LUÍSA

Duas semanas mais tarde...

Depois de vestir uma saia mais curta do que ousaria usar em qualquer outra ocasião, deixei Laura me convencer a vestir um top tão extravagante quanto porque como ela disse mais cedo, essa noite prometia!

— Você está uma gata, maninha! Está até se parecendo comigo. — Laura disse tentando ser engraçada.

Minha irmã estava equilibrada em um salto de dez centímetros como se estivesse andando descalça e seu vestido cor-de-rosa era tão curto que deveria ser proibido.

— Nós somos gêmeas, gênio. — Eu ri tentando me acalmar porque ao invés de me sentir confiante e segura, estava me sentindo exposta com essa roupa nada a ver comigo.

Olhei no espelho e avaliei a minha aparência mais. Estou mesmo me parecendo com a Laura, pois a saia preta destacava minhas pernas grossas e o top prateado, mal sustentava meus seios que são muito maiores do que a média.

Eu estava bonita, mas...

— Tem certeza que o vestido branco não ficaria melhor em mim? — Perguntei indecisa, colocando o vestido na minha frente e me encarando no espelho novamente.

— Para de bobeira Luísa! Você parece uma garota do jardim de infância com esse vestido! — Laura me repreendeu — Estamos saindo para dançar, não indo ao cinema.

Concordei com ela porque era verdade, então apliquei mais uma camada de rímel realçando meus olhos cor de safira por baixo da franja reta e passei um pouco de gloss.

— Estou pronta. — Disse depois de calçar as sandálias.

— Eu também. — Laura puxou o celular para uma selfie.

Ela amava como éramos parecidas e o sucesso que isso fazia nas redes sociais. As pessoas geralmente tinham dificuldade de nos diferenciar. Só quem nos conhecia de verdade sabia exatamente quem era quem. Éramos praticamente idênticas.

— Então amos buscar Amanda.

Depois de Laura, Amanda era a minha melhor amiga. Nós somos quase inseparáveis, até nas nossas loucuras. Estudamos juntas desde pequenas e tínhamos uma afinidade muito grande. Ela era uma das pessoas mais importantes da minha vida.

Como sempre, eu era a motorista da noite e assim que parei o carro no prédio de Amanda, ela apareceu na portaria.

— Lulu... — Ela sussurrou ao me ver — Estou impressionada...

Revirei os olhos com o comentário, mas não podia culpá-la. Eu estava completamente fora da minha pele hoje.

— Obrigada. — Agradeci o elogio.

Ela entrou no carro e trocou um olhar cumplice com Laura.

— Está animada, Luísa? — Amanda me preguntou inocentemente.

Há uma semana quando Laura descobriu sobre a inauguração dessa boate que estamos indo hoje, ela e Amanda estão sustentando a ideia de encontrar um cara aleatório disposto a uma noite de aventura e nada mais. E desde então, estão tentando me convencer a entrar nessa também com a desculpa de que preciso me distrair e esquecer o meu ex-namorado idiota.

— Estou um pouco nervosa... — Desconverso — E você? Pretende mesmo seguir com esse seu plano maluco?

— Sem dúvida! — Ela responde animada.

— Você não está desistindo, não é? — Laura pergunta mais uma vez como se eu não estivesse ouvindo isso há dias.

— Hum... Não sei... — Murmuro nervosa.

— Ora, por favor Luísa. — Amanda fala de repente — E o nosso combinado? Você nos prometeu que usaria essa noite para esquecer o Caio de uma vez por todas!

Pronto. Só a menção do nome dele é suficiente para me deixar irritada. Caio é o meu ex-namorado e o nosso rompimento ainda está muito recente o que me deixa desconfortável toda vez que alguém fala nele.

— Se vocês não ficassem falando nele a cada minuto, eu já teria esquecido. — Digo irritada.

— Desculpa, Lulu. Nós só queremos te ajudar a sair dessa... — Amanda fala arrependida — Desde que esse namoro acabou, você não tem se divertido. — Ela aponta.

— Nem antes disso, né? — Resmunga Laura e lhe lanço um olhar irritado — Há quanto tempo não saímos juntas?

Penso um pouco e para falar a verdade, sequer me lembro.

— Faz muito tempo. — Digo a contragosto.

— Sim, faz. — Laura confirma — Então vamos aproveitar, Lulu. A vida é curta. — Ela sorri tentando me encorajar e quando Amanda começa a tagarelar, me perco em pensamentos.

Amanda normalmente não é assim, não tem esse tipo de comportamento libertino de querer sair com qualquer um, mas desde que seus pais embarcaram em uma viagem para o exterior deixando-a sozinha pela primeira vez, ela parece determinada a ter sua noite de diversão. Já Laura é difícil de manter no eixo e como sempre fui a mais calma e centrada, sou eu quem tenta colocá-la na linha ou no mínimo levá-la para casa em segurança no fim da noite. E só de pensar na possibilidade de agir como elas, mesmo que seja só por uma noite, fico desconfortável. Namorei com Caio pouco mais de um ano e nunca tive outro parceiro, ou melhor, minha experiência é praticamente inexiste no quesito sexo então isso é meio assustador.

— Eu não sei se quero pegar um cara aleatório na balada. — Solto de repente deixando Laura e Amanda mudas por alguns segundos.

— Ah, vamos lá... — Laura diz — Uma noite de sexo com um desconhecido deveria ser experimentado pelo menos uma vez na vida e você ainda não teve isso.

— Verdade! — Amanda defende a ideia — E eu estou indo para ter isso essa noite!

Balanço a cabeça tentando me convencer.

— Siga o fluxo irmãzinha e deixe acontecer. — Laura reforça o argumento — Se algo der errado, estaremos lá para você.

Finjo concordar mais uma vez, mas estou morrendo de medo do que essa noite pode me reservar. Afinal, o combinado é se aventurar e eu de aventureira, não tenho nada.