Paula terminou o brigadeiro e foram para o quarto assistir a um filme e continuar a conversa entre uma colherada e outra de brigadeiro.
- Amiga, estou pensando aqui. – Disse Paula.
- Sou toda ouvido. – Respondeu Júlia.
- Porque você não vai viajar, tire um ano sabático. Aproveite para conhecer lugares, pessoas. Depois você decide se quer continuar seguindo como advogada ou vai procurar outra profissão.
- Sabe que eu já tinha pensado nisso? Pensei em alugar o apartamento e sair por aí, viver do aluguel e das minhas economias. Aí quando o dinheiro acabar eu volto e procuro um emprego ou recomeço do zero.
- Está decidido! Você vai fazer isso!
- Isso são só ideias no momento.
- Não são não. Você tem que chegar segunda no escritório, falar com a Luciana, passar todos os seus processos para ela e simplesmente partir. Eu cuido do aluguel do apartamento. Sou boa nisso!
- Não dá para tomar uma atitude dessas sem pensar direito. São muitas coisas em jogo. Tem processos que estou trabalhando há anos e posso perder muito dinheiro.
- Nada pode valer mais que sua felicidade, sua paz.
- Nisso você está certa!
- Sempre estou certa, meu bem. – Paula sorriu.
- Vou conversar com a Lu na segunda. Ver o que ela acha disso. Ver se ela tem interesse em assumir tudo sozinha.
- Tenho certeza que ela vai topar!
- Não sei se ela dará conta sozinha. Só se ela contratar mais um advogado para ajudar.
- Isso que você deveria ter feito faz tempo.
- Talvez. – Júlia respondeu.
- Agora vamos assistir este bendito filme que já está no meio e eu nem sei como é a história. – Paula brincou.
- Sim senhora sargentona! – Júlia respondeu se divertindo com a situação.
Passaram o dia todo comendo besteiras e conversando sobre diversos assuntos, além de assistirem três filmes.
- A hora hoje voou. Já está tarde. Preciso ir embora. Combinei com o Matheus de ir jantar na casa da mãe dele. Mas amanhã passo aqui de novo, viu? – Paula começou a se despedir.
- Quero te agradecer mais uma vez por sempre estar ao meu lado, por me aconselhar, brigar comigo... – Júlia disse visivelmente emocionada.
- Sei que você faria o mesmo por mim.
- Faria mesmo. Mas graças a Deus você está vivendo um ótimo momento. Fico muito feliz por você ter encontrado um grande amor e estar evoluindo na sua profissão.
- Graças a Deus mesmo! Nossa! Não aguentava mais passar perrengue com homem. Agora quero sossego.
- Tudo que eu quero também. Só que no meu caso agora quero ficar sozinha mesmo. Tenho que entender que eu me basto. Que homem é só complemento.
- Nossa, que orgulho estou de você! Isso aí! Assim é que se fala. Agora quero ver a atitude.
- Segunda vou conversar com a Lu. Se der tudo certo com ela, vou sair por aí, sem rumo.
- Viva! Ah como eu estou feliz com suas palavras! Já vou começar a divulgar seu apartamento para os amigos. Depois venho para tirar fotos e divulgar para os outros.
- O que seria de mim sem você?
- Não seria nada! – Paula sorriu diabolicamente.
- Você definitivamente não presta. – Finalizou Júlia.
- Bom, o papo está bom, mas preciso ir senão vão ser duas solteiras andando pelo mundo.
- Vai lá! E manda um abraço para o Matheus.
- Pode deixar! Beijos! Te amo!
- Também te amo muito!
Júlia então trancou a porta e foi tomar um banho enquanto refletia sobre tudo o que conversou com Paula. Percebeu que realmente tirar um ano sabático seria uma excelente opção para voltar com as energias renovadas e decidir o que fazer de sua vida.
Saiu do banho, colocou um pijama e foi para a cozinha preparar um jantar, afinal não comeu nada saudável durante o dia todo.
Optou por fazer uma salada de alface, tomate, palmito e milho. Fez também um arroz branco e um bife bastante acebolado.
Após a refeição decidiu se deitar, pois estava cansada. Havia acordado muito cedo e teve um dia cheio de emoções e reflexões. Assim, rapidamente pegou no sono.
Dormiu tão profundamente que só acordou às onze horas. Acordou, foi para o banheiro fazer sua higiene matinal e depois para a cozinha procurar algo leve para comer. Mas chegando na cozinha descobriu que precisava tomar um belo café com leite e comer um pão com manteiga. Então decidiu ir até a padaria, que fica na esquina de seu prédio buscar um pão quentinho. O cheiro estava tão gostoso na padaria que decidiu tomar seu café por lá mesmo. Ficou por um bom tempo saboreando seu café e observando as pessoas ao seu redor. Esqueceu-se completamente do tempo. E acabou percebendo que há muito tempo não sentia aquela paz que estava sentindo naquele momento. Chegou à conclusão de que acertou na decisão que tomou com a ajuda de Paula. Assustou-se quando seu telefone tocou. Era Paula: - Bom dia flor do dia! – Atendeu Júlia - Que bom dia, menina? Você tem noção
A viagem transcorreu como o esperado e às quatro horas da tarde ela parou em frente à pousada. O local era realmente lindo. A fachada da pousada era de madeira, com algumas plantas penduradas pela parede e uma rede entre duas das colunas que seguravam uma aconchegante varanda. Na frente havia um lindo jardim, com coqueiros rodeados por flores coloridas. Havia também um pergolado com um convidativo sofá redondo e mais algumas plantas cuidadosamente dispostas. Ao olhar a vista que o local possuía, se deparou com uma linda praia, com diversos coqueiros espalhados e algumas pedras. Tudo parecia convidativo e romântico, o que a fez imaginar que seria mais interessante se ela estivesse chegando acompanhada ao local. Pegou suas malas e seguiu em direção à recepção, que era um local pequeno, porém com um ambiente praiano, com um leve tom romântico; luminárias antigas e alguns filt
Júlia então trancou a porta e finalmente pode prestar atenção em todos os detalhes do quarto. Era um quarto simples, com uma cama, uma mesa de estudos e refeição, um painel com uma tv, um aparelho de telefone e um de ar condicionado, e a pouca decoração que tinha era feita com palha e concha. Tudo impecavelmente limpo. Sentou-se na cama e ficou pensando se não estaria ficando louca em se aventurar sozinha, desbravando lugares, sem se preocupar com trabalho ou contas a pagar. Mas por fim concluiu que merecia um descanso. Que merecia um pouco de paz. Tomou um banho, colocou uma roupa leve e deitou-se para descansar um pouco. Como estava há alguns dias sem dormir direito e agitada organizando tudo para a viagem, logo pegou no sono. Já eram nove horas quando alguém lhe despertou de seu sono, ligando para o telefone do quarto: - Oi – Atendeu ainda sonolenta.
Às oito horas despertou depois de dormir uma noite inteira sem pesadelos ou ter insônia. Arrumou-se e desceu para o café Dessa vez era Laís quem estava na recepção. - Bom dia, Laís! - Bom dia! Dormiu bem? - Como uma pedra! – Respondeu à Lais. - Está gostando daqui? - Muito! Acho que você tinha razão. - Eu sei. – Brincou Laís. - Ontem quase morri de vergonha quando o Fred teve que me acordar para jantar. Perdi totalmente a hora. - É que você estava muito cansada. - Estava mesmo. Mas falando em janta. Que comida é aquela? Nossa! Deliciosa! - Dona Maria é famosa por seu tempero. A comida dela realmente é maravilhosa. Isso porque não experimentou o peixe-frito que ela faz. É dos deuses. -
Já era quase meio dia quando resolveu voltar para a pousada, cheia de sacolas. Quando chegou encontrou Laís rindo do tanto de sacola que carregava. - Eu sabia que você ia gostar. - Como não gostar. É o paraíso. Tive que me esforçar para não comprar muita coisa. Nem poderia ter comprado tudo isso. Sorte que senti fome, senão ainda estava lá, gastando meu rico dinheirinho – Riu. – Bom, vou lá guardar tudo e desço para almoçar. Você vai almoçar agora? - Tenho que esperar o Fred chegar para ficar no meu lugar. Mas ele já deve estar chegando. - Bom que você me faz companhia. Se quiser, é claro. - Claro que quero. Adoro conversar com você. Júlia fez um sinal de coração com as mãos e subiu as escadas rumo ao seu quarto. Quando desceu já encontrou Fred junto de Laís na recepção.
Deixou suas coisas na areia e deu um mergulho no mar. Estava verdadeiramente encantada com o lugar. Fazia muito tempo que não se sentia tão leve e em paz consigo mesma. Voltou para a areia, estendeu sua canga e acomodou-se para garantir um bronzeado. Ficou admirando a paisagem quando de repente viu um surfista saindo do mar. Parecia uma cena de filme, onde um moreno molhado e malhado, com uma prancha debaixo do braço corre em direção à mocinha. Prendeu a respiração, que neste momento já estava ofegante. Era impressionante como Fred mexia com seus hormônios. Precisava fugir daquele lugar, senão estaria encrencada, pensou ela. Mas seus pensamentos foram interrompidos por ele, que percebeu sua presença e se sentou ao seu lado. - Curtindo nossa praia? Ele perguntou. - Esse lugar é incrível. Estou apaixonada. – Respondeu. - Eu sempre vivi aqui e confesso que não trocaria esse l
Após tomar um banho, se arrumou como há tempos não fazia. Em seu inconsciente sabia que estava se arrumando para ver Fred, mas se esforçava para se convencer de que era somente porque merecia estar bonita. Quando desceu as escadas percebeu que novamente Fred lhe olhava fixamente. Dessa vez ele não fez questão de disfarçar. E lhe rendeu elogios. - Nossa! Você está linda! Parece uma miragem! Júlia, por sua vez, ficou constrangida com os elogios inesperados e se limitou em agradecer. - Obrigada! – Falou enquanto sentia seu rosto ruborizado. – Deixa eu ir jantar que estou faminta. – Disse ao final. - Bom apetite. Chegando na sala de jantar encontrou dona Maria que veio em sua direção. - Oi minha filha. Fiquei o dia todo pensando na nossa conversa. Fiz o jantar pensando em você. Espero que te faça feliz mai
Às dez horas acordou assustada com Laís lhe telefonando para avisar do horário do café. - Oi Laís, bom dia! Pode falar para a dona Maria que não precisa me esperar. Estou sem fome. Depois eu como qualquer coisa antes do almoço. - Você está bem? - Fui dormir muito tarde ontem. Tive insônia. Então aproveitei para dormir até mais tarde. Mas está tudo bem sim. - Você estava dormindo bem aqui. Aconteceu algo? - Na hora do almoço eu te conto umas coisas. - Nunca fale isso para uma pessoa ansiosa! – Ordenou. – Não vou conseguir ficar esperando até na hora do almoço para saber. Se eu deixar a recepção sozinha e subir aí, a culpa é sua. – Brincou. - Cadê a responsabilidade, garota? – Júlia se divertiu. – Prometo que depois te conto tudo. - Só uma pergunta...posso?