Capítulo 5: Luca Grecco

O silêncio pairava sobre a sala como uma lâmina prestes a cair. Homens de rostos endurecidos, leais à Cosa Nostra – ou assim afirmavam ser – me observavam ao redor da mesa de mogno escuro. Olhos calculistas. Alguns, desafiadores. Outros, inseguros. Mas nenhum ousava desviar o olhar quando eu falava.

A informação tinha chegado a mim mais cedo, um sussurro camuflado no submundo, carregado pelo vento de Palermo: há um traidor entre nós.

Cruzei os dedos sobre a mesa, mantendo a postura firme. Eu não demonstraria fraqueza. Eles não me viam como um homem comum. Eu era o Don. O sangue e o suor de gerações estavam no peso do meu nome.

— Recebi uma denúncia. — Minha voz soou fria, controlada. — Alguém aqui acredita que pode me trair e sair impune.

Os homens se entreolharam. O ambiente se tornou mais tenso. Meu olhar varreu cada rosto presente. Eu conhecia cada um deles. Conhecia suas famílias, suas histórias, seus medos. Sabia exatamente até onde cada um estaria disposto a ir por poder.

— Isso é impossível, Don. — Marco, um dos capos aliados, balançou a cabeça, como se a ideia de uma traição dentro do nosso próprio conselho fosse absurda.

Sorri de lado, um sorriso sem humor.

— Impossível? — Me inclinei um pouco para frente, mantendo o olhar preso ao dele. — Nada é impossível quando se trata de ambição.

Ninguém respondeu. O silêncio era ensurdecedor.

Apoiei os antebraços sobre a mesa, deixando que minha presença pesasse sobre todos eles.

— Deixem-me ser muito claro. — Minha voz não tremeu. — Eu vou caçar cada um de vocês até descobrir quem são os ratos. E se algum de vocês estiver envolvido… — Meu olhar pousou sobre cada rosto, um a um, até que o peso de minhas palavras fosse sentido. — Melhor falar agora.

O ar parecia mais pesado. Vi alguns olhares se estreitarem, como se já suspeitassem de alguém. Outros permaneceram impassíveis.

— O silêncio, então? — inclinei a cabeça levemente. — Ótimo. Isso só significa que meu trabalho já começou.

Me encostei na cadeira, relaxando a postura, mas deixando bem claro que não era um recuo.

— Se há um traidor aqui… ele já está morto. Só ainda não sabe disso.

E eu faria questão de lembrá-lo.

O silêncio foi quebrado por vozes firmes.

— Eu sou leal ao Don. — A voz de Vito, um dos capos mais antigos, ecoou pela sala. — Desde que assumiu, Luca elevou esta família a um patamar que jamais alcançamos. Todos sabemos disso.

Outros assentiram.

— Sob seu domínio, a Cosa Nostra nunca foi tão forte. — Paolo, um dos mais estratégicos do conselho, falou com convicção. — Quem ousaria trair o homem que nos deu tudo?

Observei as reações. Eram palavras ditas com fervor, mas confiança cega não me interessava. Eu queria certezas. Queria resultados.

Então, olhei para Matia. Meu irmão. Meu subchefe. Ele permaneceu calado enquanto os outros se manifestavam, mas seu olhar carregava um peso diferente.

— Matia. — Meu tom foi um chamado direto, firme. — O que você tem para me dizer?

Ele inspirou fundo, inclinando-se ligeiramente para frente, tomando a palavra como se soubesse que mudaria o rumo daquela reunião.

— Há rumores. — Sua voz era baixa, mas carregada de gravidade. — Indícios de que o ataque não é apenas contra você.

Meus olhos se estreitaram.

— Fale logo.

— Há um plano para tirar a vida de Elena.

A sala explodiu em alvoroço. Murmúrios, olhares se cruzando, expressões de choque e incredulidade. Todos ali sabiam o peso daquela informação. Atentar contra a vida da futura matriarca da família não era apenas traição — era um crime que exigia uma punição brutal. Não apenas para o responsável, mas para toda a sua linhagem.

— Isso é impossível! — Um dos homens esbravejou.

— Quem ousaria tamanha afronta?!

— Isso significa guerra!

Ergui uma das mãos e o silêncio voltou como uma onda esmagadora.

Meus dedos tamborilaram contra o tampo da mesa enquanto eu absorvia a informação. Minha mente trabalhava rápido, analisando possibilidades, alinhando os próximos movimentos.

— Você tem provas? — perguntei a Matia, minha voz baixa, mas carregada de ameaça.

Ele sustentou meu olhar.

— Apenas indícios. Fontes confiáveis, mas nada concreto ainda.

Respirei fundo, sentindo o peso da informação.

— Então vamos transformar indícios em provas. — Me levantei lentamente, deixando meu olhar pesar sobre cada um deles. — E vamos transformar provas em sentenças.

Me inclinei levemente para frente.

— Se alguém ousa levantar a mão contra Elena… essa pessoa e todos os que a cercam pagarão o preço.

Minha promessa era clara. O traidor estava condenado.

E eu, Luca, Don da Cosa Nostra, garantiria que sua punição servisse de exemplo de ninguém tocaria em um fio de cabelo da minha esposa.

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