O tempo voa. Um mês passou bem rapidinho. O Danilo voltou para o Brasil com a Lis enquanto eu fiquei para cumprir a minha agenda na França, e aguardar a Laila que chegaria em uma semana para me ajudar com os contratos pela Europa.Depois que o Danilo foi embora, eu aluguei um flat de dois quartos mais próximo do centro empresarial. Não queria ter que dirigir muito pra ir trabalhar e achava um exagero aquela casa enorme aberta com todos os funcionários trabalhando apenas para mim.Eu monitorava a Juliete sem me meter, ainda com o Danilo lá. Eu percebi uma mudança sutil no nosso relacionamento, mas não me importava. O Danilo deveria entender que não era o momento para ter outro bebê, e não me sacrificaria por Juliete ter feito o que fez. Eu amava o Danilo, mas não aceitaria que ele me fizesse ser a culpada por recusar uma criança que não era minha. Esperava que o tempo longe, o fizesse entender que se não mudasse a sua postura, Juliete ia conseguir o que queria: separar nós dois.A sem
Quando voltei para o quarto, de pijama e com os cabelos molhados, Laila já tinha arrumado a mesa e estava me esperando para comer. Me sentei e, antes de mais nada, me servi de um copo de Coca-Cola— Cara, achei que você tivesse perdido esse costume há muito tempo. Pra onde vai tanto refrigerante?— Eu não sei, Laila, não me enche o saco.— É sério, Isadora. Se eu tomar esse veneno todos os dias como você faz, saio por aí rolando. Sem contar que na mesma hora vejo um buraco novo de celulite na minha bunda.— Isso é inevitável, Laila. Toda mulher tem celulite. Não lembra aquela atriz linda e famosa da Globo que tem um bumbum bem avantajado, e é magra? Quando seus buraquinhos foram flagrados na praia, ela tocou o foda-se.— Sei bem, você está falando da Juliana e a gente sempre disse que você é ela. Magra do bumbum grande. Mas você não tem celulite..— Você quem pensa. E eu não tenho nem a metade do bumbum dela, sai daqui...Soltei uma gargalhada, e a minha amiga me acompanhou. Comemos e
O jantar foi extremamente proveitoso. Eu fiquei encantado em poder servir o casal badalado. — Isadora, vou te falar algo que não sei se vai te agradar, mas ainda penso naquela desgraçada. Sair da França vai ser bom pra eu não ceder.— Olha, Aleks, passei coisas em minha vida que aprendi que sentimento é mais importante. Talvez, só talvez, se você a perdoasse pelas coisas que ela não fez a você diretamente, você poderia ser feliz, e consiga tirar esse azedume da vida dela.— Você acredita mesmo nisso, Isadora?— Claro que acredita. Essa pamonha sempre vê o lado bom das pessoas.— E você, Laila, acredita nisso?— Não. Juliete é falsa, dissimulada e extremamente fingida. Você se apaixonou por alguém montado para isso. Ela desempenha um papel, há muito tempo ela encarnou o personagem da menina pobre, sem oportunidades na vida, que precisa ser cuidada e protegida. O maior otário que acreditou nesse personagem foi o Danilo, e ele dava o mundo pra ela, e não estava bom. Então, você se apaix
Laila já estava arrumando suas coisas para ir embora dali a três dias. Danilo me olhava, sério na chamada de vídeo:— Isadora, vou enviar o jatinho pra buscar o Aleksander e a Laila depois da reunião. Acho que você deveria voltar com eles pra ver sua filha e seu marido. — É uma ideia extremamente estapafúrdia, Danilo. Você quem deveria vir com o jatinho e trazer a Lis.— Saímos daí há um mês, Isadora. Você tem que voltar pra casa de vez em quando.— Concordo plenamente, meu amor. Mas você tem certeza que esse é o momento de não ter nenhum dos dois aqui na França?— Não entendi porque você não pode vir passar uma semana com sua família. Sheila e Elza estão sentindo a sua falta, Douglas disse que precisa conversar com você, mas tem que ser cara a cara. Acho que ele quer te analisar.— Alê, Juliete está nos dias.— Mas já? Parece que foi ontem que eu soube que ela estava grávida.— Foi praticamente ontem que você soube, amor. Mas ela já estava com o bucho na garganta.— Você está certa,
Danilo conversou pouco durante o jantar, a cada resposta que o Aleks dava, ele parecia ponderar, e marcar mentalmente. Claro que contaria para o Leandro na primeira oportunidade. Mas era evidente a nossa sintonia. Aleks era um excelente profissional, e nos dávamos muito bem. Só isso. Eu e a minha amiga estávamos totalmente focadas no trabalho e com um planejamento para reduzir a agenda dela dos próximos dois anos. Leandro e o Danilo estavam caçando pelo em ovos.Eu estava uma pilha naquele jantar. Aliás, estava uma pilha há um mês, quando a Isadora teve a excelente ideia de fazer a proposta de Aleks ir para o Brasil comigo.Desde que ele aceitou, passamos a trabalhar juntos. E coloca trabalho nisso. Eu tinha que cumprir a agenda pela qual fui até a França e deixar o Aleks inteirado de suas funções na Psy Brasil. Jantamos juntos todas as noites. Ele passou finais de semana inteiros no flat, outros, nos levou para passear pela França. Disse que estava se despedindo.Mas tudo isso estav
Danilo estava no tal jantar com o pessoal. Eu encarava o meu celular com expectativa, e no primeiro toque, sem nem olhar o nome da tela, atendi.— Estou jantando com eles e a Isadora.— E o que você viu?— Duas mulheres focadas em trabalhar para diminuir o tempo de viagens. Um profissional extremamente capaz empolgado com a nova oportunidade, e dois babacas inseguros com ciúmes de nada.— Sério que esse francês não tá jogando charme para cima da Laila?— Eu não disse isso. Ele joga charme sim, assim como eu ou você faríamos com uma mulher linda e solteira se fôssemos solteiros. Com respeito e educação. Mas vejo a Laila meio desligada disso. Aliás, notei que ela está estranha, está meio desligada de tudo. Tem possibilidade de ela estar grávida? — Acho que não. Ela usa DIU e faz checagem a cada seis meses. E acredito que na primeira desconfiança, ela me ligaria me xingando de tantos nomes diferentes, que eu teria vontade de cortar meu pau fora.— Vai ter que ver com seus próprios olhos
Quando saí do banheiro, Isadora estava vindo ao meu encontro esbaforida:— Você demorou demais, nossa. Vamos, precisamos correr.— Aconteceu alguma coisa?— Juliete entrou em trabalho de parto.Entrei no carro, a Isadora decidiu dirigir e ela tinha o pezinho bem pesado. Eu não me lembrava que ela dirigia tão rápido. Aliás, poucas vezes eu deixei ela se estressar dirigindo comigo.A minha cabeça não estava legal. Eu nunca contei a ninguém, nem mesmo a Isa que era a minha maior confidente. Mas não tinha nenhum sentimento por essa criança. Quando descobri da existência dele, tive raiva. Muita raiva, mas da atitude da Juliete e não do bebê. Depois, deixei a Isadora ditar o tom de como tratar o assunto.Mesmo porque eu ainda não conseguia sentir expectativa ou vontade de ter esse bebê. E sabia que depois que nascesse, a Isadora não ia deixar ficar com Juliete. Ela iria dar um jeito, porque a minha mulher era só amor e preocupação com o próximo, e ela sabia que seria melhor pra todo mundo q
Ansiosa, andava de um lado para o outro, enquanto a minha amiga me olhava agoniada. A Laila tentou ligar diversas vezes para o Leandro para contar, e ele não a atendeu. Não podíamos saber o que ele estava pensando, ou fazendo, e isso deixaria a minha amiga agoniada com tantas incertezas, somado a minha situação. Mas me surpreendi com o Aleks, que também estava impaciente comigo zanzando:— Você vai fazer um furo no chão. Se você se sentar aqui e aguardar, a criança vai levar o mesmo tempo pra nascer.— Cale a boca, Aleks. Você não sabe o que estou passando.— Pode passar sentada ou em pé cansando as pernas. Mas sentada, Laila e eu podemos segurar sua mão e conversar para te distrair.Mostrei a língua para ele, mas acabei sentando entre os dois. No momento em que a Laila pegou em minha mão, o telefone tocou. Ela se levantou e se afastou, para o Leandro não ver o Aleksander e começar com um sermão. Revirei os olhos.— Leandro tem ciúmes de você e a Laila prefere evitar o confronto.— E