Uma Fuga Para o Paraíso
Uma Fuga Para o Paraíso
Por: julianapiedademuniz
A DECEPÇÃO

CAPÍTULO 01 – A DECEPÇÃO

Depois de um dia cansativo no escritório, onde atendeu cerca de 10 clientes que exigiam tudo na hora, Júlia, uma advogada de vinte e cinco anos, morena, cabelos longos e levemente ondulados, olhos castanhos, lábios delicados, e corpo escultural, voltou para seu apartamento – Um local amplo cuja decoração fora toda planejada nos mínimos detalhes.

Júlia sempre teve muito bom gosto para decoração, mas em seu tão sonhado apartamento resolveu contar com a ajuda de uma arquiteta, e juntas decidiram quais seriam os melhores móveis, os objetos que melhor combinariam, o que culminou em um ambiente clean, arejado e muito aconchegante.

Era em seu apartamento que ela encontrava refúgio para fugir do estresse de seu trabalho. No aconchego de seu lar que fugia dos problemas que tinha durante o dia.

Assim que adentrou à porta ouviu seu celular tocar. Do outro lado da linha estava Paula, uma querida amiga que sempre lhe deu força nos momentos difíceis. Ao ouvir a voz de Paula, de imediato percebeu que algo não estava certo.

- Oi amiga, tudo bem? – Começou Paula a falar.

- Estou um pouco cansada, mas nada fora do normal. E Você? – respondeu

- Estou bem também. Mas preciso conversar contigo. Espero que não fique magoada comigo, mas na condição de sua amiga, sinto-me na obrigação de te contar o que vi e fotografei – Paula continuou, sem meias palavras.

- Meu Deus, agora fiquei preocupada! Conta logo, pelo amor de Deus! – Júlia desesperou-se.

- Você sabe que sempre fui muito sincera quanto ao André. Acho que era meu sexto sentido avisando que ele não prestava. – Paula seguiu falando.

- Já até posso imaginar o teor dessa conversa. Você pegou ele com outra? Ó meu Deus, será que tenho o dedo podre? Não é possível! Só me envolvo com quem não presta. – Chorou.

- Ô amiga! Vou te enviar as fotos no W******p. Sei o tanto que vai doer em você ver todas elas, mas acho que é importante para você ver que ele realmente não presta. Isso vai te dar força para fazer o que acho que deve ser feito. Sei que você nunca aceitaria uma traição. – Paula seguiu falando.

- Nunca aceitaria uma traição. Quem ama não trai. Se ele me traiu é porque além de não me amar, não merece meu amor. Além disso, acho que traição é falta de caráter. Nunca ficaria com alguém que não tenha caráter. – Concluiu Júlia.

- Hoje estou na aula, mas amanhã vou para sua casa de manhã. Aí conversamos melhor. Mas se quiser meu colo hoje ainda é só me falar que largo tudo e vou aí. Te amo viu? – Paula finalizou.

- Sei que posso contar com você sempre. Muito obrigada por me aguentar! Também te amo muito, viu? Beijos. – Júlia também encerrou a conversa.

Depois de desligar o telefone, entrou no W******p para ver as fotos que Paula havia enviado. Estampado nas fotos estava André aos beijos com outra moça. Linda por sinal.

- Pelo menos tem bom gosto esse safado. – Sorriu tristemente.

- Já não bastasse todos os problemas pelos quais estou passando no escritório. Tantas cobranças e amolações, ainda mais essa. Uma verdadeira punhalada pelas costas. – Falou consigo mesma.

Foi em direção ao banheiro. Precisava se esquecer daquele dia. Tomar um banho ajudaria a aliviar todo o sofrimento vivido.

Tirou suas roupas e ligou o chuveiro. Deixou a água cair em sua cabeça enquanto as lágrimas escorriam pelos seus olhos.

Em sua mente vieram todos os momentos que passou junto com André. Foram dois anos de namoro; promessas de um casamento. Júlia até já havia planejado ter filhos com ele. Quanta decepção!

Mas analisando a situação percebeu que a relação já não era tão boa quanto no começo. Já não tinha a mesma empolgação de antes. Tinha até uma certa preguiça de vê-lo (sorriu novamente).

Antes pensava que era devido ao cansaço que estava sentindo por seu trabalho estressante, mas agora via que realmente era porque não gostava dele o suficiente. Na verdade estava simplesmente acomodada na relação.

Terminou seu banho e foi até a cozinha procurar algo para comer. Não estava com a mínima fome, mas sabia que precisava comer qualquer coisa, pois havia somente almoçado e certamente sentiria dor de cabeça no outro dia, caso ficasse em jejum.

Abriu a geladeira e pegou um iogurte de morango. Pegou também um cacho de uva e seguiu para o quarto. - Nada melhor do que chorar na cama que é um lugar quentinho, pensou ela.

Com dificuldade para dormir devido a um turbilhão de emoções dentro de si, virou incontáveis vezes na cama até que finalmente o cansaço físico lhe venceu. Entretanto, às sete horas da manhã já estava com os olhos arregalados. O dia seria difícil. Teria que ligar para André para colocar um ponto final naquela relação falida.

Levantou-se da cama e se dirigiu para o banheiro onde tomou um longo banho. Dessa vez sem choro. Um banho para lavar muito mais que seu corpo, mas também sua alma.

Colocou uma roupa leve e seguiu em direção à cozinha, onde preparou um café da manhã caprichado, com frutas, café, leite, biscoitos e outras guloseimas. Era de se espantar o tamanho da fome que sentia naquele momento.

Saboreou cada alimento que colocou na mesa e, ao terminar decidiu que estava na hora de ligar para André, que não demorou para atender.

- Oi amor, bom dia! Estava com saudades. - disse ele do outro lado da linha.

Assim como André não se preocupou com a relação, Júlia entendeu que também não deveria se preocupar. E, por essa razão não viu problemas em terminar por telefone mesmo. Afinal, não iria lhe fazer bem ter que vê-lo novamente.

- Oi André, como vai? Estou te ligando para dizer que enfim descobri quem você é de verdade. Que infelizmente você é só mais um igual aos outros. E graças a Deus eu descobri a tempo, antes de fazer a besteira de me casar com você.

- Júlia, não estou entendendo o que está dizendo. Foi pesadelo?

- Não, não foi pesadelo. E não precisa me falar nada. Não precisa se justificar. Não tem justificativa. Aliás, não quero te ouvir, não quero ter que olhar nessa sua cara nunca mais.

- Do que você está falando, Júlia?

- Estou falando de você ter me traído. Traído a minha confiança. De você ser um canalha que não sabe respeitar uma mulher.

- Eu nunca faria isso com você. De onde tirou isso? Tá ficando louca?

- Louca eu estava quando confiei em você. E não perca seu tempo tentando falar o contrário. Vou te m****r as fotos que recebi. Ah, pelo menos tem bom gosto. Parabéns!

- Meu amor, vamos conversar pessoalmente. Por favor, eu lhe imploro!

- Eu que te peço o favor de nunca mais me dar o desprazer de ter que olhar na sua cara. Adeus!

E assim desligou na cara de André. Sentou-se no sofá e começou a refletir sobre sua vida. Ao mesmo tempo que tinha uma vida financeira estável, estava tão infeliz no trabalho que pensava há algum tempo em desistir de tudo. Agora além de infeliz no trabalho, ainda era infeliz no amor.

Estava perdida em seus pensamentos quando a campainha tocou. Pensou enfurecida: - Não acredito que o porteiro deixou aquele filho da puta subir sem me avisar...burra, burra, burra. Como ele saberia se não o avisei que terminei meu namoro? Ele não poderia adivinhar.

Olhou pelo olho mágico e teve a confirmação de seus pensamentos.

Interfonou ao porteiro e explicou o acontecido, pedindo encarecidamente para que ele subisse e mandasse aquele mau caráter embora.

Não demorou muito e ouviu vozes no corredor. Era André dizendo ao porteiro que só queria uma chance de se explicar. Que tudo era um mal entendido. Mas para o alívio de Júlia ele sucumbiu ao pedido do porteiro e se foi.

Passados uns minutos tocou o interfone. – Agora o porteiro aprendeu, pensou ela.

- Oi

- Oi dona Júlia! Primeiramente queria te pedir desculpas por tê-lo deixado subir sem avisar.

- Imagina! A culpa é minha que não te informei sobre nosso rompimento. Fique tranquilo. Somente peço que não o deixe mais subir.

- Claro! Não precisa pedir novamente. Agora está aqui a senhora Paula. Posso deixá-la subir?

- Sim, sim! Ela você não precisa me avisar não. Muito obrigada!

- Disponha!

Júlia encerrou a ligação e foi até a porta aguardar Paula, que já chegou lhe dando um abraço apertado. Tudo que Júlia precisava naquele momento.

- Oi amiga! Estava ouvindo a conversa do porteiro. Aquele pilantra esteve aqui? Você abriu pra ele?

- Esteve sim, mas eu pedi para o Sr. Severino vir até aqui e m****r ele embora. Depois de muito insistir ele foi.

- Agora já passou. Vamos esquecer dele. Bora fazer um brigadeiro e assistir uns filmes.

- Brigadeiro uma hora dessas? Júlia Sorriu.

- Sim senhora! Brigadeiro é bem vindo em qualquer horário. E você está sob meu comando hoje. Eu que decido as coisas por aqui. Entendeu?

- Quem sou eu para falar alguma coisa. Sim senhora sargentona. - Sorriu consentindo.

Rapidamente Paula se dirigiu à cozinha e começou a preparar o brigadeiro. Enquanto conversavam sobre os últimos acontecimentos.

- Sabe – iniciou Júlia – no fundo eu também sabia que algo não estava certo no meu relacionamento. No fundo acho que estávamos juntos por comodismo. Eu não tinha mais aquela vontade de vê-lo. Na verdade tinha dias que me dava até preguiça.

Paula caiu na risada – Não é possível que estou ouvindo isso. E porque você já não meteu o pé na bunda dele antes, mulher?

- Já tenho estresse demais no escritório para ficar arrumando mais problemas para resolver. E achava que, pelo menos, ele era fiel, então estava tudo certo.

- Você está errada e sabe disso, né?

- Eu sei, mas só queria um pouco de paz. Minha vida está tão difícil. Não tenho mais prazer em ir trabalhar. Não aguento mais atender meus clientes. Tenho palpitações toda vez que vejo um cliente entrando pela porta. Quando saio do escritório parece que carreguei uma carga pesadíssima nos ombros, de tão cansada que fico. Então não era ruim ter alguém pra fazer uma massagem. E uma coisa que não posso reclamar nunca é do sexo com ele. Ah como vou sentir saudades disso. – Gargalhou.

- Sua danadinha! Gosta de uma saliência hein! Devia aproveitar agora que está solteira pra conhecer homens diferentes. Experimentar vários. – Divertiu, Paula.

- Não é uma má ideia, viu. Vou refletir sobre o assunto. – continuou Júlia, agora bem humorada.

- Eu apoio. Só não saio à caça junto com você porque o Matheus não iria gostar muito disso. Concluiu Paula gargalhando.

- E esse brigadeiro, não fica pronto nunca? – Júlia brincou.

- Já está quase. Calma sua apressadinha!

- É que o cheiro está maravilhoso.

- Ju, estou pensando aqui...porque você não larga esse escritório? Vai procurar algo que te dê prazer...

- Vou virar garota de programa. O que você acha? Unir o útil ao agradável. – As duas gargalharam.

- Aí no primeiro programa você dá de cara com um tiozinho careca barrigudo e de pinto fedido. Quero só ver você encarar.

- Misericórdia! Acho que não quero mais não. Aliás, quero se eu puder selecionar só os gatinhos.

- Aí do jeito que é burra, se apaixona pelo cliente.

- Credo! Não acredito que você está me chamando de burra! Nossa, magoei tremendamente agora!

- Ah, me desculpe, você é a pessoa mais inteligente que conheço, mas com relação a relacionamento você é bem burrinha sim.

- Bate e depois assopra? É isso? - Júlia gargalhou.

- Só estou dizendo a verdade. Sendo a ótima amiga que sempre fui.

- Convencida nem um pouco né? Mas tenho que concordar com tudo que você disse. Realmente sou uma negação para homens. Acho até que vou começar a olhar para mulheres com outros olhos. – Divertiu-se. – E sobre você ser uma ótima amiga. Isso é muito verdade também. Você é a melhor amiga que alguém poderia ter. Não quer largar o Matheus e namorar comigo? – gargalhou mais uma vez.

- Deus que me livre! Nossa! Credo mulher! Eu gosto é de homem! De umas partes que só homem tem. Apesar de ser tão difícil conviver com um homem, não teria coragem de ficar com uma mulher.

- Por que homem tem que ser tão gostoso e ao mesmo tempo tão complicado hein?

- Eita pergunta que vale um milhão! Paula finalizou rindo mais uma vez.

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