Capítulo 18 Maria Luíza O som de risadas e conversas preenchia o ar da grande mesa, onde todos estavam reunidos para comer. Eu segurava Sofia, filha de Alexei, nos braços. Ela estava mais calma do que eu poderia imaginar, e sorria enquanto brincava com meus dedos. Um sentimento estranho me invadiu. Não era exatamente familiar, mas havia algo reconfortante em segurar a pequena assim. Parecia natural, e isso, por mais estranho que fosse, me deixava em paz. Minha mãe, Larissa, estava sentada ao meu lado, sempre alerta, observando cada detalhe. Ela olhava para Sofia com uma preocupação evidente. — Filha... se ela começar a chorar, o que vai fazer, Malu? — perguntou em voz baixa, mas o suficiente para que todos na mesa ouvissem. Senti o olhar de todos se voltarem para mim. Meu pai, sentado ao lado da minha mãe, ajeitou o guardanapo no colo, uma expressão de curiosidade e preocupação cruzando seu rosto. Ele nunca foi muito de intervir, mas estava sempre presente, silencioso e atent
Capítulo 19 Maria Luíza Duarte — Não, não pode ser. Vá embora, eu não quero você aqui! — ele tentou segurar meus braços, mas dessa vez eu estava vacinada, não conseguiu me encostar. — Você deve odiar esse cara. Comigo aqui, as coisas podem ficar mais divertidas, você não acha? — tentou me encostar novamente, o empurrei. — Você é louco? Deveria ter dito que me odeia para o Don, porque eu também te odeio, e não é mentira! Sei lá, falasse qualquer coisa pra não vir. Por que não disse que sua noiva teria um filho? Que droga, Marco — ele veio pra cima de mim e fui andando de costas, olhando para os lados, com medo de alguém nos ver, encostei na parede do corredor. — Não, eu tenho desejo por você, é diferente. Você não quis dar pra mim quando tivemos oportunidade, eu não consegui ficar na seca, mas isso não significa que eu não continue te desejando. — Meti um tapa na cara dele que estalou fazendo eco pelo corredor. — Cínico! Você vai morrer, Marco. Alexei é o próprio de
Capítulo 20 Alexei Kim Eu saí do quarto, o celular ainda colado na orelha enquanto andava pelo corredor. Do outro lado da linha, ouvi a voz familiar de Irina, com seu sotaque russo inconfundível e tom carregado de malícia. — Don Alexei, sinto sua falta. Você não vai mais vir até o meu apartamento? — Se foi pra isso que ligou, vou desligar. Só atendi porque quero deixar as coisas claras entre nós. Agora estou casado. Me esqueça. — Mas Don, parece que só você está casado. Liguei porque preciso te alertar sobre algo. Eu não deveria me intrometer, mas... o que vi não consegui ignorar — ela começou, com um ar de falsa preocupação. Meu corpo ficou tenso. Eu sabia que Irina não me ligaria sem uma razão séria. Ela era calculista demais para perder tempo com trivialidades. — O que você viu? — Perguntei, tentando manter a calma, mas já sentia uma desconfiança crescente. — Vi sua esposa, Maria Luíza... com um soldado chamado Marco. Estavam no corredor, próximos demais, D
Capítulo 21 Don Alexei Entrei no hospital segurando Maria Luíza nos braços, ainda sem conseguir pensar com clareza. A raiva e a incerteza se misturam dentro de mim, mas agora o medo falava mais alto. Caminhei rapidamente pelos corredores, e assim que o médico nos viu, veio na nossa direção. Ele já a atendeu antes na minha casa, sabe das condições dela. — O que aconteceu? — ele pergunta, abrindo caminho até a sala de exames. — Ela desmaiou, sem motivo aparente — digo, com a voz mais áspera do que pretendia. — Ela estava bem, e de repente… isso aconteceu. Ele me observa por um momento, o olhar avaliador. Sinto que ele enxerga através de mim. — Desmaios em situações de estresse não são incomuns para quem já tem um histórico de crises — ele começa, enquanto examina os sinais vitais de Maria Luíza. — Mas, pelo que vejo, é algo mais profundo, e não é apenas físico. Ela pode ter outros gatilhos emocionais. Nervosismo intenso, talvez? A pergunta me incomoda, mas preciso da ver
Capítulo 22 Don Alexei Assim que entramos no carro, Maria Luíza se acomodou ao meu lado, e Nazar, atento, deu a partida. A noite estava estranhamente silenciosa para uma cidade sempre em movimento. Observei Malu, que parecia inquieta, o olhar fixo no retrovisor. Notei que ela hesitava, mas não demorou a se virar para mim, sussurrando com desconfiança. — Alexei, aquele carro… saiu logo atrás do nosso. Acho que está nos seguindo — ela disse, mantendo a voz controlada, mas a tensão era evidente. Olhei pelo retrovisor e percebi o carro mantendo uma distância suspeita. Fiz sinal para Nazar manter a velocidade e observei por alguns segundos, analisando a situação. Eu sabia que alguém estava nos testando, ou pior, nos ameaçando. — Nazar, acelera. Vamos ver até onde eles vão — ordenei, a voz firme, e ele prontamente obedeceu. O carro acelerou pelas ruas, cortando o silêncio com o som do motor, enquanto o veículo atrás de nos manteve o ritmo, sem intenção de ultrapassar.
Capítulo 23 Maria Luíza Duarte Assim que entramos em casa, Alexei ficava ajustando seu smoking em mim, claramente preocupado com o que apareceria. Ele me olhava de jeito estranho, eu o via com raiva, mas poderia jurar que seus olhos mentiram e ele estava preocupado com algo. “Será que vamos continuar de onde paramos?“ — Pensei enquanto o olhava de soslaio. Como é ser uma mulher casada? A minha mãe nunca quis me explicar direito, só falou um pouco com a Duda que ela me contou poucos detalhes, mas não pra mim. Agora não sei o que fazer, não sei o que um homem poderia fazer comigo ou não e isso me assusta. Os corredores ecoaram o som dos passos apressados dos soldados e não entendi aquele barulho tão tarde. Mas foi quando avistei aquela mulher que havia estragado a minha primeira noite de casada, sendo conduzida pela entrada lateral, que meu sangue gelou. Ela estava desarmada, com os pulsos firmemente amarrados, a cabeça baixa — um toque de arrependimento ou apenas medo?
CAPÍTULO 24 Maria Luíza Duarte Marco deu um passo para frente, o rosto impassível, mas o olhar faiscando de fúria, Nazar o segurou. — Está mentindo — disse ele com voz controlada. — Não falei nada disso. Não passe sua fraqueza para os outros. Irina soltou uma risada amarga, quase histérica. — Você me usou, Marco! Me fez acreditar que estava me ajudando! Disse que Maria Luíza era um problema e que, se eu afastasse ela, tudo se resolveria. Você só queria o poder ao lado do Don italiano — gargalhei. — Don Antony jamais te aceitaria. E se tentasse me usar pra isso, morreria, seu idiota! — rosnei. — Eu não vou falar nada, só na presença do Don Antony... — ele ousou, lhe dei uma bofetada. — Quer morrer, Marco? — Ele é um maldito, miserável, mentiroso! — Irina disse. Eu olhei para Marco, depois para Alexei. Meu coração batia acelerado, mas mantive a postura. Então, dei um passo à frente, ficando de frente para Irina. — E acha que culpar o Marco v
Capítulo 25 Don Alexei Kim Eu observei por um longo momento, essa mulher que usou trair a confiança que um dia lhe foi dada, tentando desestabilizar meu casamento e meu nome. A figura de Irina estava quebrada era quase patético. — Você sabe o que significa lealdade? —Perguntei aproximando-me dela. — Não, isso é uma coisa que pelo visto você nunca vai saber. Ela ergueu os olhos para mim talvez em busca de piedade, mas tudo o que encontrou foi indiferença. Dei um passo à frente, até que a distância entre nós, não existisse. Meu olhar perfurou o dela, deixando claro que cada mentira, cada traição, teria um preço. — Eu te ofereci várias coisas, estava disposto a te manter. Agora diga-me, foi Marco quem colocou essa ideia na sua cabeça? Ou essa falha de caráter é completamente sua? Ela balbuciou, mas não queria ouvir mais desculpas. Fiz um leve sinal e Nazar se aproximou segurando-a firmemente. Ele entregou uma faca, um presente pontiagudo para uma causa jus