Capítulo 3

LUCAS

Ok... Essa noite não está saindo como o esperado. Sei que insisti muito para os caras estarem na inauguração dessa boate hoje, mas não esperava que eles fossem agir como se estivessem em um funeral quando chegássemos aqui. A casa está lotada, a bebida é boa e há uma quantidade obscena de garotas gostosas rebolando suas bundas bem na nossa frente, então o que poderia ser tão ruim? Eu não vejo um ponto.

Tudo bem, Rafa levou um pé na bunda essa semana e até consigo entender seu mau-humor por causa disso pois ter o coração quebrado por uma garota é um inferno, mas com a quantidade de mulheres que ele se envolveu só nesses dois anos em que o conheço, já deveria saber quando elas valem ou não a pena, e a Gabi, sua ex-namorada, sem dúvida era perda de tempo. Então ficar todo deprimido como ele está, chega a ser patético. Já Rick... Eu não sei bem o que se passa com o meu amigo. Ele anda muito desanimado, parece triste e eu estou até com medo de chegar aos trinta e ficar como ele.

— Só estou cansado disso. — Diz Ricardo dando de ombros quando o questiono — É sempre o mesmo do mesmo. Nós saímos, bebemos, dançamos, encontramos uma garota, flertamos, transamos e acabou. E na outra semana, tudo de novo.

— Sim! Cerveja, garotas e sexo! O que mais você quer? — Pergunto.

Rick dá de ombros mais uma vez, mas não fala mais nada.

— Compromisso. — Resmunga Rafael — Eu quero compromisso. Quero chegar em casa e encontrar a mulher dos meus sonhos vestindo minhas camisas, ver todas as tralhas de garota dela no meu banheiro, uma aliança com o meu nome gravado em seu dedo e me enrolar nela na hora de dormir. É isso o que eu quero. Simples assim.

— Você só pode estar bêbado! — Cuspo com um riso debochado e Rafa me dá um olhar mortal. Ele não está brincando, eu posso ver — Ou maluco. — Friso.

— Não estou bêbado. Nem maluco. — Rafa bebe sua cerveja e fica em silêncio.

Às vezes meu amigo parece meio fora da mente dele, inferno! Casamento é algo impensável, pelo menos para mim.

— É isso o que você quer também? — Pergunto a Rick ainda aterrorizado com a ideia.

— Não, eu ainda não estou pronto para sossegar. — Ele fala em sua defesa — Mas essa merda de zoação não está mais funcionando para mim também.

— Eu entendo vocês... — Balanço a cabeça em negação. Eles me ignoram — Quer saber? Vou dar umas voltas por aí porque vocês estão deprês demais essa noite.

Dou uma volta nas proximidades e uma olhada nas gatinhas na pista de dança. E mais tarde, depois de ver Rick acenando para mim em despedida com uma garota ao seu lado, sigo para o bar para me reabastecer com mais uma cerveja, e é aí que encontro a mulher perfeita para a minha noite. Eu não consigo desviar meus olhos da loira na minha frente, ou melhor, desviar meus olhos das torneadas e lindas pernas dela. A saia preta que ela está usando não faz nada para cobrir aquela gostosura toda e os saltos impressionantes, só a deixa ainda mais sexy e desejável.

Ainda me deleitando com a visão, deixo meus olhos passearem por seu corpo bonito até o seu rosto onde eu definitivamente congelo. Ela é linda, mas o olhar perdido e distante em seu rosto angelical, me balança, pois não estou aqui para pegar garotas com problemas, muito pelo contrário, eu só quero diversão e está na cara que essa garota, é problema.

Aproximo-me do bar, praticamente ao lado dela, mas ela sequer percebe a minha presença. Peço uma cerveja. O bar cheio e o atendimento lento me distraem por um minuto e quando sem conseguir evitar, olho novamente na direção dela, meu sangue ferve. O semblante apavorado enquanto ela tenta de todas as maneiras afastar um idiota qualquer que a pressiona contra a parede tentando beijá-la, me deixa sem chão, e antes que eu possa me parar, me vejo agarrando o babaca pela camisa o tirando de cima dela.

— Nunca mais toque na minha garota! — Digo em um tom ameaçador afim de assustar o imbecil — Você está bem, meu amor? — Pergunto à loira que me encara boquiaberta por um segundo e com muito custo sussurra que sim, então empurro o idiota para longe torcendo para que a minha encenação seja o bastante para mantê-lo longe dela pelo restante da noite.

— Você está bem mesmo? — Pergunto preocupado.

Eu juro que só queria me certificar que ela está bem e que àquele idiota não iria mais mexer com ela, mas ela parece tão gostosa toda nervosa e confusa que... Fecho os olhos por um segundo quando ela delicadamente passa a mão nos cabelos lisos e me encara mordendo o lábio me deixando fascinado.

— Agora estou, obrigada. — Ela responde com um sorriso doce — Eu tentei dizer àquele idiota que provavelmente estava me confundindo com a minha irmã, mas ele não quis me ouvir ou sei lá. — Ela balbucia ainda nervosa.

Me aproximo um pouco mais e percebo o quanto ela é pequena e delicada para estar sozinha no meio da boate lotada. Não é de se espantar que aquele idiota tenha forçado a barra com ela.

— Você está sozinha aqui? — Pergunto.

— Não. Eu vim com a minha irmã e a minha amiga.

— E onde elas estão? Por que não estão com você?

— Minha amiga foi embora, saiu faz alguns minutos. E minha irmã eu não sei... — Ela responde.

Suspiro irritado. Ela não deveria estar aqui sozinha.

— Você não deveria ficar em um lugar como esse sozinha, princesa. — Digo sério — Essa gente vai te engolir.

Ela me dá um olhar duro e empina o nariz irritada com meu tom de voz repreensivo.

— Eu te agradeço por me salvar, mas...

— Mas nada! — Interrompo-a adorando vê-la tão brava. Ela é realmente gostosa e só se eu fosse louco a deixaria escapar.

— Quem você pensa que é para falar comigo assim? — Ela me pergunta, o semblante cada vez mais irritado.

— O cara que vai te dar um pouco de diversão. — Pego-a pela mão — Vamos dançar. — Sem esperar por sua resposta, arrasto-a para a pista de dança.

LUÍSA

Meia hora depois de chegar à boate, dei a minha noite por encerrada. Ver o quanto Laura já estava bêbada e fora de controle, acabou com todas as minhas esperanças de curtir um pouco, então só fiquei na minha torcendo para que a noite passasse bem rápido e eu pudesse levá-la para casa em segurança. Não me leve a mal, eu amo a minha irmã, mas às vezes acho que ela é um pouco egoísta em relação a mim pois eu sempre preciso abrir mão de toda a diversão porque ela não sabe se controlar e ficar sóbria uma vez na vida. E Amanda estava tão animada e louca para dançar que não achei justo aceitar sua oferta quando ela se ofereceu para ficar de olho em Laura para que eu pudesse me divertir. Afinal, ela tinha seus planos para essa noite e eu jamais atrapalharia.

“E pensar no quanto elas me perturbaram para eu aproveitar essa noite...”

Minutos mais tarde, me despedi de Amanda quando ela surgiu na minha frente com um gatinho à tira colo e desejei-lhe sorte e cuidado antes de ela sair da boate pronta para colocar seu plano em prática. Eu sorri com a felicidade e loucura da minha amiga e depois suspirei entediada, cansada das cantadas ridículas que já tinha levado naquela noite. Pedi um drinque sem álcool e me encostei no bar. Minha mente estava longe, pensando em quanto tempo mais levaria para conseguir convencer Laura a ir embora quando fui praticamente atacada por um idiota que não sabia ouvir um não ou era burro o bastante para não conseguir diferenciar Laura e eu.

Eu estava apavorada para dizer o mínimo, e não era forte o bastante para me livrar dele sozinha, mas como por milagre, fui salva por um cara que na hora pensei que era um segurança da boate. Ele é sem dúvida, um moreno lindo, muito mais alto do que eu e deliciosamente musculoso vestido como um playboy cheio de grana. E logo descobri que além de gato, ele é cheio de marra. Mas apesar de ser todo autoritário, não é um segurança como pensei anteriormente, apenas um frequentador, que por sorte veio ao meu socorro quando me viu em apuros.

Não sei como, mas depois dele agir como meu pai me repreendendo por estar sozinha no meio de toda essa gente, fui parar em seus braços e agora, estou dançando com ele como se não houvesse amanhã soltando altas gargalhadas com as piadas sacanas e cantadas perversas que ele está sussurrando em meu ouvido me fazendo tremer. Do jeito que ele está se agarrando a mim, eu deveria estar nervosa em vista que não tem meia hora que um tarado tentou me atacar, mas ao invés disso, estou me sentindo segura e desejada só com a maneira que ele me olha. Seu olhar vaga do meu rosto à toda extensão do meu corpo a cada segundo, me analisando, me estudando, e suas mãos bobas, por onde passam deixam um rastro de calor me enlouquecendo. Eu nunca senti isso e embora pareça proibido, também parece tão certo, tão bom...

Ele me olha e me toca, e apesar de eu ter certeza que está tão afetado quanto eu, em nenhum momento faz um movimento para me beijar. E eu quero tanto...

“Por que ele não me beija?”

Fico confusa e insegura por um momento, mas não consigo me afastar pois estamos dançando tão perto um do outro que quando o encaro, tenho certeza que ele vê a confusão estampada em meu rosto e também o meu desejo. Solto um suspiro ansioso quando seu olhar cai sobre meus lábios e louca para beijá-lo, deixo minhas mãos involuntariamente viajarem por seu peito definido e correrem por trás de sua nuca onde o sinto estremecer com o carinho inesperado.

— Ah princesa... — Ele sussurra antes de selar seus lábios nos meus.

Eu me perco quando sua língua se enrosca na minha e sinto suas mãos passearem pelo meu corpo explorando cada pedacinho. Já não estávamos mais dançando no momento em que ele interrompeu o beijo e me encarou, os olhos faiscando desejo.

— Vem comigo. — Ele pede.

— Para onde?

— Para onde você quiser, só venha comigo.

O fitei em dúvida. Não o conheço e não sei se devo confiar nele. Afinal, ele pode ser um tarado, um psicopata, um doido...

“Mas também pode ser a noite mais incrível da sua vida...” Uma vozinha sussurrou em meu ouvido.

— Eu não posso. Não posso deixar a minha irmã bêbada sozinha aqui. Preciso levá-la para casa em segurança. — Me escuto dizer.

— Vamos encontrá-la então. — Ele diz me surpreendendo — Se ela tiver companhia para ir para casa, você vem comigo?

— Sim. — Concordo corajosamente.

“Se é para ter uma noite com um estranho uma vez na vida, que seja com o mais lindo deles”. Pensei.

Não leva muito tempo e encontro Laura que está pra lá de bêbada, mas acompanhada de alguns amigos da nossa antiga escola e uma vizinha do condomínio onde moramos. Falo com ela, mas é inútil já que ela só faz rir, então falo com Lucy, a nossa vizinha, e me certifico que ela possa deixar Laura em casa. Minutos depois saio da boate com Lucas, o meu salvador e já do lado de fora, falo:

— Eu vou com você, mas no meu carro.

— Tem certeza? — Ele pergunta.

— Sim. Não bebi nada alcóolico e essa é a minha única exigência. Eu vou dirigindo.

— Tudo bem, eu topo. Vamos para a minha casa, princesa.

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