Samantha
— Sam, você está aí? — Charlie bateu na porta do banheiro do apartamento que dividíamos.
Meu único desejo, era fingir que não existia até que aquilo se tornasse real. Eu me afundei um pouco mais na banheira vazia, buscando alguma proteção contra a realidade.
— Sam, Você sabe que se a gente se atrasar teremos que aguentar a Elle pegando no nosso pé! — sua batida se tornou insistente — vamos, serão apenas dois shows hoje.
— A porta está aberta — Eu murmurei, abrindo a terceira barra de chocolate que provavelmente me transformaria em uma porca.
Bem, eu ficaria do tamanho de uma mais cedo ou mais tarde de qualquer maneira.
Charlie abriu a porta, arregalando os olhos ao me encontrar deitada na banheira vazia, cercada de embalagens das mais diversas guloseimas que meu pagamento pelo show da noite anterior havia sido capaz de comprar.
— Mas que porra é essa?
Ela se aproximou com cuidado da banheira, enquanto eu mordiscava sem vontade a barra de chocolate. Minha amiga se abaixou, pegando do chão o motivo do meu desespero nas últimas horas.
Quatro testes de gravidez, todos com resultado positivo.
— Minha vida acabou — Eu funguei.
— Sam, eu... Isso é sério? — ela balbuciou, parecendo abobada.
Eu confirmei com a cabeça sem me preocupar em olhá-la.
— Mas...
— Eu fiz o exame de sangue, o resultado sai ainda hoje, mas eu não aguentei esperar — Expliquei, me ajeitando no pouco espaço que eu tinha.
— Quem é o pai? Já faz algum tempo que você terminou com o Jack.
Suspirei ao pensar em meu ex namorado. Seria bem mais fácil se fosse ele, eu o conhecia, nós tivemos um relacionamento que durou mais de um ano. Mas não, eu tinha que dificultar um pouco as coisas.
— Não é do Jack. Você não o conhece.
Ela pareceu confusa com a resposta. Eu sempre fiz questão de apresentar todos os meus envolvimentos românticos para Charlie, com exceção de Theon.
Ela sabia que eu tinha me envolvido com alguém algumas semanas atrás e que era algo passageiro, já que ele estava apenas na cidade a passeio. A única que realmente o conheceu foi Elle, e foi incrível aproveitar sua companhia.
Eu só não esperava que um descuido tão bobo como o que tivemos, resultaria em algo assim.
— Sam, de quem estamos falando? — ela se sentou ao meu lado, pegando um pacote de jujubas que estava em cima da minha barriga.
— Aquele cara que conheci no bar no dia que saímos juntas — eu expliquei.
— Acho que entendo o motivo de tantos doces.
— Se dependesse de mim, eu estaria rodeada de tequila, mas aparentemente eu não posso mais.
Passamos alguns segundos ali em silêncio, apenas absorvendo a novidade, mas, cedo demais, Charlie o quebrou.
— Sei que você está surtando, mas precisamos ir.
Apesar de me sentir relutante, eu me forcei a tomar um banho e me vestir para o trabalho. Eu precisava trabalhar, pelo menos enquanto ainda consigo dançar sem ter uma barriga enorme me atrapalhando.
Charlie e eu pegamos um táxi até o hotel onde seria nossa primeira apresentação. Depois nós iríamos a um restaurante árabe, onde aparentemente não se importavam com a etnia de suas dançarinas contando que soubessem dança do ventre e se vestissem em trajes apropriados.
Eu estava no camarim separando as roupas que usaria na apresentação quando Charlie entrou, se sentando em um sofá já vestida para a apresentação, aproveitando que havíamos sido as primeiras a chegar.
— Você está de quanto tempo? — ela perguntou.
— Eu não sei — suspirei me sentando ao seu lado — faz algumas semanas que o Theo foi embora, então não pode ser mais que isso. Mas acho que preciso ir a um médico ou algo assim. Eu sabia que tinha algo errado, mas não queria ceder.
— Eu percebi que você estava estranha, mas pensei que você tinha pego a gripe da Milly — ela me observou.
— Eu não fico doente — funguei — mas considerei a gripe também, apesar de estar com a menstruação atrasada há alguns dias.
— Negação?
— Pode ser — admiti — eu senti cólica, então pensava que era apenas isso, um atraso.
— Mas não era.
Balancei a cabeça, me deitando em seu colo. Eu me sentia solitária, era no mínimo irônico pensar nisso, já que tecnicamente, eu estaria sempre acompanhada de agora em diante.
— O que você pretende fazer? — ela perguntou.
— Bem, eu vou tentar dançar a noite toda sem vomitar em ninguém, e depois comer o resto dos meus doces.
— Sam... — ela suspirou.
— E quem sabe ligar para o Theon e falar "Oi, se lembra de mim? Então... espero que você goste de crianças, porque vamos ter um filho" — Eu me encolhi em seu colo — Terei sorte se ele não desaparecer.
— Ele não vai desaparecer — ela garantiu mexendo em meu cabelo — e se ele fizer isso, nós daremos um jeito, você sempre pode pedir pro seu pai caçar ele e fazer ele pagar a pensão.
— Se eu pedir para meu pai caçá-lo, ele vai levar a sério, sabe que caçar é seu passatempo favorito. A última coisa que eu vou receber será a pensão — eu ironizei, sentindo um novo terror crescer em mim.
Como eu contaria aquilo para os meus pais? Eu teria que contar para eles em algum momento!
— Sam, você está chorando!? Por quê? — Charlie arregalou os olhos enquanto eu me levantava de seu colo, tentando enxugar as lágrimas teimosas que insistiam em aparecer.
— Eu não sei, posso culpar os hormônios? — eu forcei um sorriso, tentando mudar de assunto ao ouvir vozes se aproximando da porta — não conte a elas, por favor.
Eu não queria mais falar sobre o quão aterrorizada eu estava com aquela situação. Queria apenas tentar manter uma rotina normal. Ela me envolveu em um abraço desajeitado tentando me confortar, mas aquilo parecia impossível para mim naquele momento.
Um bebê!
— Vamos, você precisa de maquiagem — Charlie declarou, me levando até o espelho — vamos te deixar apresentável.
Ela trabalhou em mim enquanto as garotas estavam animadas ao meu redor, sem se dar conta do caos que invadiu meu interior.
A primeira parte da noite ocorreu sem incidentes. As rotinas eram simples e a atração principal era um cover de Elvis que estava se apresentando. Devido ao cronograma apertado, não tive tempo para checar o resultado do exame, apesar de já saber qual seria. Quando chegamos ao restaurante, não existia nenhum lugar apropriado para que nos arrumássemos para a apresentação, então nos revezamos no escritório do gerente.
Eu fui a última a me arrumar, me sentando na cadeira, apanhando o celular para confirmar o resultado do exame.
É isso... Eu vou ter um bebê, filho de um cara que eu nem conheço direito!
O que eu sei sobre ele? Ele é grego, mora no Colorado, e o primo dele vai se casar. Na verdade, já deve ter se casado. Já faz um mês desde que Theon partiu.
— Aquela droga de despedida — eu praguejei, jogando o celular em cima da mesa e escondendo o rosto em ambas as mãos.
Uma batida na porta fez com que eu erguesse o rosto a tempo de ver Elle entrando com um olhar preocupado no rosto.
— Desculpe a demora Elle, eu já vou...
— Sam, você está bem? — ela se aproximou.
Eu estava bem? Eu acabei de ter certeza de que me meti na maior enrascada da minha vida.
— Claro — eu menti, forçando um sorriso — algum problema?
— O dono do restaurante te viu mais cedo e bem, ele tem alguns planos especiais pra você — ela comentou me avaliando — você não tem que aceitar.
— Quais planos? — eu franzi o cenho.
— Qual é a sua experiência com cobras? — ela fez uma careta.
Eu pisquei atordoada diante daquela frase.
Cobras? Por que eu teria experiência com cobras?
— Você está falando de que tipo de cobra?
— Que é nojenta e rasteja por aí.
Aquela informação fez meu estômago revirar, me obrigando a correr para o banheiro. Elle me acompanhou de perto, segurando meus cabelos na tentativa de me confortar.
— Eu sinto muito, você não tem que chegar perto de nenhuma cobra — ela garantiu ao ouvir um pequeno soluço incontido meu.
— Não é esse o problema — eu garanti, secando as lágrimas que tinham escapado.
Eu vou conseguir parar de chorar em algum momento?
— Então você vai dançar com a cobra no pescoço? — ela franziu o cenho.
— De jeito nenhum! — ergui a voz me levantando e indo até à pia.
— Sam, você está estranha desde que nos encontramos — ela suspirou, parando ao meu lado e me olhando de maneira desconfiada.
Eu desviei o olhar, sem saber ao certo o que dizer a seguir.
— Sam...
— Eu estou grávida — soltei de uma vez.
— Como é? — ela devolveu quase imediatamente, me encarando boquiaberta.
Um silêncio desconfortável recaiu sobre nós duas, eu não queria que essa história se espalhasse tão rápido, mas acho que não seria tão fácil esconder.
— Quem é o pai? — ela se aproximou gentilmente.
— Theon — desviei o olhar sem ter coragem de encará-la — sabe, o cara grego.
— Mas que merda, Sam! — ela praguejou.
Parece que ela também acha que eu consegui piorar uma situação que já era péssima.
— O que eu faço? — eu implorei por uma solução mágica.
— O quê? Não sei, Sam. Você vai levar a gravidez adiante? — ela foi direto ao ponto.
— Sim, eu não poderia fazer outra coisa — eu funguei.
Apesar do pavor que a situação criava em mim, em momento nenhum eu pensei em abortar aquele bebê.
— Então você precisa falar com ele. Vocês têm algum contato?
— Tenho o número dele, mas o que eu vou dizer? Eu não posso ligar para alguém de uma hora para outra e contar que vamos ter um filho!
— E você tem outra opção, Samantha? — ela revirou os olhos.
— Não, mas...
— Olha, é melhor você tirar o resto da noite de folga. Eu acho que a May vai aceitar a questão da cobra, e não será bom se você vomitar em algum cliente — ela suspirou — depois nós podemos ver juntas o que você precisa.
— Eu ainda vou poder dançar? — eu sequei os olhos.
— Eu não sei, eu nunca estive nessa situação — ela admitiu — acho que até você passar com um médico é melhor dar um tempo.
— É tanta coisa.
— Eu sei, mas você vai ter que resolver — ela me cortou — vá pra casa e tente dormir um pouco, nós podemos conversar depois.
Eu pensei no que ela falou e fazia sentido. Eu poderia cair, vomitar, desmaiar, qualquer coisa. Fora que em breve eu não ficaria nem um pouco atraente para usar qualquer roupa que me dessem, mas o que eu poderia fazer? Um bebê precisa de dinheiro!
E ainda tinha a questão do Theon, eu precisava avisar ele. Mas como?
Eu estou muito ferrada!
Samantha Hurst— Você está ansiosa? — Elle perguntou sentada ao meu lado na sala de espera da clínica.— É claro que ela está ansiosa, não sei como conseguiu esperar uma semana por essa consulta — Charlie revirou os olhos — eu já teria batido na porta de todos os médicos disponíveis de Vegas até que alguém me atendesse!Não pude evitar rir diante de seu entusiasmo. Eu me sentia nervosa pelo que me aguardava atrás da porta fechada do consultório, mas não queria demonstrar isso. Eu podia lidar com um pouco de ansiedade.— Na verdade, eu passei a última semana me acostumando com a ideia — dei de ombros — acho que eu precisava desse tempo.— E como está sendo? — Elle se interessou.Eu me movi desconfortável na poltrona, pensando em minha resposta.— Bem, eu tenho que me adaptar. No começo eu estava perdida e sem saber o que fazer — eu admiti — mas agora, sei que tenho que continuar, apenas não sei como contar para Theon.— Ainda não ligou pra ele? — Charlie me observou.— Achei melhor esp
TheonEu saí do restaurante de minha irmã observando o sol que se punha atrás dos picos que em breve estariam cobertos de neve que cercavam Aspen. Minha família e eu nos estabelecemos na cidade há doze anos quando viemos da Grécia a convite da tia de meu pai Nia Evangelous, que era dona de um Resort e estação de Esqui nos arredores de Aspen. Desde então, meus pais vinham abrindo uma rede de comércios ali.Eu gerenciava as lojas de esporte na neve, enquanto Callie gerenciava o restaurante com minha mãe. Lara voltara de Portland há alguns meses quando se formou na universidade, e para nossa surpresa, ela estava com uma filha em seus braços. Aquilo fora um grande choque para todos, principalmente por não sabermos nada a respeito do pai da criança. De qualquer maneira, nós fizemos o possível para apoiá-la na criação daquela criança, nunca a deixaríamos sozinha. Eu nem imagino o que faria se estivesse na mesma situação que ela. E Evangeline, que estava prestes a se formar, retornava regu
Theon Adamos— Está tudo bem? — Gregor questionou, se sentando ao meu lado.Coloquei o celular no bolso, apoiando meus cotovelos nos joelhos, escondendo o rosto com as mãos.Isso é um pesadelo!— Theon? — Adam parou ao meu lado — Você está pálido.— O que ela te falou? — Gregor colocou a mão em meu ombro.Não! Isso não pode estar acontecendo!— Theon? — Adam insistiu.— Ela disse que está grávida — minha voz saiu em um sussurro abafado.Eu ergui meu rosto minimamente, com a boca ainda escondida em minhas mãos encarando o nada atordoado.— Você disse grávida? — Gregor ergueu a voz.— Espera, isso não significa que você...— Ela disse que é meu, Adam! — Eu gemi, jogando minha cabeça para trás e voltando a esconder o rosto com as mãos.Essa é a pior coisa que poderia acontecer agora. Crianças não estavam nos meus planos nos próximos anos!— Hey, foi o que ela disse. Mas isso não significa que seja — Gregor tentou.— Nem deve ser seu! — Adam completou — Você nem a conhece! Para engravida
SamanthaOuvi a porta da frente ser aberta antes de Charlie acender a luz, me encontrando encolhida no sofá.— Sam, você ainda está acordada! — ela exclamou com preocupação.Eu peguei meu celular, notando que já passava das duas da madrugada. Fiquei deitada aqui esperando Theon retornar a ligação e nem percebi o passar do tempo.— Eu acho que dormi um pouco — eu me sentei.— O que aconteceu? Por que você está aqui?— Eu liguei pra ele — expliquei, sentindo meu rosto esquentar.— Ohh, compreendo — ela se sentou ao meu lado.Eu vinha fugindo dessa ligação desde que descobri a gravidez. As garotas tentavam me convencer a ligar para Theon desde minha consulta na última semana, mas eu sempre perdia a coragem no último momento, e hoje, revendo as fotos do ultrassom, decidi tentar.— Como ele reagiu? — ela segurou minha mão.— Da maneira esperada, eu acho — dei de ombros, desviando o olhar — Primeiro pensou que eu estava brincando, depois disse que precisa de um tempo e me ligaria mais tarde
Samantha — Bom... E você está conseguindo trabalhar? — ele questionou na tentativa de puxar um novo assunto.— Eu fui dispensada na última semana — eu admiti — a médica não achou que seria uma boa ideia continuar com minha rotina.— Eles não poderiam te colocar em outra função? — ele perguntou surpreso.— Bem, me contratam para dançar, se eu não posso fazer isso... — eu dei de ombros — e de qualquer forma logo me dispensariam de qualquer jeito. Em breve eu não serei mais atraente o suficiente.— Não seja tola — Ele soltou — Você é muito bonita, nada vai mudar isso.Eu senti meu rosto esquentar diante daquele elogio. Não era a primeira vez que ele me falava que eu era bonita, e eu ouvi isso muitas vezes durante nosso breve romance. Mas era a primeira vez que eu não me sentia assim.— Você quer sobremesa? — ele perguntou ao ver que eu havia terminado de comer.— Não, obrigada — eu neguei.Theon fez sinal para o garçom fechar a conta e embalar o resto dos meus pratos para viagem, insist
Theon Um alívio tomou conta de mim ao ouvir a resposta de Sam, aquilo me deu uma luz no fim de toda a situação. Não seria fácil, mas nós podemos fazer funcionar. Pelo bem daquela criança, nós faríamos aquilo funcionar. — Muito obrigado — eu suspirei a abraçando. — Não foi nada — ela garantiu, parecendo um pouco sem graça. — Vamos, é melhor você sair um pouco desse sol — eu me levantei, a ajudando em seguida. Samantha sorriu, passando a caminhar ao meu lado com uma expressão mais tranquila. Deixei minha mente vagar um momento até o dia anterior, quando eu não sabia tudo o que me esperava. Eu estava feliz com Harper e agora eu sequer sei o que me espera a partir desse ponto. Ela vai aceitar bem? Como eu posso contar algo assim para ela? E minha família, o que vão pensar de tudo isso? — Bem, como tudo isso vai funcionar? — A voz de Samantha me trouxe de volta de meu devaneio, quando nos aproximamos de seu apartamento. — O que você quer dizer? — Como é sua cidade? Quando eu pos
TheonGregor e eu saímos de Vegas pela manhã, mas já era quase hora do almoço quando chegamos a Aspen. Eu o deixei em casa antes de ir para a minha, avisando Harper que eu tinha chegado antes de entrar no banho. Meu único desejo naquele momento era dormir pelo restante da tarde, mas eu tinha ciência de que se adiasse ainda mais minha conversa com minha namorada, eu perderia a coragem de contar o que descobri.Assim que saí do banho, fui até a cozinha, revirei a geladeira em busca de algo para o almoço enquanto planejava visitar Harper logo depois. O som da porta da frente sendo destrancada chamou minha atenção, eu fechei a geladeira e fui até a sala, quase esbarrando com Harper no caminho.— Theon! Oi — ela sorriu ao me ver.Ela vestia uma camiseta azul xadrez e tinha uma echarpe em volta do pescoço. Seus cabelos estavam presos com simplicidade, mas ela ainda assim conseguia ficar linda com aquele sorriso fácil nos lábios. Sorriso que eu tiraria em breve.— Harper, o que você está faz
Theon Sai de casa decidido a terminar de vez com aquilo. A casa de minha mãe não ficava muito longe, assim, eu cheguei em quinze minutos. A primeira coisa que eu ouvi quando passei pela porta da frente, foi o som do choro estridente de Daphne, a filha de Lara. Logo em seguida Evangeline, minha irmã mais nova, veio em minha direção com uma expressão exasperada no rosto. — Pelo bem da sua sanidade, é melhor você sair daqui agora — ela ergueu a voz — essa menina não para de berrar faz pelo menos uma hora! Eu não tive tempo de respondê-la, ela simplesmente correu em direção à escada, desaparecendo no andar de cima, enquanto os gritos de minha sobrinha, se possível, ficavam ainda mais altos. — Ela está com fome! — a voz de minha mãe soou abafada vindo da sala. — Eu já te falei, não está na hora — minha irmã choramingou — ela mamou faz pouco tempo! Fui até onde elas estavam, observando minha irmã em pé perto da grande porta de vidro que levava ao quintal dos fundos, embalando sua fi