Mundo de ficçãoIniciar sessão
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Isadora
Brasil, dias atuaisDanilo estendeu a mão para mim, além de lindo, estava elegante em seu traje de gala. Saí do carro e ajeitei meu vestido negro, longo e fendido na perna esquerda. Passei a mão no corpete de pedrarias e respirei profundamente. Era uma noite especial, a festa de lançamento do projeto que poderia ter mudado o rumo da vida dos meus pais, está sendo um sucesso. Caminhamos juntos até o salão. Logo vi que Leandro e Laila estavam juntos. Fazia seis meses desde o nosso casamento, quando, enfim, encontrei o chip com o projeto, do qual já tinha até desistido. O estudei, trabalhei e percebi que quando dei partida a partir do esboço, dois anos atrás, segui por um caminho totalmente diferente. Então, agora eu tinha dois projetos prontos e finalizados. E uma estratégia de marketing que Danilo sugeriu, foi a Psy lançar o projeto em que trabalhamos juntos assinado por Leandro, e desafiar alguém a fazer melhor. Três projetos foram selecionados, e, claro, o meu era estrondosamente
Laila
Estava discutindo com o meu pai pela enésima vez naquele ano. Ele estava revoltado porque, segundo ele, eu parecia querer viver a vida de Isadora e não queria trabalhar no escritório dele — Você se preparou a vida inteira pra isso, Laila. Agora, nos últimos dois anos, você mudou de ideia? — Você me preparou a vida inteira para isso, pai. Eu só queria estudar, me formar e poder decidir o que quero fazer da minha vida. — Eu paguei sua faculdade e todas as suas despesas enquanto você se preparava, e agora você não quer assumir meu lugar pra eu descansar. — Foi você quem me ensinou que o Direito me dava um leque de opções e que eu poderia fazer o que quisesse. E eu quero ser advogada corporativa. É para isso que estou me preparando nos últimos dois anos, e Isadora me deu um caminho. — Não, Isadora te deu um monte de tarefas e te sobrecarregou. Sem contar que você virou funcionária dela, e eu te preparei para nunca ter patrão. — Pai, Isadora não é minha patroa. Eu ganho comissão com
Laila
Estava radiante com a notícia da gravidez da Isadora. Tudo bem, parecia ridículo, ela tão nova, cheia de problemas, tantas coisas que deveria resolver, faculdade em andamento e dá esse mole. Mas tirando todos os problemas, eu começava a ver uma luz na vida da minha amiga. Sabia que com a chegada do bebê, a Isadora nunca mais ficaria tão sozinha, caso alguma coisa acontecesse com o relacionamento dela e Danilo. Estava no escritório trabalhando até mais tarde. Perdi aula naquele dia, mas tinha umas coisas que precisava resolver, quando Leandro entrou, nervoso. Ele também tinha o hábito de trabalhar até bem mais tarde, parecia sobrecarregado, e não era para menos. Com algumas ausências de Danilo e com o desenvolvimento do projeto, tudo caía sempre sobre ele. Percebi que ele estava muito quieto, e fiquei admirando aquelas mãos enquanto digitava. Fiquei tão entretida imaginando aqueles longos dedos entrando em lugares que eu sequer podia cogitar, que não percebi que as mãos dele pararam
Laila
Passei dois dias com a Lis. Sabia que a Isadora estava no Brasil e, como amiga, entendia que ela precisava de um tempo a sós com Danilo, então cuidei da minha afilhada. Eu compreendia a necessidade de um momento reservado para o casamento dos dois, pois, mesmo estando fora do olho do furacão, meu próprio relacionamento já estava ficando morno. Depois que devolvi a Lissandra, decidimos passar as festas de fim de ano em casa, sem viagens. Todos nós nos reunimos na casa da Isadora. Soube que Eduardo já havia feito toda a sua mudança de Brasília. Ele cumpriu o que prometeu e se aposentou da política. Já estava com um escritório montado em São Paulo, de onde assumiria todos os projetos sociais da Isadora, permitindo que ela tivesse tempo para suas viagens em prol do projeto. O problema era que a Isadora não conseguia sossegar e, agora, havia inventado um novo projeto. Ela queria levar acesso à informação a cada país subdesenvolvido. Esse não era um simples projeto de caridade que pudesse
Danilo
Instalei minha família na casa do lago que comprei para a Isadora, e onde Sheila passou um tempo com Douglas. A agenda de Isadora só começaria dali a três dias; eu mesmo programei para começar a fazer as conexões que seriam necessárias para ela não ser rechaçada pelos gigantes da indústria.Deixei Lis e Isadora passeando pelo lago. Isa me disse que levaria Lis para conhecer o castelo vestida de princesa e tiraria muitas fotos. Então fui para minha reunião na Global para preparar o terreno para Isa. Mas, ao chegar, a secretária de Norbert me causou desconforto.— Juliete? Não sabia que você ainda trabalhava aqui...— Quando voltei, não podia ter sido demitida porque estava em coma. Então pedi meu emprego de volta — respondeu Juliete, dando de ombros.Estava curvada, e eu não tinha olhado para ela com atenção antes. Como se soubesse e quisesse ser observada, ela aprumou a postura. Mesmo assim, estava de costas, o que me deixou ainda mais intrigado. Engoli em seco e cravei os olhos nela.
Juliete
Quando saí do banho, tinha o plano traçado na cabeça, e sabia que não tinha como dar errado. Gerard sempre teve ideias mirabolantes que nunca davam certo. E eu sabia que era mais inteligente do que ele para traçar meus planos. E no caso do bebê, ele tinha dado uma ideia ridícula muitos anos atrás e eu a transformei em uma coisa fantástica. E agora ele me lembrou dessa carta na manga.Nos meses seguintes, fiz tudo o que deveria fazer para engravidar de Danilo por FIV. Quando procurei o médico que nos atendeu, ele ficou muito contente que enfim iríamos usar as sementinhas congeladas. Todas as autorizações tinham sido assinadas, eles não precisavam nem do Danilo ali para fazer o nosso bebê.Eu realmente esperava que desse muito certo, porque o procedimento era extremamente caro e foi quase metade de tudo o que eu tinha conseguido guardar. Mas a primeira vez não deu certo. Nem todos os hormônios que usei, nem a fertilização.O médico me disse que essas coisas aconteciam, e que eu poderia
Juliete
Encerrei o expediente e fui para casa bastante mal. Não sabia se eram os hormônios ou se realmente tinha ficado mole. Fato é que eu não gostaria de estar na pele do Danilo para dar a notícia a mulher que teria um filho fora do casamento.Eu não me considerava alguém ruim. Oportunista, sim, mas trabalhei com as armas que a vida me impôs. Com dezoito anos saí de uma casa super populada, conheci Gerard que não era boa companhia pra ninguém, menos ainda para uma mocinha com a cabeça virada. Depois comecei a sair com playboy por dinheiro e conheci o Danilo que, se fosse honesta, seria o meu porto seguro para sempre. Mas não dei essa oportunidade para nós e continuei me encontrando com Gerard, mesmo que já tivesse percebido que ele não valia nada e que eu não era mais o seu amor, ou nunca fui. Virei seu cofrinho pessoal e não me toquei que estava sendo usada por ele, igual fazia com as coroas da academia.Quando começou a pandemia e Danilo foi para o Brasil, achei que estava tudo bem coloca
Danilo
Cheguei em casa sem um pingo de sangue no rosto. Precisava falar com a Isadora antes que aquela bomba estourasse. Ela não estava. Olhei no rastreador e vi que ela estava no estacionamento do shopping. Pensei que se ficasse olhando mais um pouco, veria o seu carro em movimento até em casa. Ela quase calculou bem a hora de voltar.Tomei um banho, olhei mais uma vez e vi que ela estava a cerca de vinte minutos de casa. Fui para o escritório, me servi de uma dose de whisky e fiquei pensando naquele dia, no mínimo desastroso.Quando vi a barriga de Juliete, primeiro pensei que estava feliz por ela ter se ajeitado na vida e encontrado alguém para formar uma família. Ainda me sentia terrivelmente culpado pelo ano que roubei de sua vida com o acidente.Depois, me lembrei de uma conversa que tive com Alain há mais de um ano. Eu exigi que Juliete fizesse exames regulares, a cada seis meses, para saber se o coma não produziu algum efeito tardio. Queria garantir que ela estava bem e se ela não fi
Último capítulo