— Você fez o quê? — Danilo ralha, parecendo nervoso. — Por favor, não fique bravo, Danilo. Quando conversei com a Lis sobre um irmãozinho, ela disse que só queria se fosse meu. Depois o Pedro nasceu e tudo o que eu quero é segurar um bebê, cuidar, amamentar. Aí queria te fazer uma surpresa, mas não aconteceu.— Por isso você estava controlando sua agenda para os mesmos dias do mês.— Sim. E te atacando. Mas eu acho que tô com defeito, porque nada resolve.— Você não está com defeito, Isadora. E eu não estou bravo. Você sabe que meu sonho é ter família grande, pelo menos mais dois filhos. Porque não me falou que estamos tentando?— Como disse, queria fazer surpresa. Queria contar com balões coloridos e toda aquela breguice. Sempre achei que teria um filho quando quisesse, mas fiquei três meses tentando e não aconteceu. Fiquei decepcionada e decidi treinar Juliete para ocupar meu lugar e eu voltar para casa.— Minha pequena. — Danilo me abraçou apertado — Se tivesse me contado, eu diri
Na manhã seguinte, conforme prometido, a Isadora tocou a campainha do meu apartamento às 9 horas da manhã. — Deixei o Danilo no escritório e prometi ser a motorista dele, hoje. Vamos resolver algumas coisas e depois buscar o Leandro e o Danilo para almoçarem com a gente.Eu não conseguia disfarçar o meu contentamento em estarmos juntas de novo. Corremos tanto de um lado pro outro que nem vimos a hora passar e logo já teríamos que buscar os meninos. Almoçamos, conversamos sobre ela ter tirado o DIU, falamos sobre negócios, sobre a minha carreira e logo os meninos tinham que voltar ao trabalho e nós aos afazeres. Não podíamos deixar nada para o dia seguinte. Iríamos bem cedo para Mairiporã.Quando deixamos os meninos no escritório, a Isadora logo começou:— Vai, desembucha.— Desembuchar o que, louca?— Você era a pessoa mais animada essa manhã, durante o almoço seu semblante caiu. Algum tópico discutido fez você desanimar e talvez até entristecer. Me conta logo o que é.— Você tirou o
Me levantei bem cedo naquele sábado. A Isadora estava vindo e não a via desde que o Pedro tinha um mês, ainda na França.Pensei o quanto aquela mulher transformou a minha vida, em cima de sua própria dor. Queria poder retribuir a ela tudo o que fez por mim, por isso me empenhava em ser o melhor CEO que a empresa dos pais dela pudesse ter.Pedro estava enjoadinho, com um dente nascendo. Essa semana, tive um problema com os órgãos governamentais que verificam o Lar. Pedro não estava registrado como uma criança para ser adotada.Como o Lar é uma ONG, eles fazem verificação contínua para não haver tráfico de crianças. Isadora sempre viu isso com bons olhos. E a Laila disse que eu me surpreenderia se soubesse quantas pessoas ruins vendem órfãos no Brasil. Que a verificação é necessária para separar o joio do trigo, e o governo estar ciente de que ali eram feitos trabalhos sérios, adoções idôneas.O fato é que quando chegamos, tinha uma criança a mais do que as registradas para adoção e os
Quando eu e o Aleks chegamos, nos depararam com uma cena desagradável. A Laila com Pedro nos braços, com os olhos vermelhos. Leandro a frente dela com os braços estendidos, parecendo separá-la da mãe que estava transtornada.— Gente, o que é isso aqui?— Elas se desentenderam, Isa. E começaram a gritar. Não conseguimos entender muito bem o que aconteceu, mas a dona Rita quer pegar o Pedro e como a Laila não deixou, ela avançou para bater em Laila. — Danilo falou como se parecesse loucura.— Aleks, pega o seu filho e entra, por favor. Daniel, recolhe as crianças também.— Ninguém vai tirar o meu neto daqui.— Dona Rita, sempre tive muito respeito pela senhora, mas como advogada, sabe que essa é minha propriedade e que posso te colocar pra fora a qualquer momento. Mas vou deixar a senhora se acalmar e vamos conversar. Mas não aos gritos dessa forma. Espero que se lembre que isso aqui é um lar para órfãos, e esse tipo de situação assusta as crianças. Daniel, leve a Lis e as outras crianç
Eu estava verificando o último contrato que a Juliete conseguiu. Quando fui digitar, olhei o anel em minha mão e me lembrei com carinho do meu noivado. Já faziam três meses que fiquei noiva, e daquele fatídico dia que os meus pais deram aquele show ridículo e o Leandro colocou tudo em seu lugar.Me lembrei que estava chorando abraçada com as crianças quando ele entrou, me chamando para irmos pra casa. Me despedi das crianças, entrei no carro, e ele não me deu nenhuma palavra. Estacionou na garagem da casa dos meus pais em Mairiporã, abriu a porta para mim, e levou no colo para dentro. Me deixou na cozinha e foi fazer um café, sem dizer nada. Eu é que não aguentei mais o silêncio e falei:— Você não deveria ter se desentendido com meus pais e tomado decisões por mim.— É por isso que está chorando? Porque eu te defendi sem o seu consentimento?— Não. Você sabe que minha família é a Isadora. Sou grata a meus pais pela educação e tudo o que fizeram por mim, mas aqueles dois são surtados
Saí da França deixando uma Juliete desolada. Por mais que conversasse com o Aleksander, ele estava irredutível. Não queria contato do filho com a Juliete de forma nenhuma. Até deu pra fazer birra e parar de compartilhar fotos do Pedro no grupo, pra eu não mandar pra Juliete.Depois de algum tempo que até Danilo já confiava na ex de novo, resolvi desistir.— Eu não queria desistir, Danilo. Mas o Aleks é carne de pescoço e eu estou ficando chata.— Correndo o risco de arrumar uma briga e ficar sem você, tenho uma ideia.— Como assim ficar sem mim? Não farei nada que ameace nossa estabilidade emocional conquistada a duras penas.— Sim, foi difícil mas conseguimos. Com um pequeno detalhe. Três casais, três empresas, dois países e uma carreira. Ficando no Brasil, salvamos dois casais e uma carreira. E colocamos o outro casal numa empresa só, cada um em um país. — Não fomos nós que colocamos. Juliete é francesa e ficou em seu país com o emprego dos sonhos.— Aleksander também é francês e s
Ainda segurava a mão da Isadora. Não sabia bem como contar, mas imaginei que ela nunca falou com ninguém sobre o que aconteceu naquele dia. E me lembrei de contar pra ela tudo o que fiz de errado e como me senti quando a lei do retorno chegou, me fez sentir mais leve e preparada pra vida. Talvez ela voltasse a ter doçura e alegria na vida se conseguisse falar, então incentivei:— Quando eu vim pro Brasil para o seu casamento, eu tinha a visão de uma mulher que deu o golpe no meu homem e que tinha outra louca na fila para pegá-lo. Eu tinha certeza que só teria que lidar com Eleanor, que eu sabia que o Danilo não ia ficar, nunca. Porque Eleanor se encarregaria de te tirar do meu caminho. Voltei pra casa apavorada do que ela poderia fazer comigo, só de ouvir falar do que ela fez com você.— Eleanor não era o problema. Ela foi tão vítima quanto eu. — Isadora olhou para a casa, e depois para o portão. — Me lembro que a engrenagem do motor foi quebrada na batida. Sem conseguir me mexer par
Entramos, Isadora deu um beijo no rosto de Aleks, foi até a cozinha, se serviu de café e foi pro campinho de futebol que o pai fez pra ela. Nos deixando na sala sozinhos.Eu estava nervosa, estalando os dedos como se quisesse quebrar. Aleksander ficou em pé, olhando pela janela em silêncio. E eu estava ficando cada vez mais agoniada, então comecei:— Achei de verdade que iríamos conversar.— É mesmo? E você quer falar o quê? — Pra que deixou eu vir até aqui se não vai falar comigo?— Eu não deixei. Mas fui comunicado que devo conviver com você se quero manter meu emprego. Não sei como você conseguiu isso, mas tenho certeza que você manipulou a Isadora pra me forçar a te aceitar em minha vida.— É mesmo? Você acha mesmo que a Isadora é tão tola que consegue ser manipulada por mim? — Como disse, não sei como conseguiu isso. Isadora é inteligente.— Exatamente. Isadora é inteligente. E quando me contratou, a primeira coisa que avisou é que não ia te obrigar a me deixar conviver com nos