A viagem transcorreu como o esperado e às quatro horas da tarde ela parou em frente à pousada.
O local era realmente lindo. A fachada da pousada era de madeira, com algumas plantas penduradas pela parede e uma rede entre duas das colunas que seguravam uma aconchegante varanda. Na frente havia um lindo jardim, com coqueiros rodeados por flores coloridas. Havia também um pergolado com um convidativo sofá redondo e mais algumas plantas cuidadosamente dispostas.
Ao olhar a vista que o local possuía, se deparou com uma linda praia, com diversos coqueiros espalhados e algumas pedras.
Tudo parecia convidativo e romântico, o que a fez imaginar que seria mais interessante se ela estivesse chegando acompanhada ao local.
Pegou suas malas e seguiu em direção à recepção, que era um local pequeno, porém com um ambiente praiano, com um leve tom romântico; luminárias antigas e alguns filtros dos sonhos feitos com conchas pendurados nas paredes completavam a decoração. Havia também um sofá, uma televisão e um balcão onde estava uma jovem, de aparentemente uns vinte e cinco anos, morena bronzeada, olhos negros e de uma simpatia imensurável.
Júlia foi então falar com a recepcionista:
- Oi, boa tarde! – Disse.
- Boa tarde! – Respondeu a recepcionista.
- Meu nome é Júlia, deixei reservado um quarto para hoje.
- Muito prazer, Júlia! Meu nome é Lais. Será um prazer ter você aqui conosco. Poderia preencher esta ficha, por favor?
- Claro!
- Pretende ficar quantos dias aqui?
- Ainda não sei. A princípio ficarei este final de semana, mas se eu gostar da cidade, pretendo estender mais este tempo.
- Ah, então você vai se mudar pra cá, porque nossa cidade é mágica. Além de linda tem um povo muito simpático. Eu mesma vim passar férias e acabei ficando.
- Que a cidade é linda eu já percebi mesmo. E amei a pousada. Não deixou nada a desejar das fotos que vi na internet. A vista é linda!
- Realmente somos privilegiados.
- Não é qualquer um que tem uma vista dessa do seu trabalho. Você é privilegiada mesmo.
- Tirei a sorte grande. Aqui além do lugar ser lindo, tenho um chefe muito tranquilo, convivo com pessoas incríveis e ainda posso conhecer pessoas novas sempre.
- Se continuar falando desse jeito roubarei seu emprego, viu? Júlia brincou.
- Isola! Laís gargalhou.
- prontinho. Preenchido.
- Muito obrigada! Vou te mostrar seu quarto.
- Ótimo! Sou eu que agradeço!
- Vamos lá?
- Claro!
Júlia seguiu Laís pelas escadas. Logo que acabaram de subir, Laís parou em uma porta, número duzentos e três. Abriu e em seguida deu espaço para ela entrar.
- Este é seu quarto. Espero que goste. Não possuímos serviço de quarto, mas temos um frigobar com algumas guloseimas e água. Você também pode colocar o que quiser nele. Ah, servimos também café da manhã, almoço e jantar. O café é servido a partir das sete, até as dez horas, o almoço das onze às duas horas da tarde e o jantar das sete às nove da noite. O café da manhã está incluso no valor, mas caso opte por fazer todas as refeições aqui, conseguimos um desconto no valor total.
- Que legal! Vou querer a pensão completa sim. Facilita muito para mim.
- Certo, vou deixar anotado na sua ficha.
- Obrigada!
- Bom, vou deixar você descansar agora.
- Muito obrigada!
- Imagina!
Júlia então trancou a porta e finalmente pode prestar atenção em todos os detalhes do quarto. Era um quarto simples, com uma cama, uma mesa de estudos e refeição, um painel com uma tv, um aparelho de telefone e um de ar condicionado, e a pouca decoração que tinha era feita com palha e concha. Tudo impecavelmente limpo. Sentou-se na cama e ficou pensando se não estaria ficando louca em se aventurar sozinha, desbravando lugares, sem se preocupar com trabalho ou contas a pagar. Mas por fim concluiu que merecia um descanso. Que merecia um pouco de paz. Tomou um banho, colocou uma roupa leve e deitou-se para descansar um pouco. Como estava há alguns dias sem dormir direito e agitada organizando tudo para a viagem, logo pegou no sono. Já eram nove horas quando alguém lhe despertou de seu sono, ligando para o telefone do quarto: - Oi – Atendeu ainda sonolenta.
Às oito horas despertou depois de dormir uma noite inteira sem pesadelos ou ter insônia. Arrumou-se e desceu para o café Dessa vez era Laís quem estava na recepção. - Bom dia, Laís! - Bom dia! Dormiu bem? - Como uma pedra! – Respondeu à Lais. - Está gostando daqui? - Muito! Acho que você tinha razão. - Eu sei. – Brincou Laís. - Ontem quase morri de vergonha quando o Fred teve que me acordar para jantar. Perdi totalmente a hora. - É que você estava muito cansada. - Estava mesmo. Mas falando em janta. Que comida é aquela? Nossa! Deliciosa! - Dona Maria é famosa por seu tempero. A comida dela realmente é maravilhosa. Isso porque não experimentou o peixe-frito que ela faz. É dos deuses. -
Já era quase meio dia quando resolveu voltar para a pousada, cheia de sacolas. Quando chegou encontrou Laís rindo do tanto de sacola que carregava. - Eu sabia que você ia gostar. - Como não gostar. É o paraíso. Tive que me esforçar para não comprar muita coisa. Nem poderia ter comprado tudo isso. Sorte que senti fome, senão ainda estava lá, gastando meu rico dinheirinho – Riu. – Bom, vou lá guardar tudo e desço para almoçar. Você vai almoçar agora? - Tenho que esperar o Fred chegar para ficar no meu lugar. Mas ele já deve estar chegando. - Bom que você me faz companhia. Se quiser, é claro. - Claro que quero. Adoro conversar com você. Júlia fez um sinal de coração com as mãos e subiu as escadas rumo ao seu quarto. Quando desceu já encontrou Fred junto de Laís na recepção.
Deixou suas coisas na areia e deu um mergulho no mar. Estava verdadeiramente encantada com o lugar. Fazia muito tempo que não se sentia tão leve e em paz consigo mesma. Voltou para a areia, estendeu sua canga e acomodou-se para garantir um bronzeado. Ficou admirando a paisagem quando de repente viu um surfista saindo do mar. Parecia uma cena de filme, onde um moreno molhado e malhado, com uma prancha debaixo do braço corre em direção à mocinha. Prendeu a respiração, que neste momento já estava ofegante. Era impressionante como Fred mexia com seus hormônios. Precisava fugir daquele lugar, senão estaria encrencada, pensou ela. Mas seus pensamentos foram interrompidos por ele, que percebeu sua presença e se sentou ao seu lado. - Curtindo nossa praia? Ele perguntou. - Esse lugar é incrível. Estou apaixonada. – Respondeu. - Eu sempre vivi aqui e confesso que não trocaria esse l
Após tomar um banho, se arrumou como há tempos não fazia. Em seu inconsciente sabia que estava se arrumando para ver Fred, mas se esforçava para se convencer de que era somente porque merecia estar bonita. Quando desceu as escadas percebeu que novamente Fred lhe olhava fixamente. Dessa vez ele não fez questão de disfarçar. E lhe rendeu elogios. - Nossa! Você está linda! Parece uma miragem! Júlia, por sua vez, ficou constrangida com os elogios inesperados e se limitou em agradecer. - Obrigada! – Falou enquanto sentia seu rosto ruborizado. – Deixa eu ir jantar que estou faminta. – Disse ao final. - Bom apetite. Chegando na sala de jantar encontrou dona Maria que veio em sua direção. - Oi minha filha. Fiquei o dia todo pensando na nossa conversa. Fiz o jantar pensando em você. Espero que te faça feliz mai
Às dez horas acordou assustada com Laís lhe telefonando para avisar do horário do café. - Oi Laís, bom dia! Pode falar para a dona Maria que não precisa me esperar. Estou sem fome. Depois eu como qualquer coisa antes do almoço. - Você está bem? - Fui dormir muito tarde ontem. Tive insônia. Então aproveitei para dormir até mais tarde. Mas está tudo bem sim. - Você estava dormindo bem aqui. Aconteceu algo? - Na hora do almoço eu te conto umas coisas. - Nunca fale isso para uma pessoa ansiosa! – Ordenou. – Não vou conseguir ficar esperando até na hora do almoço para saber. Se eu deixar a recepção sozinha e subir aí, a culpa é sua. – Brincou. - Cadê a responsabilidade, garota? – Júlia se divertiu. – Prometo que depois te conto tudo. - Só uma pergunta...posso?
Tomou um banho demorado, escolheu um vestido bem praiano, leve, soltinho e bem curto. Optou por prender o cabelo de lado, amarrou com um laço em formato de flor. Fez uma maquiagem leve, porém que destacasse seus olhos. Caprichou no perfume. – Até que estava bonita. Concluiu ao se olhar pela décima vez no espelho. Às sete horas, como combinado, desceu as escadas para esperar por Laís. Quando Fred a viu, ficou calado. - Oi Fred! Ela disse. - Oi! Está muito bonita!... A Laís disse que te levará no luau. - Sim. Ela quer me mostrar as coisas interessantes daqui. - Não vai pela cabeça dela hein, por favor! - Pode ficar tranquilo. Só quero aproveitar ao máximo está cidade. Conhecer pessoas diferentes. - Tem como eu te proibir de ir? – Fred disse preocupado, fazendo com que ela caísse na gargalhada.
Acordou às nove horas. Fez sua higiene e desceu para o café. Encontrou Fred na recepção.- Bom dia! Cadê a Laís?- Bom dia! Ela está de folga hoje.- Estou me sentindo uma pessoa muito má por ter te deixado esperando até altas horas sendo que você teria que começar a trabalhar bem cedo. Perdoe-me?- Pode ficar tranquila. Não se preocupe. Eu dormi aqui. Sentado, mas dormi.- Vou ficar com a consciência pesada para sempre.- Já sei como compensar isso.- Como? Tenho até medo da resposta. – Disse ela rindo.- O que realmente queria era isso que você pensou mesmo, mas como não podemos, pode ser um café.- Estou me sentindo igual um café