Capítulo 17.Thalia.— Sei que só se engravida quando transa. Não pode ser virgem e estar grávida, Thalia. É muita loucura. — Ele soltou uma risada sem humor, mas eu permanecia apenas olhando para ele e séria.— Isso é sério? — Sua expressão se tornou assustada. — Está mesmo grávida sem ter transado? Sem ter...— Sem ter tido um pênis na minha vagina? Sim. Nunca tive relação vaginal com homem algum, mas estou grávida mesmo assim.Ele ficou de pé e começou a andar de um lado para o outro.— Pode ser erro médico, não? Como... — sua confusão só aumentava.Levantei-me também. Estava nervosa e ansiosa demais para ficar sentada.— Olha, a gente não se conhece e nem deveria ter te deixado entrar na minha casa, mas já aconteceu e agora estou prestes a falar sobre algo bem íntimo e terrivelmente pessoal com um estranho.— Thalia, eu não quero invadir sua intimidade, sei que nos conhecemos hoje, que não deveria estar aqui e muito menos te questionando algo tão pessoal. Não precisa me falar nada
Capítulo 18.Thalia.— Está melhor? — Marcelo olhou em meu rosto e assenti.Ele limpou as últimas lágrimas e me deu um sorriso caloroso.— Não, mas irei ficar. — Saí de seus braços.Assim que me afastei, senti falta do calor de seu corpo no meu. Estar em seus braços era reconfortante, por mais que ele fosse apenas um estranho.— Podemos abrir as janelas, isso ajudará a deixar o apartamento mais arejado e com alguma luz. Mas precisa separar algumas velas, pois logo irá escurecer e não conseguirá enxergar nada.Concordei e fui abrir as janelas. Senti uma tontura e me segurei no sofá.— Você precisa se sentar. Não está nada bem. — Marcelo logo chegou até mim.Ele segurou a minha cintura e me ajudou a sentar no sofá.— É a falta de comida. Não como nada desde cedo. — respirei fundo e recostei a cabeça no sofá.— Não pode ficar tanto tempo sem comer, Thalia. São horas sem ingerir nada e isso pode ser prejudicial ao bebê. Sem contar que vomitou, o que pode tê-la deixado desidratada.Meus lá
Capítulo 19.Thalia.Deixei um dos pires sobre a mesinha de centro e segui, com o outro na mão esquerda, para o quarto. Lá, coloquei o pires com vela sobre a cômoda e segui direto para o banheiro, onde retirei as roupas e as descartei no cesto de roupas sujas.Soltando um suspiro, liguei o chuveiro e me pus embaixo dele. A água estava gelada pela falta de energia, mas isso foi bom para me fazer ciente da minha vida fodida. Precisaria buscar outro emprego, mas estando grávida seria algo quase impossível.Se as empresas não queriam contratar mulheres por alegarem que dão muitos gastos e faltam muito, imagina uma mulher já estando grávida? Seria praticamente impossível.— Deus, me ajude. — Pedi, com os olhos fechados.Toquei meu ventre e senti um sentimento diferente me invadir.— Prometo que não deixarei nada te faltar, tomatinho. Sei que não foi planejado e que chegou de uma maneira bem inusitada, mas vou te amar, ok? Tentarei ser uma mãe tão boa quanto a sua avó foi comigo durante os
Capítulo 1 Thalia.Batuquei os dedos, nervosamente, sobre a mesa, mordendo o lábio inferior numa tentativa frustrada de conter a ansiedade que me assolava. Finalmente, a porta se fechou atrás de nós, proporcionando um refúgio do barulho insistente vindo da sala de espera, que estava começando a me irritar.Respirei fundo, enquanto meus olhos se fixavam nos meus dedos. Havia feito as unhas, ou melhor, as havia pintado com um discreto tom de rosa-claro, sempre preferi tons mais sutis e discretos, e ao examinar mais detalhadamente, notei uma pequena cutícula levantada no canto da unha do meu dedo mindinho.Sem pensar, levei a mão à boca e tentei remover a cutícula com os dentes, fazendo uma careta ao puxar e sentindo um pouco de dor pela ação que acabou ferindo o cantinho da minha unha. Sabia que não deveria fazer aquilo, mas o tédio e a ansiedade obtinham o poder de me fazer agir impulsivamente. Em outras palavras, eu fazia merda quando estava entediada. Manter o controle era um desaf
Capítulo 2Thalia.— Eu não vou fazer exame algum porque eu não estou grávida! Exijo que refaça os exames, esses devem ter sido trocados, porque não tem como eu estar esperando um bebê se eu nunca fiz sexo! — Ok, eu já havia tido momentos íntimos com um homem, mas nada que corresse o risco de uma gravidez. Foram apenas algumas sarradas, mão boba, mas nada de penetração, nada que me fizesse acreditar que um bebê estava crescendo dentro de mim.Doutor Rodrigo soltou um suspiro, se sentou e levou os dedos à têmpora. Sua expressão era um misto de raiva, frustração e tédio. Ele cerrou os olhos em minha direção e começou a falar com mais calma para ver se eu conseguia compreender o que ele estava falando.Senti-me uma criança birrenta enquanto o pai tentava explicar pela décima vez que não podia colocar o dedo na tomada ou levaria um choque. Bom, eu estava realmente chocada. — Não estou afirmando que acredito em você, já que nunca havia me deparado com um caso assim, mas é possível ter eng
Capítulo 3Marcelo.Passado.Parei meu carro no estacionamento da casa noturna e desci. Do lado de fora, sorri ao ver meu irmão e estendi a mão para bater na sua em um cumprimento descontraído.— E aí, mano, veio encher a cara também? — questionou sorrindo.— Na verdade, eu vim impedir que você faça alguma besteira. Ele fez uma careta.— Sabe que não sou disso. Posso estar no fundo do poço, mas jamais me colocaria em risco ou faria isso com pessoas inocentes. — Sua fala saiu ríspida, ele havia se chateado com meu comentário e não podia julgá-lo. Soltei um suspiro.— Eu sei, mano. Me desculpa, mas não custa me certificar, não é? — Ele assentiu, mas sem esconder sua chateação. Mateus era médico, neurologista, para ser mais específico, então salvar vidas era sua função, sua missão na terra, mesmo que nem sempre conseguisse isso.— Vamos entrar, moças fofoqueiras, ou vão ficar aí a noite toda fofocando? — Gabriel, nosso amigo e dono da casa noturna, se aproximou e nos chamou, fazendo um
Capítulo 4.Marcelo.Passado - Meses depois...Acordei com o som estridente da campainha que não parava de tocar. Cocei os olhos e me obriguei a levantar. Ao chegar na porta do meu apartamento, abri-a e dei de cara com Andressa aos prantos.— O que...— Ai, Marcelo. — Se jogou em meus braços.— O que houve?— Estou com tanto medo. — Seu choro era sentido.Fechei a porta atrás de nós e a levei para o sofá.— Andressa, o que houve? Está me assustando.— Eu... — Me olhou, mas logo desviou o olhar. — Tenho medo do que pensará de mim.— Me diga o que houve, sabe que pode confiar em mim.Ela ergueu os olhos e, de sua boca, saiu algo que mudaria minha vida.— Estou grávida. — soltou, me deixando atômico e sem reação.— Eu estou grávida, Marcelo. — repetiu, acredito para ter certeza de que eu a ouvira.Eu já tinha ouvido, ouvi com muita clareza, só não sabia como reagir ao que havia acabado de sair de sua boca. — O quê? — minha voz se elevou e ela se levantou, tomando distância de mim.— Es
Capítulo 5.Marcelo.Passado - Dois meses depois...Os arranha-céus da cidade iluminavam o céu noturno enquanto eu dirigia pela estrada quase deserta. O brilho das luzes da cidade parecia piscar e dançar, como se estivessem tentando me acalmar após um dia exaustivo de trabalho. Como CEO, os dias eram sempre longos e cheios de desafios e surpresas. E algumas nada agradáveis, como descobrir um roubo de quase duzentos mil reais de uma das minhas contas empresariais. Mas eu sempre encontrava conforto ao pensar em Andressa, minha noiva, que me esperava em casa.Ela e a minha família eram as pessoas em quem eu mais confiava e não havia motivos para pensar o contrário. Ao estacionar o carro na garagem, respirei fundo, tentando deixar para trás o estresse do dia.Peguei minha pasta e as chaves, caminhando em direção à porta da frente. Ao abrir a porta, fui recebido pelo silêncio. Estava tudo estranhamente quieto para uma mulher que vivia em casa, se preparando para a chegada do nosso filho, e