Capítulo 8: Luca Grecco

A noite em Palermo era pesada, carregada de umidade salgada que grudava na pele como um aviso silencioso. Eu havia acabado de sair do jantar de assinatura do contrato de casamento com Elena. A cerimônia foi tão formal quanto esperado: sorrisos falsos, brindes vazios e aquele olhar de desespero nos olhos da princesa que tentava disfarçar com uma postura impecável. Ela era forte, eu dava isso a ela. Mas não era hora de pensar em Elena. Agora, eu tinha negócios mais urgentes para resolver.

Matia, meu irmão e subchefe, já estava no carro me esperando, com Pietro, meu conselheiro, ao seu lado. Pietro era um homem de poucas palavras, mas cada uma delas valia seu peso em ouro. Ele era o cérebro por trás de muitas das minhas decisões, e eu confiava nele como confiava em poucos. Matia, por outro lado, era sangue do meu sangue. Leal até a morte, mas impulsivo como um furacão. Juntos, éramos a tríade que mantinha a Cosa Nostra em pé.

O carro deslizou pelas ruas estreitas de Palermo até chegarmos ao porto. O lugar era um labirinto de contêineres empilhados, guindastes silenciosos e o som constante das ondas batendo nos pilares de concreto. Era aqui que o verdadeiro poder da família era exercido, longe dos holofotes e dos jantares chiques. Aqui, a hierarquia era clara: eu era o Don, o chefe incontestável. Abaixo de mim, Matia e Pietro. Depois, os caporegimes, cada um responsável por sua própria equipe de soldados. E, finalmente, os soldados, homens que haviam provado sua lealdade através de sangue e suor. Ninguém chegava ao topo sem provar seu valor. A confiança era conquistada com atos, não com palavras.

Descemos do carro e caminhamos até a lancha que nos esperava. O motor roncou ao ser ligado, e logo estávamos cortando as águas escuras do Mediterrâneo. Matia ficou em pé ao meu lado, os olhos fixos no horizonte, enquanto Pietro permaneceu sentado, suas mãos entrelaçadas sobre o joelho, como se estivesse em uma reunião de negócios comum.

— Acha que é verdade, Luca? — Matia finalmente quebrou o silêncio, sua voz carregada de tensão. — Um traidor entre nós?

— Não acho, Matia. Eu sei — respondi, mantendo os olhos fixos no navio de carga que se aproximava. — Alguém está brincando com fogo, e eu vou descobrir quem é.

O navio era um monstro de aço, com suas luzes fracas piscando na escuridão. Subimos a escada de corda até o convés, onde o comandante nos esperava. Ele era um homem baixo e corpulento, com um olhar nervoso que não combinava com sua posição.

— Don Grecco — ele cumprimentou, curvando-se levemente. — O contêiner está pronto para inspeção.

— Leve-nos até ele — ordenei, sem perder tempo com formalidades.

Ele nos guiou por corredores estreitos até o contêiner em questão. Matia e Pietro ficaram atrás de mim, vigilantes. Quando o contêiner foi aberto, o cheiro de plástico e produtos químicos invadiu o ar. Lá estavam eles: pacotes e mais pacotes de drogas, cada um marcado com o emblema da Bratva, a máfia russa. Meu sangue ferveu.

— Merda — Matia resmungou, pegando um dos pacotes e examinando o símbolo. — Eles realmente têm a audácia de nos desafiar assim?

— Não é a Bratva — disse Pietro, calmamente. — É alguém aqui dentro, tentando nos colocar contra eles. Alguém que quer ver a família em guerra.

Eu sabia que ele estava certo. A Bratva não era burra o suficiente para marcar suas mercadorias assim, a menos que quisessem uma guerra. E uma guerra não beneficiava ninguém. Alguém dentro da Cosa Nostra estava tentando semear discórdia, manchar nossa honra. E eu não toleraria traição.

— Pietro — falei, minha voz tão fria quanto o vento noturno. — Comece a investigação. Quero nomes. Matia, aumente a segurança em todos os pontos de entrega. Ninguém entra ou sai sem minha autorização.

Eles assentiam, entendendo a gravidade da situação. Enquanto descemos do navio e voltamos para a lancha, minha mente já trabalhava em todas as possibilidades. Quem seria o traidor? Um caporegime ambicioso? Um soldado descontente? Ou alguém ainda mais próximo?

A noite estava longe de acabar, e eu sabia que, antes do amanhecer, sangue seria derramado.

A honra da família não era negociável, e eu faria o que fosse necessário para protegê-la.

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