LíviaO restante da viagem foi feita entre a fúria de Bruno ligando para seus funcionários e os olhares preocupados da Lia e da Madre. Entrei em um estado de topor imaginando o tipo de loucura na qual a minha vida se torna a partir de agora. Por algum motivo que Bruno havia alertado, mas não prestei atenção, desembarcamos no aeroporto passando pelo saguão.A quantidade de flashes cegando minha visão, os braços dele apoiam os meus quadris para manter o passo firme, mesmo que meu coração esteja agitado. É incrivel a quantidade de perguntas sendo jogadas ao vento como se fosse simples assim, estar ao lado do Bruno parece ser uma montanha russa de emoções a todo momento precisando adaptar-me a um novo ambiente. Dentro do carro, não consigo sair do silêncio, deixo que ele converse, observo as ruas da cidade que cresci admirando os prédios chiques e a movimentação das pessoas em busca das suas conquistas pessoais.Parece um mundo diferente diante de tantas descobertas, não sinto como se tiv
Livia Aperto a coxa do Bruno assustada, ao ver uma quantidade enorme de pessoas na frente de um prédio luxuoso, estamos quase próximos ao centro da cidade, mas em um bairro de luxo. Eles se viraram para o carro e começaram a correr atrás enquanto Marcos manobra até estarmos dentro de uma garagem coberta. "Sempre vai ser assim?" Questiono. O suspiro dele atrai até a atenção de Lia, aguardamos ansiosas sua resposta."É mais pela notícia, os boatos, as fofocas que inventam tudo para vender e lucrar em cima da minha imagem." Ele se aproxima colocando uma mecha do meu cabelos atrás da orelha. "Por isso que redobrei a sua segurança, não responda nada porque eles sempre vão distorcer as suas palavras." Fico um pouco agoniada com isso, sei que ele percebeu, mas não quero falar sobre isso agora, descemos do carro juntos de mãos dadas, as luzes vão se acendendo conforme passamos Lia e Marcos estão ao nosso lado quando flashes disparam nas nossas costas. Bruno olha para trás, com uma expres
Bruno LafaieteToda a raiva que sinto parece emergir no momento em que coloco os pés fora do apartamento, indo na direção das escadas de segurança no corredor, com Marcos ao lado."Então?""Ela nem reparou na porra do apartamento." Fecho os punhos com força. "Minha esposa passou mal, uma crise de ansiedade por causa daqueles dois e nem mesmo reparou na casa.""Você queria um prêmio por passar uma semana no notebook olhando fotos de imobiliárias?" Questiona com ironia na voz.Paro antes de abrir a porta corta fogo, a vontade em esmurrar Marcos agora é enlouquecedora.Ele ergue as mãos em rendição, sem nenhuma palavra entre nós, descemos os lances de esccada que levam ao andar fechado apenas para as minhas diversões, com a chave única do apartamento abro as portas, do lado de dentro é só um grande saguão sem nenhum movel.Caminho direto para o corredor que leva para os quartos que transformei em celas, as portas de metal e um sistema de reconhecimento facial necessário para liberar a en
Bruno LafaieteDesço do carro na lateral do restaurante, conferindo se nenhum paparazzi está posicionado para tirar alguma foto. O Maitê abre a porta de maneira eficiente abaixando a cabeça com respeito. Caminho por entre os funcionários da cozinha cumprimentando alguns, ao passar pelas portas duplas acompanho o homem até a sala refinada exclusiva para reuniões da família. As paredes feitas em vidro fosco blindadas permitem a visão de todos os clientes, a mesa quadrada disposta para dois. "Uma garrafa do melhor vinho italiano." Peçoabrindo o cardápio apenas para folhear, confiro as horas sabendo que o atraso dela é apenas para fazer charme, acreditando fielmente que tem algum tipo de controle sob mim. Quando se passa mais dez minutos e a mensagem de Miguel falando sobre a preocupação de Lívia comigo chega, preciso trincar a mandíbula para controlar a raiva. O som da porta se abriu e o clique dos saltos contra a madeira. Inspirei o perfume doce demais, erguendo o corpo da cadeira
Lívia Minhas costas doem contra o sofá que apesar de macio não ameniza as preocupações que carrego, o filme apesar de interessante não prende a minha atenção, as companhias ao redor ajudam a diminuir a sensação de solidão no meu coração. Tomei um banho relaxante como nunca em uma banheira gigante no quarto que Miguel havia indicado, mas sinceramente, não prestei atenção em nada além disso e na roupa que estava no close. Uma calça de moletom grande e uma camisa de basquete. Parei um momento pensando em Bruno que realmente se dedicou em encontrar coisas das quais gosto. A enorme janela de vidro fosco ressalta a Luz da lua que por uma localização linda se encaixa na visão do apartamento. São horas desde que ele saiu, fugi dos noticiários, do celular, dos pensamentos confusos. Busquei respirar e acomodar a minha mente no aqui e agora, por um momento funcionou. Já nesse instante parece enlouquecedor, a ansiedade toma conta tanto quanto o cansaço. O gosto amargo do estômago agitado só
Lívia Lafaiete Com os pensamentos voltados para o meu filho, só consigo pensar na consulta ao sair do quarto. Sinceramente, nem tenho cabeça para reparar no apartamento, apenas decorei o caminho de volta a sala. Encontrando uma mulher com os fios curtos em um preto bem escuro, talvez ela pinte com naquele tom de preto/azulado, a saia perfeitamente colada até as coxas longas, um escarpim e a camisa social vermelha dando destaque ao colo e aos botões abertos até exibir uma grande parte dos seios. Quando se vira na minha direção, noto o lampejo de curiosidade e nojo ao fazer uma revisão dos meus pés a cabeça. Os olhos verdes e as lashes de cílios batendo rapidamente, a boca pintada com um tom de café destacando todo o restante do rosto oval de maçãs altas, os diamantes nas orelhas e uma corrente fina com um ponto de diamante no pescoço. "Patrícia, essa é a minha esposa, Lívia Lafaiete." Bruno fala com um sorriso no canto dos lábios, seus olhos se grudam em mim como um carrapato. Mesmo
Livia Passo o punho em cima da testa mais uma vez limpando a gota de suor que escorre sorrateiramente, enfio a mão dentro do balde esfregando as cerdas grossas contra o sabão sacudindo um pouco antes de voltar a esfregar com força contra o chão de madeira, o liquido grosso parece nascer borbulhante entre as aberturas da madeira. O gosto amargo da ansiedade cresce com força, mordo os lábios com força ao me empenhar mais para retirar a mancha redonda de marcas achatadas, nem mesmo consigo erguer o olhar para a lâmina que mais se parece com um monstro espinhento. Inspiro o cheiro da agua sanitaria como se fosse possivel amenizar a loucura que sinto corrompendo cada traço meu. "Livia." Escuto a voz baixa ao lado, não consigo desviar o olhar do sangue, da cena se repetindo dentro da minha mente. "Estou ocupada." Consigo responder mesmo que de maneira grosseira. "A mancha já saiu" Arregalo os olhos com raiva esfregando mais forte, mesmo que as minhas mãos estejam em carne viva depois
LíviaCom as mãos apoiadas contra a grade da pequena varanda observo as luzes do centro da cidade, o vento frio arrepia cada um dos meus pelos, a luz da lua ilumina um pouco a escuridão na qual estou envolvida. Cada vez que engulo a saliva sinto como um pedaço de vidro rasgando a garganta e o amargor do desgosto vem com tudo, abaixo a cabeça olhando para os meus pés descalços. Em um dia estava preocupada com as contas do orfanato desejando encontrar uma maneira milagrosa para resolver os problemas e então os meus pedidos foram atendidos na forma de um par de olhos azuis intensos roubando o meu fôlego. Sua fala mansa e palavras certas conquistando todos ao redor com tanto magnetismo, deveria ter percebido naquele instante que as suas mentiras iriam além. Passo a mão sob o meu ventre questionando como pude colocar em jogo uma nova vida em meio a tanta podridão. Seu olhar vazio é como um filme de terror se repetindo dentro da minha mente, o brilho ao admirar o sangue escorrendo da mul