LUÍSA
— Está de saída? — Laura perguntou ao entrar no meu quarto.
— Sim. Lucas quer ir até a Delica convidar o Jorge para passar o Natal na casa dele. — Expliquei enquanto escolhia uma blusa para vestir — Ano passado ele ficou de plantão no Ano Novo e esse ano o escalaram para o Natal e se até amanhã não conseguir trocar com ninguém, vai precisar trabalhar. Ele quer se certificar que Nana tenha alguma companhia.
— Por que não a convida para passar o Natal aqui conosco? — Minha irmã questionou.
— Eu convidei, mas ela me deu umas vinte desculpas diferentes, então não insisti mais. — Dei de ombros — Mas de qualquer forma, vou dar uma passada lá na véspera.
Depois de me vestir, penteei e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo baixo porque tinha certeza que Luc
LUÍSAUm ano e meio depois...Analisei minha aparência uma última vez em frente ao espelho. Meu vestido de noiva foi feito por Laura e o designer clássico com cauda longa e mangas compridas de rendas me transformaram literalmente em uma princesa. Respirei fundo e fechei os meus olhos por alguns segundos em uma oração silenciosa de agradecimento.Esse último um ano e meio foi uma correria só. Desde o noivado, eu vinha dividindo o meu tempo entre estudar e preparar cada detalhe desse casamento pois eu queria que fosse tudo perfeito. Agora graças a Deus a formatura já tinha passado e eu estava mais tranquila, mas a minha ansiedade foi tanta que emagreci mais de seis quilos, coisa que deixou Lucas maluco.Ele estava ficando tão preocupado com a minha perda de peso que passou a me obrigar a comer religiosamente toda
LUÍSA“— Há momentos na vida que precisamos dar uma pausa, olhar à nossa volta e ver o que há além de nós mesmos e o que estamos deixando passar. Muitas vezes achamos que a nossa vida está perfeita do jeito que está, que está tudo bem, tudo maravilhoso, mas na verdade, inconscientemente, estamos maquiando a nossa realidade e enxergando apenas o que queremos enquanto ficamos dentro da nossa concha, na nossa zona de conforto, protegidos em um lugar seguro e temendo desesperadamente sair desse lugar para nos aventurar no desconhecido e nos arriscar. E quando não, estamos tão acelerados, vivendo tudo tão intensamente, que ficamos anestesiados e as coisas que realmente importam, passam por nós e sequer notamos. Eu vivi todas essas fazes na minha vida e em um certo momento, quando tudo o que eu nem sabia que desejava ter estava escapando
LUCASSeis anos mais tarde... Estacionei o carro na calçada e desci apressadamente. Sequer me dei o trabalho de guardá-lo na garagem porque estava atrasadíssimo e Luísa provavelmente já estava querendo me matar. Não, ela ia me matar!Assim que abri o portão, Victor Hugo e Lenna vieram correndo para me abraçar.— Papai, papai... — Meus meninos pularam em mim, então sustentei os dois no meu colo.— Nossa, como vocês estão tão lindos... — Beijei o rostinho dos meus filhos — Onde está a mamãe?— Se arrumando. — Disse Lenna — Ela disse que quer ficar bonita para a exposição.— Ela não precisa se arrumar para ficar bonita, ela já é linda. — Eu disse quando vi Luísa parada na
LUCAS Desembarquei em terras estrangeiras pela primeira vez na minha vida e sorri feliz por ser capaz de viver tal experiência. Cheguei a Nova Iorque no fim da tarde de um sábado e fiquei impressionado com a movimentação e trânsito intenso da cidade mesmo em um final de semana. Hoje completavam exatamente doze meses e vinte e três dias que me despedi do amor da minha vida no aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro e desde que ela se mudou para os Estados Unidos, eu estava ansioso para fazer uma visita, pois a saudade vinha sendo insuportável desde que vi aquele avião levantar voo há mais de um ano levando-a para longe de mim. Maysa, minha namorada, era uma excelente bailarina e foi aprovada em uma das maiores universidades de dança do mundo e eu não poderia estar mais orgulhoso, mesmo que isso significasse esperar mais três anos para ficarmos juntos novamente. O meu mundo gira em torno dela e antes dela partir, fizemos uma promessa de que ao fim da sua graduação e da minha, que muito
LUCASSeis anos mais tarde...— Calma, gatinhas... Tem Luke para todas. — Pedi, mas fui praticamente atacado pelas duas loiras quentes deitadas na minha cama.Minha vida era resumida a isso: sexo sem sentido com garotas que sequer me dava o trabalho de saber o nome. Já fui chamado de traste, de idiota e até de coisa pior por causa disso, mas todas concordavam que eu era gostoso pra caramba.Sempre admirei homens capazes de se comprometer, um dia até fui um, mas descobri que ser cafajeste era de longe muito melhor. E apesar da má fama que me seguia, sempre havia mulheres disponíveis batendo na minha porta e jogando-se na minha cama. Hoje, foram duas.Faltava pouco para o sol nascer quando as coloquei em um táxi com a desculpa de estar embriagado demais para dirigir, mas a verdade era que eu não me envolvia. Nunca.Regra número um: eu não repetia os sabores. Regra número dois: não beijava em hipótese alguma. Beijos despertavam sentimentos e sentimento era tudo o que não havia nas minhas
LUÍSADuas semanas mais tarde...Depois de vestir uma saia mais curta do que ousaria usar em qualquer outra ocasião, deixei Laura me convencer a vestir um top tão extravagante quanto porque como ela disse mais cedo, essa noite prometia!— Você está uma gata, maninha! Está até se parecendo comigo. — Laura disse tentando ser engraçada.Minha irmã estava equilibrada em um salto de dez centímetros como se estivesse andando descalça e seu vestido cor-de-rosa era tão curto que deveria ser proibido.— Nós somos gêmeas, gênio. — Eu ri tentando me acalmar porque ao invés de me sentir confiante e segura, estava me sentindo exposta com essa roupa nada a ver comigo.Olhei no espelho e avaliei a minha aparência mais. Estou mesmo me parecendo com a Laura, pois a saia preta destacava minhas pernas grossas e o top prateado, mal sustentava meus seios que são muito maiores do que a média.Eu estava bonita, mas...— Tem certeza que o vestido branco não ficaria melhor em mim? — Perguntei indecisa, coloca
LUCASOk... Essa noite não está saindo como o esperado. Sei que insisti muito para os caras estarem na inauguração dessa boate hoje, mas não esperava que eles fossem agir como se estivessem em um funeral quando chegássemos aqui. A casa está lotada, a bebida é boa e há uma quantidade obscena de garotas gostosas rebolando suas bundas bem na nossa frente, então o que poderia ser tão ruim? Eu não vejo um ponto.Tudo bem, Rafa levou um pé na bunda essa semana e até consigo entender seu mau-humor por causa disso pois ter o coração quebrado por uma garota é um inferno, mas com a quantidade de mulheres que ele se envolveu só nesses dois anos em que o conheço, já deveria saber quando elas valem ou não a pena, e a Gabi, sua ex-namorada, sem dúvida era perda de tempo. Então ficar todo deprimido como ele está, chega a ser patético. Já Rick... Eu não sei bem o que se passa com o meu amigo. Ele anda muito desanimado, parece triste e eu estou até com medo de chegar aos trinta e ficar como ele.— Só
LUCASUm zumbido irritante e insistente me obriga a abrir os olhos e solto um gemido ao sentir o brilho da luz do sol entrando pela janela do meu quarto direto no meu rosto. Balbucio uma reclamação e ao rolar na cama, percebo que estou sozinho, mas antes que eu possa me dar conta de onde meu encontro foi parar, descubro o motivo de ter acordado tão de repente. Meu celular está tocando insistentemente em algum lugar.— Fala cara. — Atendo um Rafael um tanto rabugento assim que encontro o aparelho.— Encheu a cara e esqueceu dos amigos? — Pergunta ele — Rick já está a caminho. Onde você está?“Oh merda!” Esqueci completamente que tinha marcado com os caras na praia hoje.— Chego aí em vinte minutos. — Digo a ele.“Ou talvez trinta.” Pensei.— Beleza. — Rafa desliga em seguida.Confuso por acordar sozinho essa manhã, me levanto e visto um short.“Será que ela está lá embaixo?” Pergunto-me, mas antes que possa abrir a porta do quarto e descer, vejo um bilhete em cima da mesinha de cabece