Capítulo 20 Alexei Kim Eu saí do quarto, o celular ainda colado na orelha enquanto andava pelo corredor. Do outro lado da linha, ouvi a voz familiar de Irina, com seu sotaque russo inconfundível e tom carregado de malícia. — Don Alexei, sinto sua falta. Você não vai mais vir até o meu apartamento? — Se foi pra isso que ligou, vou desligar. Só atendi porque quero deixar as coisas claras entre nós. Agora estou casado. Me esqueça. — Mas Don, parece que só você está casado. Liguei porque preciso te alertar sobre algo. Eu não deveria me intrometer, mas... o que vi não consegui ignorar — ela começou, com um ar de falsa preocupação. Meu corpo ficou tenso. Eu sabia que Irina não me ligaria sem uma razão séria. Ela era calculista demais para perder tempo com trivialidades. — O que você viu? — Perguntei, tentando manter a calma, mas já sentia uma desconfiança crescente. — Vi sua esposa, Maria Luíza... com um soldado chamado Marco. Estavam no corredor, próximos demais, D
Capítulo 21 Don Alexei Entrei no hospital segurando Maria Luíza nos braços, ainda sem conseguir pensar com clareza. A raiva e a incerteza se misturam dentro de mim, mas agora o medo falava mais alto. Caminhei rapidamente pelos corredores, e assim que o médico nos viu, veio na nossa direção. Ele já a atendeu antes na minha casa, sabe das condições dela. — O que aconteceu? — ele pergunta, abrindo caminho até a sala de exames. — Ela desmaiou, sem motivo aparente — digo, com a voz mais áspera do que pretendia. — Ela estava bem, e de repente… isso aconteceu. Ele me observa por um momento, o olhar avaliador. Sinto que ele enxerga através de mim. — Desmaios em situações de estresse não são incomuns para quem já tem um histórico de crises — ele começa, enquanto examina os sinais vitais de Maria Luíza. — Mas, pelo que vejo, é algo mais profundo, e não é apenas físico. Ela pode ter outros gatilhos emocionais. Nervosismo intenso, talvez? A pergunta me incomoda, mas preciso da ver
Capítulo 22 Don Alexei Assim que entramos no carro, Maria Luíza se acomodou ao meu lado, e Nazar, atento, deu a partida. A noite estava estranhamente silenciosa para uma cidade sempre em movimento. Observei Malu, que parecia inquieta, o olhar fixo no retrovisor. Notei que ela hesitava, mas não demorou a se virar para mim, sussurrando com desconfiança. — Alexei, aquele carro… saiu logo atrás do nosso. Acho que está nos seguindo — ela disse, mantendo a voz controlada, mas a tensão era evidente. Olhei pelo retrovisor e percebi o carro mantendo uma distância suspeita. Fiz sinal para Nazar manter a velocidade e observei por alguns segundos, analisando a situação. Eu sabia que alguém estava nos testando, ou pior, nos ameaçando. — Nazar, acelera. Vamos ver até onde eles vão — ordenei, a voz firme, e ele prontamente obedeceu. O carro acelerou pelas ruas, cortando o silêncio com o som do motor, enquanto o veículo atrás de nos manteve o ritmo, sem intenção de ultrapassar.
CAPÍTULO 1 Maria Luíza Duarte Desci as escadas de casa correndo, com um sorriso no rosto e um envelope na mão. Marco precisava saber da minha melhora. Ele era o motivo pelo qual eu me sentia tão bem nas últimas semanas. Apesar de ser um dos soldados do meu pai, Marco sempre me tratou com respeito. Seus beijos e carinhos faziam meus dias mais leves, mesmo que nosso relacionamento fosse um segredo. Atravessei a sala sem olhar para os lados, passei pelo jardim e fui direto para a casinha dos fundos, onde os soldados moravam. Eu sabia onde ficava o quarto dele. Só tinha entrado uma vez, mas hoje queria surpreendê-lo logo de manhã, contar sobre o laudo médico e como os resultados foram bons. A porta estava apenas encostada. Coloquei a mão na maçaneta e a abri devagar. Meu coração acelerou no peito. "Marco?" sussurrei para mim mesma, incrédula, ao ver a cena que me destruiu por dentro. O ar pareceu sumir. Uma dor aguda atravessou meu peito e precisei me concentrar para nã
CAPÍTULO 2 Maria Luíza Duarte Aquele homem parecia um demônio, mas não posso negar... um demônio que beija muito bem. Fiquei imóvel, em choque, imaginando como seria em território dele. Um homem frio, esnobe, que parece ter me detestado assim que me viu? Ele só me beijou porque “sou dele”? Por que diabos aceitei esse acordo? Percebi que estava sozinha, Marco voltou, tentou se aproximar, mas corri feito doida. Fui para os fundos da propriedade do meu pai e tirei apenas os sapatos, antes de pular no lago, que de acordo com meu tratamento, era uma das coisas que poderia aplacar um pouco da minha agonia, agora. Me sinto confortável, me sinto calma. De repente, mãos fortes me puxaram com tudo da água assim que atravessei o lago, e senti meu corpo arranhar na terra. — Que porra, mulher! Eu nem havia ido embora e você se joga na água como uma qualquer? Saia daqui imediatamente! Se um dos meus homens te ver com essa roupa grudada no corpo, arcará com as consequências! — e
CAPÍTULO 3 Maria Luíza Duarte Ao chegar no quarto, fui amparada pela minha mãe e levada até o chuveiro do banheiro. Esse é o lugar que normalmente passo horas. A água escorria pelo meu corpo. O calor do abraço da minha mãe misturado com a textura da água, era o único conforto naquele momento, amenizando a minha angústia e o meu desespero. Muitas coisas aconteceram de uma vez só, estava difícil de assimilar. Ela sabia que palavras não trariam solução, e isso que nem imagina que também fui enganada por Marco, mas sua presença sempre conseguiu amenizar as tempestades dentro de mim. Ficamos ali, abraçadas e vestidas, até que as lágrimas secaram e meu coração encontrou um ritmo mais calmo. — Você é forte, filha — minha mãe disse suavemente, passando a mão pelos meus cabelos. — Só quero que saiba disso. Eu sabia que precisava ser forte. A vida inteira fui preparada para os acordos que moldavam nossa família, e embora soubesse que não teria como escapar do des
CAPÍTULO 4 Maria Luíza Duarte Meu coração batia descompassado, como se fosse saltar do peito. O avião balançava cada vez mais, os gritos ecoavam por todos os lados, e a minha visão começou a embaçar. As luzes piscavam descontroladas, e a única coisa que conseguia sentir era o medo crescendo dentro de mim. “Eu não posso morrer aqui... Não agora.” — DROGA, ALEXEI! EU MENTI, NÃO QUERO MORRER, EU ME CASO COM VOCÊ! — Gritei com o choque, segurando firme na poltrona. Tentei respirar fundo, mas meus pulmões pareciam não obedecer. O pânico subiu à minha garganta, as mãos tremiam, e eu me vi sem controle sobre o que acontecia ao meu redor. As paredes da cabine pareciam se fechar, e minha visão começou a escurecer. A crise de ansiedade estava voltando a dar sinais... senti a dor no peito, a falta de ar, o pânico, aquela sensação de que estou infartando, uma angústia muito forte... caramba! Um homem alto, de jaleco branco, se aproximou rapidamente de mim. Ele se ajoelhou ao
CAPÍTULO 5 Don Alexei Kim — Don Alexei... desculpe interromper, mas perdemos o sinal do avião que traria sua noiva — paro de contar as armas no mesmo instante, olhando para meu soldado parado na porta. — Porra! Por que diabos perdemos o sinal do avião? Você não disse que estava tudo certo? Acabei de falar com Maria Luíza, merda! — joguei a última pistola na caixa, fechando com raiva. Em seguida, peguei meu celular para ligar pra ela. — Nenhum dos nossos homens estão atendendo, Don. Eu estou tentando ligar, mas não estou conseguindo, nem mesmo o médico atende — olhei com raiva para o soldado com vontade de explodir sua cabeça, e comecei a xingar no telefone: — Atende, porra! Pra perturbar me ligou agora mesmo, caralho! — a ligação nem chamava, estava desligado. “Você não vai escapar de mim, Maria Luíza, não vai!“ — Devemos mandar uma equipe pra Roma, Don? — respiro fundo. — Já localizaram o avião? — Deu algum problema no localizador, não fazemos ideia de onde