Seis

— Como você consegue ficar naquele quartinho? — pergunta. — Costumo ficar sem ar.

— Eu cheguei aqui hoje, então não fiquei muito tempo lá dentro.

Ele balança a cabeça e se levanta. Louis sobe e eu vou atrás dele. Entramos em seu quarto. A jaqueta estava jogada no chão.

— Por que no chão e não na cama? — pergunto.

— Caiu.

Ele sorri sem graça e pega a jaqueta do chão.

— Ótimo. — sorrio. — Onde tem toalhas?

— Embaixo da pia.

— Obrigada.

Ele assente e fica parado.

— Louis você não vai descer?

— Por quê?

— Você vai ficar aqui? Esperando-me acabar?

— Algum problema?

— Eu não vou mexer nas suas coisas e nem roubar nada, se é o que está pensando.

— Não pensei nisso. Nunca pensaria isso de você.

— Mas você nem me conhece. Pode pensar o que quiser.

— Menos isso. — ele se ajeita. — Vou esperar lá em baixo. Fica à vontade.

Antes que eu pudesse falar algo, ele sai e fecha a porta.

Vou para o seu banheiro. Eu não demoro, para que Louis não decida voltar e me checar. Assim que acabo o banho, agarro nas minhas roupas e saio do quarto. Desço as escadas devagar e posso escutar Louis falar:

— Adam, nem pensar.

.....

— Só mês que vem.

.....

— Tenho meus motivos, me deixa.

Ele se vira e me vê.

— hmm... Adam depois a gente se fala.

.....

— Cala a boca e vai cortar esse cabelo! — ele desliga. — Há quanto tempo você está aí?

— Não prestei atenção na sua conversa, se é o que quer saber. — termino de descer as escadas. — São que horas?

Ele olha o relógio.

— Três e meia.

— Oh, tenho que ir buscar suas irmãs.

Corro para o quartinho. Deixo minhas roupas em cima da cama e passo a escova no meu longo cabelo. Deixo-o solto. Apenas calço chinelos e visto minha jaqueta. Saio do quartinho e Louis está de pé, do lado da porta.

— Por que você fica me encarando assim? — pergunto.

— Nada Emily! — ele suspira. — Vamos?

— Aonde?

— Vou com você buscar minhas irmãs.

— Tudo bem.

Ele abre a porta da casa e eu saio primeiro. Caminhamos lado a lado e em silêncio. As pessoas gritavam por Louis e acenavam. Algumas meninas tiravam fotos.

Solto uma risada.

— O que foi? — pergunta.

— Nada.

— Diz, Emily!

— Nunca andei ao lado de um famoso. Só isso.

Ele ri.

— Aqui eu não me sinto assim. — ele coloca as mãos nos bolsos. — Apenas me sinto livre... me sinto...

— Em casa. — completo sua frase.

— É. — ele sorri de novo.

Chegamos na escola das meninas e as crianças já estavam sendo liberadas. Algumas menininhas olhavam para Louis e pediam abraços. Ele não recusava um.

— LOU!

Olho para a frente e vejo as duas menininhas loiras correrem até nós. Louis se abaixa e abre os braços para receber as irmãs.

— Oi meus amores. — ele abraça as duas. — Como foi a aula?

— Um saco! — Ayla diz e j**a a cabeça para trás. — EMILY!

— OI!

— Vamos tomar sorvete ainda? — ela pega minha mão e a balança.

— Por que não pergunta ao seu irmão? Não tenho nenhum poder perto dele.

Ela olha para o irmão.

— Vamos, Lou?

— Claro que sim. — diz. — Vamos!

Ele pega na mão das duas e as puxa. Lis pega na minha mão, solta a de Louis e dá a volta, fazendo eu ficar do lado dele.

— Pega na mão dele! — ela diz.

— Lis! — a repreendo.

De nada adiantou repreende-la, já que seu irmão pegou meu braço e entrelaçou ao dele. O olho, mas ele não me olha de volta.

Vamos até a soverteria. As meninas correm para fazer seus pedidos e eu retiro meu braço, envergonhada.

— Quer de que? — pergunta.

— Pode ser chocolate.

Ele pede dois de chocolate. Depois de pagar, vamos para a mesa em que as meninas estavam sentadas. Ayla estava de um lado e Lis do outro. Sento do lado de Lis.

— Emily, — Ayla diz e eu a olho — você tem namorado?

Louis me olha.

— Não, querida.

— Por que não? Você é muito bonita. Não é Lou?

— É. — ele sorri de lado e coloca a colherzinha com sorvete na boca. — Muito bonita.      

 [...]

Depois que as meninas acabaram o sorvete, voltamos para casa. Assim que entramos, Elizabeth se surpreende ao ver o filho.

— Louis! — ela abre os braços e abraça ele. — Pensei que só chegasse na sexta!

— Tive uns probleminhas.

— LOU! — Kiara e Arabella descem as escadas correndo e abraçam o irmão.

Eu estava de lado olhando tudo e sorrindo feito uma boba.

— Bem, pelo visto já conheceu a Emily! — Elizabeth diz e Louis me olha.

— Sim. Conheci. — ele sorri. — Mas o que houve com a outra?

— As gêmeas cansaram aquela senhora coitada. Então eu conheci a Emily. Nova, forte e saudável. E as meninas gostaram dela de primeira.

— Eu também. — ele diz.

Baixo a cabeça envergonhada.

— Ér... Emily — olho para ela. — Leva as gêmeas para trocar de roupa e fazer a lição. Só depois estão liberadas para ver o que quiserem.

Assinto para ela.

— Vamos lá meninas? — cada uma segura em uma mão minha.

— Emily vamos ver filme depois?

— Claro que sim. O que vocês quiserem. Mas só depois da lição.

— Você me ajuda? — Ayla pergunta. — É muito difícil.

— Ajudo, princesinha.

Terminamos de subir as escadas e as duas largam as mochilas no chão. Enquanto elas se despem, eu pego as mochilas e coloco na cama. Elas vestem outra roupa e pulam na cama.

— Vocês são da mesma turma? — pergunto.

— Sim. Mas mamãe não deixa a gente copiar a lição de ninguém.

— Ela está certa, Ayla! — ela tira o caderno da mochila — Se você ficar copiando de outras pessoas, nunca vai aprender.

— Então me ensina, Emily!

Ela abre o caderno.

— Quer ajuda também Lis?

— Não. — diz, já escrevendo algo. — Eu sei o que fazer.

— Tudo bem. Vamos ao trabalho Ayla.

[...]

Depois de quase uma hora, escrevendo e apagando, Ayla conseguiu terminar a lição. Aí elas começaram uma discussão sobre qual filme ver.

— Quero ver bob esponja! — Lis diz.

— Eu quero ver Meu Malvado Favorito! — Ayla rebate.

— EMILY! — gritam juntas.

— Qual o problema aqui?

Olho para a porta e encaro Louis.

As meninas começam a tagarelar sobre o filme.

— Para, para! — ele diz e se aproxima. — Por que não veem um filme diferente?

E elas começam a falar - JUNTAS - sobre as vantagens de ver os filmes que escolheram.

— Oh meu Deus. — ele diz.

Solto uma risada.

— Que foi Emily?

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