Capítulo 27ThaliaO caminho até o hotel foi tranquilo, mas meu coração acelerava a cada quilômetro. Ao descer em frente ao Vila Esmeraldas, respirei fundo e entrei. Logo na recepção, encontrei uma das minhas colegas de trabalho.— Bom dia, Agatha. A Gabriela está?— Thalia, garota. — sorriu ao me ver. — Soube que foi demitida no corte de pessoal, sinto muito.— É, infelizmente, e por isso estou aqui. Preciso falar com a Gabriela e ver se consigo meu emprego de volta. Agora, mais do que nunca, eu preciso dele.— Eita, Tha, a Gabriela foi transferida para a filial de Guarulhos. Outra pessoa deve entrar no lugar dela, mas ainda não sabemos quem é.— Que merda! Eu preciso muito desse emprego, Agatha. Muito mesmo.— Eu posso te avisar quando a nova supervisora aparecer. Mas por que não tenta arrumar uma vaga no Doce Mar? — sugeriu.Esse era o grupo hoteleiro que havia comprado o Vila Esmeraldas. Havia muitos hotéis dessa rede pelo estado, porém não queria deixar a cidade, ou o barro, ond
Capítulo 28.Marcelo.Minutos antes... Assim que me aproximei do ponto de ônibus, parei o carro e desci. Thalia olhava para mim com surpresa, tomando suas belas feições, e dei um sorriso de lado. Uma das mulheres que estavam no ponto de ônibus suspirou e por pouco não caí na risada. Tinha a mania de rir quando estava nervoso. E isso havia se tornado constante quando se tratava de Thalia. — Parece que está me seguindo. — Ela riu e isso me deu a oportunidade de soltar a risada presa em minha garganta. — Talvez isso seja verdade. Quer uma carona até em casa? — Ofereci, rindo sensualmente. Mais dois suspiros. Precisava sair dali ou as senhoras morreriam de tanto suspirar por mim. Eu tinha consciência da minha beleza e às vezes me valia disso para conseguir algo. Era o que estava tentando fazer com Thalia no momento. — Nesse carro lindo? Óbvio que sim. — Seu sorriso era largo e seus olhos brilharam ao fitar o carro esportivo. Hum, ela amava carros assim como eu. Algo em comum, bom sab
Capítulo 29.Thalia.Horas depois...Já estava em casa. Depois de conseguir pegar meu cachorro e impedir que ele mordesse Marcelo, despedi-me de minha amiga, prometendo conversar com ela mais tarde e esclarecer algumas coisas. Entrei no carro de Marcelo e me sentei no banco de trás, com Federico no meu colo, mas o mantendo preso à coleira.Quando chegamos ao meu apartamento, coloquei o cachorro no antigo quarto de meu pai, onde ele costumava dormir e guardar suas coisas. Em seguida, fui até a cozinha preparar algo para comermos.Enquanto preparava, meu celular tocou. Levantei-me e fui até a sala, onde havia deixado o celular sobre a mesa de centro. — Senhorita Thalia? — A voz suave me pegou de surpresa.— Sim, sou eu. — Respondi, confusa, sem saber o que esperar.— Estou ligando para informá-la de que precisa trazer mais alguns documentos.— Documentos? — perguntei, ainda sem entender. — Para quê exatamente?— Para darmos seguimento à sua promoção.Promoção? A palavra me soou estranh
Thalia— Thalia, você está bem? — Marcelo entrou no quarto com a expressão alarmada e olhando para todos os cantos, buscando a causa do meu surto.Parei, sorri largo e pulei em seus braços. Ele me segurou e me abraçou forte. Arrepiei-me quando colocou o rosto na curva do meu pescoço e inspirou meu cheiro discretamente, mas que fez as borboletas do meu estômago dar cambalhotas.— Eu estou feliz, Marcelo, eu estou muito feliz. — Gritei e gargalhei depois que ele me colocou de volta ao chão. Ele também acabou rindo, mesmo que uma expressão confusa ainda se fizesse presente em seu belo rosto.— Fico feliz por você, mas será que posso saber o motivo dessa felicidade toda?— Eu fui promovida. Sou a nova supervisora do Vila Esmeraldas. Eu tenho um emprego, Marcelo, eu tenho um emprego. — Gritei, rodopiando, feliz.Ele riu alto, seu sorriso era grande, lindo e sincero, e voltou a me abraçar apertado.Sentia-me tão bem entre seus braços. Protegida, segura, em paz.— Parabéns, você merece.Afas
Marcelo.Após o episódio da minha quase morte causada por Federico, o pinscher da minha nova amiga, nós fomos para a casa dela e agora, horas depois, estávamos indo a um restaurante jantar. Raquel já havia resolvido as coisas referentes à sua promoção e ligado para contar a boa nova a Thalia. Nunca vi uma pessoa tão feliz ao receber uma promoção quanto ela e isso me deixou ainda mais satisfeito por tomar a decisão certa.Thalia merecia isso e muito mais.Ela merecia toda a felicidade do mundo e eu estaria ao seu lado para vê-la realizar cada sonho.Abri a porta do carro e saí. Dei a volta e alcancei Thalia do outro lado. Eu iria abrir a porta em um ato de cavalheirismo, mas ela não havia me esperado e já tinha descido do automóvel. Coloquei a mão em suas costas e, ao entrarmos no restaurante, seguimos até a recepção. Solicitamos uma mesa e um dos garçons nos encaminhou para ela.— Gostei daqui. — falei ao nos sentarmos. Era um restaurante confortável e elegante.Já havia ido a lugares
Capítulo 32.Marcelo.— Quer que chamemos uma ambulância ou algo do tipo?— Não precisa, logo estarei melhor. — Foi Thalia quem respondeu.— Obrigado. Pode voltar a fazer o seu trabalho, peça desculpa a todos por nós, por favor. Sei o quanto é chato algo desse tipo quando se está fazendo uma refeição.— Não se envergonhem, isso é completamente normal na condição dela. Sua esposa está gerando uma vida e isso é uma dádiva, não há do que se envergonhar.Sorri, grato, tanto por suas palavras de compreensão como por ele dizer que Thalia era minha esposa.Isso parecia tão certo que me deixou com uma sensação boa no peito.— Me desculpe por isso. — Thalia parecia sentida.— Está tudo bem. — Falei, ajudando-a a ficar de pé e tocando seu rosto com delicadeza, lhe oferecendo um sorriso caloroso e reconfortante. Depois, virei-me para o garçom e o agradeci mais uma vez.O rapaz nos deixou sozinhos e fiquei confortando-a até que sua onda de enjoo passasse e ela pudesse se sentir melhor.— Vou te e
Marcelo.Vaguei pelas ruas de São Paulo por longos minutos, horas. Thalia mantinha sua atenção nas imagens que surgiam pela janela do carro, enquanto eu criava que sua mente vagava para longe dali. Estávamos em silêncio desde que saímos do restaurante e isso estava me deixando inquieto.Sempre que algo saía do controle, as pessoas surtavam, brigavam, falavam sem parar. Mas Thalia se fechava em si e repassava tudo em sua mente, discutindo consigo mesma o que errara para merecer isso. Sabia que essa era uma forma errada de agir e sentir.Falar, se expressar, dividir seus problemas não nos ajuda a resolvê-los, mas alivia o peso que eles causam em nós. Aprendi isso na prática. As dores nos sufocam e, sem alguém para nos estender a mão, tendemos a nos colocar em um precipício sem nem percebermos.Aconteceu exatamente isso comigo no passado e, se não fosse a minha família a me ajudar a sair da escuridão que me tomou, eu não saberia dizer o que seria de mim hoje. Talvez nem vivo eu estivesse
MarceloEla suspirou, parecendo carregar o peso de uma vida inteira naquele único gesto.— Você não me conhece. Não sabe o que eu carrego, Marcelo. Sua vida é perfeita, enquanto a minha... eu nem sei como será o dia de amanhã.— Você tem um emprego agora, não é? — Lembrei-a e ela abriu um sorriso tímido. — Pode achar que minha vida é perfeita, mas eu sei o que é ser traído, o que é sentir que o mundo inteiro virou as costas. Também sofri, Thalia. Meu passado é doloroso, sombrio até, mas ter pessoas ao meu lado me ajudou a superar e sei que isso também ajudará você.— Vivian me ajuda bastante. — sorri. Ela já tinha me falado de sua amiga.As duas eram próximas, mas Thalia escondia muita coisa. Ela buscava não levar seus problemas para sua amiga, pois acreditava que estava se aproveitando dela. Pelo que me falou, Vivian sempre a ajudava, mas a jovem diante de mim carregava um sentimento de culpa que a consumia. Era como se, ao aceitar ajuda, ela estivesse acrescentando mais peso à própr