LUCAS
Desembarquei em terras estrangeiras pela primeira vez na minha vida e sorri feliz por ser capaz de viver tal experiência. Cheguei a Nova Iorque no fim da tarde de um sábado e fiquei impressionado com a movimentação e trânsito intenso da cidade mesmo em um final de semana.
Hoje completavam exatamente doze meses e vinte e três dias que me despedi do amor da minha vida no aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro e desde que ela se mudou para os Estados Unidos, eu estava ansioso para fazer uma visita, pois a saudade vinha sendo insuportável desde que vi aquele avião levantar voo há mais de um ano levando-a para longe de mim.
Maysa, minha namorada, era uma excelente bailarina e foi aprovada em uma das maiores universidades de dança do mundo e eu não poderia estar mais orgulhoso, mesmo que isso significasse esperar mais três anos para ficarmos juntos novamente. O meu mundo gira em torno dela e antes dela partir, fizemos uma promessa de que ao fim da sua graduação e da minha, que muito em breve chegaria, ela retornaria para o Brasil e nos casaríamos em um futuro muito próximo. E foi por esse motivo que viajei por mais de dez horas com intenção de me comprometer e colocar uma aliança em seu dedo. O anel de ouro branco era singelo, mas escolhido com muito amor e era isso o que importa, pois nunca tive tanta certeza de alguma coisa em minha vida. Pedir Maysa em casamento e fazê-la feliz, estava no topo da minha lista.
Ela não fazia a menor ideia de que estava aqui. Juntei cada centavo que pude para comprar essa passagem e pedi para os pais dela guardarem segredo. Queria que fosse especial. Pretendia fazer o pedido na Times Square tinha certeza que seria perfeito.
Com seu endereço em mãos, entrei em um táxi e quase quarenta minutos mais tarde, estava tirando a minha bagagem da mala do carro em frente a um prédio mais imponente do que esperava. Dei sorte de uma moradora estar saindo antes que eu precisasse tocar o interfone, então não perdi a oportunidade de surpreender minha amada subindo sem avisar. E três andares acima, apertei a campainha quase não me contendo de ansiedade. Eu só queria pegar Maysa em meus braços e matar essa saudade que estava me consumindo a cada dia.
Eu já podia imaginar a felicidade no rostinho dela e no quanto seria difícil quando eu tivesse que voltar para casa, mas essa visita era o combustível que eu precisava para suportar os próximos meses, ou melhor, os próximos anos.
Não levou mais de cinco minutos e a porta se abriu. Um cara alto e magro com longos cabelos loiros vestindo apenas uma cueca, estava parado na minha frente com uma sobrancelha levantada. Confuso, conferi o número da porta no papel em minhas mãos e confirmei: eu estava no apartamento certo, então quem era esse cara? Meu coração disparou.
Com um misto de curiosidade e surpresa, o cara deslocou a cabeça para o lado e me estudou.
— Você é o namorado da Maysa? — Ele me perguntou em um inglês arrastado, um leve sotaque de qualquer outra coisa menos americano — Oh, sim é você. Eu sou Patrick Lagrange. — Ele estendeu a mão para me cumprimentar, mas não consegui retribuir e ele deixou a mão cair ao seu lado, sem jeito.
Não queria acreditar em todos os alertas que estavam gritando na minha cabeça, mas quando vi a Maysa aparecendo atrás dele em nada mais do que uma camisa social masculina e os cabelos pós foda que eu conhecia bem, me dei conta afinal. Ela estava me traindo...
A realidade foi demais para mim, então deixei a minha mala cair aos meus pés e tentei muito não cair junto com ela. Que merda era essa que estava acontecendo?
— Lucas? — Maysa falou ficando pálida a me ver.
— Eu sabia que era ele! — Disse o loiro como se já me conhecesse.
Olhei para Maysa, esperando alguma explicação quando o tal Patrick deu um beijo na testa dela e se afastou em seguida.
— Isso é sério? De verdade? — Minha voz saiu esganiçada delatando o quanto eu estava machucado.
Maysa ficou em silêncio me encarando com seus grandes olhos pretos e eu não precisei ouvir ou ver mais nada para saber o que estava acontecendo minutos antes de eu chegar.
— Lucas, eu... Eu posso explicar...
Eu não precisava de explicação. Estava tudo muito claro para mim. Eu era um idiota! Tentei conter a raiva, a decepção e a dor, mas foi demais para mim e perdi o controle.
— Que porra, Maysa! Que porraaaa! — Gritei e soco a parede, irado.
O loiro reapareceu ao lado da Maysa com o semblante preocupado e a puxou para traz dele afim de protegê-la da minha fúria.
— Você precisa se acalmar, irmão. — Ele pediu.
Sem pensar, parti para cima dele e dei um soco atrás do outro no desgraçado.
— Para Lucas! — Maysa gritou — Para, pelo amor de Deus!
Eu não via nada, só sabia que precisava descontar a raiva e o ódio que estavam derramando de dentro de mim. Ela estava me traindo com esse filho da puta! Eu queria mata-lo, eu queria morrer. Mais do que tido eu queria acordar desse pesadelo. Mas era real. Era tudo real.
Parei um soco no ar quando me dei conta de que Maysa estava tentando desesperadamente me segurar e o loiro estendido no chão, praticamente inconsciente. Nervoso e confuso, me afastei e olhei a quantidade de pessoas paradas nas outras portas me encarando como se eu fosse um monstro.
Eu sabia que tinha perdido o controle. Mas quem não perderia? O cara estava fodendo a minha namorada e ainda queria me chamar de irmão?! No inferno que eu não deixaria uma boa lembrança da minha visita na cara desse filho da puta.
Olhei para Maysa uma última vez, peguei minha mala e sem nenhuma palavra, saí do prédio e não olhei para trás.
Nunca mais.
LUCASSeis anos mais tarde...— Calma, gatinhas... Tem Luke para todas. — Pedi, mas fui praticamente atacado pelas duas loiras quentes deitadas na minha cama.Minha vida era resumida a isso: sexo sem sentido com garotas que sequer me dava o trabalho de saber o nome. Já fui chamado de traste, de idiota e até de coisa pior por causa disso, mas todas concordavam que eu era gostoso pra caramba.Sempre admirei homens capazes de se comprometer, um dia até fui um, mas descobri que ser cafajeste era de longe muito melhor. E apesar da má fama que me seguia, sempre havia mulheres disponíveis batendo na minha porta e jogando-se na minha cama. Hoje, foram duas.Faltava pouco para o sol nascer quando as coloquei em um táxi com a desculpa de estar embriagado demais para dirigir, mas a verdade era que eu não me envolvia. Nunca.Regra número um: eu não repetia os sabores. Regra número dois: não beijava em hipótese alguma. Beijos despertavam sentimentos e sentimento era tudo o que não havia nas minhas
LUÍSADuas semanas mais tarde...Depois de vestir uma saia mais curta do que ousaria usar em qualquer outra ocasião, deixei Laura me convencer a vestir um top tão extravagante quanto porque como ela disse mais cedo, essa noite prometia!— Você está uma gata, maninha! Está até se parecendo comigo. — Laura disse tentando ser engraçada.Minha irmã estava equilibrada em um salto de dez centímetros como se estivesse andando descalça e seu vestido cor-de-rosa era tão curto que deveria ser proibido.— Nós somos gêmeas, gênio. — Eu ri tentando me acalmar porque ao invés de me sentir confiante e segura, estava me sentindo exposta com essa roupa nada a ver comigo.Olhei no espelho e avaliei a minha aparência mais. Estou mesmo me parecendo com a Laura, pois a saia preta destacava minhas pernas grossas e o top prateado, mal sustentava meus seios que são muito maiores do que a média.Eu estava bonita, mas...— Tem certeza que o vestido branco não ficaria melhor em mim? — Perguntei indecisa, coloca
LUCASOk... Essa noite não está saindo como o esperado. Sei que insisti muito para os caras estarem na inauguração dessa boate hoje, mas não esperava que eles fossem agir como se estivessem em um funeral quando chegássemos aqui. A casa está lotada, a bebida é boa e há uma quantidade obscena de garotas gostosas rebolando suas bundas bem na nossa frente, então o que poderia ser tão ruim? Eu não vejo um ponto.Tudo bem, Rafa levou um pé na bunda essa semana e até consigo entender seu mau-humor por causa disso pois ter o coração quebrado por uma garota é um inferno, mas com a quantidade de mulheres que ele se envolveu só nesses dois anos em que o conheço, já deveria saber quando elas valem ou não a pena, e a Gabi, sua ex-namorada, sem dúvida era perda de tempo. Então ficar todo deprimido como ele está, chega a ser patético. Já Rick... Eu não sei bem o que se passa com o meu amigo. Ele anda muito desanimado, parece triste e eu estou até com medo de chegar aos trinta e ficar como ele.— Só
LUCASUm zumbido irritante e insistente me obriga a abrir os olhos e solto um gemido ao sentir o brilho da luz do sol entrando pela janela do meu quarto direto no meu rosto. Balbucio uma reclamação e ao rolar na cama, percebo que estou sozinho, mas antes que eu possa me dar conta de onde meu encontro foi parar, descubro o motivo de ter acordado tão de repente. Meu celular está tocando insistentemente em algum lugar.— Fala cara. — Atendo um Rafael um tanto rabugento assim que encontro o aparelho.— Encheu a cara e esqueceu dos amigos? — Pergunta ele — Rick já está a caminho. Onde você está?“Oh merda!” Esqueci completamente que tinha marcado com os caras na praia hoje.— Chego aí em vinte minutos. — Digo a ele.“Ou talvez trinta.” Pensei.— Beleza. — Rafa desliga em seguida.Confuso por acordar sozinho essa manhã, me levanto e visto um short.“Será que ela está lá embaixo?” Pergunto-me, mas antes que possa abrir a porta do quarto e descer, vejo um bilhete em cima da mesinha de cabece
LUÍSAQuando chegamos à praia, o sol estava quente e a brisa bastante agradável. O assunto do momento enquanto caminhávamos na areia era o cara quente que Amanda conheceu na boate e o porre de Laura onde ela disse que quase vomitou em cima de Lucy na hora de ir para casa. Nós estávamos gargalhando de algo que Laura falou quando o lindo e muito sexy Ricardo-paquera-gostoso-da-Amanda surgiu na nossa frente e de cara eu já simpatizei com ele! Extremamente educado e encantador, o gostoso de olhos verdes parecia enfeitiçado por Amanda. E ela tão fissurada quanto, por ele.Eu sorria para a cara apaixonada dos dois quando percebi Laura me cutucando disfarçadamente quando viu um dos amigos do Ricardo que também estava na boate na noite anterior, parado no calçadão. Ela pediu a Rick que nos apresentasse ao seu amigo, mas eu não esperava que Lucas, o meu encontro, também estivesse com ele. Despreocupado, Lucas caminhou ao nosso encontro sorrindo abertamente ao me reconhecer. Eu corei. Corei imp
LUCAS“... Saiba que eu nunca tive nada parecido...” As palavras de Luísa ecoaram em meus pensamentos.“Oh princesa, eu sei que não e é isso que está me enlouquecendo completamente...”Fiquei surpreso quando vi Luísa na praia mais cedo. Saí de casa me perguntando como ou onde a encontraria e o destino me deu esse presente menos de uma hora mais tarde. Eu a queria tanto em minha cama outra vez. O problema foi descobrir que ela era amiga da futura, se não já namorada do Ricardo, e isso me balançou porque misturar nossos amigos em um rolo como esse, poderia ser complicado.Eu não tinha a menor intenção de me comprometer ou prometer qualquer coisa a Luísa. Se fosse pra rolar alguma coisa, precisaria ser causalmente, por isso quis me prevenir e fingi que não a conhecia quando
LUÍSAQuando fiz cinco anos meus pais descobriram que eu tinha dom para pinturas. Enquanto outras crianças apenas rabiscavam o papel, eu desenvolvia obras de arte a nível profissional em telas. Não entendia muito bem na época, mas antes que completasse dez anos eu já tinha uma coleção de quadros de todos os tamanhos e de diferentes técnicas que aprendi a usar e explorar depois de passar a frequentar os melhores cursos de artes plásticas. Com tantos quadros, nossa casa já não tinha mais espaço para armazenar tudo, então meu pai construiu um estúdio em cima da garagem e esse lugar se tornou o meu santuário, e eu só não me mudei para lá de mala e cuia ainda porque minha mãe não permitiu ou sem dúvidas, minhas coisas pessoais e principalmente minha cama, já estariam ali. Esse era o meu refúgio, o lugar onde passava todo o meu tempo vago e ficar por ali de vez, era algo que eu sempre desejei.Eu estava tão distraída dando alguns retoques no quadro que comecei a pintar essa tarde que me ass
LUCASSaí às pressas do trabalho pois já passavam das oito horas e marquei com Luísa às nove. Eu não queria me atrasar, não tinha um encontro desse tipo há séculos e além de não fazer ideia de onde levá-la, também estava nervoso. Coloquei na minha cabeça que esse encontro era o meio para um fim porque depois de vê-la hoje, vestindo aquele simples vestido cor-de-rosa e livre daquela maquiagem pesada que usava na boate, eu tive certeza que Luísa não era o tipo de garota que saía com um cara só por sexo, apesar de que se fosse, facilitaria muito a minha vida. Mas se ter um encontro formal era tudo o que precisava fazer para tê-la outra vez, eu faria o sacrifício porque sabia que valeria a pena.“Eu só preciso de mais uma noite. Só mais uma noite...”—