Capítulo 73 Maria Luíza Duarte Precisei virar o rosto ao ouvir o grito de Zaia com o sangue que escorreu onde Alexei cortou. Zaia tentou recuar, balançando a cabeça em negação, enquanto lágrimas escorriam pelo rosto e ela negava olhando pra mão, mas seu outro punho ainda permanecia preso. — Senhor, eu juro... eu não fiz nada! Eles estão inventando tudo isso! Só segui ordens do senhor Anton — ela implorou, parecia desesperada. O pai de Alexei cruzou os braços, um gesto que parecia mais ameaçador do que qualquer palavra. — Você acha que sou tolo, Zaia? Acha que não sei o que acontece sob o meu teto? — Ele se aproximou, a sombra dele cobrindo o rosto dela. — Você não percebeu, mas estava sendo observada o tempo todo. Agora sei que era você a dar calmantes para a Olga. Alexei me contou mais cedo dos resultados que Fred lhe trouxe, agora sabemos quem foi. — Não! Não sei de nada! — se desesperou. Alexei ergueu uma sobrancelha, surpreso com a declaração. — O
Capítulo 74 Maria Luíza Duarte Alexei estava inquieto. Movia-se pela sala como um leão enjaulado, cruzando os braços e descruzando, a testa franzida. Não conseguia disfarçar a tensão, mesmo tentando manter uma máscara de calma para o pai, Nazar e Zaia. Eu já o conhecia o suficiente para perceber que ele estava à beira de um colapso interno. — Alexei, vamos sair daqui um pouco — sugeri, tocando de leve em seu braço. Ele me olhou surpreso, como se tivesse esquecido que eu estava ali. Não era um convite, mas uma ordem disfarçada de gentileza. — Eu... — Ele hesitou, lançando um olhar para Nazar e seu pai, que conversavam em tons baixos. — Acho que não posso deixar... — Pode sim. Nazar sabe o que está fazendo. Pode terminar isso — interrompi, firme. — Você precisa respirar um pouco, ou não vai conseguir pensar direito. Ele finalmente cedeu, soltando um suspiro pesado e assentindo, seu pai ficou olhando, mas permaneceu na sala com Nazar e Fred. Deixamos o local,
CAPÍTULO 1 Maria Luíza Duarte Desci as escadas de casa correndo, com um sorriso no rosto e um envelope na mão. Marco precisava saber da minha melhora. Ele era o motivo pelo qual eu me sentia tão bem nas últimas semanas. Apesar de ser um dos soldados do meu pai, Marco sempre me tratou com respeito. Seus beijos e carinhos faziam meus dias mais leves, mesmo que nosso relacionamento fosse um segredo. Atravessei a sala sem olhar para os lados, passei pelo jardim e fui direto para a casinha dos fundos, onde os soldados moravam. Eu sabia onde ficava o quarto dele. Só tinha entrado uma vez, mas hoje queria surpreendê-lo logo de manhã, contar sobre o laudo médico e como os resultados foram bons. A porta estava apenas encostada. Coloquei a mão na maçaneta e a abri devagar. Meu coração acelerou no peito. "Marco?" sussurrei para mim mesma, incrédula, ao ver a cena que me destruiu por dentro. O ar pareceu sumir. Uma dor aguda atravessou meu peito e precisei me concentrar para nã
CAPÍTULO 2 Maria Luíza Duarte Aquele homem parecia um demônio, mas não posso negar... um demônio que beija muito bem. Fiquei imóvel, em choque, imaginando como seria em território dele. Um homem frio, esnobe, que parece ter me detestado assim que me viu? Ele só me beijou porque “sou dele”? Por que diabos aceitei esse acordo? Percebi que estava sozinha, Marco voltou, tentou se aproximar, mas corri feito doida. Fui para os fundos da propriedade do meu pai e tirei apenas os sapatos, antes de pular no lago, que de acordo com meu tratamento, era uma das coisas que poderia aplacar um pouco da minha agonia, agora. Me sinto confortável, me sinto calma. De repente, mãos fortes me puxaram com tudo da água assim que atravessei o lago, e senti meu corpo arranhar na terra. — Que porra, mulher! Eu nem havia ido embora e você se joga na água como uma qualquer? Saia daqui imediatamente! Se um dos meus homens te ver com essa roupa grudada no corpo, arcará com as consequências! — e
CAPÍTULO 3 Maria Luíza Duarte Ao chegar no quarto, fui amparada pela minha mãe e levada até o chuveiro do banheiro. Esse é o lugar que normalmente passo horas. A água escorria pelo meu corpo. O calor do abraço da minha mãe misturado com a textura da água, era o único conforto naquele momento, amenizando a minha angústia e o meu desespero. Muitas coisas aconteceram de uma vez só, estava difícil de assimilar. Ela sabia que palavras não trariam solução, e isso que nem imagina que também fui enganada por Marco, mas sua presença sempre conseguiu amenizar as tempestades dentro de mim. Ficamos ali, abraçadas e vestidas, até que as lágrimas secaram e meu coração encontrou um ritmo mais calmo. — Você é forte, filha — minha mãe disse suavemente, passando a mão pelos meus cabelos. — Só quero que saiba disso. Eu sabia que precisava ser forte. A vida inteira fui preparada para os acordos que moldavam nossa família, e embora soubesse que não teria como escapar do des
CAPÍTULO 4 Maria Luíza Duarte Meu coração batia descompassado, como se fosse saltar do peito. O avião balançava cada vez mais, os gritos ecoavam por todos os lados, e a minha visão começou a embaçar. As luzes piscavam descontroladas, e a única coisa que conseguia sentir era o medo crescendo dentro de mim. “Eu não posso morrer aqui... Não agora.” — DROGA, ALEXEI! EU MENTI, NÃO QUERO MORRER, EU ME CASO COM VOCÊ! — Gritei com o choque, segurando firme na poltrona. Tentei respirar fundo, mas meus pulmões pareciam não obedecer. O pânico subiu à minha garganta, as mãos tremiam, e eu me vi sem controle sobre o que acontecia ao meu redor. As paredes da cabine pareciam se fechar, e minha visão começou a escurecer. A crise de ansiedade estava voltando a dar sinais... senti a dor no peito, a falta de ar, o pânico, aquela sensação de que estou infartando, uma angústia muito forte... caramba! Um homem alto, de jaleco branco, se aproximou rapidamente de mim. Ele se ajoelhou ao
CAPÍTULO 5 Don Alexei Kim — Don Alexei... desculpe interromper, mas perdemos o sinal do avião que traria sua noiva — paro de contar as armas no mesmo instante, olhando para meu soldado parado na porta. — Porra! Por que diabos perdemos o sinal do avião? Você não disse que estava tudo certo? Acabei de falar com Maria Luíza, merda! — joguei a última pistola na caixa, fechando com raiva. Em seguida, peguei meu celular para ligar pra ela. — Nenhum dos nossos homens estão atendendo, Don. Eu estou tentando ligar, mas não estou conseguindo, nem mesmo o médico atende — olhei com raiva para o soldado com vontade de explodir sua cabeça, e comecei a xingar no telefone: — Atende, porra! Pra perturbar me ligou agora mesmo, caralho! — a ligação nem chamava, estava desligado. “Você não vai escapar de mim, Maria Luíza, não vai!“ — Devemos mandar uma equipe pra Roma, Don? — respiro fundo. — Já localizaram o avião? — Deu algum problema no localizador, não fazemos ideia de onde
CAPÍTULO 6 Maria Luíza Duarte Ouvir aquelas vozes discutindo a morte de Alexei e Don Antony, havia despertado um instinto de sobrevivência que eu não sabia que possuía. Eu precisava pensar rápido, agir antes que me descobrissem. Não podia deixar que as coisas saíssem do controle, mas também não podia permitir que Alexei ou Antony fossem mortos por nada. Cheguei à porta da sala de estar, onde os homens discutiam de forma acalorada. Minhas mãos estavam frias e trêmulas, e por um breve momento, considerei fugir. Mas me lembrei de que não havia para onde ir. Estava em uma ilha isolada, cercada de homens prontos para matar ou serem mortos. Se eu fosse descoberta como um peão entre os dois Dons, acabaria sendo o próximo alvo. Respirei fundo, reunindo toda a coragem que ainda me restava. “Vamos, Maria Luíza. Se tem uma coisa que aprendeu ao crescer nessa vida, foi a não demonstrar fraqueza”. Abri a porta de uma vez, entrando na sala com passos firmes. Todos os olhos se vol