Enrico Narrando
O dia foi cheio de compromissos, reuniões e documentos para assinar. Uma rotina comum, na vida de um CEO. Dante saiu mais cedo do escritório hoje. Ele estava animado ia buscar a Thayla no aeroporto, mas antes de sair, passou pela minha sala e fez questão de me lembrar do jantar de boas-vindas. — Não esquece do jantar hoje, Enrico. Vai ser importante pra Thayla se sentir acolhida. — Eu sei, Dante. Estarei lá. Ele assentiu e saiu apressado, claramente ansioso para ver a garota. Eu ainda tinha uma última reunião antes de encerrar o expediente. Resolvi focar nisso antes de pensar no jantar. A reunião foi produtiva, mas um pouco cansativa. Assuntos burocráticos sempre tiravam minha paciência. Quando finalmente acabou, fui direto para casa. Uma ducha rápida ajudou a aliviar o cansaço do dia, e então escolhi algo mais casual para vestir. Nada formal, apenas uma calça jeans e uma camisa de algodão. Não era uma ocasião para ternos e gravatas, afinal. Dante mora a apenas uma quadra de mim, então fui caminhando. O clima estava agradável, e o curto trajeto me deu tempo para pensar. A última vez que vi Thayla, ela era só uma adolescente. Agora, estava voltando para casa como uma mulher feita. A filha do meu melhor amigo, a garotinha que me chamava de “tio” quando pequena. Agora é uma jovem adulta. Assim que cheguei à casa de Dante, fui recebido pelo próprio, que parecia mais leve do que de manhã. — Você veio rápido — ele comentou, abrindo passagem para que eu entrasse. — Eu moro a uma quadra. Não tinha por que demorar. Ele riu e me levou até a sala, onde um aroma delicioso de comida caseira já preenchia o ambiente. — A Thayla já chegou? — perguntei, observando os detalhes ao redor. — Sim, ela está no quarto dela, trocando de roupa. Acho que ainda está absorvendo tudo. Assenti, entendendo. Voltar para casa depois de tanto tempo podia ser algo sentimental. Poucos minutos depois, ouvi passos leves se aproximando. Quando me virei, lá estava ela. A Thayla que eu lembrava havia ficado para trás. Agora, diante de mim, estava uma mulher linda, com um brilho nos olhos que misturava alegria e nervosismo. Olhei para ela da cabeça aos pés, cada curva assentuada. Ver aquela menina ali na minha frente, mais linda do que nunca, pequei só pelo desejo que senti. — Enrico! — Ela sorriu, se aproximando. — Thayla! — Sorri de volta. — Bem-vinda de volta. Ela não hesitou antes de me abraçar, e por um segundo, senti seu perfume maravilhoso, entrando em minhas narinas, sua pele suave e quente. Achei melhor desfazer o abraço. — Você está diferente — comentei, analisando-a com um olhar avaliador. — O tempo faz isso com a gente, não? — Ela riu. — Faz, sim. Dante observava a cena com um sorriso satisfeito, e naquele momento, tive certeza de que essa nova fase na vida de Thayla será interessante de acompanhar. O jantar estava animado. Dante, como sempre, fez questão de discursar. Ele estava radiante com a volta de Thayla, e Antonella não ficava atrás. Todos queriam saber como foram os estudos, a vida dela lá fora, se tinha planos para o futuro. E ela, com aquele sorriso doce e educado, respondia a todos com paciência e simpatia. Eu observava tudo em silêncio, degustando meu vinho, enquanto tentava ignorar um detalhe incômodo: a beleza perturbadora daquela garota. Não, daquela mulher. Thayla havia se tornado uma mulher deslumbrante. O tempo a favoreceu de um jeito que me pegava desprevenido. Eu evitava encará-la por muito tempo, mas meus olhos pareciam ter vontade própria. A cada movimento, a cada risada, eu me pegava admirando-a mais do que deveria. Ela percebeu. E ao invés de ignorar ou fingir que não notou, me encarou de volta. Seus olhos tinham um brilho travesso, desafiador. A ponta da língua deslizou pelos lábios depois de um gole de vinho, e aquilo foi o suficiente para meu corpo reagir de um jeito que não deveria. "Merda, Enrico, o que você está fazendo?" Apertei a taça entre os dedos, desviando o olhar. Eu não podia estar desejando a filha do meu melhor amigo. A garota que vi crescer, que um dia me chamou de "tio". Isso era completamente errado. Thayla percebeu que estava mexendo comigo de alguma forma. Ela riu baixinho, e aquela risada soou como uma m*****a provocação. O jantar seguiu, mas os olhares furtivos entre nós dois continuaram. Eu tentava evitar, mas Thayla parecia se divertir com a situação. Toda vez que me pegava olhando, mordia o lábio de um jeito sugestivo ou mexia no cabelo com uma delicadeza calculada. Meu autocontrole estava sendo testado a cada minuto. Dante, alheio a tudo, continuava falando, brindando à filha, comemorando sua volta. Enquanto isso, eu travava uma batalha interna, me perguntando em que momento tudo havia mudado. Quando foi que parei de enxergar Thayla apenas como a filha do meu amigo? O pior é que ela sabia. E pior ainda, parecia gostar disso. — Parece distraído, Enrico. — A voz dela veio baixa, quase um sussurro, enquanto os outros conversavam entre si. Levantei os olhos, encontrando os dela. — Longo dia de trabalho — respondi, mantendo a expressão neutra. Ela apoiou o cotovelo na mesa, se inclinando ligeiramente para mim. O decote discreto do vestido se tornou um pouco mais evidente, e tive que me obrigar a não olhar. — Achei que fosse algo mais, interessante. M*****a. Peguei minha taça e bebi o restante do vinho, tentando recuperar o controle da situação. Ela estava brincando comigo, testando meus limites, mas eu não cairia nessa. Ou pelo menos, eu tentava me convencer disso. A noite seguiu entre conversas e risadas, mas para mim, tudo se resumia a um jogo silencioso entre nós dois. Um jogo perigoso, que eu não deveria nem pensar em jogar. E mesmo assim, lá estava eu, no meio dele. Desejando aquela mulher desconhecida, mas que no fundo é a garotinha do meu amigo irmão.Thayla Narrando Depois do jantar, e dos flertes com o Enrico, mas claro, sempre observando se não tinha ninguém prestando atenção em nós, não quero estragar algo antes de conseguir o que quero. Depois que todos foram embora, dei um beijo de boa noite nos meus pais e agradeci pelo jantar maravilhoso. Subi para o meu quarto, tomei um banho relaxante e vesti um pijama confortável.Deitei na cama, mas meu corpo estava inquieto. O banho relaxante não foi suficiente para acalmar meus pensamentos. O jantar foi delicioso, mas o que realmente mexeu comigo foram os olhares e as trocas sutis de flerte com Enrico. Cada vez que nossos olhares se encontravam, uma faísca acendia dentro de mim. Eu percebia que ele tentava manter a compostura, sempre desviando o olhar rapidamente, mas eu via além disso. Ele sentia minha presença, da mesma forma que eu sentia a dele.Virei para o lado, puxei o cobertor sobre o corpo e suspirei. Meu coração ainda batia acelerado só de lembrar da maneira como ele ajeito
Enrico Narrando Meu Deus, o que eu tô fazendo da minha vida?Respondi a Thayla com provocações, e agora tô aqui, precisando de um banho gelado pra tentar apagar as imagens que minha mente insiste em reproduzir. A água fria escorria pelo meu corpo, mas não era suficiente para aliviar a tensão que eu mesmo criei. Ela tem um jeito que me instiga, me desafia. E eu, um homem feito, me vejo reagindo como um garoto inexperiente.Me deitei na cama, mas o sono não veio fácil. Só consegui dormir quando o cansaço venceu a batalha contra meus pensamentos.Na manhã seguinte, acordei com o despertador tocando. Sem preguiça, coloquei meu tênis e saí para o treino. Comecei com um cardio intenso, seguido de exercícios de ombros e costas. Depois, nadei por quarenta minutos, sentindo a resistência da água me ajudar a colocar as ideias no lugar. A disciplina sempre foi minha aliada, e hoje não seria diferente.Quando terminei, já estava disposto para encarar o dia. Tomei um banho, vesti um terno impecáv
Thayla Narrando Matheus começou a apresentar os pontos que estavam tornando o processo administrativo mais lento. Ele tinha um levantamento interessante, com dados concretos e observações válidas. Enrico escutava em silêncio, mas eu percebi que sua expressão ficava cada vez mais fechada.Eu mesma fiz algumas anotações e observações, mas quem realmente fez uma análise crítica foram Enrico e meu pai. Não era surpresa. Os dois estão há mais de vinte anos no ramo administrativo e têm experiência de sobra. Eu os observava atentamente, absorvendo cada detalhe.Mas algo me chamou a atenção: o olhar de Enrico para Matheus estava excessivamente carregado. Não era só profissionalismo. Sempre que Matheus falava, Enrico reagia como se fosse uma afronta, mesmo quando o assunto era puramente técnico.Meu pai também percebeu.— Matheus, Thayla, podem nos dar um minuto? Quero falar com Enrico a sós.Enrico me lançou um olhar significativo. Parecia um aviso. Algo como “fica esperta, garota”.Saí da s
Enrico Narrando Eu não estava mais conseguindo me segurar com a Thayla ao meu lado. Caminhávamos pelos corredores da empresa, analisando tudo, observando as operações, mas tudo que eu conseguia perceber era a proximidade dela, o perfume doce que invadia minhas narinas e me fazia sentir mais vivo.O jogo de provocações entre nós já tinha passado dos limites. Os olhares demorados, os sorrisos cheios de segundas intenções, as palavras que pareciam inofensivas para os outros, mas que carregavam um peso enorme para nós dois.Para piorar, eu precisava lidar com Matheus e com os funcionários mais jovens que lançavam olhares carregados de desejo para ela. Meu sangue fervia. Eu queria agarrá-la, passar minha mão pelos ombros dela, puxá-la pela cintura e deixar claro que ela não estava disponível. Mas eu não posso.Não somos nada além da filha do meu melhor amigo e do homem que sempre esteve presente na vida dela. Ninguém tinha falado nada, mas os olhares diziam muito.— Está difícil se concen
Thayla Narrando Foi maravilhoso beijar o Enrico, melhor do que eu já tinha imaginado. Seu gosto ainda estava nos meus lábios, e a forma como ele ficou sem jeito depois só me fez achá-lo ainda mais irresistível. Voltamos para a sala dele, e ele mexia na gola da camisa, evitando me encarar diretamente. Tadinho, tentava manter o controle, mas eu via o desejo brilhando em seus olhos.Para aliviar a tensão, ou talvez só para me divertir vendo-o reagir, puxei assunto sobre a empresa.— Tio Enrico, como funciona a exportação de petróleo e minérios? — perguntei, cruzando as pernas devagar e me inclinando um pouco para frente. — Quero entender tudo direitinho.Ele umedeceu os lábios antes de responder, como se estivesse escolhendo as palavras certas.— Bom, Thayla — Ele pigarreou e ajeitou a postura. — Não é um processo tão simples. Primeiro, temos que garantir que a matéria-prima está no padrão certo. Qualidade é essencial.— Ah, então vocês são bem exigentes, né? — provoquei, mordendo de le
Enrico Narrando Tive uma reunião importante em uma cafeteria que possui uma sala privativa. A reunião foi com o representante do Governo Federal e, felizmente, foi bastante produtiva. Minha secretária já estava lá quando cheguei, e ficou claro que o próximo encontro será com o ministro em Brasília.Cheguei na empresa por volta das quatro da tarde, estacionei e, enquanto pegava minhas coisas no carro, vi Thayla e Matheus juntos. Meu sangue ferveu. Quando a vi abrindo a porta do carro dele, perdi completamente a sanidade.Eu sabia que deveria recuar. Mas, droga, quem disse que eu consegui resistir?Não deixei ela sair com o Matheus. Ela estava prestes a entrar no carro dele, mas eu não podia deixar aquilo acontecer.Mandei a Thayla entrar dentro do meu carro, entrei e respirei fundo. Meu Deus, o que eu estou fazendo? Perdi a noção de tudo. Olhei para ela, que estava sorrindo, me encarando.— Isso foi ciúmes, tio Enrico? — Ela perguntou, com aquele tom provocador que só ela sabe usar.O
Enrico Narrando Eu estava completamente envolvido na presença de Thayla, cada detalhe dela parecia me deixar mais encantado. A forma como ela se vesti, com aquela blusinha que deixa sua barriga à mostra, e a saia curta que realçava suas pernas perfeitas, me deixando sem palavras. Seus cabelos soltos, o brilho no olhar e aquele perfume delicioso, que tomou conta do carro assim que ela entrou, me faziam pensar que ela não era apenas bonita, mas uma verdadeira obra de arte. — Você quer jantar? — perguntei.— Não, já comi — ela respondeu, um sorriso provocante no rosto, como se soubesse exatamente o efeito que causa em mim. Quando chegamos na minha casa, descemos do carro, e a vi olhar ao redor, como uma criança curiosa. Ela sempre parecia se interessar por tudo ao seu redor, e isso me fascina. Era como se cada detalhe fosse importante para ela. Eu sorri, apreciando aquele momento, aquele olhar curioso e inocente.— Pode entrar — eu disse, abrindo a porta de casa. Ela entrou, observand
Thayla Narrando Durante o jantar, com um sorriso, falei que ia sair para tomar açaí com as minhas amigas da escola, que não vejo desde que fui para Flórida. Era mentira, é claro. Não tinha ninguém esperando por mim, mas meus pais não precisavam saber disso. O único objetivo era sair sem levantar suspeita. Eu não queria ter que mentir para os meus pais, mas não podia falar a verdade. Tenho a impressão que meu pai nunca aceitaria.Minha mãe me olhou com aquele olhar de sempre, cheio de preocupação, e deu a recomendação de mãe:— Vai se divertir, mas não volta muito tarde, Thayla. São Paulo está perigoso.Meu pai, apenas acrescentou:— Cuidado, filha. Vamos ficar te esperando.Eu sorri, nervosa, se eu falasse para não me esperar, eles poderiam desconfiar de alguma coisa.— Pode deixar, mãe, pai. Vou me cuidar. — Dei um beijo em ambos e subi para o meu quarto, o coração batendo forte. Agora que eles estavam tranquilos, eu poderia seguir com os meus planos.Fechei a porta do quarto. Pegu