Uma Virgem (grávida) Para o CEO
Uma Virgem (grávida) Para o CEO
Por: Oliverdocinho
Capítulo 1

Capítulo 1

Thalia.

Batuquei os dedos, nervosamente, sobre a mesa, mordendo o lábio inferior numa tentativa frustrada de conter a ansiedade que me assolava. Finalmente, a porta se fechou atrás de nós, proporcionando um refúgio do barulho insistente vindo da sala de espera, que estava começando a me irritar.

Respirei fundo, enquanto meus olhos se fixavam nos meus dedos. Havia feito as unhas, ou melhor, as havia pintado com um discreto tom de rosa-claro, sempre preferi tons mais sutis e discretos, e ao examinar mais detalhadamente, notei uma pequena cutícula levantada no canto da unha do meu dedo mindinho.

Sem pensar, levei a mão à boca e tentei remover a cutícula com os dentes, fazendo uma careta ao puxar e sentindo um pouco de dor pela ação que acabou ferindo o cantinho da minha unha. Sabia que não deveria fazer aquilo, mas o tédio e a ansiedade obtinham o poder de me fazer agir impulsivamente. Em outras palavras, eu fazia merda quando estava entediada. 

Manter o controle era um desafio constante para mim, especialmente na presença do Dr. Rodrigo Santana, o ginecologista recomendado pela minha amiga Vivian. Cada minuto naquela sala parecia aumentar o peso da ansiedade sobre meus ombros.

— Vamos fazer uma ultrassonografia transvaginal para termos certeza do que vemos aqui nesses exames. O médico falou, já se levantando, após analisar o monte de papel que eu havia entregado assim que adentrei sua sala e, no mesmo instante, foquei em seu rosto enrugado.

— O quê? — praticamente gritei.

O médico me lançou um olhar confuso e um tanto irritado após meu aumento de tom.

— Não posso fazer esse exame. Eu... Bom, eu sou virgem ainda. — Meu rosto queimou de vergonha. Não era a questão de ser virgem que me envergonhava, mas discutir algo tão íntimo com um estranho era realmente constrangedor.

Eu havia acabado de conhecê-lo e ele já queria me ver de pernas abertas!

— Virgem? — ele parecia incrédulo, também estaria se fosse ele.

É difícil ser pura nesse mundo depravado em que vivemos.

— Impossível, aqui diz que a senhorita está grávida. — Soltei uma risada, mas ele não riu.

Por que ele não estava rindo? Não era uma piada? Só podia ser uma piada!

Uma piada de péssimo gosto, diga-se de passagem. 

— Está grávida, senhorita Thalia. — Afirmou.

— O quê? — Tomei os exames da sua mão e ele ficou ainda mais bravo.

Foda-se!

— Como... — baguncei os papéis. Tudo parecia estar em grego, não conseguia entender nada do que estava digitado neles.

— Isso deve ser um engano. Nunca dei a minha florzinha para estar grávida. — Expliquei, negando com a cabeça e voltando a me sentar na cadeira.

O doutor Rodrigo me olhava como se eu fosse louca. 

— Ah, esquece a parte da florzinha, tudo bem? — falei, querendo ser um avestruz e enfiar minha cabeça em um buraco por deixar escapar algo tão íntimo de maneira tão vergonhosa.

Passei as mãos na calça para enxugar o suor. Eu sempre transpirava quando estava nervosa. E estava surtando, então minha transpiração tomou proporção épica e, como dizem os mais velhos, estava suando em bicas. 

— Isso é um erro! — voltei a falar e ele ergueu uma sobrancelha. — Não estou grávida, estou apenas acima do peso e com falta de vitaminas. Sei que preciso emagrecer, todo mundo me diz isso e posso até aparentar estar grávida devido à barriga um pouco mais avantajada, mas garanto que não há nenhum bebê aqui e sim gordura. — Desandei a falar, ficando cada vez mais nervosa com a encarada que o médico me dava. — Então é isso, meus desmaios e o mal-estar são por isso: falta de ferro e não uma gravidez. — Voltei a rir.

Ria, senhor Rodrigo Santana. RIA. Minha mente gritava e eu me sentia prestes a ter um AVC.

O médico me olhava com cara de tédio. Estava claro em seu rosto enrugado que eu era louca. Ele devia estar a um passo de ligar para a clínica de loucos e pedir que tragam uma camisa de força e dois armários em forma de segurança para me conduzir ao hospício.

Eu não sou louca, mas o senhor é por dizer que tem um bebê em minha barriga. Gritei em minha mente. Bom, talvez eu fosse um pouquinho, sim. Não do tipo esquizofrênica que vê vultos e ouve vozes, mas um pouco doidinha, eu era, sim, tinha que confessar.

— Não sabia que era médica. — Ele sorriu, mas um sorriso tão falso quanto o cabelo em sua cabeça.

O doutor Rodrigo era careca e usava uma peruca bem fajuta, acreditando que ninguém perceberia sua falta de pelos em seu coro cabeludo. Mas, sim, eu sabia que ele era careca. Ele sabia que era careca. Todos sabiam que ele era careca.

— Ah, eu não sou. — Soltei uma risada nervosa, mas parei de rir quando entendi que ele estava sendo sarcástico.

Filho da... É claro que ele sabe que você não é médica, Thalia. Está mais para louca fugida do hospício do que para uma médica, dãn.

— Seus exames dizem que está grávida e, ao que indica, aqui, em estado avançado. Então pare de brincar e vamos logo fazer o exame. — Bagunçou os exames sobre a mesa. O doutor Rodrigo estava tão bravo com a minha recusa que seu rosto ficou vermelho.

Será que ele está tendo um derrame?

Ou será um infarto?

Ele já tem idade para ter isso, não é?

Deus! Que não seja nenhum dos dois, pois o médico aqui é ele e, se ele passar mal, serão dois enterros a serem feitos hoje. O dele decorrente do infarto e o meu por tê-lo visto morrer.

Não gosto de nada que envolva morte e fantasma. Se eu estiver sozinha e ouvir qualquer barulho, pode chamar o IML para pegar meu corpo, pois já estarei em outro plano.

Em minha lápide estará escrito assim: aqui jaz uma jovem triste. Morreu por ser medrosa e, o pior, sem dar sua florzinha.

Seria trágico.

Muito trágico.          

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