CAPÍTULO 16 Maria Luíza Fiquei louca da vida quando o idiota do Anton resolveu "me roubar" e me carregar para fora do salão como parte daquela estúpida tradição russa que conheço. Eu já o detestava pelo que fez com a Duda, e sabia que seria a oportunidade perfeita para mostrar que ninguém me controlava. Ele me soltou no chão assim que chegamos ao jardim, rindo como se tudo aquilo fosse uma grande brincadeira. Vi Alexei na porta, com seus homens e arma em punho, se eu demorasse não daria tempo de acabar com esse idiota. Anton riu tentando esconder o dente que faltava que Maicon quebrou, mas ainda olhando para mim com aquele ar de superioridade. — Agora, é só esperar o noivo vir te resgatar. Até lá, aproveite a vista. — veio bem perto. Eu fiquei em silêncio por um momento, endireitando o vestido enquanto sentia meus pés tocarem o chão firme. A raiva borbulhava dentro de mim, mas eu não deixaria transparecer. Ele achava que eu era uma coitada? Desequilibrada? A
Capítulo 17 Don Alexei Kim Observei Maria Luíza enquanto ela voltava ao seu lugar, o vestido branco impecável, o sorriso confiante nos lábios. A maneira como ela lidou com Anton, como o desarmou e humilhou na frente de todos, era algo que, internamente, me impressionava profundamente. Ela se movia com uma graça mortal, a frieza em seus olhos desmentindo o calor que algumas vezes eu já havia visto quando estávamos a sós. Mas não era hora de demonstrar o que realmente pensava. Manter a feição era crucial, especialmente diante dos meus homens e da sociedade russa. Anton era um idiota, mas tem quem goste dele aqui. O que Maria fez foi necessário, porém, eu não poderia mostrar que aplaudia isso abertamente, não agora. Um sorriso discreto foi tudo o que permiti enquanto olhava para ele, ainda no chão, sem forças nem para se levantar. Ele aprenderia com essa humilhação... ou acabaria como tantos outros que desafiaram o poder errado. Enquanto os convidados começavam a retom
Capítulo 18 Maria Luíza O som de risadas e conversas preenchia o ar da grande mesa, onde todos estavam reunidos para comer. Eu segurava Sofia, filha de Alexei, nos braços. Ela estava mais calma do que eu poderia imaginar, e sorria enquanto brincava com meus dedos. Um sentimento estranho me invadiu. Não era exatamente familiar, mas havia algo reconfortante em segurar a pequena assim. Parecia natural, e isso, por mais estranho que fosse, me deixava em paz. Minha mãe, Larissa, estava sentada ao meu lado, sempre alerta, observando cada detalhe. Ela olhava para Sofia com uma preocupação evidente. — Filha... se ela começar a chorar, o que vai fazer, Malu? — perguntou em voz baixa, mas o suficiente para que todos na mesa ouvissem. Senti o olhar de todos se voltarem para mim. Meu pai, sentado ao lado da minha mãe, ajeitou o guardanapo no colo, uma expressão de curiosidade e preocupação cruzando seu rosto. Ele nunca foi muito de intervir, mas estava sempre presente, silencioso e atent
Capítulo 19 Maria Luíza Duarte — Não, não pode ser. Vá embora, eu não quero você aqui! — ele tentou segurar meus braços, mas dessa vez eu estava vacinada, não conseguiu me encostar. — Você deve odiar esse cara. Comigo aqui, as coisas podem ficar mais divertidas, você não acha? — tentou me encostar novamente, o empurrei. — Você é louco? Deveria ter dito que me odeia para o Don, porque eu também te odeio, e não é mentira! Sei lá, falasse qualquer coisa pra não vir. Por que não disse que sua noiva teria um filho? Que droga, Marco — ele veio pra cima de mim e fui andando de costas, olhando para os lados, com medo de alguém nos ver, encostei na parede do corredor. — Não, eu tenho desejo por você, é diferente. Você não quis dar pra mim quando tivemos oportunidade, eu não consegui ficar na seca, mas isso não significa que eu não continue te desejando. — Meti um tapa na cara dele que estalou fazendo eco pelo corredor. — Cínico! Você vai morrer, Marco. Alexei é o próprio de
Capítulo 20 Alexei Kim Eu saí do quarto, o celular ainda colado na orelha enquanto andava pelo corredor. Do outro lado da linha, ouvi a voz familiar de Irina, com seu sotaque russo inconfundível e tom carregado de malícia. — Don Alexei, sinto sua falta. Você não vai mais vir até o meu apartamento? — Se foi pra isso que ligou, vou desligar. Só atendi porque quero deixar as coisas claras entre nós. Agora estou casado. Me esqueça. — Mas Don, parece que só você está casado. Liguei porque preciso te alertar sobre algo. Eu não deveria me intrometer, mas... o que vi não consegui ignorar — ela começou, com um ar de falsa preocupação. Meu corpo ficou tenso. Eu sabia que Irina não me ligaria sem uma razão séria. Ela era calculista demais para perder tempo com trivialidades. — O que você viu? — Perguntei, tentando manter a calma, mas já sentia uma desconfiança crescente. — Vi sua esposa, Maria Luíza... com um soldado chamado Marco. Estavam no corredor, próximos demais, D
Capítulo 21 Don Alexei Entrei no hospital segurando Maria Luíza nos braços, ainda sem conseguir pensar com clareza. A raiva e a incerteza se misturam dentro de mim, mas agora o medo falava mais alto. Caminhei rapidamente pelos corredores, e assim que o médico nos viu, veio na nossa direção. Ele já a atendeu antes na minha casa, sabe das condições dela. — O que aconteceu? — ele pergunta, abrindo caminho até a sala de exames. — Ela desmaiou, sem motivo aparente — digo, com a voz mais áspera do que pretendia. — Ela estava bem, e de repente… isso aconteceu. Ele me observa por um momento, o olhar avaliador. Sinto que ele enxerga através de mim. — Desmaios em situações de estresse não são incomuns para quem já tem um histórico de crises — ele começa, enquanto examina os sinais vitais de Maria Luíza. — Mas, pelo que vejo, é algo mais profundo, e não é apenas físico. Ela pode ter outros gatilhos emocionais. Nervosismo intenso, talvez? A pergunta me incomoda, mas preciso da ver
Capítulo 22 Don Alexei Assim que entramos no carro, Maria Luíza se acomodou ao meu lado, e Nazar, atento, deu a partida. A noite estava estranhamente silenciosa para uma cidade sempre em movimento. Observei Malu, que parecia inquieta, o olhar fixo no retrovisor. Notei que ela hesitava, mas não demorou a se virar para mim, sussurrando com desconfiança. — Alexei, aquele carro… saiu logo atrás do nosso. Acho que está nos seguindo — ela disse, mantendo a voz controlada, mas a tensão era evidente. Olhei pelo retrovisor e percebi o carro mantendo uma distância suspeita. Fiz sinal para Nazar manter a velocidade e observei por alguns segundos, analisando a situação. Eu sabia que alguém estava nos testando, ou pior, nos ameaçando. — Nazar, acelera. Vamos ver até onde eles vão — ordenei, a voz firme, e ele prontamente obedeceu. O carro acelerou pelas ruas, cortando o silêncio com o som do motor, enquanto o veículo atrás de nos manteve o ritmo, sem intenção de ultrapassar.
CAPÍTULO 1 Maria Luíza Duarte Desci as escadas de casa correndo, com um sorriso no rosto e um envelope na mão. Marco precisava saber da minha melhora. Ele era o motivo pelo qual eu me sentia tão bem nas últimas semanas. Apesar de ser um dos soldados do meu pai, Marco sempre me tratou com respeito. Seus beijos e carinhos faziam meus dias mais leves, mesmo que nosso relacionamento fosse um segredo. Atravessei a sala sem olhar para os lados, passei pelo jardim e fui direto para a casinha dos fundos, onde os soldados moravam. Eu sabia onde ficava o quarto dele. Só tinha entrado uma vez, mas hoje queria surpreendê-lo logo de manhã, contar sobre o laudo médico e como os resultados foram bons. A porta estava apenas encostada. Coloquei a mão na maçaneta e a abri devagar. Meu coração acelerou no peito. "Marco?" sussurrei para mim mesma, incrédula, ao ver a cena que me destruiu por dentro. O ar pareceu sumir. Uma dor aguda atravessou meu peito e precisei me concentrar para nã