mais necessário encontrá-la. Isso me irrita profundamente, mas também me intriga. Ela sempre teve um talento único para manipular as coisas a seu favor, e, por mais que me odeie admitir, é algo que a to
Caelum Frost, meu irmão caçula, é a própria definição de caos encarnado, uma tempestade de más escolhas e impulsos desmedidos. O pior rei que Veridiana já teve. Observar o reinado dele desmoronar lentamente tem sido um espetáculo fascinante, quase poético. Cada rachadura que se forma no trono, cada murmúrio de descontentamento que ecoa pelos salões do castelo, me traz uma satisfação que não consigo disfarçar. E o melhor de tudo? Essas rachaduras têm o meu nome gravado nelas.Um movimento que começou como uma faísca em territórios esquecidos agora se transforma em um incêndio que ameaça consumir o reino de Caelum. Porque, convenhamos, quem em sua sã consciência preferiria um mestiço no trono? Um híbrido sem verdadeira identidade, dividido entre duas naturezas conflitantes? Não, o povo merece um verdadeiro líder, alguém que entenda as leis naturais da vida, do poder. E esse alguém sou eu. Um lycan de sangue puro. Aquele que foi injustamente expulso, mas que agora retorna para reivindica
A vida de plebeia é uma tortura, um espetáculo diário de privações que me fazem querer arrancar a própria pele de desgosto. Um mês inteiro vivendo escondida, afastada da opulência que me pertence por direito, longe dos empregados que atendiam a cada capricho meu, das refeições refinadas e do luxo que era respirar o ar puro das montanhas de Syltirion. Tudo isso… por causa daquela humana patética e dos filhos bastardos dela. Me pergunto, com frequência crescente, se tudo isso realmente vale a pena.Minhas unhas cravam na madeira da mesa à minha frente enquanto observo Karin com olhos semicerrados. Ele demorou e minha paciência, que nunca foi grande, agora é quase inexistente. Quando ele finalmente se aproxima, o som de seus passos é quase inaudível, mas o roçar do papel em suas mãos chama minha atenção como uma promessa prestes a ser cumprida.“Aqui está, Seraphina… a localização da humana,” Karin fala, me entregando um papel com o endereço.“Finalmente! Já não estava mais aguentando es