Ainda segurava a mão da Isadora. Não sabia bem como contar, mas imaginei que ela nunca falou com ninguém sobre o que aconteceu naquele dia. E me lembrei de contar pra ela tudo o que fiz de errado e como me senti quando a lei do retorno chegou, me fez sentir mais leve e preparada pra vida. Talvez ela voltasse a ter doçura e alegria na vida se conseguisse falar, então incentivei:— Quando eu vim pro Brasil para o seu casamento, eu tinha a visão de uma mulher que deu o golpe no meu homem e que tinha outra louca na fila para pegá-lo. Eu tinha certeza que só teria que lidar com Eleanor, que eu sabia que o Danilo não ia ficar, nunca. Porque Eleanor se encarregaria de te tirar do meu caminho. Voltei pra casa apavorada do que ela poderia fazer comigo, só de ouvir falar do que ela fez com você.— Eleanor não era o problema. Ela foi tão vítima quanto eu. — Isadora olhou para a casa, e depois para o portão. — Me lembro que a engrenagem do motor foi quebrada na batida. Sem conseguir me mexer par
Entramos, Isadora deu um beijo no rosto de Aleks, foi até a cozinha, se serviu de café e foi pro campinho de futebol que o pai fez pra ela. Nos deixando na sala sozinhos.Eu estava nervosa, estalando os dedos como se quisesse quebrar. Aleksander ficou em pé, olhando pela janela em silêncio. E eu estava ficando cada vez mais agoniada, então comecei:— Achei de verdade que iríamos conversar.— É mesmo? E você quer falar o quê? — Pra que deixou eu vir até aqui se não vai falar comigo?— Eu não deixei. Mas fui comunicado que devo conviver com você se quero manter meu emprego. Não sei como você conseguiu isso, mas tenho certeza que você manipulou a Isadora pra me forçar a te aceitar em minha vida.— É mesmo? Você acha mesmo que a Isadora é tão tola que consegue ser manipulada por mim? — Como disse, não sei como conseguiu isso. Isadora é inteligente.— Exatamente. Isadora é inteligente. E quando me contratou, a primeira coisa que avisou é que não ia te obrigar a me deixar conviver com nos
— Você quer ser a vítima, agora? — ralho. — De forma nenhuma, assumo todos os meus erros. Mesmo que você tenha me dado lugar de direito quando entrou em meu quarto, sem conversar comigo, se aproveitou da sensibilidade do pós-parto, despejou uma enxurrada de impropérios e arrancou meu filho de mim. Mas, se você tirar essa venda dos olhos, vai perceber que a única vítima aqui é o Pedro. O menino, nosso filho, foi arrancado dos braços da mãe pra viver em um lar como se fosse creche, tendo uma mulher no registro como mãe com quem ele pouco convive, e no dia a dia tem muitas figuras femininas mas nenhuma com o papel de mãe. Tudo isso porque você decidiu que seria assim. — Te tomei porque você nunca quis um filho. Até quis vender para a Isadora...— Nunca quis um filho mesmo. Por isso fiz uma laqueadura e nunca escondi isso. Mas quando foi que nós dois falamos disso? Eu te contei que laqueei e você aceitou e não falamos mais na situação. Depois que descobrimos a gravidez, eu te propus fic
Quatro meses depois daquela tarde com discussão, as coisas já estavam mais do que ajeitadas. Eu precisei ir para a França, então nós duas iríamos retornar no jatinho, e eu estava ansiosa por conversar com a Juliete.— É a terceira vez que você vai pra casa, fora o casamento da Laila. E de verdade, Aleks está mais mal humorado do que antes.— Eu não sei porquê. Conseguimos nos entender bem em tudo, como sempre. Somos amigos, parceiros. Estamos nos entendendo bem com relação ao Pedro...— E ainda me diz que não sabe porquê? Cara, a tensão sexual entre vocês é palpável.— Não seja boba, nossa história passou. Agora somos pais, apenas.— Você vai me dizer que não sente nem uma fisgadinha quando está em casa?— Fisgadinha? Eu me derreto toda perto daquele homem. É algo surreal. Mas é porque ele foi o último, e faz mais de dois anos que não tenho nada com ninguém.— Sério? Isso não parece combinar com você, Juliete. Está guardando pro Aleks?— Não. Estou é cansada de resolver tudo com sexo
Nos encontramos os seis na casa do Aleksander no dia do passeio. Eu fiquei impressionada de como consegui ir até lá normalmente, sem surtar como fiz da primeira vez.Como em tudo em minha vida, me permitiria ter só as lembranças boas que aquela casa me trazia, e eram muitas. O momento aviãozinho era particularmente agradável para mim, mas eu também tinha todo o carinho e cuidado da minha mãe, as brincadeiras com a Laila no campinho, bonecas na sala. Me lembro quando menstruei a primeira vez e a minha mãe sentou com nós duas e teve a conversa, mesmo que a Laila ainda não tivesse menstruado. Nos ensinou a usar absorventes e falou de meninos, sexo...Eram lembranças boas demais para deixar a loucura de Thomas destruir. Naquela tarde em que fiquei sozinha aguardando o Danilo chegar depois que surtei, pensei muito em tudo o que me aconteceu, e entendi que estava sentindo errado. Depois que conversei com a Juliete no carro, falando em voz alta as coisas que só estavam em minha cabeça e quem
Fui dirigindo, seguindo o carro do Danilo, já que dentro do parque é que mudaremos os caminhos. Não estava me sentindo bem. Estava morrendo de fome, mas comi apenas uma fruta pela manhã, quando pararmos pra almoçar é que vou comer de verdade. E mesmo assim estava enjoada. Sabia que era TPM, estava me sentindo estranha já há uma semana. Era pra eu ter menstruado no dia anterior, mas só tinha TPM. Sentia cólicas, enjoos e sonolência, mas nada de descer. Esperava que não viesse justamente durante aquele dia.Até pensei em curtir uma fossa em casa deitada, mas a Juliete estava muito empolgada com aquele passeio, não iria ser uma desmancha prazeres.Quando chegamos, a Laila foi logo dizendo que queria escalar, e fomos nos preparar. Os olhos de Juliete brilhavam para o novo desafio. Combinamos de fazer trilha depois do almoço, mas a Juliete estava apaixonada pela ideia de escalar. Segundo ela, andar ela poderia fazer a qualquer hora.Eu e Laila ficamos olhando o instrutor ajudar a Juliete p
Quando a Isadora me ligou, me convidando para uma visita ao Parque Nacional, como costumávamos fazer nos velhos tempos, eu fiquei radiante.Sabia que agora somos adultas, e que temos nossos empregos, e somos casadas, Isadora tinha uma filha. Mesmo assim, não estava pronta para me distanciar da minha amiga. Quando eu trabalhava na Psy, estava sobrecarregada e tinha bastante dificuldades, pelo menos via a Isadora todos os dias por chamada de vídeo e muitas vezes de três a quatro vezes.Desde que me casei, mal falava com ela uma vez por semana, e muitas vezes era, Juliete isso, Juliete aquilo...Estava me sentindo trocada, injustiçada. Quando a Isadora se casou, eu não mudei em nada com ela e até ajudei. Quando chega a minha vez, Isadora se afasta. Sem contar que era muito Tititi com aquela sonsa da Juliete.Apesar de que em um ano, Juliete não deu nenhuma novidade, seus contratos eram impecáveis e eu tinha que ser honesta, ajudou demais a Isadora, e a mim por tabela, mas ainda não confi
Fui sentada na frente com o Aleksander, enquanto Danilo foi com a Isadora atrás. Ela estava meio sonolenta por conta do soro com remédio para enjoo, então dormiu durante o caminho.Quando chegamos, Danilo subiu com ela no colo e a colocou na cama, e eu subi atrás— Me aguarda aí no carro. Serei rápida. — Dei uma breve olhada para o Aleks. Isadora despertou ao ser colocada na cama, entrei no quarto e me aproximei dela. Johnny a venerava.— Encha a banheira, ela precisa de um banho relaxante. — e eu, um minuto para nós duas. Quando ele se afastou voltei a falar. — Laila e eu achamos que você está grávida — Falei bem baixinho quando Danilo saiu.— Sério? A enfermeira falou a mesma coisa. Como não percebi? Estou tentando há um ano.— Você estava ansiosa e não acontecia. Quando desencanou, pode ter acontecido. Converse com seu marido, espero que esteja.— E você vai laçar o Aleks. Dá uma bela chave de boceta nele pra acabar com aquele mal humor.Rimos juntas, dei um beijo na testa dela, g