Às oito horas despertou depois de dormir uma noite inteira sem pesadelos ou ter insônia. Arrumou-se e desceu para o café
Dessa vez era Laís quem estava na recepção.
- Bom dia, Laís!
- Bom dia! Dormiu bem?
- Como uma pedra! – Respondeu à Lais.
- Está gostando daqui?
- Muito! Acho que você tinha razão.
- Eu sei. – Brincou Laís.
- Ontem quase morri de vergonha quando o Fred teve que me acordar para jantar. Perdi totalmente a hora.
- É que você estava muito cansada.
- Estava mesmo. Mas falando em janta. Que comida é aquela? Nossa! Deliciosa!
- Dona Maria é famosa por seu tempero. A comida dela realmente é maravilhosa. Isso porque não experimentou o peixe-frito que ela faz. É dos deuses.
- Já quero experimentar, então. Tem um dia certo para ela fazer? Tem um cardápio para sabermos o que será o menu do dia?
- Geralmente ela passa para mim de manhã. Mas não tem dia certo para cada prato. É sorte.
- Então espero ter essa sorte. Hoje ela já definiu o cardápio?
- Ainda não. Mas assim que ela deixar aqui eu te falo.
- Eba! – Júlia se divertiu.
- E você conheceu a praia?
- Conheci sim. Que lugar incrível! Acho que a noite é ainda mais bonito que de dia.
- A noite aqui é muito linda mesmo. Boa para namorar!
- Ah, deve ser mesmo. Pena que não vou poder saber se realmente é.
- Você tem namorado, marido?
- Não tenho, infelizmente!
- Às vezes você encontra um namorado aqui, então.
- Não estou procurando, mas...
- Vai que seu príncipe encantado é daqui.
Imediatamente veio Fred na cabeça de Júlia. Ela só podia estar endoidecendo, pensou.
- Oremos! – Brincou, Júlia. – Bom, vou tomar meu café, porque estou faminta.
- Bom apetite!
- Obrigada!
Optou por comer meio mamão, algumas torradas e um copo de café com leite. Enquanto se alimentava ficou olhando a sua volta, observando as pessoas que ali estavam. Aquele clima era realmente muito familiar, e parece que o ambiente transmitia felicidade a todos que ali estavam. Dessa vez se alimentou devagar. Não estava atrasada, então poderia curtir aquele momento.
Depois de um longo período apreciando seu café e tudo ao redor, decidiu ir passear um pouco. Parou na recepção para conversar mais um pouco com Laís:
- Acho que vou dar um passeio pela cidade. Você tem alguma sugestão de onde não posso deixar de conhecer?
- O centro é bem bonito, tem umas lojinhas maravilhosas. Acho que você vai gostar. Outro lugar que gosto bastante é o mirante...Ah, tem também a praça das flores. Rende umas fotos incríveis. E tem as praias né, mas acho essa a mais bonita de todas.
- Vou seguir suas recomendações, mas vou fazendo um pouco por vez, senão faço tudo em um dia só e depois não tem mais o que fazer. – Brincou.
Enquanto conversavam entrou uma moça loira, de olhos azuis e corpo escultural.
- Flor, você sabe me dizer onde está o Fred? – Perguntou para Laís, sem ao menos um cumprimento.
- Ainda não desceu. – Laís respondeu simplesmente, sem também cumprimentá-la.
- Ok. – Disse e seguiu em direção ao segundo andar da pousada.
- Namorada dele? – Júlia perguntou, já ansiosa pela resposta e com um leve ar de decepção.
- Infelizmente!
- Pelo pouco que conversei com ele, acho que merecia alguém menos esnobe. Estou errada, flor? Divertiu-se .
- E como merecia. Mas sabe dedo podre? Acho que são todos os dedos das mãos dele. E os dos pés também. - Laís gargalhou.
- Nem julgo. Mas, pelo menos, com ele ela é legal?
- Ele é muito reservado quando o assunto é relacionamento, e ela, já viu né? E eles quase nunca ficam por aqui. Então não sei te dizer como é a relação deles. Mas a mãe dele também não gosta muito da nora...
- Complicado hein.
O assunto acabou quando Fred desceu as escadas de mãos dadas com Amanda.
- Bom dia, meninas! – Disse ele, educado como sempre.
- Bom dia! Responderam juntas.
Fred e Amanda se dirigiram para o café e Júlia aproveitou para seguir rumo a seu passeio.
No centro se encantou com as lojinhas, como Laís havia previsto. Precisou se esforçar para não comprar muita coisa, afinal não voltaria para casa tão cedo. Aliás, nem tinha casa naquele momento.
Já era quase meio dia quando resolveu voltar para a pousada, cheia de sacolas. Quando chegou encontrou Laís rindo do tanto de sacola que carregava. - Eu sabia que você ia gostar. - Como não gostar. É o paraíso. Tive que me esforçar para não comprar muita coisa. Nem poderia ter comprado tudo isso. Sorte que senti fome, senão ainda estava lá, gastando meu rico dinheirinho – Riu. – Bom, vou lá guardar tudo e desço para almoçar. Você vai almoçar agora? - Tenho que esperar o Fred chegar para ficar no meu lugar. Mas ele já deve estar chegando. - Bom que você me faz companhia. Se quiser, é claro. - Claro que quero. Adoro conversar com você. Júlia fez um sinal de coração com as mãos e subiu as escadas rumo ao seu quarto. Quando desceu já encontrou Fred junto de Laís na recepção.
Deixou suas coisas na areia e deu um mergulho no mar. Estava verdadeiramente encantada com o lugar. Fazia muito tempo que não se sentia tão leve e em paz consigo mesma. Voltou para a areia, estendeu sua canga e acomodou-se para garantir um bronzeado. Ficou admirando a paisagem quando de repente viu um surfista saindo do mar. Parecia uma cena de filme, onde um moreno molhado e malhado, com uma prancha debaixo do braço corre em direção à mocinha. Prendeu a respiração, que neste momento já estava ofegante. Era impressionante como Fred mexia com seus hormônios. Precisava fugir daquele lugar, senão estaria encrencada, pensou ela. Mas seus pensamentos foram interrompidos por ele, que percebeu sua presença e se sentou ao seu lado. - Curtindo nossa praia? Ele perguntou. - Esse lugar é incrível. Estou apaixonada. – Respondeu. - Eu sempre vivi aqui e confesso que não trocaria esse l
Após tomar um banho, se arrumou como há tempos não fazia. Em seu inconsciente sabia que estava se arrumando para ver Fred, mas se esforçava para se convencer de que era somente porque merecia estar bonita. Quando desceu as escadas percebeu que novamente Fred lhe olhava fixamente. Dessa vez ele não fez questão de disfarçar. E lhe rendeu elogios. - Nossa! Você está linda! Parece uma miragem! Júlia, por sua vez, ficou constrangida com os elogios inesperados e se limitou em agradecer. - Obrigada! – Falou enquanto sentia seu rosto ruborizado. – Deixa eu ir jantar que estou faminta. – Disse ao final. - Bom apetite. Chegando na sala de jantar encontrou dona Maria que veio em sua direção. - Oi minha filha. Fiquei o dia todo pensando na nossa conversa. Fiz o jantar pensando em você. Espero que te faça feliz mai
Às dez horas acordou assustada com Laís lhe telefonando para avisar do horário do café. - Oi Laís, bom dia! Pode falar para a dona Maria que não precisa me esperar. Estou sem fome. Depois eu como qualquer coisa antes do almoço. - Você está bem? - Fui dormir muito tarde ontem. Tive insônia. Então aproveitei para dormir até mais tarde. Mas está tudo bem sim. - Você estava dormindo bem aqui. Aconteceu algo? - Na hora do almoço eu te conto umas coisas. - Nunca fale isso para uma pessoa ansiosa! – Ordenou. – Não vou conseguir ficar esperando até na hora do almoço para saber. Se eu deixar a recepção sozinha e subir aí, a culpa é sua. – Brincou. - Cadê a responsabilidade, garota? – Júlia se divertiu. – Prometo que depois te conto tudo. - Só uma pergunta...posso?
Tomou um banho demorado, escolheu um vestido bem praiano, leve, soltinho e bem curto. Optou por prender o cabelo de lado, amarrou com um laço em formato de flor. Fez uma maquiagem leve, porém que destacasse seus olhos. Caprichou no perfume. – Até que estava bonita. Concluiu ao se olhar pela décima vez no espelho. Às sete horas, como combinado, desceu as escadas para esperar por Laís. Quando Fred a viu, ficou calado. - Oi Fred! Ela disse. - Oi! Está muito bonita!... A Laís disse que te levará no luau. - Sim. Ela quer me mostrar as coisas interessantes daqui. - Não vai pela cabeça dela hein, por favor! - Pode ficar tranquilo. Só quero aproveitar ao máximo está cidade. Conhecer pessoas diferentes. - Tem como eu te proibir de ir? – Fred disse preocupado, fazendo com que ela caísse na gargalhada.
Acordou às nove horas. Fez sua higiene e desceu para o café. Encontrou Fred na recepção.- Bom dia! Cadê a Laís?- Bom dia! Ela está de folga hoje.- Estou me sentindo uma pessoa muito má por ter te deixado esperando até altas horas sendo que você teria que começar a trabalhar bem cedo. Perdoe-me?- Pode ficar tranquila. Não se preocupe. Eu dormi aqui. Sentado, mas dormi.- Vou ficar com a consciência pesada para sempre.- Já sei como compensar isso.- Como? Tenho até medo da resposta. – Disse ela rindo.- O que realmente queria era isso que você pensou mesmo, mas como não podemos, pode ser um café.- Estou me sentindo igual um café
Acordou às oito horas, mas como estava com preguiça ficou na cama até nove e meia. Levantou, se arrumou rapidamente e foi tomar o café. Dessa vez era Laís quem estava na recepção. --Bom dia, Flor! – Disse bem-humorada, tentando provocar Laís. - Vou chamar a Amanda aqui para bater em você, viu! - É assim que você responde meu bom dia carinhoso? - Pelo jeito hoje você acordou de bom humor. Que maravilha! - Você nunca me viu de mau humor. - Nem quero ver. Deus me livre. – Brincou. - Pensei que hoje você não viria também. - Prefere outra pessoa aqui no meu lugar, né? - A outra pessoa eu preferiria em outro lugar, gosto de você aí. - Tá safadinha hoje também? - Estou na seca, minha filha.
Apesar de não ter dormido bem, acordou muito bem-disposta. Gostaria de analisar o contrato que Fred havia firmado com Amanda e também estudar algumas possibilidades para solucionar de vez esse problema.Se levantou, tomou café, pegou o contrato que estava na recepção e foi para o quarto estudar. Deixou avisado para dona Maria que não poderia lhe ajudar na cozinha, pois precisava estudar um caso complexo.No contrato ficou estipulado que Amanda emprestaria o valor de duzentos mil reais para Fred, que pagaria mensalmente o valor de cinco mil reais, por noventa meses. Ele já havia quitado trinta e seis parcelas. Como garantia, Fred colocou a Pousada.O valor que restava era muito alto, e mesmo que ela resgatasse suas economias, não teria dinheiro suficiente. Além disso, não estava mais trabalhando e, se acabasse com seu dinheiro, ter