Estava viajando para casa, para o noivado da Laila, 15 dias depois de contratar a Juliete.Iria passar 15 dias no Brasil e marquei algumas reuniões para Juliete se representar, seria o teste dela. Durante o tempo em que ficamos juntas, percebi que ela era inteligente, safa e pegava rápido as coisas.Como foi secretária na Global por muitos anos, estava familiarizada com o tema e sabia se portar, se vestir e discutir alguns assuntos de programação.Quando morava com o Danilo, ele pagou curso de inglês pra ela, então ela só falava uma língua a menos que eu, que também precisava de intérpretes. Ela passava as noites estudando contratos anteriores e atas de reuniões, também vendo vídeos de reuniões anteriores. Eu achava que ela se sairia bem, e assim eu poderia ficar mais tempo em casa.Dependendo dos resultados dessas reuniões, a próxima viagem que faria ao Brasil, seria definitiva. Nas próximas reuniões que exigisse presença, Juliete a representaria. O resto ela trabalharia de casa. Em
Estacionei na mansão, desci do carro e vi Isadora parada sem cinto me aguardando para abrir sua porta. Mas fiz que não vi e entrei em casa, deixando as chaves na bancada e subindo direto pro meu quarto. Se ela entrou sozinha sem esperar o cavalheirismo do marido desde sempre, então que fizesse o mesmo depois de se acalmar.Entrei no banheiro e pela primeira vez tranquei a porta. Me despi e entrei na ducha, puto da vida. Em quase 5 anos de relacionamento, nunca tinha me arrependido de mimar a minha mulher, pois a Isadora era muito centrada, inteligente e coerente. Mesmo quando ela tomou a decisão de passar pelo luto sozinha, eu lhe dei espaço, respeitando a sua decisão.Mas nesse momento, eu não entendia como a Isadora não via o perigo que era a Juliete entre nós, com acesso a seus negócios e contratos. Mais ainda, como ela não percebeu que em tão pouco tempo, a Juliete já fez a Isadora mentir pra mim, esconder fatos importantes e jogar em minha cara ter matado os pais dela.Se a Isado
Fiquei olhando pra Isa como se tivessem saindo anteninhas da cabeça dela, aquela mulher estava dando um nó na minha cabeça: — O que?— Não sou tão boa, Danilo. Queria consertar o estrago? Claro que sim. Mas o fiz no momento oportuno pra mim. E resolvi dois problemas de uma vez. Não quero mais ver minha filha crescendo por uma tela de computador. Não quero mais ficar longe de você. Mas também não quero abandonar o projeto dos meus pais. Laila e Leandro estão sobrecarregados com seus próprios projetos e carreiras. Não é justo nem certo o que fizemos com eles durante esse ano. Juliete me pareceu a pessoa certa para me representar no exterior, vi a oportunidade e agarrei.— Juliete? A pessoa certa? Juliete vai planejar alguma coisa ruim. E com os poderes que você lhe deu, ela pode nos tirar tudo. Você poderia ter me perguntado e eu te diria isso.— Danilo, você não está pensando em muitas coisas. Deixa eu esclarecer: primeiro, o trabalho que a Juliete está fazendo, não tem nada a ver com
— Você fez o quê? — Danilo ralha, parecendo nervoso. — Por favor, não fique bravo, Danilo. Quando conversei com a Lis sobre um irmãozinho, ela disse que só queria se fosse meu. Depois o Pedro nasceu e tudo o que eu quero é segurar um bebê, cuidar, amamentar. Aí queria te fazer uma surpresa, mas não aconteceu.— Por isso você estava controlando sua agenda para os mesmos dias do mês.— Sim. E te atacando. Mas eu acho que tô com defeito, porque nada resolve.— Você não está com defeito, Isadora. E eu não estou bravo. Você sabe que meu sonho é ter família grande, pelo menos mais dois filhos. Porque não me falou que estamos tentando?— Como disse, queria fazer surpresa. Queria contar com balões coloridos e toda aquela breguice. Sempre achei que teria um filho quando quisesse, mas fiquei três meses tentando e não aconteceu. Fiquei decepcionada e decidi treinar Juliete para ocupar meu lugar e eu voltar para casa.— Minha pequena. — Danilo me abraçou apertado — Se tivesse me contado, eu diri
Na manhã seguinte, conforme prometido, a Isadora tocou a campainha do meu apartamento às 9 horas da manhã. — Deixei o Danilo no escritório e prometi ser a motorista dele, hoje. Vamos resolver algumas coisas e depois buscar o Leandro e o Danilo para almoçarem com a gente.Eu não conseguia disfarçar o meu contentamento em estarmos juntas de novo. Corremos tanto de um lado pro outro que nem vimos a hora passar e logo já teríamos que buscar os meninos. Almoçamos, conversamos sobre ela ter tirado o DIU, falamos sobre negócios, sobre a minha carreira e logo os meninos tinham que voltar ao trabalho e nós aos afazeres. Não podíamos deixar nada para o dia seguinte. Iríamos bem cedo para Mairiporã.Quando deixamos os meninos no escritório, a Isadora logo começou:— Vai, desembucha.— Desembuchar o que, louca?— Você era a pessoa mais animada essa manhã, durante o almoço seu semblante caiu. Algum tópico discutido fez você desanimar e talvez até entristecer. Me conta logo o que é.— Você tirou o
Me levantei bem cedo naquele sábado. A Isadora estava vindo e não a via desde que o Pedro tinha um mês, ainda na França.Pensei o quanto aquela mulher transformou a minha vida, em cima de sua própria dor. Queria poder retribuir a ela tudo o que fez por mim, por isso me empenhava em ser o melhor CEO que a empresa dos pais dela pudesse ter.Pedro estava enjoadinho, com um dente nascendo. Essa semana, tive um problema com os órgãos governamentais que verificam o Lar. Pedro não estava registrado como uma criança para ser adotada.Como o Lar é uma ONG, eles fazem verificação contínua para não haver tráfico de crianças. Isadora sempre viu isso com bons olhos. E a Laila disse que eu me surpreenderia se soubesse quantas pessoas ruins vendem órfãos no Brasil. Que a verificação é necessária para separar o joio do trigo, e o governo estar ciente de que ali eram feitos trabalhos sérios, adoções idôneas.O fato é que quando chegamos, tinha uma criança a mais do que as registradas para adoção e os
Quando eu e o Aleks chegamos, nos depararam com uma cena desagradável. A Laila com Pedro nos braços, com os olhos vermelhos. Leandro a frente dela com os braços estendidos, parecendo separá-la da mãe que estava transtornada.— Gente, o que é isso aqui?— Elas se desentenderam, Isa. E começaram a gritar. Não conseguimos entender muito bem o que aconteceu, mas a dona Rita quer pegar o Pedro e como a Laila não deixou, ela avançou para bater em Laila. — Danilo falou como se parecesse loucura.— Aleks, pega o seu filho e entra, por favor. Daniel, recolhe as crianças também.— Ninguém vai tirar o meu neto daqui.— Dona Rita, sempre tive muito respeito pela senhora, mas como advogada, sabe que essa é minha propriedade e que posso te colocar pra fora a qualquer momento. Mas vou deixar a senhora se acalmar e vamos conversar. Mas não aos gritos dessa forma. Espero que se lembre que isso aqui é um lar para órfãos, e esse tipo de situação assusta as crianças. Daniel, leve a Lis e as outras crianç
Eu estava verificando o último contrato que a Juliete conseguiu. Quando fui digitar, olhei o anel em minha mão e me lembrei com carinho do meu noivado. Já faziam três meses que fiquei noiva, e daquele fatídico dia que os meus pais deram aquele show ridículo e o Leandro colocou tudo em seu lugar.Me lembrei que estava chorando abraçada com as crianças quando ele entrou, me chamando para irmos pra casa. Me despedi das crianças, entrei no carro, e ele não me deu nenhuma palavra. Estacionou na garagem da casa dos meus pais em Mairiporã, abriu a porta para mim, e levou no colo para dentro. Me deixou na cozinha e foi fazer um café, sem dizer nada. Eu é que não aguentei mais o silêncio e falei:— Você não deveria ter se desentendido com meus pais e tomado decisões por mim.— É por isso que está chorando? Porque eu te defendi sem o seu consentimento?— Não. Você sabe que minha família é a Isadora. Sou grata a meus pais pela educação e tudo o que fizeram por mim, mas aqueles dois são surtados