LUCAS
Seis anos mais tarde...
— Calma, gatinhas... Tem Luke para todas. — Pedi, mas fui praticamente atacado pelas duas loiras quentes deitadas na minha cama.
Minha vida era resumida a isso: sexo sem sentido com garotas que sequer me dava o trabalho de saber o nome. Já fui chamado de traste, de idiota e até de coisa pior por causa disso, mas todas concordavam que eu era gostoso pra caramba.
Sempre admirei homens capazes de se comprometer, um dia até fui um, mas descobri que ser cafajeste era de longe muito melhor. E apesar da má fama que me seguia, sempre havia mulheres disponíveis batendo na minha porta e jogando-se na minha cama. Hoje, foram duas.
Faltava pouco para o sol nascer quando as coloquei em um táxi com a desculpa de estar embriagado demais para dirigir, mas a verdade era que eu não me envolvia. Nunca.
Regra número um: eu não repetia os sabores. Regra número dois: não beijava em hipótese alguma. Beijos despertavam sentimentos e sentimento era tudo o que não havia nas minhas noites.
Mas apesar de ser completamente inconsequente quando se tratava de mulheres, sempre levei minha profissão e ao que dizia respeito ao meu futuro, muito a sério porque o objetivo da minha vida era ser motivo de orgulho para minha avó, que hoje era a única família que eu tinha.
Perdi meus pais em um acidente de carro aos onze anos e desde então passei a morar com Nana, que dedicou toda a sua vida para me criar e sustentar quando fiquei desamparado. E mesmo que agora eu já fosse um homem, tivesse me formado em medicina há três anos e estivesse com meus planos de futuro muito bem encaminhados, ainda morava com ela porque com a idade avançada e os problemas de saúde que desenvolveu com o passar dos anos, Nana precisava de cuidados e eu como médico e único neto, fazia o possível e o impossível para ser para ela o que ela foi para mim um dia.
De folga pelo restante do dia, levei Nana para almoçar fora e à noite, fui até a pequena delicatessen do meu amigo Jorge para trocar uma ideia e comprar as trufas diets que minha avó tanto amava.
A Delica-delicie-se era tão original e famosa na Barra da Tijuca que não havia um morador das redondezas que não conhecia ou não amasse os chocolates de lá. Essa loja foi o meu sustento e refúgio na adolescência e o lugar que eu sempre voltava quando precisava de um ombro amigo.
Cheguei à loja e cumprimentei os funcionários e depois reparei que Jorge estava sentado em uma das mesas tomando um chocolate quente.
— Luke! Feliz em te ver, amigo. Como vai Nana? — Perguntou ele.
— Ela está ótima. Me obrigou a vir buscar as trufas dela hoje. — Respondi — Por favor, me diga que tem pelo menos cinco delas, ou ela não vai me deixar entrar em casa hoje.
Ele riu. Jorge era baixinho e gordinho, ostentava um bigode engraçado e se parecia exatamente como um dono de loja de doces deve ser; amigável. Ele foi o melhor amigo do meu pai, frequentava nossa casa todos os domingos e sempre me tratou como um sobrinho fazendo o papel de tio que nunca tive. E depois que meus pais morreram, ele fez questão de se fazer presente em minha vida em todos os momentos. Jorge era meu parceiro na alegria e na tristeza.
— É claro que tem! Separa cinco diets para o Luke, Renato. — Ele pediu ao balconista — E o que conta de novo?
— Nada de novo, tudo de velho. — Respondi e depois reparei a morena bonita que entrou na loja e começou a observar os bombons na vitrine — Boa noite. O que vai querer, princesa? — Passei para trás do balcão e fiz questão de atendê-la. Trabalhei aqui dos quatorze aos vinte e dois anos, então me sentia em casa.
— O que me sugere? — Ela gaguejou a pergunta quando me viu passar para trás do balcão.
Sorri e ela me olhou como se quisesse me levar para casa ao invés dos doces.
— Bom, sendo o maior conhecedor de doces dessa loja, sugiro as trufas de coco e os bombons de nozes. Eles são a especialidade da casa. — Respondi e então me debrucei só um pouquinho sobre o balcão — Mas os muffins de chocolate são os meus favoritos. — Sussurrei.
A morena sorriu.
— Vou querer dois bombons e duas trufas, mas dos muffins, meia dúzia.
— É pra já! — Empacotei tudo para viagem e depois ela saiu despedindo-se com uma piscadela.
— Precisando de uma decoradora, Jorge? — Perguntei sentando-me ao lado dele — Sara Mathias, designer de interiores...
Jorge me encarou e balançou a cabeça quando lhe mostrei o cartão que a mulher sorrateiramente me entregou. Eu adorava quando isso acontecia.
— Se eu pudesse o recontrataria porque se antes, quando você era apenas um pirralho essa loja vivia cheia de garotas, imagine agora! — Jorge disse sorrindo — Eu ficaria rico! Só é uma pena que você tenha sido um funcionário tão ruim.
— Ah, Jorge. Eu era um bom funcionário, vai.
— Nahhh... Você trabalhou aqui por oito anos só por causa da sua aparência. — Ele disse, mas eu sabia que estava brincando.
Ele me viu roubar um muffin e reclamou.
— É disso que estou falando... Péssimo funcionário!
Renato balançou a cabeça e riu disfarçadamente do puxão de orelha que Jorge me deu.
— Vendi seis muffins, acho que tenho direito de ganhar um. — Jorge riu e quando um grupo de garotas entrou na loja, me empurrou atrás do balcão de novo.
— Faça a sua magia. — Ele pediu.
— Só para deixar claro, isso vai lhe custar mais um muffin. — Avisei antes de atender as meninas — Boa noite... O que vão querer, gatinhas?
Jorge sempre implicou comigo por eu roubar os muffins, mas eu usufruía da minha aparência em forma de pagamento e vendia mais do que o dobro do que consumia. E era por causa da minha paixão pelos bolinhos que eu tentava manter a forma na academia. Na verdade, essa era uma das minhas poucas vaidades. A maior delas era que eu adorava me vestir bem, o que colaborava bastante para a minha vida de azaração.
Ah, como eu amava a minha vida. Não havia nada que eu gostasse mais. Eu era livre e ser livre era perfeito.
LUÍSADuas semanas mais tarde...Depois de vestir uma saia mais curta do que ousaria usar em qualquer outra ocasião, deixei Laura me convencer a vestir um top tão extravagante quanto porque como ela disse mais cedo, essa noite prometia!— Você está uma gata, maninha! Está até se parecendo comigo. — Laura disse tentando ser engraçada.Minha irmã estava equilibrada em um salto de dez centímetros como se estivesse andando descalça e seu vestido cor-de-rosa era tão curto que deveria ser proibido.— Nós somos gêmeas, gênio. — Eu ri tentando me acalmar porque ao invés de me sentir confiante e segura, estava me sentindo exposta com essa roupa nada a ver comigo.Olhei no espelho e avaliei a minha aparência mais. Estou mesmo me parecendo com a Laura, pois a saia preta destacava minhas pernas grossas e o top prateado, mal sustentava meus seios que são muito maiores do que a média.Eu estava bonita, mas...— Tem certeza que o vestido branco não ficaria melhor em mim? — Perguntei indecisa, coloca
LUCASOk... Essa noite não está saindo como o esperado. Sei que insisti muito para os caras estarem na inauguração dessa boate hoje, mas não esperava que eles fossem agir como se estivessem em um funeral quando chegássemos aqui. A casa está lotada, a bebida é boa e há uma quantidade obscena de garotas gostosas rebolando suas bundas bem na nossa frente, então o que poderia ser tão ruim? Eu não vejo um ponto.Tudo bem, Rafa levou um pé na bunda essa semana e até consigo entender seu mau-humor por causa disso pois ter o coração quebrado por uma garota é um inferno, mas com a quantidade de mulheres que ele se envolveu só nesses dois anos em que o conheço, já deveria saber quando elas valem ou não a pena, e a Gabi, sua ex-namorada, sem dúvida era perda de tempo. Então ficar todo deprimido como ele está, chega a ser patético. Já Rick... Eu não sei bem o que se passa com o meu amigo. Ele anda muito desanimado, parece triste e eu estou até com medo de chegar aos trinta e ficar como ele.— Só
LUCASUm zumbido irritante e insistente me obriga a abrir os olhos e solto um gemido ao sentir o brilho da luz do sol entrando pela janela do meu quarto direto no meu rosto. Balbucio uma reclamação e ao rolar na cama, percebo que estou sozinho, mas antes que eu possa me dar conta de onde meu encontro foi parar, descubro o motivo de ter acordado tão de repente. Meu celular está tocando insistentemente em algum lugar.— Fala cara. — Atendo um Rafael um tanto rabugento assim que encontro o aparelho.— Encheu a cara e esqueceu dos amigos? — Pergunta ele — Rick já está a caminho. Onde você está?“Oh merda!” Esqueci completamente que tinha marcado com os caras na praia hoje.— Chego aí em vinte minutos. — Digo a ele.“Ou talvez trinta.” Pensei.— Beleza. — Rafa desliga em seguida.Confuso por acordar sozinho essa manhã, me levanto e visto um short.“Será que ela está lá embaixo?” Pergunto-me, mas antes que possa abrir a porta do quarto e descer, vejo um bilhete em cima da mesinha de cabece
LUÍSAQuando chegamos à praia, o sol estava quente e a brisa bastante agradável. O assunto do momento enquanto caminhávamos na areia era o cara quente que Amanda conheceu na boate e o porre de Laura onde ela disse que quase vomitou em cima de Lucy na hora de ir para casa. Nós estávamos gargalhando de algo que Laura falou quando o lindo e muito sexy Ricardo-paquera-gostoso-da-Amanda surgiu na nossa frente e de cara eu já simpatizei com ele! Extremamente educado e encantador, o gostoso de olhos verdes parecia enfeitiçado por Amanda. E ela tão fissurada quanto, por ele.Eu sorria para a cara apaixonada dos dois quando percebi Laura me cutucando disfarçadamente quando viu um dos amigos do Ricardo que também estava na boate na noite anterior, parado no calçadão. Ela pediu a Rick que nos apresentasse ao seu amigo, mas eu não esperava que Lucas, o meu encontro, também estivesse com ele. Despreocupado, Lucas caminhou ao nosso encontro sorrindo abertamente ao me reconhecer. Eu corei. Corei imp
LUCAS“... Saiba que eu nunca tive nada parecido...” As palavras de Luísa ecoaram em meus pensamentos.“Oh princesa, eu sei que não e é isso que está me enlouquecendo completamente...”Fiquei surpreso quando vi Luísa na praia mais cedo. Saí de casa me perguntando como ou onde a encontraria e o destino me deu esse presente menos de uma hora mais tarde. Eu a queria tanto em minha cama outra vez. O problema foi descobrir que ela era amiga da futura, se não já namorada do Ricardo, e isso me balançou porque misturar nossos amigos em um rolo como esse, poderia ser complicado.Eu não tinha a menor intenção de me comprometer ou prometer qualquer coisa a Luísa. Se fosse pra rolar alguma coisa, precisaria ser causalmente, por isso quis me prevenir e fingi que não a conhecia quando
LUÍSAQuando fiz cinco anos meus pais descobriram que eu tinha dom para pinturas. Enquanto outras crianças apenas rabiscavam o papel, eu desenvolvia obras de arte a nível profissional em telas. Não entendia muito bem na época, mas antes que completasse dez anos eu já tinha uma coleção de quadros de todos os tamanhos e de diferentes técnicas que aprendi a usar e explorar depois de passar a frequentar os melhores cursos de artes plásticas. Com tantos quadros, nossa casa já não tinha mais espaço para armazenar tudo, então meu pai construiu um estúdio em cima da garagem e esse lugar se tornou o meu santuário, e eu só não me mudei para lá de mala e cuia ainda porque minha mãe não permitiu ou sem dúvidas, minhas coisas pessoais e principalmente minha cama, já estariam ali. Esse era o meu refúgio, o lugar onde passava todo o meu tempo vago e ficar por ali de vez, era algo que eu sempre desejei.Eu estava tão distraída dando alguns retoques no quadro que comecei a pintar essa tarde que me ass
LUCASSaí às pressas do trabalho pois já passavam das oito horas e marquei com Luísa às nove. Eu não queria me atrasar, não tinha um encontro desse tipo há séculos e além de não fazer ideia de onde levá-la, também estava nervoso. Coloquei na minha cabeça que esse encontro era o meio para um fim porque depois de vê-la hoje, vestindo aquele simples vestido cor-de-rosa e livre daquela maquiagem pesada que usava na boate, eu tive certeza que Luísa não era o tipo de garota que saía com um cara só por sexo, apesar de que se fosse, facilitaria muito a minha vida. Mas se ter um encontro formal era tudo o que precisava fazer para tê-la outra vez, eu faria o sacrifício porque sabia que valeria a pena.“Eu só preciso de mais uma noite. Só mais uma noite...”—
LUÍSAQuando chegamos em sua casa, Lucas praticamente chutou a porta fechada antes de atacar meus lábios em um beijo desesperado que retribuí na mesma urgência, ficando sem fôlego.— Estou toda suada... — Tentei falar, mas Lucas engoliu minhas palavras com outro beijo — Preciso de um banho...— Eu te garanto que vou te fazer suar muito mais do que aquela esteira, princesa. — Ele disse antes de me jogar no sofá e começar a tirar meus tênis. Protestei quando ele puxou as minhas meias, mas ele nem me deu confiança e depois de conseguir se livrar delas, me pega no colo.— Eu te quero nua e rápido!Enlacei minhas pernas em sua cintura quando ele me levou escada acima ainda beijando a minha boca.— Pensei em ter você assim de novo cada maldito segundo desde a primeira vez, Luísa... — Ele sus