Eu sei perfeitamente o que o tio Jack está tentando fazer e isso não vai funcionar. Ele sempre foi contra o meu namoro com a Giny, porque ela vem de uma família de políticos como a nossa e que ele considera “amaldiçoados”. E é por isso que ele e o meu pai não se falam há quase 20 anos. Mas sempre que eu preciso de alguém para conversar é a ele que eu procuro. Giny terminou comigo nessa semana porque segundo ela eu não “valorizo a relação o suficiente” e estou “enrolando para dar o próximo passo”. No fundo eu sei que ela está certa e que já passou da hora de assumir o compromisso definitivo. Eu tenho 32 anos e estou namorando com ela a 10. Mas casamento me parece tão definitivo, e por mais que ela seja doce, bonita, inteligente e de uma família importante, eu não consegui criar coragem (e vontade) de fazer o pedido.
E então aqui estou eu, em um bar de beira de estrada pedindo conselhos para a ovelha negra da família, que com 50 anos se veste de Cowboy, mesmo tendo nascido e crescido no Oregon, para enganar turistas.
-Você está a uns 10 minutos encarando as próprias mãos de uma forma tão severa que eu acho que elas podem cair.- sou tirado dos meus devaneios por uma voz melódica e suave.
Olho para cima e encontro os grandes olhos azuis esverdeados me encarando com curiosidade e os lábios abertos em um sorriso de quem sabia exatamente o efeito que eles causavam.
Eu notei o exato momento em que ela entrou no bar, acho que todos os homens notaram. Mesmo com os cachos bagunçados que desciam até a sua cintura e vestido rosa de menina, ela parecia confiante e sexy.
-Desculpe, minha cabeça está um pouco agitada hoje.
-Se você quiser eu posso me sentar em outro lugar Will. - ela soava desafiadora.
Me remexi no assento, visivelmente desconfortável com o quanto ela parecia intimidadora. Cruzei os braços e apoiei sob a mesa e ela me encarou ainda mais firme.
-Não é necessário, tenho certeza de que você é uma ótima companhia. -sorri educadamente.
-Você não faz nem ideia. -ela piscou pra mim.
Deus, eu poderia me afogar naqueles olhos. Preciso mudar de assunto.
-Você me disse o seu nome?
-Não. - ela se recostou na cadeira.
-E vai me dizer?
-Não. - sorri vitoriosa.
-Posso saber o porquê? -insisto.
-É um nome estupido, você provavelmente riria se eu te contasse. E além do mais, eu acabei de te conhecer, como vou saber se você não vai me sequestrar, me matar e vender os meus órgãos? -ela tentou se manter séria mas acabou sorrindo de novo.
-Tenho certeza de que pagariam muito por esses olhos. -só percebo o que pretendia falar quando as palavras já saíam da minha boca.
-Uau. Essa vai amaciar o meu ego por muitos dias.
-O que você faz em um bar de beira de estrada à noite e sozinha? -mudo o assunto novamente.
-O mesmo que a maioria faz aqui. Descansando no meio do caminho.
-E para onde você está indo?
-Agora você parece ainda mais um assassino/sequestrador/ladrão de órgãos. -coloca a mão no peito fingindo surpresa.
-Douché.
Ela parecia não querer tocar no assunto. Respeitei, porque certamente não me dizia respeito. Seguimos em uma conversa leve, principalmente focando nas singularidades do bar do meu tio e dos seus frequentadores, rindo como velhos conhecidos. Tenho certeza que já se passaram mais de duas horas desde que começamos a conversar. A cada pergunta pareciamos mais descontraídos e eu não podia evitar olhar cada pedaço do seu corpo que estava visível.
-E essa frase no seu braço? -apontei para a tatuagem com letra fina no antebraço.
-“Stay Strong”, continue forte, é algo que o meu avô costumava me dizer. - por um momento seus olhos pareciam tristes ao olhar para a própria pele, antes de recuperarem o brilho natural .
Quando ela se virou e colocou o cabelo atrás da orelha eu pude ver algo que parecia ser outra tatuagem no pescoço.
-Sim engravatado, eu tenho outras tatuagens. - inclinou-se sobre a mesa e falou baixo o suficiente de forma que apenas eu conseguiria ouvir. - Nos mais diversos lugares…
Minha garganta secou e a respiração falhou. Ela se divertiu com a minha surpresa.
-Ok. Tenho uma proposta para você… - cada palavra que ela falava a fazia parecer mais sedutora.
-É muito cedo para dizer que aceito?
Não acho que seria capaz de dizer não para aquela mulher.
-Eu vou te contar 4 coisas sobre mim, 3 verdades e 1 mentira. Se você acertar qual é a mentira eu te conto o meu nome. Fechado? - estende a mão sobre a mesa.
-Fechado. - pego a mão dela como se estivéssemos fechando um acordo seríssimo.
No momento em que as nossas peles se encostam sinto a minha pele se arrepiar e vejo que ela teve a mesma sensação.
Droga. Esse não pode ser um bom sinal.
Não existe nenhum motivo pelo qual eu não possa me divertir com esse cara. Certo?Eu estou a mais de 1600 milhas da minha antiga casa e a mais de 1700 milhas do novo lugar que eu vou chamar de lar. Eu nunca mais vou ver ele novamente. Uma foda de uma noite tudo que eu preciso agora para me sentir sexy, confiante e desejada de novo. -Primeiro fato… -ele apoiou os cotovelos sobre a mesa e colocou o maxilar quadrado sobre o queixo, me dando a sua total atenção. -Ok Will, primeiro fato. -repito o movimento dele e apoio o rosto no punho. - Eu tenho 16 tatuagens no total. Seus olhos passeiam pelo meu corpo tentando descobrir alguma pista a seu favor. -Segundo… O vermelho conversível lá fora -aponto com a cabeça em direção a uma janela aberta - é meu. Ele vira de costas e observa o carro pela janela. -Terceiro… eu já levei um tiro. - ele pareceu bem surpreso com essa afirmação. -Quarto… a calcinha que eu estou usando é vermelha exatamente da mesma cor que a sua gravata…- ele ficou tão
Meu cérebro entrou em curto-circuito. -Isso é tortura, eu devo te processar? - brinco.Pega leve comigo advogado. -ela faz um leve bico, o que deixa os seus lábios carnudos ainda mais convidativos. Preciso beijar essa boca. Espera. O que eu estou fazendo? Meu relacionamento de 10 anos terminou e a poucas horas atrás eu tinha decidido pedir Giny em casamento para recuperá-la. E agora estou aqui com a maior ereção de toda a história, pensando em como seria maravilhoso foder com essa desconhecida. Uma desconhecida que tem PROBLEMA escrito bem grande em sua testa. Ela é mais nova, e eu posso perceber que ela é inteligente e muito bem educada, mas tem algumas coisas que não se encaixam com ela, começando com a roupa que não parece condizer com a personalidade, o fato de ela estar em um bar de beira de estrada sozinha e a insistência em não me dizer o seu nome. -Eu gosto das suas mãos. - ela fala me fazendo perceber que estávamos em silêncio a algum tempo. -Porque?-Eu não consigo para
Eu posso senti-lo em todas as partes do meu corpo, suas mãos vasculhando cada centímetro de pele. Afasto o paletó dos seus ombros empurrando pelas costas até que ele entende o que estou tentando fazer e retira as mãos de mim, permitindo que o casaco caia no chão. Solto uma das pernas em busca de apoio no chão, mas ele a agarra com mais força, me empurrando ainda mais contra a porta. -Não se atreva a sair daqui. -Eu não ia a lugar algum. -falo junto ao seu ouvido. -Boa garota.Sua mão subiu pela minha perna por baixo do vestido, parando no centro das minhas pernas.-Tão pronta… - o movimento das suas mãos me fez soltar um gemido mais alto do que deveria. - Hey, quietinha. Eles podem ouvir a gente lá dentro. -Eu não ligo. Ele traçou com a boca o caminho do meu pescoço até o meu colo mordendo e chupando de uma forma que com certeza deixaria marcas. Ajudei abrindo os botões do meu vestido até a cintura facilitando o seu acesso. -Desculpe, eu não posso esperar. Eu preciso de você.
Seis meses depois.Minha vida está um caos e eu estou atrasada. Odeio isso, odeio atrasos e mais ainda chegar atrasada.Desde que me mudei para Roseburg, 6 meses atrás, eu me apaixonei pela cidade, pelas paisagens, pelas pessoas e principalmente pelo trabalho. Eles foram muito gentis e eu já me sinto em casa.Trabalhar com política tem algo de excitante e emocionante. Aqui eu sou a Assessora do Prefeito Brandon Myers e eu meu trabalho é colocá-lo na mídia e fazer com que ele pareça cada vez melhor. O que não é difícil diga-se de passagem, ele é extremamente gentil, dedicado e realmente se importa com a sua comunidade. No auge dos seus 60 anos permanece um coroa muito boa pinta e simpático. Mas apesar de prazeroso o trabalho não tem sido fácil, foi preciso montar a comunicação praticamente do zero, além de acompanhar o Prefeito em viagens, festas e eventos, estamos no momento tentando fortalecer e promover o turismo de aventura na cidade. E se tem uma coisa que eu não fiz desde a mud
-Eu não poderia discordar mais. - escuto alguém protestar. Levo um susto quando a porta bate atrás de mim e me viro para então me deparar com uma figura que eu não demorei nem um centésimo de segundo para reconhecer.-O que estamos fazendo se chama humanização da imagem. Ninguém mais quer votar em um político engravatado que não é acessível. O povo precisa senti-lo próximo, ver que ele se importa. -ela avança caminhando na nossa direção. Permaneço paralisado. - Nessa “foto jogando futebol” que você citou, ele estava jogando com os alunos da escola, usando o novo uniforme que foi fornecido pelo governo, na nova quadra de esportes construída pelo governo, mostrando o interesse e a preocupação com os mais jovens e o esporte. Em uma única foto ele conseguiu demonstrar tudo isso sem dizer uma palavra. Esse é o meu trabalho. -ela estende a mão em minha direção. - Rain Brennan, Coordenadora de Comunicação. É um prazer conhece-lô Willian. Reúno o pouco de coragem que me resta e pego a sua m
Céus como eu odeio esse tipo de homem. Ainda mais esse em específico. Eu sinto os olhos dele colados em mim o tempo todo, mas nunca me olhando nos olhos.Mas esse é mais um item na lista de coisas que são completamente minha culpa. Eu entrei naquele bar em busca de alguma faísca e saí de lá completamente chamuscada. Eu puxei conversa com ele, eu me ofereci, e aparentemente isso é o que eu faço sempre. Desde que cheguei a Roseburg eu dormi com dois caras, não juntos para deixar claro. Nos primeiros 4 meses com o meu vizinho e no último mês com um colega da Prefeitura que trabalha no setor de contabilidade. Ambos inteligentes e divertidos. Com o primeiro cometi o erro de não deixar claro que não estava interessada em um relacionamento, o afastamento não foi dos mais tranquilos e desde então tenho tentado com sucesso evitá-lo. Com o Robert, que trabalha comigo, eu deixei claro que era apenas sexo e tem corrido tudo bem até agora. Saldo de Roseburg até agora: uma confusão e uma amizade
- JESUS! - ela grita ao abrir a porta e me encontrar parado em frente a ela. Eu escutei a voz dela e levantei para abrir a porta, mas a conversa do outro lado parecia interessante.- Me desculpe. Não foi minha intenção assustá-la. -me movo dando espaço para que ela entre. Ela respira fundo e passa por mim. Anne observa do lado de fora rindo, dou de ombros, sorrio e fecho a porta. Ela se senta na cadeira em frente a mesa e eu me sento na cadeira ao lado dela.- Eu me sentiria mais confortável se você se sentasse do outro lado. -ela diz mantendo um semblante sério. - Na cadeira do meu pai? Isso é mesmo necessário? -pergunto. - Tenho certeza de que ele não se importaria. Levanto, dou a volta na mesa e me sento na cadeira do meu pai. - Vamos conversar sobre o elefante na sala? -pergunto. - Não. -responde seca enquanto me entrega o tablet desbloqueado. -Essas são as nossas métricas do mês de novembro e em seguida você vai encontrar as dessa primeira semana de dezembro. Depois que v
Estúpida. Eu sou tão estúpida. Ele não só voltou com a tal namorada como aparentemente está noivo. Noivo e tentando me comer na sala do pai dele. Tentei soar o mais calma possível ao sair da sala, apesar de todo o ódio que estava sentindo eu amo essa cidade e esse emprego, seria uma pena ter que ir embora por culpa desse idiota e de não conseguir manter minhas pernas fechadas para ele. Mesmo com a sensação de que o meu corpo estava se dissolvendo, consegui chegar ao banheiro da minha sala antes de desabar em choro. Parada dentro do banheiro, encarando a minha própria imagem no espelho, tive um déjà-vu. Eu já estive em uma situação como essa. Não igual, mas parecida. Eu amadureci muito cedo, mas não por vontade própria. Quando eu tinha mais ou menos uns 12 anos comecei a sentir o peso dos olhares dos homens sobre mim, algo que uma criança jamais deveria sentir. Meu avô sempre me protegeu, mas quando ele viajava eu ficava sob os cuidados negligentes da minha mãe. Em uma dessas via