Um recomeço para o Viúvo Milionário
Um recomeço para o Viúvo Milionário
Por: Viih
Prólogo

A chuva caía em gotas finas sobre a cidade, encharcando o asfalto e refletindo as luzes dos postes. Enrico D’Angelo encarava o vidro da janela de seu escritório, segurando um copo de uísque com a mão firme, mas o olhar perdido em meio às lembranças. A noite estava fria, mas o vazio em seu peito era ainda mais gélido.

Ele nunca imaginou que a vida lhe pregaria uma peça tão cruel. Quando conheceu Madeleine Johnson na faculdade, apaixonou-se por sua beleza estonteante e pela leveza com que ela enxergava o mundo. Era uma mulher determinada, cheia de sonhos, e ele sabia, desde o primeiro momento, que queria passar o resto da vida ao lado dela. O casamento veio naturalmente, aos 27 anos, e por um tempo tudo parecia perfeito.

Até que os laudos médicos caíram sobre eles como uma sentença.

— Eu não posso te dar um filho, Enrico… — a voz de Madeleine ecoava em sua mente como um sussurro distante.

Ela segurava os exames com os olhos marejados, a mão trêmula. Tinha apenas 30% de chance de engravidar naturalmente. A notícia foi um golpe para ela, ainda mais do que para ele. Enrico sempre desejou ser pai, mas nunca a ponto de fazer daquilo um fardo. Amava sua esposa e deixou isso claro desde o início.

— Nós podemos encontrar outras formas, amor. Não precisamos passar por isso… — ele disse, segurando seu rosto entre as mãos.

Mas Madeleine não queria ouvir. Para ela, ser a mãe dos filhos de Enrico era mais do que um desejo. Era uma necessidade.

No começo, os tratamentos pareciam inofensivos. Apenas algumas consultas, exames, uma leve mudança na rotina. Mas logo a obsessão tomou conta dela. Madeleine mergulhou em um universo onde apenas aquele sonho importava.

Enquanto Enrico lutava para salvar a empresa que herdara de seu avô, tentando reconstruir algo que muitos diziam estar condenado, sua esposa afundava cada vez mais na frustração. Ele passava longas noites no escritório, ao lado de Dante Varela, seu melhor amigo e braço direito nos negócios, estudando maneiras de reerguer o império da família. O sucesso veio com o tempo. Anos de trabalho árduo transformaram a empresa falida em uma potência no mercado, e Enrico tornou-se um nome respeitado no mundo dos negócios.

Mas em casa, as coisas desmoronavam.

— Por que você não me toca mais? — Madeleine acusou certa noite, os olhos febris de raiva e dor.

— Do que está falando? — Enrico suspirou, cansado.

— Você já desistiu de mim, não é? Acha que sou um caso perdido!

Ele fechou os olhos por um momento, tentando conter a frustração.

— Madeleine, eu só quero que você seja feliz. Não podemos continuar assim, vivendo em função de algo que pode nunca acontecer. Podemos adotar. Ou então…

— Não! — ela gritou. — Eu quero um filho seu! Meu! Nosso!

Ele tentou convencê-la. Tentou mostrar que o amor deles não deveria ser definido por uma gravidez, mas nada adiantou. O tempo só piorou a situação. Cada tratamento falho tornava Madeleine mais instável, mais amarga. As brigas se tornaram frequentes, o humor dela imprevisível.

Até que veio a decisão mais arriscada.

— O médico disse que há um novo procedimento… Se der certo, eu finalmente ficarei grávida.

O coração de Enrico pesou. Ele já não confiava naqueles tratamentos, mas viu nos olhos dela um brilho que não via há anos. Era uma última tentativa desesperada.

— Amor… — Ele segurou sua mão. — Tem certeza de que vale a pena correr esse risco?

— Se funcionar, valerá cada segundo.

No dia da cirurgia, Enrico esperou ansioso no hospital. Caminhava pelos corredores, sentindo o peso de algo que não conseguia nomear. Quando o médico apareceu, com o rosto pálido e expressão séria, ele soube.

— Senhor D’Angelo… sinto muito.

O tempo parou. O ar se esvaiu de seus pulmões. Ele queria acreditar que era um pesadelo. Mas a realidade o esmagou com brutalidade. Madeleine se foi. E nada poderia trazê-la de volta.

Agora, olhando a cidade pela janela, Enrico sentia-se um homem quebrado. Ele tinha tudo, poder, dinheiro, sucesso. Mas o preço que pagou foi alto demais.

Ele ergueu o copo de uísque e bebeu em um único gole.

A vida seguiu em frente. Mas ele nunca mais seria o mesmo.

Ele sempre foi um homem rodeado de pessoas, mas a solidão o acompanhava como uma sombra silenciosa. Desde a morte de Madeleine, ele se fechou em seu próprio mundo, afundando-se no trabalho e na rotina impecável que construíra para não pensar no que perdeu. Seu único refúgio era a amizade de Dante, o irmão que a vida lhe deu.

Dante esteve ao seu lado em todos os momentos, apoiando-o sem julgamentos. Antes de Enrico se casar, Dante Casou-se com Antonella, uma mulher doce e vibrante, o oposto da amargura que Madeleine cultivou nos últimos anos de vida. Enrico foi padrinho de casamento de Dante, e Dante foi seu.

Quando Madeleine descobriu a infertilidade, foi quando a pequena Thayla nasceu, trouxe luz para todos ao seu redor. Uma menina linda, de olhos azuis brilhantes e cabelos loiros como raios de sol.

Madeleine nunca aceitou Antonella, muito menos o fato de que ela tinha tudo o que lhe fora negado. Enrico nunca esqueceria o olhar carregado de inveja quando soube da gravidez da amiga. E quando Dante e Antonella o convidaram para ser padrinho da menina, ele recusou. Não porque não amasse a criança, mas porque sabia que aquilo despertaria ainda mais rancor em sua esposa.

Foi uma decisão que magoou Dante profundamente. Ele se desculpou incontáveis vezes, mas seu amigo compreendia que o problema não era dele. Era de Madeleine.

Os anos passaram, e Enrico viu Thayla crescer. Era impossível não se encantar com a doçura e alegria que ela espalhava. Um dia, observando-a, sorriu e brincou:

— Sorte do homem que conquistar o coração dessa princesa.

Mal sabia ele que, para Thayla, aquele coração já lhe pertencia. Como um sonho impossível, um sentimento que nasceu silencioso, intenso, e, para ambos, inimaginável.

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