Não existe nenhum motivo pelo qual eu não possa me divertir com esse cara.
Certo?
Eu estou a mais de 1600 milhas da minha antiga casa e a mais de 1700 milhas do novo lugar que eu vou chamar de lar. Eu nunca mais vou ver ele novamente. Uma foda de uma noite tudo que eu preciso agora para me sentir sexy, confiante e desejada de novo.
-Primeiro fato… -ele apoiou os cotovelos sobre a mesa e colocou o maxilar quadrado sobre o queixo, me dando a sua total atenção.
-Ok Will, primeiro fato. -repito o movimento dele e apoio o rosto no punho. - Eu tenho 16 tatuagens no total.
Seus olhos passeiam pelo meu corpo tentando descobrir alguma pista a seu favor.
-Segundo… O vermelho conversível lá fora -aponto com a cabeça em direção a uma janela aberta - é meu.
Ele vira de costas e observa o carro pela janela.
-Terceiro… eu já levei um tiro. - ele pareceu bem surpreso com essa afirmação. -Quarto… a calcinha que eu estou usando é vermelha exatamente da mesma cor que a sua gravata…- ele ficou tão vermelho quanto a sua gravata.
-Você é muito direta.
-Apenas quando eu tenho certeza do que eu quero. Pronto para me dizer o que é mentira?
-Posso fazer as minhas considerações antes de dar a sentença? - eu não consegui conter a risada alta.
-Então o engravatado é advogado? Faz sentido. Você parece um peixe fora d'água aqui dentro. - Olho ao redor para o mar de botas e chapéus.
-Achei que o objetivo da brincadeira era eu descobrir coisas sobre você, não o contrário.
-Douché, sr. Advogado. Pode fazer as considerações.
-Eu acredito nas 16 tatuagens, apesar de estar um tanto curioso sobre onde elas se escondem. Eu consegui ver apenas 3.
-Você está certo, eu realmente tenho todas essas tatuagens.
-O carro eu tenho certeza. Todos os homens dentro desse bar, e provavelmente os da cidade toda, perceberam o momento que você chegou. -assinto com a cabeça e ele prossegue. -E eu gosto de imaginar que o destino foi bom o suficiente comigo para a hipótese da calcinha ser verdade. Então eu vou na menos provável, o tiro.
-Você é muito bom. -Um sorriso vitorioso surge em seus lábios.- Mas está errado.
Cético, ele me encara com um ar desconfiado.
Retiro a mão que apoiava o meu queixo e desço lentamente pela minha clavícula até encontrar o primeiro botão do meu vestido. Abro vagarosamente os quatro primeiros botões do estúpido vestido, de forma que o decote vá até abaixo do meu sutiã de renda vermelho. Sinto minha pele queimar com a intensidade do seu olhar sob a curva dos meus seios cobertos. Com a mão eu o puxo um pouco mais para baixo, mostrando a cicatriz entre as minhas costelas esquerdas.
-Eu levei um tiro, 5 meses atrás. -ele mantinha o olhar fixo no pequeno machucado.
-Como isso aconteceu? -ergueu os olhos até encontrar os meus.
-Tinha esse cara… - comecei a fechar os botões enquanto explicava. -Ele gostava de mim desde a sexta série, e eu sempre soube, até porque ele nunca fez questão de esconder. Ele me mandava cartas lindas, mixtapes com as músicas que ele me ouvia cantando com a banda. Eu sempre tive esse jeito… decidida? livre? - franzo o cenho sabendo que a palavra que sempre usaram para me definir era vadia. - Enfim, mesmo sabendo que ele não fazia o meu tipo, acho que acabei por incentivá-lo, aceitando os seus presentes e sendo sempre gentil com ele.
-Você não tem culpa. -ele se adianta.
-Calma advogado, não estamos na corte, você não precisa me defender ainda.
Ele gargalha, o que ajuda a quebrar a tensão do momento e me incentiva a continuar.
-Quando o meu avô morreu, eu entrei em um abismo muito profundo. Em uma noite, encontrei com ele quando estava muito bêbada em um bar, uma coisa levou a outra e acabamos transando. Foi aí que a admiração se transformou em algo possessivo e apavorante. Cortando várias partes do meio da história e indo direto para o final… o sentimento de posse ficou tão grande que ele atirou em mim porque preferia me ver morta do que vivendo sem ele.
-Nossa. Essa é uma história e tanto. Eu gostaria de escutar o meio da história. Mas continuo achando que a culpa não é sua.
-Você é um dos únicos.
-Então você canta? -ele muda de assunto de forma repentina.
-Como?
-Você disse: “me ouvia cantando com a banda”... -ele me encara. - Então você é boa?
-Eu faço muitas coisas. -suspiro. - Minha mãe nunca foi a minha maior fã, então ela me mantinha afastada fazendo aula de tudo que você possa imaginar. Eu jogo tênis como uma profissional, toco guitarra, bateria e piano, canto, danço ballet, escrevo e ainda nado como um peixe. Isso só das aulas que deram certo, tirando todas as outras que eu fui uma tragédia. Quanto à música, eu só não gostava muito de cantar em público. -ele me encara ainda mais curioso. - Sabe porque eu te contei tudo isso?
-Porque?
-Porque depois de hoje eu não vou te ver novamente. E é bom desabafar com alguém, mesmo que superficialmente, sem ser julgada.
-Estou te julgando um pouco… -olho para ele intrigada. - Fiquei bem decepcionado com a história da calcinha.
-Sabe porque é impossível que a minha calcinha seja vermelha como a sua gravata?
Me levanto antes que ele pense em responder e troco de lugar, ocupando a cadeira do lado dele, que tensiona o corpo com a proximidade do meu, aproximo meus lábios da sua orelha e falo com a voz mais sexy que consigo fazer.
-Porque eu não estou usando nenhuma.
Meu cérebro entrou em curto-circuito. -Isso é tortura, eu devo te processar? - brinco.Pega leve comigo advogado. -ela faz um leve bico, o que deixa os seus lábios carnudos ainda mais convidativos. Preciso beijar essa boca. Espera. O que eu estou fazendo? Meu relacionamento de 10 anos terminou e a poucas horas atrás eu tinha decidido pedir Giny em casamento para recuperá-la. E agora estou aqui com a maior ereção de toda a história, pensando em como seria maravilhoso foder com essa desconhecida. Uma desconhecida que tem PROBLEMA escrito bem grande em sua testa. Ela é mais nova, e eu posso perceber que ela é inteligente e muito bem educada, mas tem algumas coisas que não se encaixam com ela, começando com a roupa que não parece condizer com a personalidade, o fato de ela estar em um bar de beira de estrada sozinha e a insistência em não me dizer o seu nome. -Eu gosto das suas mãos. - ela fala me fazendo perceber que estávamos em silêncio a algum tempo. -Porque?-Eu não consigo para
Eu posso senti-lo em todas as partes do meu corpo, suas mãos vasculhando cada centímetro de pele. Afasto o paletó dos seus ombros empurrando pelas costas até que ele entende o que estou tentando fazer e retira as mãos de mim, permitindo que o casaco caia no chão. Solto uma das pernas em busca de apoio no chão, mas ele a agarra com mais força, me empurrando ainda mais contra a porta. -Não se atreva a sair daqui. -Eu não ia a lugar algum. -falo junto ao seu ouvido. -Boa garota.Sua mão subiu pela minha perna por baixo do vestido, parando no centro das minhas pernas.-Tão pronta… - o movimento das suas mãos me fez soltar um gemido mais alto do que deveria. - Hey, quietinha. Eles podem ouvir a gente lá dentro. -Eu não ligo. Ele traçou com a boca o caminho do meu pescoço até o meu colo mordendo e chupando de uma forma que com certeza deixaria marcas. Ajudei abrindo os botões do meu vestido até a cintura facilitando o seu acesso. -Desculpe, eu não posso esperar. Eu preciso de você.
Seis meses depois.Minha vida está um caos e eu estou atrasada. Odeio isso, odeio atrasos e mais ainda chegar atrasada.Desde que me mudei para Roseburg, 6 meses atrás, eu me apaixonei pela cidade, pelas paisagens, pelas pessoas e principalmente pelo trabalho. Eles foram muito gentis e eu já me sinto em casa.Trabalhar com política tem algo de excitante e emocionante. Aqui eu sou a Assessora do Prefeito Brandon Myers e eu meu trabalho é colocá-lo na mídia e fazer com que ele pareça cada vez melhor. O que não é difícil diga-se de passagem, ele é extremamente gentil, dedicado e realmente se importa com a sua comunidade. No auge dos seus 60 anos permanece um coroa muito boa pinta e simpático. Mas apesar de prazeroso o trabalho não tem sido fácil, foi preciso montar a comunicação praticamente do zero, além de acompanhar o Prefeito em viagens, festas e eventos, estamos no momento tentando fortalecer e promover o turismo de aventura na cidade. E se tem uma coisa que eu não fiz desde a mud
-Eu não poderia discordar mais. - escuto alguém protestar. Levo um susto quando a porta bate atrás de mim e me viro para então me deparar com uma figura que eu não demorei nem um centésimo de segundo para reconhecer.-O que estamos fazendo se chama humanização da imagem. Ninguém mais quer votar em um político engravatado que não é acessível. O povo precisa senti-lo próximo, ver que ele se importa. -ela avança caminhando na nossa direção. Permaneço paralisado. - Nessa “foto jogando futebol” que você citou, ele estava jogando com os alunos da escola, usando o novo uniforme que foi fornecido pelo governo, na nova quadra de esportes construída pelo governo, mostrando o interesse e a preocupação com os mais jovens e o esporte. Em uma única foto ele conseguiu demonstrar tudo isso sem dizer uma palavra. Esse é o meu trabalho. -ela estende a mão em minha direção. - Rain Brennan, Coordenadora de Comunicação. É um prazer conhece-lô Willian. Reúno o pouco de coragem que me resta e pego a sua m
Céus como eu odeio esse tipo de homem. Ainda mais esse em específico. Eu sinto os olhos dele colados em mim o tempo todo, mas nunca me olhando nos olhos.Mas esse é mais um item na lista de coisas que são completamente minha culpa. Eu entrei naquele bar em busca de alguma faísca e saí de lá completamente chamuscada. Eu puxei conversa com ele, eu me ofereci, e aparentemente isso é o que eu faço sempre. Desde que cheguei a Roseburg eu dormi com dois caras, não juntos para deixar claro. Nos primeiros 4 meses com o meu vizinho e no último mês com um colega da Prefeitura que trabalha no setor de contabilidade. Ambos inteligentes e divertidos. Com o primeiro cometi o erro de não deixar claro que não estava interessada em um relacionamento, o afastamento não foi dos mais tranquilos e desde então tenho tentado com sucesso evitá-lo. Com o Robert, que trabalha comigo, eu deixei claro que era apenas sexo e tem corrido tudo bem até agora. Saldo de Roseburg até agora: uma confusão e uma amizade
- JESUS! - ela grita ao abrir a porta e me encontrar parado em frente a ela. Eu escutei a voz dela e levantei para abrir a porta, mas a conversa do outro lado parecia interessante.- Me desculpe. Não foi minha intenção assustá-la. -me movo dando espaço para que ela entre. Ela respira fundo e passa por mim. Anne observa do lado de fora rindo, dou de ombros, sorrio e fecho a porta. Ela se senta na cadeira em frente a mesa e eu me sento na cadeira ao lado dela.- Eu me sentiria mais confortável se você se sentasse do outro lado. -ela diz mantendo um semblante sério. - Na cadeira do meu pai? Isso é mesmo necessário? -pergunto. - Tenho certeza de que ele não se importaria. Levanto, dou a volta na mesa e me sento na cadeira do meu pai. - Vamos conversar sobre o elefante na sala? -pergunto. - Não. -responde seca enquanto me entrega o tablet desbloqueado. -Essas são as nossas métricas do mês de novembro e em seguida você vai encontrar as dessa primeira semana de dezembro. Depois que v
Estúpida. Eu sou tão estúpida. Ele não só voltou com a tal namorada como aparentemente está noivo. Noivo e tentando me comer na sala do pai dele. Tentei soar o mais calma possível ao sair da sala, apesar de todo o ódio que estava sentindo eu amo essa cidade e esse emprego, seria uma pena ter que ir embora por culpa desse idiota e de não conseguir manter minhas pernas fechadas para ele. Mesmo com a sensação de que o meu corpo estava se dissolvendo, consegui chegar ao banheiro da minha sala antes de desabar em choro. Parada dentro do banheiro, encarando a minha própria imagem no espelho, tive um déjà-vu. Eu já estive em uma situação como essa. Não igual, mas parecida. Eu amadureci muito cedo, mas não por vontade própria. Quando eu tinha mais ou menos uns 12 anos comecei a sentir o peso dos olhares dos homens sobre mim, algo que uma criança jamais deveria sentir. Meu avô sempre me protegeu, mas quando ele viajava eu ficava sob os cuidados negligentes da minha mãe. Em uma dessas via
- Olá Big Boss. Pronto para sair? -sorrio abertamente para o senhor que passa por mim e entra na sala. - Claro, estou ansioso para ver como tudo está ficando. Olá Will. -vira para o filho com um olhar curioso. - O que está fazendo aqui? Vai conosco? - Não senhor. -me adianto antes que ele fale algo. - O Willian apenas passou aqui para elogiar o meu trabalho, ele disse que gosta muito do que eu tenho a oferecer. -o vejo engolir em seco e me encarar com uma pitada de raiva. - Estou contente que vocês dois estejam finalmente se dando bem. -ele sorri agradecido. - Mas realmente gostaria que você fosse Will. Seu irmão também vai, e vai levar a minha Melissa com ele.Olho para Will com um olhar de reprovação, deixando bem claro que não queria sair m companhia dele no momento. - Não vejo motivo para não ir. -ele enfim responde com um sorriso.- Perfeito. Vamos? -o Prefeito me olha e eu concordo com a cabeça. Permaneci todo o caminho em silêncio, e não olhei em sua direção. Assim que che