Na madrugada de segunda-feira, Eveline entrou no quarto da avó silenciosamente e deixou um bilhete de despedida em cima da cômoda, sem querer, derramou algumas lágrimas.
Em seus pensamentos, dizia:“Me perdoe vozinha, eu te amo, queria tanto me despedir. Que Deus te proteja, espero fique bem!”Ela juntou suas coisas, chamou um táxi, saindo com o dinheiro que pegou da avó e suas economias que tinha guardado.Na rodoviária, chegou o horário do seu ônibus. Embarcou, partindo angustiada, olhando pela janela as paisagens da terras que cresceu.Passou a madrugada viajando, até chegar no terminal rodoviário da capital. Ainda dentro do terminal, pegou outro ônibus e foi direto para o campus da universidade, lá conversou com as atendentes sobre sua matrícula.Depois de se matricular, Eveline foi para o centro procurar a pensão que viu na internet. Com o pouco dinheiro que trouxe, dava para pagar seis meses de pensão, combinou com a dona que ficaria somente alguns meses.Empolgada em seu pequeno quarto de pensão, ela ligou para sua amiga keille e depois para Maycon, seu namorado, contando as novidades."Espero que fique bem, mais tarde vou transferir 500 dólares para você. Me liga se precisar de alguma coisa, minha preciosa, te amo!"Disse Maycon preocupado com o bem estar da namorada."Maycon, não precisava! Não quero que fique me enviando dinheiro, não somos casados e sei me virar por aqui!""Eu te amo, faria qualquer coisa por você, se cuida!""Tá bom, também te amo, a noite a gente se fala!"O primeiro semestre de faculdade era bem puxado, apesar disso, Eveline estava satisfeita com as aulas e com o estágio remunerado que conseguiu em um abrigo para crianças.Não pagava muito, mas ajudava em suas despesas pessoais.Fazia um mês que ela estava morando na cidade grande... Ainda não tinha entrado em contato com sua avó e seu tio, pois não sabia qual seria a reação, sabendo que ela fugiu para estudar contra a vontade deles.Chegou o dia de conhecer o abrigo, Eveline acordou cedo e muito ansiosa. Como toda manhã, ligou para o namorado, contando as novidades. Se despediu falando o quanto o amava! Maycon desejou boa sorte no seu primeiro dia de estágio.O abrigo ficava perto da pensão, ela foi um pouco mais cedo a pé, para conhecer as crianças e os outros funcionários. Sua função era ajudar na rotina das crianças e auxilia-las na lição de casa.Também conheceu as voluntárias, entre elas, uma senhora muito caridosa e adorável, chamada Izabel Di Moretti, uma médica aposentada, que prestava serviços voluntários duas vezes na semana no local. Ela a cumprimentou na cozinha timidamente:"Bom dia! Sou Eveline, a nova estagiária!""Bom dia! mocinha! Sou Izabel, mas pode me chamar de Dona Bel.”Dona Izabel se apresentou com simpatia.As duas preparavam a refeição das crianças, enquanto conversavam sobre a rotina do abrigo e a vida pessoal delas."E você? Me conta, é daqui mesmo?"Perguntou Dona Izabel curiosa."Sou do interior, vim estudar pedagogia, pois ganhei uma bolsa de estudo na federal, aluguei um quarto de pensão aqui perto."Dona Izabel ficou admirada com a determinação e coragem da jovem, em deixar sua terra para vir morar sozinha na capital e estudar na universidade mais conceituada do país.A senhora também a elogiava pelo manejo e rapidez no preparo da refeição, enquanto elas conversavam.Dona Izabel prestava serviços no abrigo nas quartas e sextas-feiras. Sempre que chegava, corria para ajudar Eveline.Com o vínculo de amizade que criaram, a senhora a convidou para passar o domingo com ela, almoçarem juntas e irem à igreja."Agradeço pelo convite Dona Bel, estava mesmo com saudades de ir à igreja, sempre ia aos domingos para missa com minha avó Marrie."Eveline era grata por ter conquistado a primeira amizade na capital.As duas combinaram de ir à igreja no domingo e depois almoçarem na casa de Dona Izabel. A senhora anotou o endereço com as instruções de como chegaria a seu condomínio.No domingo, Eveline acordou ansiosa, se arrumou, pegou o ônibus e localizou o endereço da amiga.Ela ficou impressionada com o belo apartamento que a senhora vivia.Dona Izabel era uma senhora modesta, porém, residia em uma região nobre da cidade, em um luxuoso condomínio, um apartamento de quatro quartos, com decoração e mobília requintada e uma sacada ampla.Era uma senhora viúva, mãe de três filhos, Ceci e Pietro, que moravam no exterior, já Brennan, era advogado e estava fora do estado em treinamento na Academia da Polícia Federal, pois tinha passado no concurso para investigador.Não demorou muito, as duas saíram para a igreja... Durante o culto, Eveline agradeceu, pois naquele dia ela completaria dezoito anos.Ela não contou nada para Dona Izabel sobre seu aniversário, para não ser inconveniente. Completou ano sem nenhuma comemoração. À noite, seu namorado Maycon e sua amiga Keille ligaram para cantar parabéns.[...]Quando voltaram da igreja, Dona Izabel começou a apresentar a família para a jovem, apontando para os porta-retratos expostos na estante e no aparador.Eveline ficou encantada com a beleza dos seus filhos, entretanto, quem chamou mais sua atenção, foi o filho mais velho, o Advogado Brennan Di Moretti, de 28 anos...As duas almoçaram em um clima agradável, batiam papo, davam risadas, tomavam vinho e contavam histórias...No final do dia, Eveline agradeceu a receptividade e retornou para seu quartinho de pensão.Dona Izabel admirava cada dia mais Eveline, por ser tão jovem, audaciosa e cheia de sonhos. Sensibilizada com sua história, a senhora fez um convite para que ela fosse morar no seu apartamento, já que seus filhos estavam fora e ela vivia sozinha. Eveline ficou sem jeito em aceitar o convite, falou que iria pensar e logo daria uma resposta durante a semana. Os dias passaram, Eveline estava muito pensativa, queria um lugar para ficar, ao mesmo tempo, não queria incomodar a nova amiga.Ela refletiu nos pós e contra. O endereço ficava próximo ao Campus da universidade e também iria ter mais privacidade, um quarto só para si e uma pessoa que pudesse contar e conversar. Decidida, a jovem pegou o seu celular e ligou para a senhora, dizendo que aceitaria o convite de morar um tempo no apartamento dela, queria fazer uma experiência!No final de semana seguinte, ela arrumou suas coisas, pegou um táxi e mudou-se para o apartamento de Dona Izabel. Ao chegar, foi recebida pela empregada Salete
“Meu amor!!! Que horas você chegou? Porque não avisou, filho? Estou tão feliz que você está aqui em casa, estava morrendo de saudades! Ainda bem que Eveline tá aí adiantando a janta."Dona Izabel acolheu o filho com ternura e apresentou sua amiga:"Filho, deixa eu te apresentar, essa é Eveline, nos conhecemos no abrigo que eu presto serviços voluntários, fiz o convite para ela morar aqui em casa, por enquanto.” “Eveline, esse é meu filho mais velho, Brennan!” Ela apresentou o filho, toda orgulhosa! “A gente se conheceu agora a pouco!” Disse Eveline, ainda envergonhada. “Tá ok mãe, tudo bem! Desculpa não ter avisado! Só queria fazer uma surpresa.” “E eu adorei, filho! Venha, vamos jantar!” Todos se dirigiram à mesa. “E como estão as coisas por lá? Seu treinamento acabou?” “Ah, mãe você já sabe! A gente se fala quase todo dia. Não vou mais voltar, pois o treinamento continuará aqui na capital mesmo.” “Que maravilha, amor!! Vamos ficar juntos de novo, quero cuidar de você, estav
“E ai Eveline, está gostando de morar com minha mãe? “Estou sim, Dona Izabel é uma pessoa gentil e altruísta, sou muito grata por ter me acolhido aqui.” “Me fala, quantos anos você tem?” “Tenho dezoito anos.” “Nossa! achei que tinha mais.” Brennan soltou um riso, se surpreendendo com a idade da moça.“Me conta um pouco sobre sua família e sua história?” Ela ganhou confiança e começou relatar: “Sou filha única e morava com minha avó no interior, saí de casa para estudar pedagogia aqui na capital.” Curioso, ele continuava a interrogar: “E seus pais?” “Meu pai, eu nunca conheci, minha mãe faleceu quando eu tinha oito anos.” “Mas, de toda família, só tem você e sua avó?” “Tem o meu tio Otávio, ele não morava com a gente, mas, sempre vinha nos visitar.” “Você tem namorado?” Perguntava Brennan obstinado. “Tenho sim, ele mora no Canadá, conversamos bastante por telefone e rede social.” “Vocês nunca se viram?” “Não! A gente não tem condições de viajar para nos encontrar e tamb
“Tá, mãe... Eu também vou sair, vou me encontrar com uns amigos para aproveitar o final de semana.” Eveline, trabalhou na sexta, no sábado e no domingo. Na segunda-feira, estava exausta para o estágio no abrigo. Quando acordou, o café já estava pronto e se sentou à mesa. Brennan a esperava para tomar café juntos, aproveitando a oportunidade para puxar assunto. “Me conta, como foi seu final de semana?” Ele a sondava, cheio de malícia, procurando espiona-la. “Foi bom e cansativo. Trabalhei todas as noites do final de semana, cheguei aqui já tarde, exausta, em silêncio para não acordar vocês.” Toda atenciosa e espontânea, ela foi explicando o que ela fazia no trabalho, sem perceber a desconfiança de Brennan. Eveline era uma moça imatura, cheia de sonhos, vivendo no maior perrengue, lutando para sobreviver. A última coisa que faria para conseguir dinheiro, seria se prostituir, pois estava se resguardando para o Maycon, fazia planos de casar-se e ter filhos. Ela sempre sonhou em fo
Envergonhada, Eveline não sabia como se portar na frente de Brennan, ela adorava comida japonesa, apesar da fome, se conteve e foi comendo aos poucos, até saciar-se. Aproveitando a ocasião, Brennan começou a puxar assunto, perguntando sobre o relacionamento dela: “Me fala mais sobre seu ‘Foreign boyfriend’ (Namorado estrangeiro)” “Ah... ele é carinhoso, super educado, gentil, cavalheiro...” Eveline descrevia o namorado com um ar de paixão. “Você gosta dele?” Continuou Brennan “Sim, faz uns dois anos que a gente tá junto.” “E ele, gosta de você?” “Hum, eu acho que sim!” Ela respondeu, sem jeito. “Você não acha que ele procura outras mulheres lá no Canadá? Pois nós homens temos necessidades e é muito difícil controlar a vontade de sexo.” Brennan falou desinibido. Eveline ficou corada de vergonha, desviou o olhar e encheu a boca de sushi. Depois de alguns segundos, respondeu: “Eu sei que ele é fiel, Maycon jamais me trairia!” A moça acreditava cegamente na lealdade do namor
Muito angustiada, ela perguntou: “Mas, o que eu fiz?”O policial respondeu: “De acordo com o mandado: Furto, agressão e falsidade ideológica.”Ela entrou em pânico! começou a chorar dizendo que era um engano. Em prantos, pediu ajuda Brennan, que era advogado:“Brennan, por favor, me ajuda, não deixe eles me levarem, isso foi um grande equívoco, Deus sabe!”“Fique calma, Eveline, a gente vai resolver! Mas, como eles têm um mandado, você precisa ir para esclarecer os fatos.” Explicou Brennan, tranquilizando a jovem. Os policiais tentaram algemar a moça, que resistiu ficando mais transtornada ainda. Brennan interveio, se apresentando como policial federal.Para amenizar a situação, conversou com os colegas pedindo para eles não algemá-la, garantindo que ela não iria resistir à prisão! Eveline acompanhou os policiais como um animal capturado. Brennan prometeu que iria até a delegacia, em seguida, tentar judá-la.Dona Izabel participava de tudo incrédula e boquiaberta, não sabia o que
“Obrigado por esclarecer os fatos, vou encaminhar seu depoimento ao fórum e o juiz irá agendar uma audiência para dar um desfecho ao caso.” O delegado analisou que não eram crimes graves, Eveline justificou todos os delitos e também era menor de idade quando cometeu. No máximo poderia receber uma média socioeducativa, mas iria depender do juiz. O Delegado reuniu todos os envolvidos e explicou a situação, informando, que o caso iria para o fórum. “Senhor Otávio, já que sua mãe foi a principal vítima, ela poderá ser intimada para testemunhar.”Explicou o delegado.“Não será possível, pois minha mãe faleceu há quase um mês!” Eveline ao ouvir sobre a morte da avó, despencou no chão, sendo amparada por Brennan. Ela chorava descontrolavelmente, sentindo-se culpada pela morte da avó e por não ter despedido.Brennan levou Eveline para casa, no caminho, ela não falou nada, apenas pensava em toda situação com lágrimas nos olhos. Ele iniciou conversa:“Sinto muito pela sua avó!” Ela chorou a
Eveline estava muito tranquila com o desfecho da audiência. Ela continuou sua rotina de sempre, trabalhando, estudando e conversando com seu namorado e com sua amiga keille. Tinha concluído o primeiro semestre da faculdade e estava de férias.Já Brennan, sempre estava trabalhando bastante, à noite também estudava, porque pretendia participar do processo seletivo de uma vaga para delegado na polícia, nos finais de semana frequentava baladas com os amigos.Durante a semana, Brennan resolveu visitar sua mãe, mas ela estava em um evento da igreja, Salete já tinha ido embora. Ele encontrou Eveline adiantando a janta, ela estava de shortinho jeans e regata, estava calor nesse dia, deixando Brennan tenso ao vê-la com aquele look. Eveline ficou surpresa com a visita, o cumprimentou e perguntou se ele queria jantar. Ele respondeu que sim, pois ainda não tinha jantado. Os dois se serviram. Durante a refeição, Brennan perguntou:“Como está indo a faculdade e o trabalho?”“O trabalho está indo