Thayla

Thayla Narrando

Saí da boate exausta, mas satisfeita. O ar fresco da madrugada me envolveu, e senti um alívio ao finalmente estar longe da música alta e das luzes piscantes. Meu corpo ainda vibrava com a adrenalina da noite, e quando ouvi a voz rouca de Logan me chamando, um sorriso brincou em meus lábios.

— Vai embora sem se despedir? — Ele perguntou, encostado na parede do lado de fora.

Logan era um pedaço de mal caminho. Moreno, alto, corpo definido, aquele sotaque português carregado que fazia qualquer palavra soar como sedução. Já tínhamos transado algumas vezes, sempre sem compromisso, sem expectativas. Mas agora que eu estava indo embora, talvez fosse a última vez.

— Uma despedida, então? — Respondi, arqueando a sobrancelha.

Ele sorriu de lado e puxou minha mão, me guiando até o táxi que nos levaria ao apartamento dele. Logan dividia o lugar com dois amigos, mas naquela noite o espaço era só nosso.

O desejo se inflamou assim que a porta se fechou. Sem hesitação, ele me empurrou contra a parede, suas mãos firmes percorrendo meu corpo com uma urgência que eu sentia da mesma forma. A madrugada foi um turbilhão de prazer, uma última entrega antes da despedida inevitável.

Quando o despertador tocou, senti o peso do cansaço, mas também uma satisfação plena. Logan se espreguiçou ao meu lado, o lençol deslizando pelo seu corpo esculpido. Ele me puxou para perto e beijou minha testa antes de sussurrar:

— Espero que essa não tenha sido a última vez.

Sorri, mas não respondi. Quem sabe o que o futuro nos reservava?

Me vesti rapidamente e, enquanto pegava minhas coisas, Logan segurou minha mão e colocou algo na minha palma.

— Um presente. Para lembrares de mim.

Olhei a pulseira delicada e engoli em seco. Não esperava nada, e aquilo me pegou de surpresa.

— Logan… é linda. Obrigada.

Ele sorriu e me abraçou forte antes de me levar até o táxi. Assim que cheguei ao apartamento, Sophie já estava pronta.

— Noite boa? — Ela perguntou, arqueando as sobrancelhas com um sorriso malicioso.

— Digamos que me despeço da Florida com chave de ouro.

Rimos juntas antes de chamarmos um táxi para o aeroporto. Minha mala já estava pronta, então só precisei me trocar rapidamente. Enquanto o carro nos levava para o destino final, observei as ruas pela janela. Cada esquina tinha uma lembrança, um pedaço de mim.

No aeroporto, a despedida com Sophie foi carregada de emoção.

— Você foi a melhor coisa que me aconteceu aqui — confessei, segurando suas mãos.

— Ah, Thay, você também. Mas nos veremos logo, prometo. Quero visitar o Brasil.

— Te espero lá.

Nos abraçamos forte antes de eu seguir para o check-in. Meu coração disparava no peito. Finalmente, depois de tanto tempo, eu estou voltando para casa.

O voo foi tranquilo. Depois da intensidade da última noite, meu corpo pedia descanso, e assim que me acomodei no assento, fechei os olhos e dormi profundamente. Foram aproximadamente 8 horas de voo da Flórida até o Brasil, acordei, comi, fui ao banheiro. Domi novamente.

O piloto fez a chamada, anunciando o início do procedimento de pouso. Meu coração deu um salto, e uma mistura de ansiedade e emoção tomou conta de mim. Olhei pela janela e vi São Paulo se aproximando aos poucos. De cima, a cidade parecia pequena, um emaranhado de prédios e luzes, mas eu sabia que lá embaixo havia vida, movimento, e principalmente, o meu lar.

Quando o avião tocou o solo, senti as lágrimas virem aos olhos. Depois de tanto tempo fora, eu estaou de volta.

Assim que saí da aeronave, meu primeiro pensamento foi pegar minhas malas o mais rápido possível. Meu coração batia acelerado, ansioso pelo reencontro com minha família. Assim que consegui todas as bagagens, me dirigi para o portão de desembarque. E foi ali, no meio da multidão, que os vi.

Minha mãe, com os olhos marejados, meu pai ao lado dela, tentando manter a compostura, mas com um sorriso enorme no rosto. E meu irmão, aquele pentelho, acenando animado.

Soltei o carrinho de malas no meio do corredor e corri. Corri como se minha vida dependesse daquilo, como se cada passo me aproximasse da parte de mim que havia ficado para trás.

— Minha filha! — minha mãe chorou, me envolvendo nos braços com tanta força que parecia que nunca mais queria me soltar.

— Mãe… — sussurrei, sentindo o cheiro dela, aquele perfume tão familiar, tão meu.

Meu pai nos abraçou juntas, sua mão firme em minhas costas, e senti seu peito subir e descer profundamente.

— Sentimos sua falta, princesa.

— Eu também senti tanta falta de vocês…

Quando me afastei, vi meu irmão me olhando com aquele meio sorriso convencido.

— Então, a gringa resolveu voltar?

— Cala a boca e me abraça, moleque — puxei ele para perto e o apertei com força.

Ele riu, mas retribuiu o abraço. Por mais que brigássemos, eu sentia falta das provocações dele.

Pegamos as malas e fomos para o carro. No caminho para casa, eu não conseguia parar de falar.

— Como está tudo por aqui? O vovô? A tia Meire ainda está morando na casa do vovô ? O café da esquina ainda existe?

Minha mãe riu, acariciando minha mão.

— Tudo está do mesmo jeito, minha filha. Mas agora, com você aqui, tudo parece mais completo.

Suspirei, olhando pela janela. Eu estou de volta. Estou em casa.

Assim que chegamos em casa, fui direto pegar os presentes que trouxe. A emoção nos olhos dos meus pais quando entreguei a lembrança me fez sorrir. Meu irmão fingiu não se importar, mas vi pelo jeito que segurou a caixa que gostou.

— Trouxe algo para a Rosinha também — anunciei, procurando por ela.

A cozinheira, que trabalhava na nossa casa desde que eu era criança, apareceu na porta da cozinha, surpresa.

— Minha menina, que saudade! — ela disse, me abraçando apertado.

— Eu também, Rosinha. Trouxe um presente pra você, espero que goste.

Ela abriu a embalagem com cuidado e seus olhos brilharam ao ver o casaco de lã que trouxe para ela, Rosinha ama casacos.

— É lindo! Você sempre foi uma querida.

Depois de mais abraços e conversas, subi para o meu quarto. Tudo estava exatamente igual. O cheiro do amaciante, os móveis, até mesmo os pequenos detalhes que deixei antes de viajar. Me joguei na cama e respirei fundo, absorvendo a sensação de estar de volta.

Me levantei e fui tomar banho. A água quente relaxou meus músculos e tirou o cansaço do voo. Escolhi um vestido de seda colado ao corpo, de alças finas e costas nuas. O tecido macio deslizava pela minha pele, proporcionando uma sensação de leveza.

Fiz uma maquiagem discreta, apenas para realçar meus traços, e passei meu perfume favorito. Deixei os cabelos soltos, como sempre gostei, e calcei um salto médio.

Quando desci as escadas, o jantar estava prestes a começar. Meu coração acelerou. Mais do que qualquer coisa, eu queria matar a saudade de todos. Principalmente do tio Enrico.

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