Samantha
Ouvi a porta da frente ser aberta antes de Charlie acender a luz, me encontrando encolhida no sofá.
— Sam, você ainda está acordada! — ela exclamou com preocupação.
Eu peguei meu celular, notando que já passava das duas da madrugada. Fiquei deitada aqui esperando Theon retornar a ligação e nem percebi o passar do tempo.
— Eu acho que dormi um pouco — eu me sentei.
— O que aconteceu? Por que você está aqui?
— Eu liguei pra ele — expliquei, sentindo meu rosto esquentar.
— Ohh, compreendo — ela se sentou ao meu lado.
Eu vinha fugindo dessa ligação desde que descobri a gravidez. As garotas tentavam me convencer a ligar para Theon desde minha consulta na última semana, mas eu sempre perdia a coragem no último momento, e hoje, revendo as fotos do ultrassom, decidi tentar.
— Como ele reagiu? — ela segurou minha mão.
— Da maneira esperada, eu acho — dei de ombros, desviando o olhar — Primeiro pensou que eu estava brincando, depois disse que precisa de um tempo e me ligaria mais tarde, e não ligou mais.
— Você acha que isso é um mau sinal? — ela me observou.
— Eu não sei — eu admiti — eu descobri há quinze dias e ainda estou surtando um pouco, não o julgaria por estar dançando pelado na neve ou algo do tipo.
Charlie riu ao meu lado, e não pude evitar acompanhá-la.
— Pelo que você contou sobre ele, seria uma boa visão — Charlie me provocou.
— Não, seria uma visão incrível — eu gargalhei, me sentindo um pouco melhor.
Não foi tão ruim, sua reação foi melhor do que eu esperava. Talvez ele me ligue amanhã. Ou depois.
— Bem, não deve ser fácil receber essa notícia por telefone — Charlie indicou que eu me deitasse em suas pernas.
— Não, não deve — eu suspirei.
Ela começou a mexer em meu cabelo, me oferecendo um pouco de conforto.
— Ele disse que não vai sumir — eu comentei fitando o vazio.
— Isso é bom, pelo menos é responsável.
— Ele é mais velho, acho que isso influencia — eu expliquei.
— Vai ficar tudo bem, Sam — ela declarou — você vai dar conta disso. Eu sei que vai.
— Espero que você esteja certa. Eu só me lembro do som do coração do bebê e do fato de ter alguém que depende de mim agora — eu virei meu rosto para encara-la — eu não o conheço e não posso dizer que me sinto toda maternal nesse momento, mas eu quero que ele fique bem.
Charlie me empurrou gentilmente para que eu me levantasse.
— E ele ficará bem, principalmente depois que a mãe dele dormir um pouco — ela me instruiu — Vamos Samantha, está tarde. Ele não vai ligar hoje.
Eu aceitei sua sugestão, indo para o quarto decidindo descansar. Acordei quase na hora do almoço no dia seguinte, sentindo como se meu estômago estivesse sendo corroído por ácido. Eu precisava comer algo urgente.
Fui até a cozinha após escovar os dentes, onde Charlie estava preparando nosso café da manhã, tinha alguns ovos e tiras de Bacon espalhados pela bancada.
— Está se sentindo melhor? — minha amiga sorriu ao ver eu me aproximar.
— Vou me sentir melhor assim que comer alguma coisa — eu suspirei, observando tudo o que estava espalhado ali.
Eu adorava todas aquelas coisas, sempre adorei. Mas hoje eu não conseguia sequer olhar para o Bacon.
— Você quer outra coisa? — ela perguntou preocupada enquanto eu sentia meu estômago revirar.
— Não sei, talvez frango frito? — eu zombei assistindo minha amiga guardar o bacon quando o interfone tocou — Você está esperando alguém?
— Não — ela caminhou até o aparelho, enquanto eu apanhava um cookie em um pote na bancada — Quem é?
— Hã... Theon. Samantha está aí? — a voz soou do outro lado fazendo com que eu me engasgasse com o cookie.
— O que ele está fazendo aqui? — eu sussurrei para Charlie que me lançava um olhar confuso.
— Eu não sei! Deixo entrar? — ela sussurrou de volta.
— Eu não estou vestida! — Eu devolvi, apontando para a regata velha e comprida que eu usava como pijama.
— O que eu falo então?
— Com licença senhorita — uma voz desconhecida soou — se você continuar apertando o botão nós ouvimos tudo. Samantha, tenho certeza que meu primo já te viu... Aí...
— Samantha, nós podemos conversar? — Theon pediu um pouco ofegante — Você já almoçou?
— Ela vai descer — Charlie decidiu em meu lugar.
Eu corri para o quarto, tentando me arrumar o mais depressa possível, enquanto Theon me esperava na entrada. Ele viajou mesmo tantos quilômetros para falar comigo?
Eu coloquei uma calça de malha preta e uma blusa de alcinha, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e me apressei para sair, calçando uma sapatilha no caminho. Não demorei para chegar na portaria, onde Theon e um outro rapaz estavam me esperando.
— Oi — Eu alterei o olhar entre os dois, um pouco deslocada.
Eu não sabia como agir perto dele, e ele parecia estar sofrendo do mesmo mal, já que ficou me observando com ambas as mãos no bolso. Nem parecíamos as mesmas pessoas de semanas atrás, que não conseguiam manter as mãos longe um do outro sempre que estavam no mesmo ambiente.
Seu olhar demorou um pouco em meu rosto antes de descer e se fixar em minha barriga. Foi seu amigo que impediu que a situação ficasse ainda mais desconfortável.
— Olá Samantha, eu sou Gregor Evangelous, primo do Theon. É um prazer conhecê-la — Ele estendeu a mão, apertando a minha com gentileza.
— É um prazer, foi você que se casou? — eu sorri de maneira educada.
— Exatamente, e como a criança foi concebida por minha causa, se for menino, deve se chamar Gregor — Ele piscou, fazendo meu rosto esquentar.
— Gregor eu te ligo quando terminar, você pode se enfiar em qualquer cassino que você encontrar até lá — Theon murmurou, parecendo irritado pela brincadeira do primo.
— E assim ele me expulsa. Foi um prazer Samantha. Parabéns pelo bebê — Ele acenou antes de se afastar.
Eu suspirei, olhando em volta sem saber como agir.
— Você conhece algum restaurante aqui perto? — Ele questionou, quebrando o silêncio.
— Sim, tem um na próxima quadra.
Nós caminhamos lado a lado sem falar nada. Eu pensava em como poderia começar aquela conversa, mas não fazia ideia do que dizer. Assim que chegamos, nós nos acomodamos em uma mesa, escolhendo o que pedir no cardápio e aproveitando aquele momento para reunir toda a coragem necessária para o que viria a seguir.
— Vocês já decidiram o que vão pedir? — Um jovem garçom quebrou o silêncio constrangedor que se instalou entre nós dois.
— Samantha?
— Eu não sei — eu suspirei alternando o olhar entre o salmão e um bife com legumes — eu não sei o que eu quero.
— Nada chamou sua atenção? — ele franziu o cenho.
— Na verdade, eu estou em dúvida entre o salmão e o bife — eu expliquei, sentindo meu rosto corar.
Desde quando eu perdi a capacidade de escolher entre dois pratos simples!?
— Nós queremos um salmão e dois bifes — ele decidiu, entregando o cardápio para o garçom — e dois sucos de laranja para beber?
— Pode ser — eu balbuciei confusa.
Ele acha que eu vou comer tudo isso?
O garçom se afastou, nos deixando ali sozinhos.
— Theon, eu não vou comer dois pratos!
— Você não precisa comer os dois agora. O que você não comer, pedimos para embalar para viagem — ele deu de ombros — eu não quero que você fique com vontade de nada depois.
— Eu não sei se é assim que funciona — eu revirei os olhos, contendo um pequeno sorriso.
Eu me senti bem com aquele mínimo gesto de cuidado. Elle e Charlie vinham tentando cuidar de mim nos últimos dias, mas era diferente quando esse cuidado partia do pai do meu filho.
— Não se preocupe, todo restaurante embala pra viagem — ele garantiu sorrindo.
— Eu estou falando da questão da vontade — eu devolvi — eu apenas estava em dúvida sobre os dois, não preciso comer os dois.
— Eu prefiro não arriscar — ele piscou, me roubando um pouco o fôlego, me lembrando exatamente o que nos trouxe a essa situação!
O silêncio voltou a reinar entre nós dois após isso. Era óbvio que teríamos que conversar em algum momento, mas não sabíamos como começar.
Eu levei minha mão até minha barriga, a acariciando. Meu abdome, antes definido, já estava adquirindo outra forma, mostrando que tinha alguém vivendo ali. Charlie garantia que não tinha mudado muito, mas eu conseguia ver a diferença.
— Eu pensei que você me ligaria — eu comecei.
— Desculpe, eu pensei que seria melhor ter essa conversa pessoalmente — ele coçou a garganta — como você está?
— Estou bem — respondi timidamente — e você, como está digerindo tudo isso?
— Samantha, eu vou ser sincero com você...
— Você está surtando, não é? — eu desviei o olhar.
— Não é fácil, crianças não estavam nos meus planos pelos próximos anos — ele suspirou.
— Eu nem sei se crianças estavam nos meus planos — eu admiti — mas agora...
— Agora temos que lidar com isso — ele respirou fundo — Como você quer fazer, Samantha?
— Como? — eu pisquei atordoada com a pergunta direta.
É claro que precisávamos discutir aquilo, mas precisava abordar de uma maneira tão direta?
Por sorte, o garçom se aproximou da mesa com nossos pedidos, me dando um instante a mais para pensar no que responder.
— Tudo bem, Theon — eu suspirei ao notar o olhar sem graça do rapaz — como eu te disse, nós podemos fazer o exame de DNA, eu já pesquisei e podemos fazer antes mesmo do bebê nascer, mas eu prefiro esperar, se você não se importar.
— Nós podemos esperar, faremos assim que o ele nascer — ele concordou antes de emendar — não que eu não confie em você, mas...
— A gente não se conhece — Eu desviei o olhar, apanhando os talheres na tentativa de me distrair.
— Eu não quis ofender — ele tentou consertar.
— Tudo bem, eu entendo — eu garanti sem encará-lo, sentindo um nó se formar em minha garganta.
Agora não, Samantha!
— Samantha, me desculpe, eu não queria ofender, de verdade — ele se apressou ao me ver piscar para afastar as lágrimas que ameaçavam brotar em meus olhos.
— Não ofendeu — eu neguei tentando cortar um pedaço do bife — sinto muito, são os hormônios, eu estou bem.
— Você tem certeza? — ele perguntou preocupado, me entregando um guardanapo de papel — eu sei que é difícil, mas nós precisamos falar sobre isso.
— Eu estou bem, de verdade — eu consegui me controlar — eu apenas estava apavorada nos últimos dias e agora que você está aqui.
— Você devia ter me ligado antes — ele alcançou minha mão por cima da mesa — sinto muito por você ter passado por isso sozinha. Se eu puder fazer qualquer coisa para que você se sinta melhor.
— Talvez possa me acordar e dizer que foi tudo um sonho? — Eu forcei um sorriso, recebendo outro em troca.
— Seria bom — ele riu — por que nós não comemos e falamos sobre isso depois?
— Obrigada — eu suspirei aliviada antes de me focar em alimentar o pequeno ser que não estava nem um pouco feliz dentro de mim.
Nós dois comemos em silêncio por alguns minutos, e pouco a pouco passei a me sentir melhor. Ele estava ali comigo apesar de tudo. Isso é um bom sinal, certo? Eu não estou sozinha.
— Eu recebi as fotos que você mandou ontem, você já está fazendo o pré-natal? — Theon quebrou o silêncio após alguns minutos, me observando com diversão enquanto eu alternava entre o peixe e a carne.
— Sim, comecei semana passada, Elle conseguiu uma consulta de emergência com sua médica — eu me forcei a engolir o que estava em minha boca.
— E como foi tudo? — ele parecia interessado.
— Estou de nove semanas agora, ela me passou algumas vitaminas e eu fiz outros exames. Está tudo bem.
— E quando nasce? — ele perguntou.
— No começo de março — contei, bebericando o copo de suco — mesmo mês do meu aniversário.
— Mesmo? Você faz aniversário em março? — ele sorriu.
Aquela pergunta me afetou, eu não sei nada sobre o homem com quem eu terei um filho!
— Deus, não sabemos nada um sobre o outro — eu gemi desgostosa.
Theon pareceu sem graça com aquele comentário.
— Eu acho que não — ele concordou — quando é seu aniversário, Sam?
— Vinte e cinco de março — eu suspirei — e o seu?
— Três de dezembro.
Mais uma vez aquele silêncio voltou a nos dominar. Nós nos concentramos em nossa comida, mas minha mente girava, pensando no que eu havia me metido ao engravidar daquele homem.
Samantha — Bom... E você está conseguindo trabalhar? — ele questionou na tentativa de puxar um novo assunto.— Eu fui dispensada na última semana — eu admiti — a médica não achou que seria uma boa ideia continuar com minha rotina.— Eles não poderiam te colocar em outra função? — ele perguntou surpreso.— Bem, me contratam para dançar, se eu não posso fazer isso... — eu dei de ombros — e de qualquer forma logo me dispensariam de qualquer jeito. Em breve eu não serei mais atraente o suficiente.— Não seja tola — Ele soltou — Você é muito bonita, nada vai mudar isso.Eu senti meu rosto esquentar diante daquele elogio. Não era a primeira vez que ele me falava que eu era bonita, e eu ouvi isso muitas vezes durante nosso breve romance. Mas era a primeira vez que eu não me sentia assim.— Você quer sobremesa? — ele perguntou ao ver que eu havia terminado de comer.— Não, obrigada — eu neguei.Theon fez sinal para o garçom fechar a conta e embalar o resto dos meus pratos para viagem, insist
Theon Um alívio tomou conta de mim ao ouvir a resposta de Sam, aquilo me deu uma luz no fim de toda a situação. Não seria fácil, mas nós podemos fazer funcionar. Pelo bem daquela criança, nós faríamos aquilo funcionar. — Muito obrigado — eu suspirei a abraçando. — Não foi nada — ela garantiu, parecendo um pouco sem graça. — Vamos, é melhor você sair um pouco desse sol — eu me levantei, a ajudando em seguida. Samantha sorriu, passando a caminhar ao meu lado com uma expressão mais tranquila. Deixei minha mente vagar um momento até o dia anterior, quando eu não sabia tudo o que me esperava. Eu estava feliz com Harper e agora eu sequer sei o que me espera a partir desse ponto. Ela vai aceitar bem? Como eu posso contar algo assim para ela? E minha família, o que vão pensar de tudo isso? — Bem, como tudo isso vai funcionar? — A voz de Samantha me trouxe de volta de meu devaneio, quando nos aproximamos de seu apartamento. — O que você quer dizer? — Como é sua cidade? Quando eu pos
TheonGregor e eu saímos de Vegas pela manhã, mas já era quase hora do almoço quando chegamos a Aspen. Eu o deixei em casa antes de ir para a minha, avisando Harper que eu tinha chegado antes de entrar no banho. Meu único desejo naquele momento era dormir pelo restante da tarde, mas eu tinha ciência de que se adiasse ainda mais minha conversa com minha namorada, eu perderia a coragem de contar o que descobri.Assim que saí do banho, fui até a cozinha, revirei a geladeira em busca de algo para o almoço enquanto planejava visitar Harper logo depois. O som da porta da frente sendo destrancada chamou minha atenção, eu fechei a geladeira e fui até a sala, quase esbarrando com Harper no caminho.— Theon! Oi — ela sorriu ao me ver.Ela vestia uma camiseta azul xadrez e tinha uma echarpe em volta do pescoço. Seus cabelos estavam presos com simplicidade, mas ela ainda assim conseguia ficar linda com aquele sorriso fácil nos lábios. Sorriso que eu tiraria em breve.— Harper, o que você está faz
Theon Sai de casa decidido a terminar de vez com aquilo. A casa de minha mãe não ficava muito longe, assim, eu cheguei em quinze minutos. A primeira coisa que eu ouvi quando passei pela porta da frente, foi o som do choro estridente de Daphne, a filha de Lara. Logo em seguida Evangeline, minha irmã mais nova, veio em minha direção com uma expressão exasperada no rosto. — Pelo bem da sua sanidade, é melhor você sair daqui agora — ela ergueu a voz — essa menina não para de berrar faz pelo menos uma hora! Eu não tive tempo de respondê-la, ela simplesmente correu em direção à escada, desaparecendo no andar de cima, enquanto os gritos de minha sobrinha, se possível, ficavam ainda mais altos. — Ela está com fome! — a voz de minha mãe soou abafada vindo da sala. — Eu já te falei, não está na hora — minha irmã choramingou — ela mamou faz pouco tempo! Fui até onde elas estavam, observando minha irmã em pé perto da grande porta de vidro que levava ao quintal dos fundos, embalando sua fi
Theon— Você nos deixou curiosas — Lara sorriu em encorajamento.— Bem, eu recebi uma ligação na sexta — cocei a garganta.— Que tipo de ligação? Negócios? — Liny questionou, se concentrando em sua comida.— Eu vou ser pai — revelei sem rodeios, fazendo com que todas congelassem diante da notícia.Liny tinha parado o garfo com a comida a meio caminho de sua boca, me encarando chocada, enquanto as outras pareciam ter uma reação parecida.— O que você disse? — minha mãe balbuciou.— Eu descobri na sexta e ainda estou tentando assimilar — eu expliquei.— Meu Deus, Theon — Lara sorriu — Harper está de quanto tempo?— Isso é mais um motivo para você pedi-la em casamento! — minha avó apontou satisfeita.— Harper não está grávida — eu corrigi aquele equívoco.— Agora eu não entendi — Liny franziu o cenho.— Eu conheci uma garota em Las Vegas durante a despedida de solteiro do Gregor — desviei o olhar para meu prato quase intocado — na sexta ela me ligou para contar que está grávida e que eu
SamanthaO som da campainha chamou minha atenção enquanto eu dobrava minhas últimas peças de roupa para colocar dentro da mala.— Sam, está pronta? — a voz da Elle soou no corredor próximo ao quarto alguns momentos depois.— Quase — eu cantarolei.Ela abriu a porta, revirando os olhos ao me encontrar apenas de calcinha e sutiã e com a toalha envolta dos cabelos.— Você nem se vestiu ainda!? Isso é típico — ela suspirou — se apresse seu pedacinho de gravidez, ou você não vai ficar apresentável a tempo. Logo as garotas estarão aqui!— Você percebe a loucura disso tudo? — eu soltei, procurando uma roupa que servisse em mim — além disso, não é minha culpa, eu passei os últimos minutos ajoelhada no chão do banheiro ao lado do vaso sanitário. Não tive muita opção.Quando descobriram sobre minha gravidez e minha mudança, as garotas com quem eu dançava decidiram fazer um chá de bebê antecipado como despedida. Apesar de afirmar que considerava aquilo uma grande loucura, afinal eu estava apenas
Samantha— Você está pronta? — Theon questionou, interrompendo meu devaneio.— Claro — eu calei a minha voz interior que gritava que aquilo era a maior besteira que eu já tinha feito em minha vida.Eu tinha dado um passo em direção ao desconhecido, e precisava enfrentar a situação. Tudo consequência de uma irresponsabilidade, e eu tinha que assumir minha culpa e aceitar as mudanças.Não é hora de me arrepender!Theon logo assumiu o controle do carrinho de malas, me levando em direção à saída. Ele não queria permitir que eu fizesse nenhum esforço e eu me senti agradecida por aquilo. De uma forma ou de outra, era como se ele estivesse cuidando de mim.Sua irmã caminhou ao meu lado em silêncio o tempo todo. Aquela situação me incomodava um pouco, mas eu não sabia o que dizer para quebrar aquele silêncio desconfortável.— Então, Calíope, você tem outros irmãos? — decidi tentar conhecê-la um pouco melhor.— Nós somos quatro irmãos — ela me observou com uma expressão indecifrável, enquanto
Samantha No fim, acabei me esforçando para dormir o restante do caminho, controlando o enjoo e a falta de ar que me acometia de tempos em tempos enquanto subíamos para Aspen. A estrada se tornou mais íngreme e estreita, e era rodeada pelos altos picos. Nós passamos pela entrada de Aspen três horas depois de sair de Denver, e eu me sentia exausta pela viagem e por tudo o que tinha acontecido nela, o que eu mais queria era me deitar e dormir. Theon dirigiu pelas ruas charmosas da cidade, me deixando encantada enquanto as contemplava. Eu poderia transformar aquele lugar em meu lar. Não importa se Theon, Calíope, ou todos os Adamos do mundo me odiarem, eu vou lutar para encontrar meu próprio lugar sem precisar da aprovação deles. Nós seguimos até uma área residencial enquanto eu observava as inúmeras lojas com o nome Adamos espalhadas pela cidade. É impressão minha ou essa família infestou a cidade? Theon parou na frente de uma bela casa de madeira. Aquela, com certeza não era a casa