LiamEu não sou idiota. Assim que a mulher se afastou com aquele bebê chorando e o guarda me encarou com um olhar assassino antes de segui-la, soube que o plano não daria certo e que precisávamos de uma distração. Se quisermos tirar o rei de dentro do reino e tomar aquilo que ele acha que lhe pertence, teremos que mudar os planos.Sigo para a parte da floresta onde há a passagem para o túnel secreto que leva para o reino da rainha Vik. Deixo uma bolsa de couro com roupas entre as árvores, e me transformo em lobo assim que adentro o espaço escuro, e começo a correr o mais rápido que posso. Meus olhos de lobo se ajustam a escuridão com mais facilidade, meu olfato também me ajuda a seguir os rastros de outros que passaram por ali e assim sigo correndo até notar uma leve claridade à distância. Mais alguns metros e estou diante a abertura.“O que faz aqui, lobo negro?” — Um guarda da rainha me questiona assim que saio do túnel. Os dentes dele estão à mostra, uma promessa de morte.“Vim tra
MarryEu sei que não posso esperar muito do rei, mas confesso que aquele momento de carinho e silêncio após a nossa relação, me fez sentir que algo mudaria. Sei que é um sentimento idiota, um esperança tola, mas ao pensar que ele já mudou tanto desde quando vim para este castelo... Este pensamento alimenta um sentimento perigoso. Perigoso para mim e para o meu coração.Sua frieza ao se afastar havia feito meu coração doer, mesmo depois de todo aquele momento junto. Mas a oferta de um jantar me alegrou e quando minha mãe chegou com meu filho no colo um sorriso bobo preenchia meu rosto.— Que sorriso idiota é esse, Marry? — questiona minha mãe com raiva. — Está sorrindo por ser usada, se rebaixou tanto assim? Ele te usa por horas e depois você fica com essa cara de boba apaixonada?Enry dorme nos braços de minha mãe. Pego meu filho de seu colo e o acomodo no seu berço, cubro meu bebê e acaricio a sua cabecinha com cabelinhos escuros. A cada dia ele está mais parecido com o pai.— Ele nã
MarrySons de metal se chocando, rosnados e gritos atingiam meu ouvido enquanto descia as escadas correndo com meu filho em meus braços. Liam logo atrás de mim.— Rápido, vamos! — Ele me incentivava a correr, mas tinha medo de cair e machucar meu filho.— Não consigo ir mais rápido — respondo.— Me entregue Enry, você conseguirá vir mais rápido se estiver sozinha — oferece, mas no momento que as palavras saem de sua boca, sinto algo ruim, e um arrepio percorre meu corpo.Não sei o que está acontecendo, mas não vou entregar meu filho.— Vou tentar ir mais rápido. — Tento realmente correr mais rápido, mas não tenho sucesso.Percebo que Liam está irritado, não sei o que ele quer. Não sei se posso confiar nele. Só o estou seguindo, pois não vejo uma alternativa melhor no momento. Queria Yan agora, aqui comigo. Eu sei que o rei protegeria o meu filho e também a mim.Finalmente chegamos a parte inferior das escadas e me deparo com uma cena intrigante:Uma mulher usando armadura de batalha,
YanA medida que me aproximava do castelo, vi lobos cinzentos por toda parte, atacando inocentes. Aquele poder ainda me chamava, ainda emanava, mais fraco, mas ainda estava lá.Coloquei toda minha força e velocidade desde que saí da Vila Velha, deixando a maioria dos lobos que estavam comigo para trás, apenas meu beta conseguia acompanhar meu ritmo.O cheiro de sangue atinge as minhas narinas e vejo corpos por toda parte, um verdadeiro caos. Com um rosnado espanto meia dúzia de lobos que estavam em um frenesi, se alimentando dos corpos mortos à minha frente, infelizmente não há o que fazer para salvar as vítimas. Eram todos servos indefesos, todos usando seus colares que impediam de utilizar seus poderes para se defender. A culpa atravessa meu coração, mas a afasto, pois no momento tenho outra preocupação.Sigo para as escadarias da porta de entrada do castelo e a sensação de poder está ainda mais forte ali dentro. O silêncio me preocupa.Vejo a fonte da energia que senti: meu filho.
YanTento tranquilizar minha escrava, acaricio seu cabelo escuro e beijo sua testa. Ela chora e soluça constantemente enquanto minha mente trabalha, tentando pensar em algo.— Acalme-se, Marry, e me conte por que acha que ela me amaldiçoou.— Não está acreditando em mim, não é? — Afasta-se e me encara, seus olhos vermelhos pelo choro agora parecem enraivecidos.— Não disse isso, só quero entender seus motivos. Conheço Vik desde que seu marido era vivo e nunca ouvi nada do tipo — me justifico, pois preciso que ela me conte o que sabe antes que eu vá até a mulher e arranque dela a verdade.— Eu nunca vi uma — começa a contar, endireitando-se ao se sentar de forma mais reta. Seus olhos encontram os meus. — Mas, minha mãe sempre falava que haviam bruxas amaldiçoadoras e que a última que ela conheceu já havia morrido há muito tempo.— Bruxa amaldiçoadora? — questiono, pois ainda não havia escutado sobre isso.— Sim. Cada bruxa herda um poder, você sabe. — Aceno a cabeça em concordância, po
YanEncaro a face enlouquecida da rainha, sua determinação custou sua sanidade. Agora está entregue às minhas mãos para fazer o que eu quiser.— Diga, rainha Vik, como quebro essa maldição?Ela se arrasta para se encostar na parede e se cobre ainda mais com o manto dado a ela, mas se mantém em silêncio. O cheiro dos lobos que ela matou ainda impregnam o ambiente.Fecho a porta da cela onde a mulher se encontra e fixo meu olhar sobre ela.— Não irá responder? Então a deixarei com fome, com sede e não mandarei recolher os corpos, ficará em meio a podridão daqueles que matou. — Um sorriso maligno percorre seu rosto.— Está vendo, rei Yan. Para você a punição é mais importante até mesmo que dar uma despedida digna a seus soldados. Como quer se libertar de sua maldição?Rosno de raiva para a mulher, que parece ter aceitado o seu destino e se deita sobre o feno mofado ao fundo da cela.— O que quer dizer?— Suas ações irão te consumir, Yan — sussurra de olhos fechados, como se estivesse se p
MarryA notícia me atinge com uma imensa felicidade. Eu sabia que da maneira como vínhamos nos relacionando com frequência, que em breve engravidaria, mas não sabia que seria tão rápido. Me lembro do dia que falei com a deusa, ou que ela falou comigo, não sei ao certo. Ela quebrou a maldição que havia em mim, e agora não apenas gerei um filho, mas também estou com mais dois em meu ventre.Yan volta a sua forma humana e me abraça, agacha-se e beija a minha barriga, acariciando e murmurando algo para nossos filhos, algo que eu não consigo ouvir. Sua reação com esta gravidez foi diferente da anterior, quando engravidei de Enry, foi como se ele tivesse um troféu nas mãos. Mas agora, vejo orgulho e felicidade em seus olhos.Ela se levanta e segura em meus ombros. Por um segundo acho que me possuirá, mas ele me senta na cama e se acomoda ao meu lado.— Marry, falei com a rainha Vik. — Percebo uma urgência em seus olhos e algo mais que ainda não consigo identificar. — Ela confirmou a maldiçã
MarryMinha mãe havia desaparecido desde a invasão dos lobos cinzentos ao castelo. Yan exigiu que eu dormisse em seus aposentos com nosso filho para a nossa segurança, e ele me garantiu que enviaria alguns lobos em busca da minha mãe no dia seguinte.Pela manhã a luz do sol entrou pelas janelas amplas do quarto, me despertando. Olho para o lado e vejo Yan adormecido. O rosto do rei estava sereno pelo sono, mas ao levar a mão até seu rosto, notei que a pele estava quente.— Yan — chamo, mas ele não me responde. — Yan — insisto, ficando desesperada.“A maldição”A primeira coisa que passa por minha cabeça é a maldição lançada pela rainha Vik. Preciso encontrar um quebrador com urgência.Saio da cama e vou até o bercinho do meu filho e vejo que ele ainda dorme tranquilamente. Pela primeira vez terei que pedir algo às servas, pois o rei não está em condições de dar ordens. Tento colocar a minha melhor postura e vou em busca de algumas servas.Ao chegar na cozinha, a conversa que desenrola