Capítulo 21.Thalia.Acordei no susto, com meu celular tocando desesperadamente. Procurei-o pela cama e vi que ele havia caído.— Merda! — resmunguei — Graças a Deus! — mas agradeci em seguida ao ver que ele continuava funcionando.— Thaliaaaaa. — Afastei o celular do ouvido com o grito que Vivian, minha amiga, deu. — Sua vaca, por que não atende a merda desse telefone?— Me desculpe, amiga. O dia foi bem tenso e acabei dormindo. Estou bem, não se preocupe.— Você me deixou à beira de um ataque com essa demora em me responder. — Podia vê-la gesticulando sem parar e andando de um lado para o outro.— Foram muitas coisas e eu acabei esquecendo, amiga, mas estou bem. Não morri, não sofri um acidente e muito menos fui presa. — Ri, pois isso era uma possibilidade na minha vida.Ela respirou profundamente para se acalmar.— Como foi lá no médico? — Sua voz saiu temerosa.Vivian foi quem mais me apoiou a sair com Diego e se sente culpada por isso. Ela é casada e queria me ver sendo feliz com
Capítulo 22.Marcelo.Após me certificar de que Thalia estava bem, desliguei o celular com as mãos ainda trêmulas. Um sorriso involuntário surgiu nos meus lábios ao recordar o turbilhão de sensações que aquele dia me proporcionou. Era como se tivesse sido arrancado da rotina e jogado em um cenário totalmente inesperado, onde tudo parecia ao mesmo tempo absurdo e, de alguma forma, encantador.Thalia... Ela era um enigma. Em poucos minutos, conseguiu me cativar com sua autenticidade e espontaneidade, como uma tempestade de leveza em um mundo árido de banalidades. Seus olhos, grandes e profundos, pareciam refletir uma sabedoria que não deveria pertencer a alguém tão jovem. A maneira como ela dava risada, sem se preocupar com o que os outros pensariam, era algo raro, quase como uma dança com a vida, sem receio de se perder. Ela me lembrou de como muitas vezes deixamos de ser nós mesmos por medo do julgamento alheio.Era impossível não pensar na situação insana em que ela estava vivendo. C
Capítulo 23.Dias depois...Já passava das 7h da manhã quando acordei. Dormi além da conta, então corri para tomar banho e comer algo antes de ir à empresa. Havia alguns documentos para assinar, contratos com engenheiros para analisar e as demissões para anexar e dar baixa. Havia se passado uma semana desde que as demissões aconteceram, e eu precisava dar seguimento e conferir se estava tudo certo com a papelada e os pagamentos dos honorários.Após me levantar da cama, segui para o banheiro, escovei os dentes, tomei banho e saí. No quarto, me troquei e fui em direção à cozinha. Preparei ovos mexidos e, enquanto fazia minha vitamina de banana com whey protein e cacau em pó, as fatias de pão integral torravam na torradeira. Depois de tudo pronto, tomei café, escovei os dentes e saí do apartamento. Cerca de 30 minutos depois, eu estava na empresa.— Bom dia, Raquel, como passou a noite? — perguntei ao sair do meu elevador privativo e dar de cara com minha secretária.— Bom dia, senhor Ma
Capítulo 24.Marcelo.Passei pela porta de entrada do hotel e segui direto para a recepção. Ao chegar, retirei os óculos escuros e sorri ao cumprimentar a recepcionista.— Bom dia, senhorita Agatha. — Falei o nome em seu crachá. — Tudo bem?— Oh... — ela abriu a boca, surpresa ao me ver.Devia saber quem eu era ou quem havia comprado o Vila Esmeraldas.— Bom dia, senhor Toledo. Seja bem-vindo ao nosso hotel, em que posso ajudar? — respondeu de modo mecânico, mas solícita e com um sorriso em seus lábios pintados de rosa.Eu optei por adotar o sobrenome da minha mãe na minha carreira empresarial. Enquanto o nome do meu pai, Vilard, era reconhecido em todo o país, eu estava determinado a não ser rotulado como alguém que apenas se beneficiava da família. Embora eu amasse meu pai, queria que ficasse claro que tudo o que conquistei foi através do meu próprio mérito.— Bom... Estou averiguando algumas coisas referentes ao andamento do hotel. Pensei que pudesse me ajudar. — Sorri mais amplame
Marcelo.Após concluir as tarefas no Vila Esmeraldas, me despedi do gerente com um sorriso cortês, mas uma parte minha já queria voltar para a empresa e conversar pessoalmente com minha prima. No entanto, Vagner Trindade me convidou para almoçar, e aceitei de bom grado. Ele parecia uma pessoa de visão, alguém que compreendia profundamente o que significava administrar um lugar como aquele. O Vila Esmeraldas não era apenas um hotel; era um centro onde cada detalhe precisava funcionar em perfeita harmonia para garantir uma experiência única para os hóspedes.Como gerente geral, Vagner supervisionava todos os departamentos, não apenas garantindo que as operações fluíssem sem problemas, mas também motivando os outros gerentes a alcançarem as metas e oferecerem sempre o melhor desempenho. Sua posição exigia uma visão estratégica do negócio, além de uma educação sólida em administração e hotelaria, com fluência em idiomas, como o inglês. Dentro do hotel, os outros cargos também tinham suas
Capítulo 26.Thalia.Horas antes...Acordei com os raios de sol entrando pela janela, deixando o quarto mais claro do que eu gostaria. As cortinas não possuíam o poder de impedir a entrada deles e eu não podia comprar uma cortina blecaute.Espreguicei-me e saí da cama, sentindo a fome me chamar. Depois de escovar os dentes, fui para a cozinha. Fiz dois sanduíches e passei café. Com tudo pronto, sentei-me à mesa, mas, mesmo com a comida ali, minha mente estava em outro lugar.Enquanto mastigava, a conversa que tive com Vivian há algumas noites atrás invadiu meus pensamentos. Falamos sobre tantas coisas… Nossos desabafos ecoavam na minha mente, forçando-me a refletir sobre o caos que minha vida se tornou.Vivian tinha vindo até minha casa decidida a saber como eu realmente estava. Sentou-se na minha frente com aquele olhar sério, misto de preocupação e determinação. Ela se indignou ao ouvir tudo o que Diego fez comigo e, por mais que eu tentasse acalmá-la, sabia que ela tinha razão em s
Capítulo 27ThaliaO caminho até o hotel foi tranquilo, mas meu coração acelerava a cada quilômetro. Ao descer em frente ao Vila Esmeraldas, respirei fundo e entrei. Logo na recepção, encontrei uma das minhas colegas de trabalho.— Bom dia, Agatha. A Gabriela está?— Thalia, garota. — sorriu ao me ver. — Soube que foi demitida no corte de pessoal, sinto muito.— É, infelizmente, e por isso estou aqui. Preciso falar com a Gabriela e ver se consigo meu emprego de volta. Agora, mais do que nunca, eu preciso dele.— Eita, Tha, a Gabriela foi transferida para a filial de Guarulhos. Outra pessoa deve entrar no lugar dela, mas ainda não sabemos quem é.— Que merda! Eu preciso muito desse emprego, Agatha. Muito mesmo.— Eu posso te avisar quando a nova supervisora aparecer. Mas por que não tenta arrumar uma vaga no Doce Mar? — sugeriu.Esse era o grupo hoteleiro que havia comprado o Vila Esmeraldas. Havia muitos hotéis dessa rede pelo estado, porém não queria deixar a cidade, ou o barro, ond
Capítulo 28.Marcelo.Minutos antes... Assim que me aproximei do ponto de ônibus, parei o carro e desci. Thalia olhava para mim com surpresa, tomando suas belas feições, e dei um sorriso de lado. Uma das mulheres que estavam no ponto de ônibus suspirou e por pouco não caí na risada. Tinha a mania de rir quando estava nervoso. E isso havia se tornado constante quando se tratava de Thalia. — Parece que está me seguindo. — Ela riu e isso me deu a oportunidade de soltar a risada presa em minha garganta. — Talvez isso seja verdade. Quer uma carona até em casa? — Ofereci, rindo sensualmente. Mais dois suspiros. Precisava sair dali ou as senhoras morreriam de tanto suspirar por mim. Eu tinha consciência da minha beleza e às vezes me valia disso para conseguir algo. Era o que estava tentando fazer com Thalia no momento. — Nesse carro lindo? Óbvio que sim. — Seu sorriso era largo e seus olhos brilharam ao fitar o carro esportivo. Hum, ela amava carros assim como eu. Algo em comum, bom sab