MarceloEstacionei a moto ao avistar a casa, o lugar era distante e não havia muitas casas por perto. Podia ver alguns drogados ao longe, me encarando, mas não podia ligar para isso. Thalia precisava ser salva.Larguei o capacete da moto e segui para a entrada da casa. Espiei para dentro, buscando ver algo. O muro era alto, mas encontrei uma janela do lado direito e, se encontrasse algo que me ajudasse a subir, poderia escalar. Aproximei-me da janela e observei cuidadosamente ao redor, procurando por qualquer objeto que pudesse usar para escalar o muro. Avistei uma caixa de lixo próxima e decidi que seria minha melhor aposta. Com cuidado para não fazer barulho, me aproximei da caixa e a arrastei até a parede. Subi nela com cautela, sentindo meu coração bater forte no peito com a adrenalina da situação. Com um impulso final, consegui me erguer o suficiente para alcançar a borda do muro.Concentrado, consegui me puxar para cima e me equilibrar no topo do muro. Olhei para dentro da propr
MarceloA tensão e o medo só aumentavam, mas eu precisava manter a cabeça no lugar e impedir que uma tragédia acontecesse.— Calma, a polícia está lá fora, mas tudo pode se resolver. — Meus olhos dançavam entre ele e Thalia, encolhida no chão, chorando e com as mãos na barriga. Pedi internamente que nada tivesse acontecido com nossa filha. Ela não suportaria perdê-la.Voltei minha atenção ao miserável diante de mim.— Eu falo com a polícia, meu pai irá te entregar o dinheiro e posso arrumar um carro para fugir. Terá tudo o que quiser, só fique calmo e não atire.— Diego Trevisan, a casa está cercada, se entregue e saia com as mãos para cima. — Era a voz do delegado Valdez. Deveria estar falando pelo alto-falante.— Não há escapatória, Diego, nos deixe ir e eu farei com que seja livre, prometo.— Não acredito. Eles irão me ferrar assim que sair daqui.— Não vão, têm a minha palavra. Mas preciso que me deixe tirar Thalia daqui, ela está grávida e precisa de cuidados. O bebê precisa de c
Marcelo.— Nossa filha vai nascer. — Thalia falou, tentando dar um sorriso, mas que saiu como uma careta, e seguiu gemendo de dor.Sorri amplamente e a segurei forte. Começamos a andar para fora da casa, a passos lentos, deixando a confusão que se formou ao nosso redor para trás.— Vamos para o hospital, já está tudo pronto para a chegada da nossa princesa. — Falei, já do lado de fora, após avisar aos policiais que minha noiva tinha entrado em trabalho de parto.— Eu te amo. Obrigada por nunca ter desistido de mim.— Estava no meu destino, era minha, e eu não costumo deixar escapar o que me pertence.Ela sorriu.— Nem um pouco possessivo, não é? — Beijei seus lábios.Chamaram o delegado e ele nos acomodou no banco de trás do seu carro. Entrou e deu ordens aos policiais para avisar ao hospital que estávamos indo para lá, assim como pediu que duas viaturas nos escoltassem. As sirenes soaram e o carro foi posto em movimento.— Aguenta firme, meu amor, logo teremos nossa filha em nossos b
Capítulo 1 Thalia.Batuquei os dedos, nervosamente, sobre a mesa, mordendo o lábio inferior numa tentativa frustrada de conter a ansiedade que me assolava. Finalmente, a porta se fechou atrás de nós, proporcionando um refúgio do barulho insistente vindo da sala de espera, que estava começando a me irritar.Respirei fundo, enquanto meus olhos se fixavam nos meus dedos. Havia feito as unhas, ou melhor, as havia pintado com um discreto tom de rosa-claro, sempre preferi tons mais sutis e discretos, e ao examinar mais detalhadamente, notei uma pequena cutícula levantada no canto da unha do meu dedo mindinho.Sem pensar, levei a mão à boca e tentei remover a cutícula com os dentes, fazendo uma careta ao puxar e sentindo um pouco de dor pela ação que acabou ferindo o cantinho da minha unha. Sabia que não deveria fazer aquilo, mas o tédio e a ansiedade obtinham o poder de me fazer agir impulsivamente. Em outras palavras, eu fazia merda quando estava entediada. Manter o controle era um desaf
Capítulo 2Thalia.— Eu não vou fazer exame algum porque eu não estou grávida! Exijo que refaça os exames, esses devem ter sido trocados, porque não tem como eu estar esperando um bebê se eu nunca fiz sexo! — Ok, eu já havia tido momentos íntimos com um homem, mas nada que corresse o risco de uma gravidez. Foram apenas algumas sarradas, mão boba, mas nada de penetração, nada que me fizesse acreditar que um bebê estava crescendo dentro de mim.Doutor Rodrigo soltou um suspiro, se sentou e levou os dedos à têmpora. Sua expressão era um misto de raiva, frustração e tédio. Ele cerrou os olhos em minha direção e começou a falar com mais calma para ver se eu conseguia compreender o que ele estava falando.Senti-me uma criança birrenta enquanto o pai tentava explicar pela décima vez que não podia colocar o dedo na tomada ou levaria um choque. Bom, eu estava realmente chocada. — Não estou afirmando que acredito em você, já que nunca havia me deparado com um caso assim, mas é possível ter eng
Capítulo 3Marcelo.Passado.Parei meu carro no estacionamento da casa noturna e desci. Do lado de fora, sorri ao ver meu irmão e estendi a mão para bater na sua em um cumprimento descontraído.— E aí, mano, veio encher a cara também? — questionou sorrindo.— Na verdade, eu vim impedir que você faça alguma besteira. Ele fez uma careta.— Sabe que não sou disso. Posso estar no fundo do poço, mas jamais me colocaria em risco ou faria isso com pessoas inocentes. — Sua fala saiu ríspida, ele havia se chateado com meu comentário e não podia julgá-lo. Soltei um suspiro.— Eu sei, mano. Me desculpa, mas não custa me certificar, não é? — Ele assentiu, mas sem esconder sua chateação. Mateus era médico, neurologista, para ser mais específico, então salvar vidas era sua função, sua missão na terra, mesmo que nem sempre conseguisse isso.— Vamos entrar, moças fofoqueiras, ou vão ficar aí a noite toda fofocando? — Gabriel, nosso amigo e dono da casa noturna, se aproximou e nos chamou, fazendo um
Capítulo 4.Marcelo.Passado - Meses depois...Acordei com o som estridente da campainha que não parava de tocar. Cocei os olhos e me obriguei a levantar. Ao chegar na porta do meu apartamento, abri-a e dei de cara com Andressa aos prantos.— O que...— Ai, Marcelo. — Se jogou em meus braços.— O que houve?— Estou com tanto medo. — Seu choro era sentido.Fechei a porta atrás de nós e a levei para o sofá.— Andressa, o que houve? Está me assustando.— Eu... — Me olhou, mas logo desviou o olhar. — Tenho medo do que pensará de mim.— Me diga o que houve, sabe que pode confiar em mim.Ela ergueu os olhos e, de sua boca, saiu algo que mudaria minha vida.— Estou grávida. — soltou, me deixando atômico e sem reação.— Eu estou grávida, Marcelo. — repetiu, acredito para ter certeza de que eu a ouvira.Eu já tinha ouvido, ouvi com muita clareza, só não sabia como reagir ao que havia acabado de sair de sua boca. — O quê? — minha voz se elevou e ela se levantou, tomando distância de mim.— Es
Capítulo 5.Marcelo.Passado - Dois meses depois...Os arranha-céus da cidade iluminavam o céu noturno enquanto eu dirigia pela estrada quase deserta. O brilho das luzes da cidade parecia piscar e dançar, como se estivessem tentando me acalmar após um dia exaustivo de trabalho. Como CEO, os dias eram sempre longos e cheios de desafios e surpresas. E algumas nada agradáveis, como descobrir um roubo de quase duzentos mil reais de uma das minhas contas empresariais. Mas eu sempre encontrava conforto ao pensar em Andressa, minha noiva, que me esperava em casa.Ela e a minha família eram as pessoas em quem eu mais confiava e não havia motivos para pensar o contrário. Ao estacionar o carro na garagem, respirei fundo, tentando deixar para trás o estresse do dia.Peguei minha pasta e as chaves, caminhando em direção à porta da frente. Ao abrir a porta, fui recebido pelo silêncio. Estava tudo estranhamente quieto para uma mulher que vivia em casa, se preparando para a chegada do nosso filho, e