CAPÍTULO 8 Maria Luíza Duarte Foram as horas mais detestadas da minha vida. Cada vez que Alexei me encarava, eu fazia pior, deixando claro que não me intimidaria. Ele me ignorava o tempo todo, mas não sou tonta, via quando olhava para minhas pernas. Acabei dormindo na poltrona, e acordei toda torta, assustada com aquela voz grossa, me chamando: — Vamos descer. — A voz de Alexei cortou o silêncio da cabine do jato como uma lâmina, me arrancando de um sono perturbado. Me esforcei para abrir os olhos e me orientar. Estava tão cansada que não sabia quanto tempo tinha passado desde que o jato pousou. Meu corpo doía de estar torta na poltrona e, ao levantar, me estiquei um pouco, soltando um suspiro frustrado. Alexei estava impassível na porta, me esperando, e, sem dizer mais nada, desci logo atrás dele. Assim que saímos do jato, ele caminhou na minha frente, sem olhar para trás. Ao longe, vi um carro preto esperando. Aquele silêncio todo me dava nos nervos. Ele achava que po
CAPÍTULO 9 Maria Luíza Duarte Olhei para o closet e fui até lá devagar. Me subiu uma raiva quando vi tantas roupas penduradas... roupas que eram da defunta, a mulher que meu futuro marido, amava. — Não vou usar nada disso, demônio encantador... — olhei a minha volta procurando pelas minhas coisas, e quase morri de raiva quando percebi que havia perdido tudo no avião. Entrei no banheiro para tomar um banho, a porta não tinha chave. “Ah, você me paga, Alexei!“ — Entrei no chuveiro mesmo assim, molhei todo o meu corpo e passei um shampoo no cabelo. Senti meu coração acelerar no mesmo instante em que ouvi um barulho no quarto. O som de passos pesados fez meu corpo congelar. Eu sabia que só podia ser ele, o homem que agora controlava minha vida. "Alexei..." pensei, com a espuma escorrendo pelos meus ombros. O pânico tomou conta. Meus olhos se abriram, mas a espuma ainda cobria meu rosto, me cegando. Com pressa, comecei a enxaguar o cabelo, tentando me livrar da
CAPÍTULO 10 Alexei Kim Eu estava irritado, Maria Luíza deveria se preocupar com a minha filha, mas nem tentou acalmá-la. Dobrei o corredor e já no meu escritório, ouvi a voz da babá ecoar pelo corredor. Ela parecia alarmada, o que raramente acontecia. Levantei a cabeça, irritado pela interrupção, mas quando ouvi as palavras claramente, senti um gelo correr pela espinha. — Don Alexei, a senhora desmaiou! — a babá gritou, desesperada. Larguei tudo e saí em disparada pelo corredor. O barulho dos meus passos ecoava pelas paredes da casa enquanto eu me aproximava. Não era normal Maria Luíza desmaiar. Algo estava muito errado. Ao virar o corredor, a vi caída no chão, inconsciente, a babá ajoelhada ao lado dela, com o rosto pálido. Me ajoelhei rapidamente ao lado de Maria Luíza, o pânico que eu raramente sentia começou a invadir minha mente. — Saia daqui, rápido! — rosnei para a babá. Ela se levantou num pulo e desapareceu pelo corredor, provavelmente indo atrás de a
Capítulo 11 Maria Luíza Acordei ofegante, com o coração disparado, os olhos arregalados tentando entender onde eu estava. A luz suave do quarto parecia distante, como se eu estivesse presa entre a realidade e um pesadelo do qual não conseguia escapar. Levei alguns segundos até reconhecer o quarto. A primeira coisa que senti foi o toque firme e quente de uma mão segurando a minha. — Calma, Maria Luíza. — A voz dele era baixa, quase suave, o que era estranho vindo de alguém como Alexei que sempre falava com autoridade. — Você está segura. Respire devagar. — O que... O que aconteceu? — Eu virei o rosto devagar e o encontrei sentado ao meu lado, seus olhos fixos em mim, cheios de algo que eu não conseguia decifrar. Não era o Alexei usual, tão impenetrável e duro. Minha mente ainda estava confusa. Tudo parecia lento, como se eu estivesse embaixo d’água, mas consegui focar no rosto dele. Eu não sabia o que pensar. Meu coração começou a acelerar, e me forcei a desviar o olhar, ten
Capítulo 12 Don Alexei Kim Saí do quarto e fui procurar Nazar, meu consigliere. — Don... — Quero que contrate um psiquiatra para a minha esposa — solicitei, olhando diretamente para ele, enquanto percebia Anton no escritório, de pé em um canto, com seu típico olhar irônico. — Eu não disse que essas italianas são problemáticas? — Anton comentou, balançando a cabeça com desdém. Ignorei seu comentário no início, mas sabia que ele continuaria. Anton sempre provocava, querendo testar minha paciência. — E vai dormir com ela hoje? — ele perguntou, com um sorriso debochado. — Talvez assim ela se acalme, não acha? Garanta seu lugar. Meu sangue ferveu imediatamente. Virei-me rápido, encurtando a distância entre nós dois, encarando-o com frieza. — Cuidado com as suas palavras, Anton — murmurei, minha voz carregada de ameaça. — A maneira como você fala da “minha” esposa é o tipo de coisa que pode lhe custar caro — puxei a pistola, o fiz sentir na sua ba
Capítulo 13 Maria Luíza Duarte Eu dormi muito. A cama é muito confortável e espaçosa. A minha cabeça está bem melhor e... — Ah! — me assustei ao encostar em algo na cama e muito mais ao sentir um movimento muito rápido de um homem — O que faz aqui? — pergunto apavorada para Alexei que já está praticamente em pé e com a Udav 9 mm apontada pra mim e só um joelho na cama. — Blyat! Quer morrer, Maria Luíza? Seu paizinho não te contou que nunca... — veio mais perto com os joelhos na cama, com a arma apontada — Jamais, se deve acordar um mafioso dessa maneira? Ainda mais um Don, seu marido! — falou mais alto, me intimidando, com aquela Udav com detalhes em ouro reluzindo. — Não é meu marido ainda, seu pai também não te contou? Nem deveria estar aqui. Pelo que conheço das regras, a errada não sou eu — zombei, erguendo o rosto, mostrando alguma autoridade. Ele me encarando abaixou a arma. Alexei tem um cabelo loiro e liso, estava bagunçado e como aquele demônio fica li
CAPÍTULO 14 Maria Luíza Com cada passo em direção ao altar, o meu coração parecia perder o compasso. Sentia uma pressão crescente, mas não podia fraquejar. Eu era parte da máfia Strondda, conhecida por sua força e domínio. Não seria eu a envergonhar a minha família agora. Quando os meus olhos finalmente encontraram o noivo, ele estava de pé, ao lado do altar. Alexei não olhava na minha direção, como se a cerimônia não passasse de uma obrigação enfadonha. Parecia mais preocupado com outra coisa, perdido em pensamentos, talvez na memória de sua falecida esposa, aquela que ele realmente amava. Finalmente, cheguei ao altar. Ele se aproximou de mim e estendeu a mão sem sequer me olhar diretamente. Apertei a sua mão com a formalidade devida, e assim que meu pai me soltou, senti um arrepio percorrer meu corpo ao toque frio de Alexei. — Espero que tenha lido o contrato... — sussurrou ele, com um tom seco. Franzi o cenho, tentando lembrar de qual contrato ele falava, at
CAPÍTULO 15 Alexei Casamentos. Uma das mais irritantes invenções da humanidade. Toda essa encenação, as palavras decoradas, os sorrisos falsos dos convidados. Um verdadeiro desperdício de tempo, mas necessário. Era o preço que pagávamos pelo poder e pela paz. Não perdi tempo em olhar diretamente para Maria Luíza. Para quê? Ela já sabia que isso era um acordo, uma obrigação para manter nossas famílias no topo. Quando Don Antony começou seu discurso, meu corpo parecia adormecer em pé. Toda essa formalidade, esse teatro para os convidados e aliados. Era cansativo. Poderíamos ter selado o acordo com uma simples assinatura, sem toda essa festa. Mas, claro, as famílias precisavam ver o show. E Maxim, meu pai, sempre gostou de impressionar. Depois que meu pai fez seu brinde final, a verdadeira tortura começou: cumprimentar os convidados. Cada um deles vinha com sorrisos estampados, oferecendo seus presentes luxuosos como se estivessem entregando partes de um reino. Um