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Capítulo 11 - Um passo mais perto de uma nova vida

Samantha

O som da campainha chamou minha atenção enquanto eu dobrava minhas últimas peças de roupa para colocar dentro da mala.

— Sam, está pronta? — a voz da Elle soou no corredor próximo ao quarto alguns momentos depois.

— Quase — eu cantarolei.

Ela abriu a porta, revirando os olhos ao me encontrar apenas de calcinha e sutiã e com a toalha envolta dos cabelos.

— Você nem se vestiu ainda!? Isso é típico — ela suspirou — se apresse seu pedacinho de gravidez, ou você não vai ficar apresentável a tempo. Logo as garotas estarão aqui!

— Você percebe a loucura disso tudo? — eu soltei, procurando uma roupa que servisse em mim — além disso, não é minha culpa, eu passei os últimos minutos ajoelhada no chão do banheiro ao lado do vaso sanitário. Não tive muita opção.

Quando descobriram sobre minha gravidez e minha mudança, as garotas com quem eu dançava decidiram fazer um chá de bebê antecipado como despedida. Apesar de afirmar que considerava aquilo uma grande loucura, afinal eu estava apenas no terceiro mês de gestação, mas eu me sentia agradecida por aquele gesto.  Elas eram a coisa mais próxima de uma família que eu tinha no momento, e eu me afastaria delas também.

A ansiedade ameaçou tomar conta de mim por um momento ao pensar que no dia seguinte eu embarcaria para Denver, onde Theon me buscaria de carro e me levaria para minha nova cidade. Eu não sabia o que esperar da minha vida a partir de amanhã, apenas tinha consciência de que tudo mudaria.

— Você está bem? Parece pálida — Elle se aproximou com o cenho franzido.

— Estou ótima — empurrei aqueles sentimentos para longe, colocando um sorriso no rosto em seguida ao pensar na noite que me esperava ao lado de minhas amigas — Você pode alcançar aquele vestido para mim?

— Esse verde? — ela revirou uma pequena pilha de roupas que eu tinha separado para colocar na próxima mala que preencheria.

— Sim, esse mesmo — eu o apanhei de suas mãos, me vestindo para ajudar Charlie a preparar tudo.

Elle foi para a sala, me deixando sozinha para terminar de me arrumar. Alguns minutos depois, eu estava com as duas, organizando as rosquinhas e garrafas de cerveja para as garotas — e suco de laranja para mim — em um isopor com gelo no balcão. Não seria nada elaborado, nós pediremos algumas pizzas, terminaremos de empacotar minhas últimas caixas e aproveitaremos a companhia uma da outra.

Elas não demoraram muito para chegar, cada uma trazendo um presente que seria útil para meu bebê.  Logo nós estávamos reunidas no chão da sala, comendo pizza e rosquinhas, conversando e rindo, lembrando de alguns momentos que passamos juntas.

— Vamos, eu aposto que ela vai esquiar o tempo todo, eu estou com inveja — May suspirou em certo momento, comentando sobre minha iminente mudança para Aspen.

— May, não seja estúpida — Kim gargalhou — você acha mesmo que ela vai esquiar grávida?

— Ela não ficará grávida para sempre — ela insistiu — em sete meses o bebê nasce!

— E ela vai colocar o bebê em um canguru e esquiar com ele? — Charlie a provocou.

— Bem, sempre existe o pai para cuidar dele um pouco — ela suspirou, tentando se justificar, enquanto eu decidi encerrar aquele assunto de uma vez.

— Não importa, eu não planejo esquiar nos próximos meses — eu garanti — mas vocês podem me visitar e esquiar se desejarem.

— Já basta desse assunto — Elle se levantou, indo até o quarto de Charlie enquanto falava — eu e as meninas preparamos algo especial para você, Samantha.

Eu franzi o cenho, aguardando até que ela retornasse para a sala, carregando uma cesta cheia dos mais diversos produtos, os colocando em minha frente. Eu ajoelhei, passando a revirar a cesta, pegando em minhas mãos alguns óleos de banho, hidratantes, maquiagem.

— Nós juntamos tudo o que você precisa para manter sua beleza, mesmo estando grávida — Carrie sorriu, apanhando um livro em seguida.

— "Bebê, manual do proprietário" — eu li o título em voz alta — o que é isso?

— São instruções para você saber cuidar do bebê, Sam — Charlie esclareceu.

— E vocês acham que eu vou precisar disso? — eu revirei os olhos.

Não é como se eu precisasse fazer um curso para cuidar do bebê, certo? As pessoas têm filhos sem saber o que fazer o tempo todo e ficam bem!

— Eu acho que é sempre bom ter uma ajuda — Elle insistiu.

— Eu acho que isso é besteira, nós ficaremos bem sem livro nenhum — eu garanti, me esticando para pegar um dos embrulhos que as garotas tinham trazido — eu posso abrir?

— Claro que pode — May sorriu sem graça, antes de me entregar um pacote de tamanho razoável — esse foi meu.

Eu rasguei o papel de presente sem muita cerimônia, observando uma espécie de cama de cachorro. Eu sorri em agradecimento apesar de não ter a mínima ideia do que significava aquilo.

— Obrigada, May.

— Isso é para o cachorro do bebê? — Katie externou minha dúvida, me deixando um pouco aliviada.

— Não — May riu — a moça da loja disse que é para colocar o bebê, é um ninho redutor.

— Não é para isso que serve o berço? — eu franzi o cenho. 

— Não olhe para mim, eu comprei o que a vendedora avisou que seria útil — ela deu de ombros, enquanto eu apanhava outro presente.

— Esse é o meu e eu sei que é útil — Elle cantarolou enquanto eu retirava uma máquina esquisita de dentro da caixa.

— Extrator elétrico de leite? — eu li a descrição me chocando um pouco — Para que serve isso?

— Para tirar leite — ela declarou o óbvio.

— Isso não é trabalho do bebê? — eu insisti.

— Samantha, acredite em mim, você vai precisar — ela garantiu — minha irmã tem e diz que é a melhor coisa que ela comprou.

— Tudo bem — eu concordei um pouco descrente, ainda observando a máquina.

Aquilo parecia ser desconfortável!

— Esse é o meu — Charlie me empurrou mais um presente, e dessa vez eu realmente não soube o que era, já que estava tudo escrito em chinês.

— O que é isso?

— É um esterilizador — ela explicou apenas para aumentar ainda mais minha confusão.

— Alguém me dá aquele manual de bebê — eu murmurei, arrancando risos das garotas.

No dia seguinte, Charlie e Elle me levaram até o aeroporto, aguardando que eu embarcasse em direção à minha nova vida.

— Você contou a seus pais sobre a mudança? — Charlie perguntou enquanto aguardávamos a chamada de meu voo.

— Sim. Minha mãe gostou disso, ela sempre achou que eu fosse melhor que Vegas — eu respondi em meio a um suspiro, me sentindo ansiosa.

— Suponho que você não tenha contado o motivo da mudança — Elle insinuou.

— Não, eles não precisam saber — eu dei de ombros.

— Sério? Seus pais não precisam saber que serão avós? — Charlie ergueu as sobrancelhas.

Deixei um suspiro cansado escapar ao olhar ao redor. Eu sabia que minha amiga tinha razão, mas ela não entendia como meus pais podiam ser assustadores. Se eles descobrem a situação que eu me meti...

— Eu vou contar a eles na hora certa — eu garanti.

— E quando será isso? Quando o bebê nascer? — Elle me provocou.

— Pode ser uma boa ideia — eu zombei — eu também posso esperar o bebê começar a falar para que ele possa contar aos avós.

— Você não tem jeito — Charlie balançou a cabeça — e como você vai se virar?

— Não sei, eu vou dar um jeito, eu acho. Meus pais vão me ajudar por alguns meses, eu só preciso conseguir um emprego.

— Eu vou te visitar em breve — ela prometeu ao ouvir o anúncio de meu voo, fazendo com que eu me levantasse — espero que esse lugar realmente valha a pena.

— Eu também espero — eu admiti abraçando as duas — eu sentirei falta de vocês.

— Nos avise quando chegar — Elle instruiu — e nos conte cada detalhe de sua viagem.

— Eu prometo — eu garanti me afastando das duas.

O voo foi calmo, e duas horas após embarcar, eu cheguei a Denver com o coração disparado. Era isso, estava feito.

 Parti para uma cidade desconhecida, para junto de pessoas desconhecidas, para completar a maior loucura de minha vida. Mas agora eu não tenho como voltar atrás.

Eu olhei em volta ao sair da área de desembarque do aeroporto empurrando um carrinho com toda minha mudança, que não era muita, à procura de Theon. Eu franzi o cenho ao passar por uma gárgula que "enfeitava" o ambiente, aquilo era a coisa mais feia que eu já vira. Alguém achou mesmo que seria uma boa decoração?

Eu me sentei em um dos assentos vagos, esperando que o pai do meu filho aparecesse. Após alguns minutos sem que ele desse as caras, decidi ligar, mas antes que a chamada completasse, ele surgiu ofegante em meu campo de visão. E para minha total surpresa, ele estava acompanhado.

A mulher ao seu lado era mais baixa que ele, tinha o cabelo escuro na altura dos ombros e traços delicados.

 Essa é a namorada dele!?

— Samantha, sinto muito! — ele se desculpou, me cumprimentando com um meio abraço — teve um acidente na I70 e acabamos ficando presos no engarrafamento.

— Claro, não tem problema — eu respondi sem graça diante do olhar analítico da mulher.

Ele não me falou mais nada sobre a situação dele com a namorada, acho que no fim ela decidiu continuar com ele. Só não esperava que ele a trouxesse sem me avisar, eu gostaria de ter me preparado para isso.

— Você não vai me apresentar, Theon? — ela se manifestou enquanto eu me afastava a uma distância respeitosa.

Eu não quero dar nenhum motivo para essa mulher me odiar, já não basta ter engravidado do namorado dela.

— Desculpe, Samantha essa é a Calíope, minha irmã — Ele explicou enquanto ela estendia a mão para mim.

— Oh, eu não sabia que você tinha uma irmã — Eu me apressei em cumprimentá-la.

Ok, pelo menos ela não tem motivos para me odiar!

— É um prazer conhecer a mãe do meu futuro sobrinho ou sobrinha — ela sorriu cordialmente apertando minha mão.

Sim, a tia do meu filho! Ele terá outras tias ou tios? Eu não sei nada sobre ele, nós realmente não nos conhecemos.

 Deus, que loucura eu estou cometendo?

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