Quando saí do banho, Isadora me esperava com uma bandeja com croissant, torradas, geleia, frios e suco de laranja. E um bule com café fumegante.Me sentei, dei um selinho em minha mulher que já estava passando geleia em uma torrada para mim. Enquanto mordia, A Isadora começou:— Precisamos definir qual vai ser o teor da conversa com a Juliete, hoje.— Achei que tínhamos combinado tudo com os advogados ontem.— Combinamos sim, toda a parte jurídica da coisa está bem definida pra primeira tentativa. Eu quero conversar com você como casal. Nós precisamos definir isso como casal, Danilo. Não é só questão de tirar seu filho da Juliete. É se nós vamos ter condições de cuidar dele, e se estamos dispostos a adiar os nossos planos como casal para encaixar outra criança em nossas vidas. Porque quanto mais crianças temos, mais longe fica o dia que eu vou engravidar.— Você está me dizendo que se pegarmos o filho da Juliete, não vamos ter o nosso?— Não. Estou dizendo que vai ficar mais longe. Pa
Passei pelo portão de entrada da casa da Juliete com o coração na boca. Sabia que não seria uma conversa fácil nem amigável. Por um momento, pensei que deveria ter trazido Lissandra, e não deixado com a babá para o Danilo resolver umas coisas por mim. Lis era um foguetinho, seria bom pra Juliete saber o que lhe esperava com a presepada que armou.Estacionei na frente da casa, respirei fundo e me revesti da mulher poderosa que engole o choro e toda a emoção, e desci do carro. Passou um lampejo de surpresa pelo olhar de Juliete que estava me esperando, mas ela controlou.E para mim, saboreei muitas emoções, mesmo que tenha tentado controlar. Ver a barriga da Juliete, com mais de sete meses, não foi fácil como imaginei durante todo o caminho. Ali, na barriga de outra mulher, tinha o bebê do Danilo. A barriga dela estava do mesmo tamanho ou maior quando Thomas ceifou a vida dos meus filhos. Aquele bebê sobreviveria, seria amado tanto quanto Lissandra. Os meus eram anjinhos. Mais uma vez r
Estava digitando apressadamente em meu PC na sala da presidência. Às 4 da manhã, a Isadora me ligou porque teve uma ideia. Levei um bom tempo para conseguir acordar e entrar no modo advogada. Depois que entrei, puta que pariu. A Isadora era a minha ídola, e eu seguiria aquela mente brilhante e maldosa até o inferno. Que ideia do caralho, que ia colocar a Juliete debaixo do chinelo. Tive pouco mais de uma hora para checar a probabilidade jurídica dos planos da Isadora. Depois que dei o aval, a Isadora foi se encontrar com Juliete, e eu fui redigir tudo o que precisava. Como se já não tivesse serviço suficiente, aquela vaca da Juliete ainda arrumava mais coisas para eu fazer.Escutei uma batida seca na porta, levantei a cabeça e vi Leandro ali, me encarando:— Vamos almoçar?— Hoje? Impossível.— Você precisa comer, Laila. — Você podia buscar um sanduíche e um suco de acerola pra mim. Não posso sair daqui. Estou atolada — O que a Isadora aprontou dessa vez?— Isadora não. Danilo.— O
Estava em meu apartamento andando de um lado para o outro. Custava acreditar que tinha me metido em uma rede tão costurada.Quando comecei a preparar a forma como Danilo iria tomar o bebê da Juliete, e proteger o seu patrimônio, foi com base nos acontecimentos da vida do casal, que eu acompanhava. Danilo era uma potência avassaladora no mundo da programação. Mesmo sempre muito discreto, a história do sequestro de sua esposa e a morte dos bebês que ela esperava foi algo que chocou o mundo, e muito noticiado na França, já que ele tinha uma empresa de sucesso por lá. Mais do que isso, a forma como a doce Isadora, sua esposa, lidou com tudo e transformou em amor todo o mal que lhe foi lançado, transformou a moça em uma princesinha.Era um casal lindo que conquistava corações pela sua humildade, bondade para com o próximo e discrição. Eu já era apaixonado por esse casal que nunca esteve envolvido em nenhum escândalo, fosse fiscal, financeiro ou pessoal. Eles eram o que eram e trabalhavam
Quando a Isadora foi embora da minha casa naquela manhã, eu estudei atentamente aqueles documentos que ela me deixou, sem acreditar que fosse possível aquilo estar acontecendo. Tinha certeza que era um blefe da Isadora, que não era possível o Danilo ter aberto mão de tudo que tinha em nome dele, e ser um pobre assalariado. Danilo era podre de rico desde sempre. Mas também era mão aberta, não se importava com dinheiro, nunca questionava os meus gastos quando vivíamos juntos. Resolvi me acalmar e passei a tarde toda pesquisando na internet. Também contatei um colega que trabalhava na receita e poderia me ajudar com informações fiscais.O cara chiou bastante, mas conseguiu algumas informações para mim: no Brasil, a Isadora era infinitamente rica. Tinha uma empresa herdada dos pais que estava em expansão, teve um boom e cresceu mais de 800 por cento naquele ano. E era a dona da Psy. A transferência foi feita enquanto eu ainda estava no Brasil. Em nome do Danilo, alguns carros e pequenos
Me afastei, dando espaço para a Juliete entrar. Vi o sorrisinho safado que ela me lançou e isso mexeu comigo. Não poderia dizer que era totalmente imune a ela. Não ainda. Observei a sua barriga, tão linda. Como eu queria que ela tivesse me deixado assumir aquilo. Hoje seríamos felizes. Acabei deixando algo escapar nesse sentido em voz alta:— Já se arrependeu de não me deixar assumir o seu bebê?— Porque eu faria isso?— Está aqui, depois de contar ao pai sobre um membro indesejado.— Preciso de aconselhamento profissional.— Então, me diga, quais as suas dúvidas?Juliete me entregou o acordo de pensão, mas eu já tinha recebido uma cópia, estudado e estava pronto para validar todos os pontos. E assim o fiz. Uma a uma, fui mostrando as cláusulas válidas. Quando terminei, Juliete perguntou:— Então quer dizer que é legal ele ter vendido as empresas dele e agora ser funcionário? — Claro que é. É o patrimônio é dele, e ele faz o que quiser.— E o dinheiro da venda? Posso solicitar a part
O tempo voa. Um mês passou bem rapidinho. O Danilo voltou para o Brasil com a Lis enquanto eu fiquei para cumprir a minha agenda na França, e aguardar a Laila que chegaria em uma semana para me ajudar com os contratos pela Europa.Depois que o Danilo foi embora, eu aluguei um flat de dois quartos mais próximo do centro empresarial. Não queria ter que dirigir muito pra ir trabalhar e achava um exagero aquela casa enorme aberta com todos os funcionários trabalhando apenas para mim.Eu monitorava a Juliete sem me meter, ainda com o Danilo lá. Eu percebi uma mudança sutil no nosso relacionamento, mas não me importava. O Danilo deveria entender que não era o momento para ter outro bebê, e não me sacrificaria por Juliete ter feito o que fez. Eu amava o Danilo, mas não aceitaria que ele me fizesse ser a culpada por recusar uma criança que não era minha. Esperava que o tempo longe, o fizesse entender que se não mudasse a sua postura, Juliete ia conseguir o que queria: separar nós dois.A sem
Quando voltei para o quarto, de pijama e com os cabelos molhados, Laila já tinha arrumado a mesa e estava me esperando para comer. Me sentei e, antes de mais nada, me servi de um copo de Coca-Cola— Cara, achei que você tivesse perdido esse costume há muito tempo. Pra onde vai tanto refrigerante?— Eu não sei, Laila, não me enche o saco.— É sério, Isadora. Se eu tomar esse veneno todos os dias como você faz, saio por aí rolando. Sem contar que na mesma hora vejo um buraco novo de celulite na minha bunda.— Isso é inevitável, Laila. Toda mulher tem celulite. Não lembra aquela atriz linda e famosa da Globo que tem um bumbum bem avantajado, e é magra? Quando seus buraquinhos foram flagrados na praia, ela tocou o foda-se.— Sei bem, você está falando da Juliana e a gente sempre disse que você é ela. Magra do bumbum grande. Mas você não tem celulite..— Você quem pensa. E eu não tenho nem a metade do bumbum dela, sai daqui...Soltei uma gargalhada, e a minha amiga me acompanhou. Comemos e